« Livro dos Atos dos Apôstolos de Dores do Rio Preto » (setembro de 2009)

para a Festa Nossa Senhora das Dores,
15 de setembro de 2009

Para aquele que tem pouco tempo, lhe aconselhamos de ler os parágrafos seguintes:

  • Primeiro: a apresentação
  • Segundo: no capítulo 1, alguns textos dos Círculos Bíblicos: 1; 2; 6.1 até 6.6; 7.1 e 7.2; 8.1 até 8.4; 15.3; 16.2; 16.5.
  • Terceiro: no capítulo 2 o n°4 e o n°7
  • Quarto: no capítulo 3: o documento 10, no qual apresento o trabalho para “colocar o Evangelho nas mãos dos pobres”,
  • Cinco: a apresentação da Associação dos Padres do Prado em anexo.

Paróquia Nossa Senhora das Dores

  1. Ir ver Jesus no Evangelho (Fevereiro de 2006)
  2. Escola de teologia bíblica para todos: Venha participar! (Janeiro de 2007)
  1. Encontrar Jesus na Palavra (Editorial Dezembro de 2008)
  1. Ler o Evangelho indo ao encontro de Jesus (Janeiro de 2009)
  1. Renovar os Círculos bíblicos e fazer deles uma prioridade absoluta (Janeiro de 2009)
  2. Encontro dos Círculos Bíblicos (8 de março de 2009)
  3. Propor os sacramentos e passar da Igreja do “não pode” à Igreja do “Ide, acolhei, anunciai e acompanhai” (Julho de 2009)
  4. Carta aos católicos (15 de agosto de 2009).
  5. Contabilidade de 2008: Vivemos o Evangelho! (Março de 2009)
  1. Colocar o Evangelho nas mãos dos pobres
  1. “Toma e come a Palavra de Deus” (Sínodo em ROma 2008)

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Brasil

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Padre Bruno Cadart

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Apresentação dos “Atos dos Apóstolos
de Dores do Rio Preto” [1]

Fizemos dos Círculos Bíblicos a prioridade absoluta de 2009

Na Assembléia da Paróquia Nossa Senhora das Dores de Dores do Rio Preto no sábado, 6 de dezembro de 2008, buscamos nos tornar mais discípulos e missionários vivendo no espírito da Quinta Conferência de Aparecida, continuando o trabalho que já fazíamos há um ano sobre os Atos dos Apóstolos com a fundação da Escola de Teologia Bíblica, em todas as comunidades. Entrando na dinâmica do Sínodo dos Bispos em Roma sobre a palavra de Deus (outubro de 2008), participando do impulso da Assembléia da diocese de Cachoeiro de Itapemirim do 25 e 26 de outubro de 2008 que escolheu como prioridade para os 3 anos « A centralidade da Palavra com os seus desdobramentos na missão e no serviço da caridade », fizemos dos Círculos Bíblicos a nossa prioridade absoluta com o objetivo de multiplicá-los e torná-los mais orantes e mais missionários.

Decidimos então escrever os “Atos dos Apóstolos de Dores do Rio Preto”

Preparando a festa da padroeira Nossa Senhora das Dores do dia 15 de setembro de 2009, o C.P.P. (Conselho Pastoral Paroquial) de maio decidiu destacar os Círculos Bíblicos e incentivar todos os animadores a escrever os “Atos dos Apóstolos de Dores do Rio Preto”.

Cada animador foi convidado a escrever os “Atos dos Apóstolos do seu Círculo Bíblico” e a entregá-los durante o mês de julho. Para ajudar os animadores, foi decidido que o padre chegaria nas comunidades uma hora antes das missas para receber os textos, conversar com cada animador, fazer entrevista com os que não sabiam como colocar a experiência deles e a fazer ligação com os Atos escritos por Lucas e que lemos há dois anos. Conseguimos recuperar os textos de todos os 71 Círculos Bíblicos da paróquia.

Foi um momento importante de formação para cada um: aprender a fazer “releitura”, fazer memória da ação do Espírito Santo, perceber outros chamados. Foi uma riqueza para o trabalho do C.P.P., ajudando a perceber as convergências de desafios ou luzes, de comunidade em comunidade. Descobrimos tantas pérolas do Espírito Santo na nossa paróquia que não imaginávamos.

