O Padre Bruno anunciou que veio no Brasil e vai para Madagascar ao pedido da Associação dos Padres do Prado. O que é o Prado?
O Prado é uma associação de padres diocesanos fundada no momento da Revolução Industrial pelo Padre Antônio Chevrier (1823-1879), contemporâneo do Cura d’Ars que ele encontrou e com quem tinha estima reciproca.
Pe. Chevrier ficou muito comovido em ver a distância entre a Igreja e o povo, em particular os mais pobres e contou a sua conversão na noite de Natal de 1856.
“Foi meditando na noite de Natal (de 1856) sobre a pobreza de Nosso Senhor e o seu abaixamento entre os homens que resolvi deixar tudo e viver o mais pobremente possível. Eu me dizia: o Filho de Deus desceu à terra para salvar os homens e converter os pecadores. E, no entanto, que vemos? Quantos pecadores há no mundo! Os homens continuam a condenar-se (a viver sem se saber amados por Deus). Então, eu me decidi a seguir mais de perto a nosso Senhor Jesus Cristo para tornar-me mais capaz de trabalhar eficazmente pela salvação das almas e o meu desejo é que vocês também sigam a Jesus mais de perto”.
No mês de dezembro de 1860, ele comprou uma sala de dança que se chamava o “Prado” e começou a acolher crianças da rua para lhes ensinar a ler, escrever, contar e para prepará-las a primeira comunhão, lhes revelar esta mensagem:
“Não somos pessoas abandonadas por Deus. Temos um Pai que nos ama”.
Ele decidiu formar padres pobres para os pobres que se ajudariam a viver sempre mais do jeito de Jesus. Para isso, passava horas olhando no Evangelho quem era Jesus, o que dizia, como agia, para trabalhar a segui-lo “mais de perto para os homens o conhecer”.
Hoje, somos mais de 1300 padres diocesanos no mundo repartidos em mais de 50 países, até na China Popular. No último encontro nacional do Prado do Brasil, éramos 48 vindos do Amazones, do Nordeste, da Bahia, do Espírito Santo (14), de Florianópolis. Na diocese de Cachoeiro de Itapemirim, Pe. Olímpio (Responsável Nacional do Prado do Brasil) e Pe. Juarez têm compromisso. Pe. Wagner, Genivaldo e Sérgio Mourão, estão fazendo a “Primeira Formação” para preparar o compromisso. Outros padres ou diáconos participam.
Nos comprometemos a ter vida de equipe, nos encontrar todos os meses para rezar, “estudar” o Evangelho (não de maneira intelectual mas orante como na Escola de Teologia Bíblica e nos Círculos Bíblicos), quando for possível, ter vida comunitária (assim como em Guaçui), nos ligar o mais do que possível às pessoas, em particular aos mais pobres, viver de maneira simples e nos ajudar a nos tornar missionários, ter a preocupação de formar “verdadeiros discípulos de Cristo”, pessoas que sejam realmente “discípulos e missionários”. Nos comprometemos a participar regularmente de formações, retiros, mês pradosiano, ano pradosiano.
Hoje, são também leigos, leigos consagrados, religiosas, diáconos permanentes, que vivem da espiritualidade do Padre Chevrier.
Eis são algumas palavras do Padre Chevrier que me tocam mais:
Oração do Padre Chevrier
Ó Verbo! Ó Cristo!
Como és belo!
Como és grande!
Quem poderá te conhecer?
Quem poderá te compreender?
Faze, ó Cristo,
Que eu te conheça e te ame!
Porque és a luz,
Deixa vir sobre mim um pequeno raio
Desta luz divina,
A fim de que eu possa ver-te e compreender-te.
Dá-me uma grande fé em ti,
A fim de que todas as tuas palavra
Sejam para mim igualmente luzes que me iluminem
E me façam ir para junto de ti e seguir-te
Por todos os caminhos da justiça e da verdade.
Ó Cristo! Ó Verbo!
Tu és o meu Senhor e o meu único Mestre.
Fala, eu quero te escutar
E pôr em prática a tua palavra
Porque sei que ela vem do Céu.
Quero escutá-la, meditá-la, pô-la em prática,
Porque, na tua palavra,
Está a vida, a alegria, a paz e a felicidade.
Fala, Senhor,
Tu és o meu Senhor e meu Mestre,
Só a ti quero escutar (Livro do Padre Chevrier “O Verdadeiro Discípulo” (V.D.) p. 108).
