Pastoral da sobriedade (Elielton), jovens, Prado da diocese, Escola de teologia biblica (10/12/2007)

Prezados amigos,

Hoje, nos lembramos do momento em que Antônio Chevrier comprou a sala de dança de má reputação chamada “o Prado”, no bairro da Guillotière. Numa carta dirigida ao Claudio Farissier, um dos quatro primeiros padres formados no meio dos jovens da Guillotière, ele escreve:

“No dia 10 de Dezembro, tivemos a nossa festa particular, a adoração perpétua do St. Sacramento. Fizemos coincidir esta festa com o dia da nossa tomada de posse do Prado. Há 12 anos, num dia semelhante, tomei posse deste lugar; era o dia da solenidade da Imaculada Conceição e, ao memo tempo, o dia de Nossa Senhora de Loreto. Não tendo outro recurso e outro apoio senão a confiança em Deus, convencido de que se desse o pão espiritual às almas, Deus nos daria o pão material; eu tremia todo naquele dia. Deus escondeu-me muitas coisas neste lugar, algumas almas converteram-se, era este todo o meu desejo; trabalhámos muito para isso e pouca obra fizemos.

Todavia, no meio de tudo isto, sempre pedi a Deus que fizesse nascer um núcleo de padres, pobres e dedicados, que não tenham outros pensamentos e outros desejos a não ser dar-se para a salvação das almas, para a glória de Deus, vivendo na pobreza e no sacrifício.”

Já faz 25 anos que iniciei este caminho com o Prado. Sinto-me muito distante deste ideal do Padre Chevrier, mas sempre muito atraido como quando fiz o meu compromisso nesta capela do Prado, no dia 10 de dezembro de 1989.

Natal está chegando. No ano passado, celabramos o 150° aniversário da conversão do Padre Chevrier, na noite de Natal de 1856. que exprimiu nestes termos:

“Foi em Santo André que o Prado nasceu. Foi meditando na noite de Natal sobre a pobreza de Nosso Senhor e o seu abaixamento entre os homens que resolvi deixar tudo e viver o mais pobremente possível”.

“Foi o mistério da encarnação que me converteu”. “Foi esse mistério que me levou a pedir a Deus a pobreza e a humildade que fez com que deixasse o ministério para praticar a santa pobreza de Nosso Senhor.” “Minha vida, dali em diante, foi decidida.”

“Eu me dizia: O Filho de Deus desceu à terra para salvar os homens e converter os pecadores. E, no entanto, que vemos? Quantos pecadores há no mundo! Os homens continuam a condenar-se. então, eu me decidi a seguir mais de perto a nosso Senhor Jesus Cristo para tornar-me mais capaz de trabalhar eficazmente pela salvação das almas e o meu desejo é que vocês também sigam a Jesus mais de perto.” (escritos espirituais p.5)

Nós não utilizaríamos as mesmas palavras hoje, pois bem, é uma damnação ser amado e não o saber, não poder viver deste amor.

O período dos votos está chegando. No editorial do jornal paroquial de dezembro, nós escrevíamos com Juarez: “Acolher Cristo que quer nascer em nossas vidas”.

Eis realmente os meus votos para cada um de vocês neste tempo de preparação para o Natal, para as festas de Natal, e para o ano que vem.

1. Fundação do Prado da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim

Hoje, nos reunimos para o nosso primeiro encontro do Prado da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim. 10 padres exprimiram o seu interesse… só um veio, muito ligado, muito interessado. Ele pediu para iniciar a Primeira Formação do Prado. Até hoje, nos encontravamos uma vez por trimestre no encontro estadual do Prado do Espírito Santo. Doravante, nos encontraremos uma vez por mês em cada Diocese do Espírito Santo, exceto uma vez por trimestre quando o encontro acontecerá a nível de estado.

Como falar de maneira justa das fraquezas de uma Igreja jovem, que tem muitos jovens padres? Com certeza, há numerosos padres dedicados, ligados a Cristo. Mas o jeito de chamar ao ministério num país onde há pobreza, onde o padre está demais admirado, rico em comparação com o povo, onde, ao mesmo tempo, as tentações são muito fortes, atraí pessoas que nem sempre têm a vocação, a percam no caminho, ou a vivem de maneira bem diferente do jeito que o Padre Chevrier apresentava como urgência para todos poderem descobrir o amor de Cristo. Num contexto diferente, tinha perguntas idênticas sobre o que podia ver na França. Fazendo esta constatação, eu penso no Padre Chevrier que analisava a situação do clero da sua época, não para julgar, mas para buscar um caminho. Ao mesmo tempo, ele tinha a consciência muito forte da sua própria fraqueza, e sinto tão fortemente a minha.

Sinto com força esta necessidade de partilhar uma espiritualidade fundamentalmente diocesana como é a espiritualidade de Antônio Chevrier, tão adaptada a um tal país, que me ajudava tanto na França também. Nós precisamos realmente de nos ajudar em ficar pobres, passando horas no Evangelho, nos dando força e criatividade para por o Evangelho nas mãos dos pobres, escutar o que o Espírito Santo faz nascer, tentar resistir contra a mentalidade que impregna tão fortemente muitos padres que animam as Dioceses.

Com certeza, tenho a sorte de receber o que buscava no Prado: irmãos que têm consciência das suas limitações e me ajudam a trabalhar para seguir Cristo quando sinto com tanta força quanto a minha fraqueza me afastaria deste seguimento. Esta fraternidade me ajudou verdadeiramente a entrar na Igreja do Brasil, e encontrei com muita força no acolhimento do Pe Juarez (do Pe Olimpio, mas nos encontramos menos).

Estou continuando com alegria a vida de equipe Prado por conferências por Internet com 3 outros padres franceses que saíram de França no mesmo momento, um para a Argélia, outro para o Uruguai, o terceiro para a Bolivia.