O C.P.P. do sábado 15 de agosto de 2009 consistiu em ler por grupos várias páginas desses “Atos dos Apóstolos de Dores” e a responder às perguntas seguintes:

  • Lendo alguns textos, o que nos toca? O que podemos dizer da importância dos Círculos Bíblicos?
  • Quais convicções, chamados e conselhos o nosso C.P.P. quer dar aos Círculos Bíblicos a partir desta leitura para torná-los sempre mais discípulos e missionários?
  • O que vocês acham de escrever uma carta e proclamá-la antes da festa da padroeira?

Assim, a partir desta releitura, o C.P.P. escreveu “uma carta aos católicos de Dores” que acharão neste documento. Foi um momento privilegiado para perceber a importância dos Círculos Bíblicos e, também, a importância do Padre e do C.P.P. apoiar a ação dos Círculos Bíblicos, se comprometerem no desenvolvimento deles.

Algumas páginas foram escolhidas e proclamadas em primeira leitura nas missas da novena. Outras foram proclamadas durante a procissão do dia da festa e em primeira leitura da missa da festa. Começamos a publicação de um trecho em cada número da « Caminhada Paroquial ». Nos Círculos Bíblicos, para ajudar as pessoas a perceberem a importância do Círculo Bíblico e aproveitarem da experiência dos outros, cada semana, se lê um trecho dos Atos dos Apóstolos de Dores.

Ana Rosa, Coordenadora Paroquial dos Círculos Bíblicos, sugeriu que, neste ano, o presente para os padres que vierem celebrar na novena e na festa seja um exemplar dos “Atos dos Apóstolos de Dores”.

Completamos os textos dos Círculos Bíblicos com outros textos fortes da nossa paróquia

Realizando este trabalho, pareceu à equipe que estava à frente recolhendo os textos e finalizando o “Livro dos Atos dos Apóstolos de Dores do Rio Preto”, que podia interessar a outras pessoas. Por isso, colocamos esta apresentação pensando na possibilidade de partilhar a nossa experiência com outras pessoas, outras paróquias.

Decidimos introduzir nestes “Atos dos Apóstolos de Dores do Rio Preto” vários artigos publicados na « Caminhada Paroquial », jornal da nossa paróquia, e que apresentam as orientações que tomamos juntos, dia após dia, tanto com o C.P.P. como com o C.P.A.E., e o caminho que fizemos até escrever os “Atos dos Apóstolos da paróquia Nossa Senhora das Dores de Dores do Rio Preto”, tentando viver juntos o Evangelho, nos deixar conduzir pelo Espírito Santo.

São textos de referência da nossa paróquia, seja sobre os Círculos Bíblicos, seja sobre a missão, que orientam o nosso caminho e que surgiram da reflexão enquanto vivemos a missão com os Círculos Bíblicos.

Além deste trabalho sobre a Palavra de Deus, trabalhamos muito sobre o Dízimo, não só por necessidade de recolher subsídios para a paróquia, mas como lugar concreto de conversão, vivendo o Evangelho, vivendo do espírito dos primeiros apóstolos. Partilhamos também textos em relação a este trabalho.

Na « Caminhada Paroquial », cada mês, no editorial ou num artigo específico, partilhávamos as reflexões feitas em todas as comunidades lendo o capítulo dos Atos dos Apóstolos e fazendo a ligação com a nossa vida. Acharão essas reflexões numa outra parte dos nossos “Atos dos Apóstolos de Dores do Rio Preto”. Isso deixa ver como, lendo os Atos dos Apóstolos, é toda a vida pessoal, comunitária, na sociedade, que está questionada. Deixa ver como a leitura dos Atos dos Apóstolos oferece uma formação de discípulos e missionários riquíssima.

Juntos, com o Espírito Santo, edificar uma Igreja inserida na vida social

O que entra pouco nestes Atos dos Apóstolos, mas que está totalmente ligado a este trabalho da palavra de Deus, é o trabalho para, além do incentivo dado às pastorais sociais (Pastoral da Sobriedade, Pastoral da Criança, Vicentinos), incentivar os cristãos a se comprometerem na transformação da sociedade, e oferecerem às pessoas implicadas na sociedade civil espaços de reflexão. Também, trabalhamos para apoiar tudo o que podíamos que se fazia de bom na sociedade civil a favor da vida. No que podemos mais destacar, houve:

–     Um trabalho de conscientização no momento das eleições municipais de 2008 com reflexão no C.P.P., nos C.P.C., nas missas e encontro com todos os candidatos e com diretores das escolas a partir da cartilha dos bispos do Estado do Espírito Santo.