O amor a Jesus:
“Quereis ser de Jesus Cristo? Sentis o desejo de ser de Jesus Cristo? De quem quereis ser, se não sois de Jesus Cristo? Ouvi o apelo de Jesus Cristo, escutai suas promessas. Sentis nascer em vós esta graça? Quer dizer, sentis uma atração interior que vos empurre para Jesus Cristo? Um sentimento interior que é cheio de admiração por Jesus Cristo, pela sua beleza, sua grandeza, a sua bondade infinita que o leva a vir a nós, sentimento que nos toca e nos leva a dar-nos a Ele? Um pequeno sopro divino que nos impulsiona, que vem de cima, ex alto, uma pequena luz sobrenatural, que nos ilumina e nos faz ver um pouco Jesus Cristo e a sua beleza infinita? Se sentimos em nós este sopro divino, se nós percebemos uma pequenina luz, se nos sentimos atraídos por pouco que seja por Jesus Cristo, ah!, cultivemos esta atração, façamo-la crescer com a súplica, a oração, o estudo, a fim de que cresça e dê frutos…” (V.D. p. 119)
O estudo do Evangelho
“Ao ver agir Jesus, vemos as próprias ações do Pai, pois que o Filho não faz nada de si mesmo, é o próprio Pai que faz as suas obras. Que bela harmonia! Que acordo entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo em Jesus Cristo! Portanto, que temos nós de fazer? Senão estudar Nosso Senhor Jesus Cristo, escutar a sua palavra, examinar as suas ações, a fim de nos conformar com ele e nos encher do Espírito Santo. Temos aí uma regra segura e certa para nos encher do Espírito Santo e agir e pensar segundo ele” (V.D. p. 225).
Tornar-se um outro Cristo e segui-lo no presépio, no calvário e no tabernáculo
“A nossa união a Jesus Cristo deve ser tão íntima, tão visível, tão perfeita que os homens devem dizer ao ver-nos: eis aí um outro Jesus Cristo. Nós devemos reproduzir, no exterior e no interior, as virtudes de Jesus Cristo, a sua pobreza, os seus sofrimentos, a sua oração, a sua caridade. Devemos representar Jesus Cristo pobre no seu presépio, Jesus Cristo sofredor na sua paixão, Jesus Cristo deixando-se comer na Santa Eucaristia” (V.D. p. 101).
“O assunto das minhas reflexões contínuas é este: Sacerdote outro Cristo. Devemos reproduzir em toda a nossa vida a de Jesus Cristo, nosso Modelo, ser pobre como Ele no Presépio, ser crucificado como Ele na cruz para a salvação dos pecadores e ser consumido como Ele no Sacramento da Eucaristia; o padre é como Jesus Cristo um homem despojado, um homem crucificado, um homem consumido, mas para ser consumido pelos fiéis, é preciso ser um bom pão bem cozido pela morte a si mesmo, bem cozido na pobreza, no sofrimento e na morte como o Salvador nosso modelo, e então tudo em nós servirá de alimento aos fiéis, as nossas palavras, os nossos exemplos e nós nos consumiremos como uma mãe se consome para alimentar os seus pequenos filhos” (Carta ao Padre Gourdon n° 56, 1866).
Padre Chevrier não reservou esta expressão para os padres, mas chamou todos a se tornarem “outro Cristo”, para os homens se saber amados. É ocasião de se lembrar que, no batismo, somos consagrados pelo santo óleo para que participemos da missão do Cristo, sacerdote, profeta e rei!
Amor aos pobres e excluídos
“Nosso Senhor revela sua caridade por uma grande compaixão para com os pobres, os infelizes, os doentes, os pecadores. Ele os chama a Si, dizendo: “Vinde a mim, vós todos que estais aflitos e Eu vos aliviarei.” (Mt 11,28) Ele não rejeita ninguém, aceita todos com ternura e caridade: as crianças, os pobres, os doentes, os pecadores. Ele dá de comer a quem tem fome. Perdoa a todos, mesmo pregado na cruz. Morre, dando a sua vida por suas ovelhas e se entrega como alimento, dizendo: “Tomai e comei” (Mt 26,26) Tais são os exemplos de caridade que nos dá Nosso Senhor. Pediremos a Deus fazer nascer em nós uma grande compaixão pelos pobres e pecadores, que é o fundamento da caridade. Sem essa compaixão espiritual, nós não faremos nada” (Primeiro regulamento dos padres do Prado).
Escolheremos de preferência a companhia dos pobres e dos pecadore.” (V.D. p. 402).
Esta opção nunca é “opção de classe”, rejeição dos ricos. É seguir Cristo que se fez pobre para ir ao encontro de todos, ricos e pobres, ajudando os ricos a acolhê-lo no mais pobre e voltando à justiça.
Missão
“Eu irei para o meio deles, viverei a sua vida; estes meninos verão de mais perto o que é o padre e eu lhes darei a fé”.
“É Necessário instruir os ignorantes, evangelizar os pobres. Foi a missão de Nosso Senhor. É a missão de todo padre, a nossa em particular: é o nosso quinhão. Ir aos pobres, falar do Reino de Deus aos operários, aos humildes, aos pequeninos, aos cansados, aos que sofrem. Oh! Que nos seja permitido ir como Nosso Senhor, como os apóstolos, “nos lugares públicos e nas casas” (At 20,20), nas praças e nas fábricas, nas famílias, levar a fé, pregar o Evangelho, catequizar, fazer conhecer Nosso Senhor”. (Escritos Espirituais)
“O povo não vem, é preciso ir procurá-lo’ (V.D. p. 450)
“Durante os três anos que Jesus passou com os seus apóstolos para os formar na vida evangélica e apostólica, nunca o vemos aplicar-se a dar-lhes formas exteriores e regulares, disciplinares; viviam segundo o tempo, como podiam. Porém, vemo-lo ocupar-se constantemente da formação interior dos seus apóstolos. Instruía-os sem cessar, repreendia-os a cada instante, dispunha-os a tudo, formava-os em tudo” (Escritos Espirituais).