2. Mudanças na equipe pastoral de padres e irmãs

Fui nomeado oficialmente responsável da paróquia de Dores e continuo sendo vigário de Guaçuí onde celebro na segunda-feira e na quinta-feira a noite, encontrando aí este apoio que é a vida fraterna.

Temos a sorte de partilhar esta busca com uma comunidade de irmãs sacramentinas de Bergame. Trabalho mais diretamente com Irmã Maria do Socorro, uma jovem irmã cheia de Cristo, com um impacto forte sobre os jovens e as crianças. Irmã Margarida, responsável da comunidade de Guaçuí vai para outra missão. Outra responsável vai chegar assim como uma outra irmã que vai trabalhar mais em Dores com Irmã Maria do Socorro.

3. Anunciar o Evangelho na gestão financeira

A paróquia de Dores foi sinistrada por um padre que tinha vários problemas, até o bispo lhe tirar a paróquia 7 anos atrás. Depois, foi acolhido na Diocese vizinha, mas foi necessário lhe tirar de novo o cargo nestes dias, porque repetiu os mesmos problemas. Ele tem uns 60 anos.

Isso, com vários outros fatores, deixou a paróquia de Dores sem dinheiro. A tentação das pessoas é de não participar do dízimo mas fazer bingos, leilões, chamar os políticos para eles fazerem doações visíveis para construir capelas em cada comunidade. A tentação é forte de construir uma capela maior, mais bonita do que a da comunidade vizinha, tudo isso “para a glória de Deus”.

Aí também, a análise é incompleta: ela não diz toda a generosidade e a fé dos mais pobres que partilham o que têm para construir a sua comunidade, rezar, e que vivem de uma fé impressionante.

Desde o início do ano, lançamos uma campanha de reflexão para ver como viver de maneira mais ajustada esta dimensão material, descobrir o dízimo. Nós o fazemos, rejeitando as argumentações fundamentalistas utilizadas por muitas Igrejas crentes (Caim não tinha dado um bom dízimo e não foi acolhido por Deus… Se você dar largamente, nunca mais será pobre, etc.), e que, infelizmente, a nossa Diocese utiliza também.

Tentamos ajudar as pessoas a refletirem sobre o que é ser cristão, viver do Evangelho, aceitar participar das despesas de formação, da missão, da Diocese, decidimos partilhar 5 % do fundo paroquial com os pobres pelo intermediário dos Vicentinos.

No mês de agosto, um homem de quem tinhamos tirado o cargo de tesoureiro, fez vários crimes graves para renovar a capela da sua comunidade, aproveitando da sua fama de homem de oração, aproveitando da tentação dos outros membros da comunidade de ter uma Igreja maior do que as outras. Colocou as finanças da paróquia em perigo e agradeço os de vocês que alertei e que me ajudaram a superar esta dificuldade.

Uma frase do Evangelho que ressoou muito em mim neste momento: “Quando haverdes muitas dificuldades, catástrofes, não vos atemorizes; isso vos será ocasião de testemunho” (a partir de Lc 21,9-13 e a seguir)

De fato, o que aconteceu foi oportunidade para fazer refletir muito com todas as Comunidades de Base e anunciar o Evangelho, enfrentar diretamente todas estas questões.

Durante a assembléia paroquial de ontem, toda a gente confirmou o trabalho para acabar com as práticas para ganhar dinheiro que não corespondem ao Evangelho, para renunciar a todas as doações visíveis onde os ricos se colocam em evidência. Falamos em ir mais devagar na construção das capelas, buscando mais simplicidade, vivendo uma real solidariedade entre as comunidades, colocando em primeiro lugar a solidariedade com os mais pobres, a missão, a formação dos leigos, renunciando para isso a tradições fortes.

Um coordenador de Comunidade de Base exprimiu:

–     “Concordo totalmente, mas quando voltar à minha comunidade, vou ser criticado. Não posso votar isso, vou ser criticado.”

Um outro tomou a palavra para explicar como respondeu a alguém que queria fazer uma doação importante, de maneira visível, em material, para não correr o risco ser partilhado com as outras comunidades, dizendo que não aceitava essa doação a não ser em dinheiro, no segredo da envelope do dízimo para que seja partilhado com as outras comunidades. Preferiu perder essa doação do que não viver o Evangelho.

Daí surgiu uma reflexão sobre o papel do coordenador da Comunidade de Base: não é delegado da comunidade, mas eleito num clima de oração com sendo aquele que o Espírito Santo nos dá e que tem o cargo de nos ajudar em viver o Evangelho, o cargo de ser “pastor” e, com certeza, levado a conhecer a cruz, a se encontrar em oposição as vezes com a maioria da sua comunidade, em nome do Evangelho.

Atrás dessas linhas, são horas de conversa de comunidade em comunidade, para dar a possibilidade às pessoas de exprimir as incompreensões, ilustrando com situações muito concretas, fazendo sempre a mesma pergunta: “O que vos parece mais justo, conforme o Evangelho?”

Exemplo de questionamento numa comunidade que fez trabalhar uma empresa sem fazer as declarações legais, sem pagar os encargos sociais:

–     “Tomar o risco de um operário ter um desastre sem seguro, não aceitar assim de pagar a pensão dos que são doentes o aposentados, isso é justo? É conforme ao Evangelho? Podemos construir mais barato uma casa de oração vivendo a injustiça?”

E de confirmar este questionamento com palavras de vários profetas sobre os sacrifícios que Deus quer: a justiça, o respeito do pobre.

Nunca me preocupei tanto em dinheiro. Nunca tinha percebido que não se age só de um problema material, mas de um lugar muito concreto para anunciar o Evangelho. É João-Batista que nos exortava domingo a não pensar que basta dizer-se filhos de Abraão, mas que é preciso produzir frutos que provem a nossa conversão.