–     Um grupo de reflexão dos empresários de Dores que se reúne a cada três meses.

–     Um incentivo para fundar associações de moradores, de produtores, etc.

–     Um convite feito às pessoas da sociedade civil para participar do C.P.P. onde refletimos a Campanha da Fraternidade sobre segurança pública.

–     Um início de reflexão sobre a ecologia com um início de parceria com pessoas da sociedade civil seguido ao encontro das Comunidades Eclesiais de Base de 2009. Assim, pessoas da sociedade civil participaram de dois C.P.P. depois do encontro diocesano das CEBs. A seguir, o padre foi convidado a participar: da reflexão para fundar um sindicato dos trabalhadores rurais em Dores, da fundação de Associações de Produtores, de um Encontro do Incaper para promover a agricultura orgânica.

Se evoco isso, é porque, num momento onde há pessoas na Igreja tentadas em se fechar sobre si e numa atitude piedosa sem preocupação da presença na sociedade, ou onde as pessoas buscam “grupos onde se sentem bem”, onde se promete “curas” e onde a emoção está provocada, onde pessoas já desequilibradas são ainda mais desequilibradas, onde outros querem voltar anos atrás como se vê com a tentação de voltar à batina por exemplo, quero testemunhar que um outro caminho é possível, que um outro caminho se torna urgente a retomar, um caminho bem presente no Documento de Aparecida, mas que se vê menos quando se percebe a tendência que atravessa a Igreja a favor de uma religião tradicionalista ou/e pentecostal.

Mais do que “Fazer missões”, Tornar a Igreja missionária (Cf. DA 173)

Na assembléia da diocese de Cachoeiro de Itapemirim de outubro de 2008 que fez « da centralidade da Palavra com os seus desdobramentos na missão e no serviço da caridade » a prioridade para os 3 anos, guardei esta intervenção forte do Pe. Helder Salvador, Reitor do seminário diocesano: “A necessidade do momento, não é de fazer missões, mas de tornar toda a Igreja missionária”.

O trabalho com a palavra de Deus nos Círculos Bíblicos e nas Comunidades Eclesiais de Base é realmente, no meu ponto de vista, a chave para viver esta “Missão Continental” lançada pela Quinta Conferência de Aparecida, sem formar mais nem uma pastoral, nem eventos ou métodos extraordinários. Quando lancei a “Escola de Teologia Bíblica”, foi justamente para apoiar esses Círculos Bíblicos, assim como todas as pastorais e os movimentos e os “entregar ao Senhor e à Palavra da sua graça que tem o poder de edificar” (At 20,32).

Se eu me alegro com os frutos das “Santas Missões Populares”, estou mais a favor de um trabalho para “tornar as paróquias missionárias”. Fico com reserva sobre o fato de fazer chegar um grupo de fora que passe um momento e vai embora depois, tanto em relação com o continuidade do trabalho, como em relação ao que isso faz nascer entre as pessoas das comunidades visitadas e as pessoas que vêm fazer a missão.

Fiquei tocado com o que aconteceu em Guaçui na comunidade rural mais pobre da paróquia, muito destruída pelo álcool e tudo o que acompanha esta doença. Durante anos, missionários iam com muito amor “fazer a missão”, vindo de fora, tanto geograficamente como socialmente. Às vezes, iam 16 pessoas fazer a missão. Nada surgia. Muitas vezes, senti esta maneira de viver a missão, mesmo que seja feita com coração, como humilhante para a comunidade visitada. Quando o Pe. Genivaldo chegou, a missão foi feita entre as pessoas do lugar e surgiram responsáveis na comunidade que começaram a participar do C.P.P. Nunca me esquecerei da primeira missa dele nesta comunidade. Estávamos juntos. No momento da homilia, ele me chamou para nós nos sentarmos no meio do povo e provocou as pessoas a comentar o Evangelho. E o povo partilhou.

Fiquei feliz em acolher seminaristas vindos viver a missão em Dores no ano de 2006, já para os seminaristas se formarem e para a paróquia conhecer os seminaristas da diocese. Não duvido que eles receberam muito fazendo esta missão e que o povo ficou feliz em ser visitado. Mas, fico com perguntas. Vieram dar palestres que instalaram a comunidade na postura de ser ensinada e não de ser ator e exprimir as riquezas dela e do Espírito Santo segundo o método de Paulo Freire.