O leilão é uma forme de dom tradicional que faz problema e o C.P.P. decidiu parar com este prática. Alguém oferece alguma coisa (animal, comida, etc.) e toda a gente sabe quem ofereceu. Depois, é aquele que pode dar a mais de dinheiro que ganha. O dinheiro vai para a paróquia, na realidade ficava na caixa da Comunidade de Base sem ser partilhado com as outras. Três comunidades revoltaram-se contre a “proibição pelo padre deste elemento importante da cultura”.

Durante a assembléia paroquial, tomamos um longo tempo de debate sobre o caminho decidido na unanimidade dos membros do C.P.P. Alguém de outra comunidade contou como, sendo pobre, foi humilhado por essa prática, quando via os lotos passarem e nunca podia beneficiar-se deles.

Enquanto 90 % dos participantes da assembléia estavam em favor de votar a confirmação desta decisão do C.P.P., propus que a decisão não fosse tomada imediatamente, mas que houvesse uma reflexão em cada uma das 3 comunidades que contestavam essa decisão antes de votar no próximo C.P.P.

Neste domingo 9 de dezembro, numa das 3 comunidades, durante a hora de partilha feita em cada comunidade neste mês, para fazer a releitura com toda a comunidade dos sinais do Espírito Santo durante o ano, ver como caminhar no ano próximo a partir das chamadas erguidas, ajudando-me com um quadro, apresentei toda a reflexão do C.P.P. durante o ano em relação ao dízimo e outras entradas financeiras. A coordenadora falou das reflexões feitas na assembléia pessoas de outras comunidades. No fim: unanimidade para renunciar ao leilão.

Senti quanto devia também rezar para conseguir amar, escutar, não humilhar. Um coordenador, argumentando para defender as práticas da sua comunidade disse:

–     “Você sabe falar, você tem formação. Temos vergonha para responder na sua presença. A gente critica depois.”

Todas as visitas de casa em casa cada sábado ou domingo onde não tenho outros encontros, as horas passadas escutando as pessoas, lhe tinha dado a força de dizer isso, de exprimir também quanto ele gostava da nossa equipe por sua simplicidade, pelas visitas feitas. “Nunca um padre fez isso aqui.”

Ainda não temos o balancete global, mas o dízimo aumentou de 50 % em várias comunidades com um aumento tanto do número de dizimistas como da quantidade de dinheiro dado por cada um.

4. Missão dos jovens

No último correio coletivo, anunciava a 4ª missão dos jovens do ano, na cidade de Dores, esta vez, e foram 110 jovens que participaram da missão, numa paróquia que tem 7 000 habitantes:

–     Meditação da missão de Paulo em Filipe para se preparar a passar de casa em casa:

  • Como ele fez? Quais luzes para nós?
  • Ele vai encontrar as pessoas onde eles são
  • Conhece o nome de Lídia, o que ela faz, a sua profissão, a sua fé… pois escutou e não ficou preocupado só de falar. O texto diz que ele se sentou. Os jovens foram convidados a anotar o que iriam descobrir da família visitada entre duas visitas, e, eventualmente de fazer uma ficha para assinalar ao Círculo Bíblico local ou à equipe pastoral se for necessário passar depois.
  • Paulo rezou
  • Acolhendo a fé de Lídia, do carcereiro, propôs o batismo, os sacramentos.
  • Conheceu a perseguição, etc.
  • Qual « palavra de vida »?

–     Adultos, membros dos Círculos Bíblicos tinham cadastrado as casas da cidade e organizado uma repartição para que todas as casas fôssem visitadas. Foram 33 equipes de 3 ou 4 jovens que andaram na cidade e nos arredores da cidade todo o sábado fim da manhã e a tarde. Cada Círculo Bíblico se tinha organizado para oferecer uma casa às equipes para as refeições e o dormir.

–     Foram tanto nas casas das pessoas colocadas como crentes, espíritas ou sem religião. Foram convidados a sobretudo não fazer proselitismo, nem polémica, a adaptar a proposta deles em função da família encontrada. Foram bem recebidos em quase todas as casas, com momentos fortes de oração com pessoas de outras religiões.

–     De casa em casa, tentavam conhecer as pessoas, proclamavam o texto da conversão de São Paulo (At 9), partilhavam a « palavra de vida », as preces, rezavam o Pai Nosso, e, depois, benziam a casa. São litros de água benta que foram espalhados. Seria inimaginável na França…

–     As crianças da cidade que estavam preparando a primeira comunhão (10, 12 anos) foram convidadas a se juntar aos mais velhos. Era uma maneira de lhes dar a perceber que os mais velhos não tinham parado uma vida em Igreja. Era uma maneira de fazer uma primeira sensibilização em vista a fundar a Infância Missionária.

–     Uma senhora com 70 anos de idade, ajoelhou-se aos pés de uma menina com 15 anos, lhe dizendo que nunca teve a oportunidade de descobrir a fé, que desejava que o padre passasse, e pedindo à moça a benzê-la.

–     Num outro lugar, uma equipe provocou um Círculo Bíblico a funcionar de novo pois estava parado já há bastante tempo.

–     Após o jantar recebido às 18h nas casas, os jovens convidaram toda a cidade a participar de uma vigília com a proclamação da história de São Paulo nos Atos dos Apóstolos, tal como nas outras missões na roça, e cantaram. Aí, fizeram a experiência de Paulo: enquanto, nas comunidades rurais, toda a comunidade participava, foram só 15 adultos da cidade que vieram…

–     Domingo de manhã, tempo de retiro

  • Leitura de uma contração da carta de Paulo aos Filipenses (tiramos alguns trechos para que seja mais curto)
  • Tempo pessoal para buscar « palavras de vida » e partilha em equipes. O que é impressionante, é que, com 110 jovens adolescentes e preadolescentes, numa quadra de esportes, a animação ocorria sem dificuldade. Todos estavam empenhados. Eramos 5 adultos para animar.
  • Tempo de redação de “cartas a São Paulo”, para cada um responder à carta aos Filipenses, e proclamação de algumas cartas de grande beleza. É impressionante quanto se encontravam em contato imediato com esta carta, esta chamada para conhecer Cristo, esta chamada para ter uma vida que corresponde com conhecimento de Cristo que supera qualquer conhecimento. Um bem jovem se deixou tocar pela contemplação que Paulo faz de Cristo que se tornou obediente été a morte da cruz. Fazia mais uma vez a experiência de que a Palavra de Deus, o Evangelho, as cartas de Paulo, podem verdadeiramente falar no coração de homens e mulheres de hoje, de jovens.
  • Depois, proposita de 4 debates com temas escolhidos por eles:
  • Álcool e droga a partir da nossa vida concreta
  • Preconceitos
  • Relações pais e filhos
  • O aborto, namorar. Foi ocasião para eu questionar sobre as referências que eles têm para amar, construindo-se mutuamente. Perguntei sobre a opinião deles em relação com um namor entre um rapaz com 21, 25, 40 anos e mais, e uma menina com 12, 13 anos, situação freqüente no seio mesmo do nosso grupo. Resposta: “Se eles se amam, onde é o problema?” É um dos problemas que me preocupa. Não falo da freqüência dos abortos, das gravidez, com adolescentes.

–     No domingo a tarde, tempo de animação com os catequizandos de toda a paróquia. Este tempo foi mais dificil a animar.

–     Às 17h, missa com centena de jovens, as 120 crianças da catequese, as famílias deles, no total 500 pessoas. Com a gripe a partir da manhã, me encontrei totalmente afônico a partir do meio dia e dava as minhas indicações por escrita sobre um papel. Pe Antenor presidiu a missa, mas foram os jovens que fizeram a homilia, lendo algumas das cartas deles a Paulo, ou contando tal ou tal visita que lhes tocou.

5. Algumas das “cartas a São Paulo” publicadas no jornal paroquial

Karina

Olà! Estou mais uma vez aqui, tentando seguir seus passos e louvando a palavra de Deus aos fiéis e aos não fiéis. Uma frase que muito me marcou nesta sua carta, foi:

“Não que eu já tenha conquistado o prêmio ou que já tenha chegado à perfeição; apenas continuo correndo para conquistá-lo, porque eu também fui conquistado por Jesus Cristo.” (Fl 3,12)

Ninguém é perfeito, mas tentamos fazer o melhor que podemos. Vim aqui porque eu quis, mas dentro do meu coração, ouvia um chamado, e era Jesus Cristo que pedia para que eu viesse e fizesse o que fiz, e saber que é muito bom e gratificante no final. Muito obrigada.

anónimo

Paulo,

Recebi a sua carta, hoje, e foi tanta a minha alegria, pois você nos mostra um mundo novo e melhor, que, às vezes, nós, por coisas terrestre, nem percebemos. Pois, seguir seu exemplo é dificil mas não é impossível. Você nos dá o exemplo que a fé é capaz de mudar o mundo com esta palavra:

“Finalmente, irmãos, ocupem-se com tudo o que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, honroso, virtuoso, ou que de algum modo mereça louvor.” (Fil 4,8)

Você nos mostra que, com simples atos, nós podemos nos tornar pessoas melhores. Paulo, te agradeço, pois, você me mostrou mais uma vez que se nós espelharmos nos seus ensinamentos, podemos viver mais feliz.

Essa é a quarta missão e a última do ano. Como as outras, foi maravilhosa. Conhecemos pessoas, fizemos vários amigos. Permitimos à pessoas que já tinham fé a fortalecer, outras que não tinham, descobrir a fé.

Obrigado meu Deus, pelo Senhor ter colocado o Pe Bruno, a Irmã Maria do Socorro, a Rita, em nossa vidas. Pois, eles nos ensinam muito e nos ajudam quando mais precisamos. Agradeço pelos familiares que nos acolheram. Que Deus ilumine a todos. E que tenha muitas outras missões como essa, pois elas nos ensinam muito e une os jovens com um único ideal:

“Conhecer e amar a Cristo acima de tudo” (Fil 2,10; 3,7-9)

Suelen

Querido amigo Paulo, mais uma vez estou aqui refletindo sobre sua palavra. Um versículo que me tocou muito foi:

“Completem a minha alegria: tenham uma só aspiração, um só amor, uma só alma e um só pensamento. Não façam nada por competição e por desejo de receber elogios, mas, por humildade, cada um considerando os outros superiores a sim mesmo. Que cada um procure não o próprio interesse, mas o interesse dos outros. Tenham em vocês os mesmos sentimentos que havia em Jesus Cristo.” (Fil 2,2-4)

Muitas vezes, fazemos alguma coisa, pensando em receber algo em troca. Mas não pensamos na recompensa maior que é a que vem de Deus. (…)

Anónimo

(…) “Tudo posso Naquele que me fortalece”

Isto me ajudou a entender que eu só posso conseguir alguma coisa, se Jesus estiver perto de mim e eu perto dEle para Ele me fortalecer na fé, no amor, na união e de todos sentimentos bons.

Anónimo

Paulo, gostei desta palavra:

“Pelo contrário, Jesus esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo”.

O mais poderoso homem da terra veio como o mais simples homem. Mostra como devemos ser por dentro.

Hevelin

O chamado da missão nos converte a anunciar o Evangelho de Paulo aos companheiros que não vieram participar da leitura da carta de Paulo aos Filipenses. É importante CONHECER, ANUNCIAR CRISTO e viver dEle. Obrigado por ter me chamado a caminhar.