Às vezes, complicaram sem querer. Assim, a diocese, no seu trabalho a favor do dízimo, se apoiou sobre um grupo de “Missionários de São Paulo” com um discurso bem fundamentalista. Os seminaristas repetiram nas comunidades de Dores a palestre deste grupo e explicaram assim que havia o “bom dizimista” que ia à missa trazer o seu dízimo e o “mau dizimista” que não ia a Igreja, fundando esta reflexão sobre Caim e Abel, o mau e o bom dizimista. Disseram que não se podia aceitar a oferta deste mau dizimista. Quando ouvi esta palestra em Dores, intervim fazendo referência a Cornélio, soldado romano, que não ia à sinagoga, mas cujas ofertas eram aceitas pela comunidade Judaica e que Pedro acabou por batizar (At 10 e 11). Uns dias depois, passei numa comunidade rural onde fizeram a mesma palestra e a comunidade não aceitou mais o dízimo de uma pessoa que não participava das celebrações mas enviava regularmente o seu dízimo por outra pessoa. A pessoa estava ao ponto de começar a participar das celebrações da comunidade. Ela ficou revoltada e não voltou mais. Depois, ficaram muito preocupados com tal ou tal detalhe litúrgico sem importância.

Nós, padres, nos tornarmos missionários, para as nossas paróquias se tornarem missionárias

Fico impressionado de quanto o povo de Dores comenta a importância para eles o padre, a irmã, passar de família em família, visitar os Círculos Bíblicos, ficar depois da missa lendo os Atos dos Apóstolos com eles, fazendo releitura no C.P.P.

Na realidade, se queremos viver uma “Missão Continental”, nós, padres, temos de nos converter. Era a convicção do Padre Chevrier, percebendo a distância entre a Igreja e o povo, a dificuldade para as pessoas fazerem a experiência do amor de Cristo. É a convicção da Quinta Conferência de Aparecida que nos chama à conversão, “vivendo a missão seguindo os passos de Jesus e adotando suas atitudes (cf. Mt 9,35-36). Ele, sendo o Senhor, se fez servidor obediente até à morte de cruz (cf. Fl 2,8); sendo rico, escolheu ser pobre por nós (cf. 2 Cor 8,9), ensinando-nos o caminho de nossa vocação de discípulos e missionários. No Evangelho aprendemos a sublime lição de ser pobres seguindo a Jesus pobre (cf. Lc 6,20; 9,58) e a de anunciar o Evangelho da paz sem bolsa ou alforje, sem colocar a nossa confiança no dinheiro nem no poder deste mundo (cf. Lc 10,4). Na generosidade dos missionários se manifesta a generosidade de Deus, na gratuidade dos apóstolos aparece a gratuidade do Evangelho”[2].

Na dinâmica da 5ª Conferência de aparecida e a luz da experiência do Prado

Quando recebemos o Documento de Aparecida, trabalhamos no C.P.P. uma seleção de textos. Depois, publicamos cada mês durante dois anos trechos deste texto riquíssimo e iniciamos vários C.P.P. meditando trechos de Aparecida. Quantas vezes, meditamos, entre outros, os parágrafos 12, 14, 26, 28, 29, 30, 31, 32, 64, 65, 100 c, 173, 178, 179, 246, 247, 248, 307-310, 358, 362, 363, 391-405, 501-507, 547-550, 554. Este texto fortaleceu o caminho que já tínhamos iniciado, assim também, como o Sínodo da Palavra em Roma no mês de outubro de 2008 e a Assembléia da diocese de Cachoeiro de Itapemirim que ocorreu no mesmo momento.

Colocamos no fim, uma breve apresentação do Prado, porque esta tradição espiritual influenciou muito o nosso caminho. As intuições de Antônio Chevrier encaixam com muita força nas intuições do Documento de Aparecida.

Um caminho em Igreja

Se não posso negar que influenciei bastante este trabalho, quero sublinhar o quanto nós o recebemos uns dos outros na reflexão nos C.P.P., nas reflexões juntos nas comunidades, e, sobretudo, na meditação da palavra de Deus e nos comprometendo na vida com as pessoas de Dores.