Ana-Maria Aparecida

Paulo,

A minha alegria é tão grande que não cabe em meu coração, pois, mesmo sendo preso por injustiça, você continuou a testemunhar do Evangelho dizendo:

“O que desejo e espero é não fracassar mas, agora como sempre, manifestar com toda a coragem a glória de Cristo em meu corpo, tanto na vida, como na morte. Pois para mim, o viver é Cristo e o morrer é um lucro.” (Fil 1,20-21)

Tentar ser seu imitador, é o desafio que hoje somos chamados a fazer.

6. Primeira Formação do Prado em Florianópolis

Às 21h, depois desta missão com os jovens, estava no ônibus que me levou na segunda-feira 12 de novembro às 4h da manhã na rodoviária de Rio de Janeiro. Depois de 8 horas de espera no aeroporto, voei para Florianópolis para iniciar uma equipe de Primeira Formação do Prado.

Sergio, um dos 6 que participou do mês pradosiano realizado no mês de janeiro de 2007 que ocorreu na comunidade Santa Isabel da paróquia de Dores do Rio Preto, tinha convencido 2 outros padres para começar uma vida de equipe do Prado. Pe Olimpio me pediu para acompanhar essa equipe.

Inciamos, cada um contando a história da sua vocação, porque se interessavam no Prado.

Sergio descobriu o Prado enquanto estava em missão durante alguns anos na Bahia, encontrando Dom Esmeraldo, padre do Prado que foi responsável do Prado do Brasil antes de ser nomeado bispo na Bahia, e, agora, em Santarém, na Amazônia.

Senti ao mesmo tempo

–     uma grande proximidade com eles quando partilhavam o questionamento deles sobre o jeito de ser padre, sobre as necessidades que percebiam em ir ao encontro da gente, em particular dos mais pobres.

–     uma grande distância: a nossa história era muito diferente.

Nos encontramos na casa do clero da Diocese de Florianópolis. Esta casa, concebida para que os padres da Diocese possam ter momentos de confraternização e de descanso foi construida com doações da Igreja da Alemanha (ou outro país de Europa): jardim extraordinário, grande piscina coberta, sauna, campo de futebal de salão. Eles falam desta casa como sendo o “cavalo branco”, e mesmo, e “elefante branco” da Diocese, para exprimir o escândalo desta construção. Existe alguma coisa equivalente na Diocese de Colatina.

No último encontro do clero da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim, vários padres reclamaram que as cadeiras não são confortáveis, que não há o ar condicionado. Organizaram o retiro do ano passado à 500 quilômetros numa casa luxuosa e pediram a mesma coisa para este ano. Questionei e, recentemente, um outro padre da Diocese questionou. Um voto fez organizar de novo o retiro na casa diocesana simples. Me alegrou.

É um gasto humano e financeiro importante em ir 4 vezes no ano acompanhar esta equipe na descoberta dos escritos do Padre Antônio Chevrier, das práticas do Prado: vida de equipe, estudo do Evangelho, caderno da vida, revisão de vida. Mas que alegria e ocasião de ir à fonte com irmãos! É a razão da minha presença aqui.

Quando vejo o dinheiro que o Prado gasta para padres irem ao encontro de alguns outros padres, estou pensando em Antônio Chevrier que fez várias viagens para Roma, com os meios de transporte da época, para iniciar 4 seminaristas pobres em sua espiritualidade do « Verdadeiro Discípulo ».

Tenho duas outras sessões para animar ou participar em Salvador. Toda a dificuldade é de achar tempo para preparar.

Estamos preparando a edição em Português das cartas de Antônio Chevrier.

7. Retiro dos crismandos, primeiras comunhões de adultos, casamentos de pessoas juntadas, na missa dominical da matriz

Depois de ter acompanhado a Primeira Formação, peguei o avião na quinta-feira, esperei 10 horas na rodoviária no Rio de Janeiro, e cheguei às 4h da manhã em Guaçuí. Fui para Dores onde tive vários encontros e a missa numa comunidade rural à noite. No sábado, participei do retiro do C.P.P. animado e preparado por Irmã Maria do Socorro.

Domingo, 18 de novembro, durante a missa paroquial das 8h, celebramos um batismo de adulto, 3 casamentos de pessoas juntadas desde anos, 15 primeiras comunhões de adultos, frutos das visitas feitas de casa em casa por leigos. Entre elas, várias pessoas sem leitura, pessoas não casadas por falta de dinheiro e pedindo uma dispensa de casamento civil, para não ter nada que pagar.

Às 10h, fui me juntar ao grupo de 60 dos 95 crismandos, jovens e adultos, que tinham um retiro. Depois de um tempo de meditação pessoal das leituras previstas para o dia da crisma, de partilha em plenária das « palavras de vida », houve um tempo de partilha em equipes sobre a “história de fé deles”, o que faz eles quererem receber a crisma. Depois, cada um escreveu uma “carta a Dom Célio” onde se apresentavam, exprimiam a sua história de fé, o que os motivava a pedir este sacramento. Esta prática habitual na França parece desconhecida aqui e tocou Dom Célio.

Mais da metade dos jovens crismandos tinham participado de uma missão pelo menos, alguns as quatro missões do ano. Todos os que participaram pedem que haja outras no ano próximo.

Toda a dificuldade é em saber como animar um grupo que cresce cada vez mais, como organizar a comida, o dormir, em comunidades rurais pequeninas… Entendo a reação dos apóstolos que pedem a Jesus que despeça as multidões para irem aos povoados comprar alimentos para si…

Uma criança disse, falando de Lucas:

–     “Mas, o que acontece com Lucas? Agora, ele participa de tudo e não falta à missa. Diz que participará da próxima missão e convidará outros colegas.”

Lucas, filho da coordenadora paroquial da música, adolescente alérgico às missas e atividades da Igreja, estava se preparando para fazer a crisma “por obrigação”. Ele acabou se juntando aos colegas para fazer visitas durante a missão em Dores e saiu transformado.

8. Algumas cartas de crismandos jovens e adultos

Gisele

Dom Célio,

Não sei ler nem escrever, mas alguém está escrevendo o que quero lhe dizer. Comecei a participar da Igreja com 18 anos. Com 23 anos, recebi convite para me casar. Pe Bruno me convidou. Para mim, foi muito importante. Senti-me amada por Deus. depois que casei, senti vontade de participar sempre da comunidade. Toda quinta-feira, eu e meu esposo participamos do Círculo Bíblico. Para nós, está sendo momento de graça.

Estou muito feliz porque vou receber o sacramento da crisma. Sempre que tem missa, adoro participar. Sem Deus, não somos ninguém.

Aloisio

Eu sou Aloisio, tenho 24 anos. Trabalho como lavrador e estou preparando para a Primeira Eucarístia, a crisma e para o matrimônio.

Quando comecei a minha preparação, eu ia para a catequese por gosto da minha esposa; mas, com o tempo, Jesus tocou o meu coração de maneira tão forte que eu estava gostando muito de estar ali apreendendo a Palavra de Deus.

A frase do Evangelho de João 15 que mais gostei foi: “Fiquem unidos a mim, e eu ficarei unido a vocês.”

Claudio

Eu tenho 14 anos. Estudo de manhã, e, de tarde, vou trabalhar na lavoura. Eu gosto de Jesus porque, sem ele, não não somos nada. É Ele que me ilumina no dia a dia. Nós temos que rezar buscando a Palavra dEle, para não acontecer coisas ruins com a gente.

Eu quero receber a crisma, para renovar o Espírito Santo, receber este segundo batismo, acreditar em Jesus e no Espírito Santo.

Eu quero tornar-me discípulo e missionário porque é importante ser alguma coisa na vida. Ser um animador de jovens é uma coisa boa.

Jesus que me dê força para continuar nesta missão da vida, que me dê força para não seguir o caminho do mal, que o Espírito Santo me conduza para o caminho do bem.

Amém

9. Pastoral da Sobriedade

No sábado 25 e no domingo 26 de novembro, 40 pessoas, jovens e adultos, vindos de 11 das 15 comunidades da paróquia, participaram de uma formação proposta pela Pastoral da Sobriedade.

Visitando de casa em casa as comunidades, fiquei tocado por este problema. Comecei uma reflexão na comunidade São Sebastião do Cerro e esta comunidade organizou dois encontros com os Alcoólicos Anônimos (cf. correios precedentes). Recentemente, o coordenador desta comunidade me chamou para visitar essa mãe, doente do álcool, que visitei logo depois da minha chegada em Dores. A situação piorou. Ela não mais conseguia a dar a comer às suas 4 crianças. A Pastoral da Criança foi até cuidar da família, e hospitalizar a mãe. 3 meses depois, ela está aqui ressuscitada, radiosa, contando a sua história, preparando o seu casamento na Igreja.

Um ano atrás, a Diocese de Cachoeiro de Itapemirim escreveu para apresentar esta última criação da C.N.B.B.: a Pastoral da Sobriedade e incentivar as paróquias a enviar 3 leigos por paróquia em formação.

Em cada C.P.P. iniciamos com um tempo de estudo do Evangelho do domingo, um momento de revisão de vida sobre um assunto, um tempo de informações diversas. No mês de junho, fizemos revisão de vida sobre a realidade do álcool nas nossas comunidades. Decidimos fazer da fundação da Pastoral da Sobriedade na nossa paróquia uma prioridade e lançamos um chamado para que pessoas das comunidades venham participar da formação que foi dada na Diocese e que decidimos organizar ao nível da paróquia.

40 leigos da Diocese foram participar da formação. 40 leigos de Dores participaram da mesma formação em Dores. Uma pousada ofereceu os quartos gratuitamente para as pessoas não ter a necessidade de voltar para a casa na noite do sábado. A prefeitura colocou dois ônibus a disposição para levar as pessoas das comunidades da roça. A comunidade mais distante é a 30 quilômetros de Dores.

Eis o que Elielton exprimiu durante a assembléia da paróquia, dia 8 de dezembro, na presença dos 60 responsáveis. Ele tinha escrito para colocar no jornal paroquial de janeiro. Ele me entregou o texto no início da assembléia e, quando li, lhe pedi para aceitar ler aqui na assembléia. Este texto está utilizado por pessoas que contactam outras que são doentes alcoólicos e lhes propor aceitar ajuda. Eu li o texto em várias missas. Quantas pessoas que vêm falar depois!

10. Testemunho de Elielton

Meu nome é Elielton. Tenho 28 anos.

Comecei a ingerir bebidas alcoólicas desde bem cedo, aos onze anos de idade. No início, sempre bebia em companhia de amigos. Depois, fui crescendo e bebia sozinho sempre dizendo: só bebo controlado, paro à hora que quero.

Mas o tempo passava e vi que isso não era bem assim. Comecei chegando em casa bêbado, às vezes enlameado como um porco, o que trazia grande tristeza por meus pais. Já cheguei machucado. Tenho cicatrizes no corpo e na alma que jamais desaparecerão.

De uns três anos pra cá, tentei parar de beber, mas não consegui. Saia de noite e bebia. De manhã, me arrependia e fazia a promessa de nunca mais beber. Mas, na noite seguinte, tudo recomeçava. Eu tinha vergonha de pedir ajuda e continuava na bebida, mentindo, perdendo compromisso e acabando com a minha vida.

Sou coordenador de comunidade e ministro da palavra, e estava deixando a desejar em função da bebida. Quando ouvi o Pe Bruno falar da fundação da Pastoral da Sobriedade, eu pensava: como vou falar pra comunidade se eu não sou exemplo, se eu dependo do álcool.

Eu tinha medo e vergonha de falar de meus problemas até que, em visitas à minha comunidade, alguém alertou o Padre. Sem saber que ele foi alertado, eu fui ver o Pe Bruno para entregar os meus cargos de coordenador e ministro da palavra, sem falar do álcool, dando outra razão. Aí, ele me falou do álcool, não aceitou a minha demissão e me chamou a fazer desta fraqueza um caminho de anúncio do Evangelho. Ele me chamou a participar do curso de formação da Pastoral da Sobriedade que ocorreu em Dores para 40 pessoas de 11 das nossas comunidades no 24 e 25 de novembro.

Eu fui e pude constatar que precisava de ajuda para sair ou me recuperar desta vida. Dentro do encontro, dei o primeiro passo da Pastoral da Sobriedade que é de admitir que sou doente, que tenho vício do álcool e que, sozinho, não vou conseguir.

No domingo após, enquanto animava a celebração da minha comunidade, eu admiti diante da comunidade o meu problema e pedi ajuda.

O que me chamou muito atenção, foi a moça do barzinho onde eu costumava beber. Porque eu fui encontrar os colegas no barzinho e eles me ofereceram bebida. A moça respondeu: “Não, ele não vai beber. Ele pediu a nossa ajuda!”

Não estou recuperado, e não posso dizer que parei de beber, mas o fato de ter dado o primeiro passo através da Pastoral da Sobriedade, já é uma grande vitória.

Se você tem problemas com álcool, assim como eu, procure ajuda, não tenha vergonha e medo de dar o primeiro passo. A Pastoral da Sobriedade está pronta para lhe ajudar.

Elielton

11. A assembléia paroquial do sábado 8 de dezembro: reconhecer o Espírito agindo, numa releitura do ano passado e discernir as suas chamadas

O encontro do C.P.P. de outubro, encontro de todos os coordenadores das Comunidades de Base e dos coordenadores paroquiais dos movimentos e pastorais foi um momento de revisão de vida para iniciar uma releitura do ano 2007:

–     Aonde percebemos sinais da ação do Espírito Santo no correr do ano?

–     Quais chamados?

Seguia uma enumeração de lugares, acontecimentos, para ajudar cada um a fazer memória do ano, saindo da busca do “positivo ou negativo”, do quantitativo, saber se houve muita gente ou não.

Por exemplo, a crise grave da comunidade São João Batista foi contemplada buscando o que o Espírito Santo fez crescer neste acontecimento, e não olhando os R$ 20 000 de dívida.

Isso foi um momento de formação. Depois, cada um dos responsáveis foi chamado a fazer o mesmo trabalho com o Conselho da sua comunidade, do seu movimento, da sua pastoral. Cada um devia entregar uma avaliação por escrita no C.P.P. de novembro que tomou a forma de um retiro.

Fizemos uma síntese de todas as avaliações, e, neste sábado 8 de dezembro, tivemos a assembléia paroquial com 60 coordenadores presentes.

Depois de um tempo de estudo do Evangelho do domingo, a coordenadora paroquial apresentou a síntese das releituras. Depois, em 6 grupos, cada um sublinhou os sinais da ação do Espírito Santo e as prioridades para o ano próximo.

O que me maravilhou, foi que os 6 grupos destacaram os mesmos sinais fortes da ação do Espírito Santo, nos quais a chegada da nossa equipe com o Pe Juarez, Irmã Maria do Socorro, a ação do Espírito Santo no coração dos jovens, a fundação da Pastoral da Sobriedade, o trabalho de proposta dos sacramentos às pessoas distantes da Igreja.

Todos adoptaram o tema da Quinta Conferência do C.E.L.A.M.:

“Discípulos e missionários de Cristo para que Nele os povos tenham a vida em abundância”

As 6 equipes priorizaram de maneira absoluta o apoio aos Círculos Bíblicos, afirmando que é a celula essencial da Igreja aqui. Refletimos para que o Círculo Bíblico não seja só o lugar de partilha do Evangelho do domingo a seguir, mas que seja também o lugar onde se reflete a missão:

–     para ir fazer Círculo Bíblico nas casas das famílias afastadas de uma vida eclesial;

–     para enviar de dois a dois, membros do Círculo Bíblico visitar as famílias afastadas ou em dificuldades, para visitar famílias de outras Igrejas e viver a caridade fraterna, não o proselitismo;

–     para ver como apoiar as pessoas que aceitariam uma ajuda para se libertar da doença alcoólica;

–     para acompanhar as famílias numa eventual pedido de sacramento, mesmo eles se encontrando fora dos critérios da Igreja.

As outras chamadas foram também, chamadas destacadas por cada equipe:

–     apoiar os jovens, as crianças, fundar a Infância Missionária, continuar as missões;

–     desenvolver a “escola de teologia bíblica”, escola de estudo do Evangelho;

–     desenvolver a Pastoral da Sobriedade;

O que me alegrou e me confirmou, foi de ver a unanimidade dos participantes tornar seu o que nós lançamos com o Pe Juarez e Irmã Maria do Socorro.

12. Escola de teologia bíblica

Apresentei este trabalho começado no início do ano para formar todos os que têm responsabilidade (ministros, coordenadores de Comunidades de Base ou movimentos, catequistas, etc.) e todos os que o desejam, iniciando-se ao estudo do Evangelho à maneira do Padre Chevrier. Em 2007, lemos todo o Evangelho de Lucas.

–     Os que o podem vieram aos encontros e tinham lido os dois capítulos previstos, colocando um título a cada trecho lido, copiando « palavras de vida », inventando eventuais orações a partir de tal ou tal versículo. Foram convidados a escrever também um fato de vida falando do hoje do Evangelho lido. Nunca aconteceu.

Os encontros aconteciam assim:

–     tempo de silêncio na espera dos atrasados onde cada um recebia um trecho a preparar para apresentar aos outros;

–     partilha das orações criadas por cada um;

–     leitura dos dois capítulos: cada um proclamava o trecho atribuído no início do encontro, dizia o que recebia neste trecho, também o que não compreendia; outros podiam completar. Durante o tempo de silêncio inicial para cada um preparar o seu trecho, fazia 3 vezes a leitura de um trecho a uma pessoas iletrada. Depois, tal como as outras, ela apresentava o seu trecho ao grupo.

–     A partir dai, reflexão sobre tal ou tal questão surgida em relação com a leitura dos capítulos

–     oração final.

Estes encontros aconteceram em dois pontos da paróquia distantes em 30 quilômetros. No terceiro encontro, 70 pessoas participaram em Dores, 30 em Pedra Menina. Depois, houve várias pessoas que desistiram e ficaram 15 pessoas de cada lado, apesar de várias chamadas. A riqueza do que se viveu justifica por si mesmo em continuar. Várias pessoas abandonaram por causa das dificuldades de transporte.

Pois, decidimos propor este trabalho em cada comunidade com os Atos dos Apóstolos: nas maiores, iremos propor esta leitura durante 2 horas, à noite, a fora do dia da missa mensal da Comunidade de Base; nas pequeninas, propomos às pessoas que querem ficar uma hora depois da missa mensal para partilhar o que as pessoas descobriram em casa lendo os capítulos.

O que me assustou, foi de ver que esta proposta foi acolhida com entusiasmo. Não sei se as pessoas conseguirão participar no tempo, mas avisamos que mesmo se houver só uma pessoa, daremos este serviço. Com as duas irmãs, vamos nos repartir nas comunidades.

Pedimos um esforço excepcional no ano próximo, dizendo que íamos ler os Atos dos Apóstolos, texto fundamental que conta finalmente o que vivem essas Comunidades de Base.

É também uma maneira para nós de não limitar o contato com as Comunidades de Base rurais (e da cidade), à celebração da missa, de conhecer melhor as pessoas, de as conduzir a se descobrir capazes de tomar a palavra, de as armar em frente das pressões das diversas seitas, de acompanhá-las, de formá-las como discípulos e missionários.

13. Abertura ao mundo

Na assembléia paroquial, Maria-José, coordenadora da comunidade matriz, apresentou a próxima Campanha da Fraternidade, campanha lançada durante a quaresma mas que se vive em príncipio ao longo do ano e é proposta em toda a Igreja do Brasil. Este ano, se fala de defender a vida do nascimento até a morte.

Decidimos primeiro valorizar o que já se vive, tanto a nível da paróquia (Pastoral da Sobriedade, Pastoral da Criança, etc.) como no município.

Nestes últimos tempos, consegui me tornar presente em vários acontecimentos da cidade, o que não acontecia antes de nós e que tocou as pessoas. A próxima edição da « Caminhada Paroquial », jornal paroquial, ocasião também de lançar a Campanha da Fraternidade « Fraternidade e defesa da vida », vai apresentar um artigo sobre cada um desses acontecimentos:

–     a caravana do P.E.T.I.: manifestação para Promover a Eradicação do Trabalho Infantil;

–     a feira cultural do colégio: os alunos fizeram várias realizações e abriram as portas do colégio durante 3 dias aos pais, à população de maneira geral, a outras escolas que vieram visitar;

–     festa da família numa escola maternal.

Para o domingo seguinte, lançamos um convite aos 150 operários que constroem uma usina hidroeléctrica numa das cachoeiras da nossa paróquia, para eles participarem da missa da noite, e, se fossem de outra religião e não quisessem vir, a um confraternização com um bufê, com entrega de uma carta de Natal.

14. Ocupado, mas não transbordado… privilegiado

Fazendo a releitura dos últimos dois meses, tentando de dar conteúdo e não ficar em generalidades, pode dar a impressão de um programa sobrecarregado.

Paradoxalmente, não tenho este sentimento. Tenho realmente a sorte de “descansar” passando horas lendo o Evangelho com pessoas, sendo testemunha da obra do Espírito Santo, tendo grandes momentos de releitura com as diversas equipes do Prado, acompanhando a equipe de Florianópolis. Os tempos de espera no aeroporto transformam-se em momentos para reler, fazer estudo do Evangelho, sentado no chão ao lado de uma tomada para ligar o notebook. Tenho também os retiros mensais com as irmãs e o Pe Juarez, a partilha semanal do Evangelho com o Pe Juarez e Antenor este ano sobre o Evangelho do domingo, das nossas alegrias ou preocupações, a oração em comum cada manhã quando estou em Guaçuí (segunda, terça e quinta-feira).

É também um ministério de grande proximidade com pessoas simples e abertas à fé.

Sei também que estou sendo ajudado pela oração de cada um de vocês e não vos esqueço também. Estou sempre muito feliz em receber um email pessoal e respondo a noite.

O tema do editorial de dezembro era:

“Acolher Cristo que quer nascer nas nossas vidas”

Aqui são realmente os votos que eu faço para cada um de vocês para o Natal e o Ano Novo. Que os que não partilham a nossa fé retraduzam essas palavras na sua tradição própria religiosa o filosófica. Talvez poça ser deste jeito: “Acolher o amor que quer nascer nas nossas vidas.”

Estarei sempre feliz em receber notícias de uns e outros e gosto de responder pessoalmente a cada um, mesmo que sejam só algumas palavras.

Digo-lhes de novo a minha amizade, oração e os meus melhores votos para este tempo em que fazemos memória deste nascimento que transformou o mundo.

Abraço fraterno.

Bruno

 

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