Quero sublinhar o quanto recebi de Dom Célio que confiou em mim e me chamou para esta missão; o quanto o acolhimento do Pe. Olímpio e do Prado do Brasil me ajudaram a entrar na Igreja do Brasil; o quanto a qualidade do acolhimento do Pe. Juarez, a força da vida comunitária com ele, depois com o Pe. Pedro, Pe. Genivaldo e Pe. Wagner, foi determinante para mim para viver com tanta alegria a missão em Dores e em Guaçui. Quero sublinhar a sorte que é para nós podermos viver o ministério em ligação estreita com uma comunidade de religiosas, as irmãs Sacramentinas de Bêrgama, e, mais particularmente para mim, com a Irmã Maria do Socorro, discreta, mas tão presente na missão em Dores e também em Guaçui.

Recolhendo toda esta matéria, recolhendo os textos das comunidades ou questionando-as para as ajudar a exprimir a experiência delas, fiquei impressionado em ver os frutos das intuições que nos fizeram iniciar este trabalho, e fizemos realmente a experiência da força da palavra de Deus lida, partilhada, vivida, pessoalmente e juntos, constantemente. Se participei da redação de vários textos dos Círculos Bíblicos, realizando entrevistas, completando o que tinham escrito, muitos dos textos são totalmente da comunidade e fiquei muitas vezes assustado com o que recebia.

Percebemos a urgência para a Igreja de se tornar sempre mais ligada à palavra e mais missionária num mundo onde a confusão reina e as perseguições são tão fortes quanto no tempo dos primeiros cristãos, talvez piores, porque não se vêem.

Fazendo um “livro dos Atos dos Apóstolos”, esperamos poder partilhar além das fronteiras da nossa paróquia com todos os que tentam viver « a centralidade da Palavra com os seus desdobramentos na missão e no serviço da caridade », para nos tornar mais “discípulos e missionários para que os nossos povos tenham a vida”.

“Não resistirá aos embates do tempo uma fé católica reduzida a uma bagagem, a um elenco de algumas normas e de proibições, a práticas de devoção fragmentadas, a adesões seletivas e parciais das verdades da fé, a uma participação ocasional em alguns sacramentos, à repetição doutrinais, a moralismo brandos ou crispados que não convertem a vida dos batizados. Nossa maior ameaça “é o medíocre pragmatismo da vida cotidiana da Igreja, no qual, aparentemente, tudo procede com normalidade, mas na verdade a fé vai se desgastando e degenerando em mesquinhez.” A todos nos toca recomeçar a partir de Cristo, reconhecendo que “não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande idéia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva”.

“(…) Aqui está o desafio fundamental que afrontamos: mostrar a capacidade da Igreja para promover e formar discípulos e missionários que respondam à vocação recebida e comuniquem por toda parte, transbordando de gratidão e alegria, o dom do encontro com Jesus Cristo. Não temos outro tesouro à não ser este. Não temos outra felicidade nem outra prioridade senão a de sermos instrumentos do Espírito de Deus na Igreja, para que Jesus Cristo seja encontrado, seguido, amado adorado, anunciado e comunicado a todos, não obstante todas as dificuldades e resistências. Este é o melhor serviço, – o seu serviço! – que a Igreja deve oferecer às pessoas e nações”.

“Conhecer a Jesus Cristo pela fé é nossa alegria; segui-lo é uma graça, e transmitir este tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor nos confiou ao nos chamar e nos escolher. Com os olhos iluminados pela luz de Jesus Cristo ressuscitado, podemos e queremos contemplar o mundo, a história, os nossos povos da América Latina e do Caribe, e cada um de seus habitantes”.

“Desejamos que a alegria que recebemos no encontro com Jesus Cristo, a quem reconhecemos como o Filho de Deus encarnado e redentor, chegue a todos os homens e mulheres feridos pelas adversidades; desejamos que a alegria da Boa Nova do reino de Deus, de Jesus Cristo vencedor do pecado e da morte, chega a todos quantos jazem à beira do caminho, pedindo esmola e compaixão (Cf. Lc 10,29-37; 18,25-43). A alegria do discípulo é antidota frente um mundo atemorizado pelo futuro e oprimido pela violência e o ódio. A alegria do discípulo não é sentimento de bem-estar egoísta, mas uma certeza que brota da fé, que serena o coração e capacita para anunciar a Boa Nova do amor de Deus. Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é alegria”[3].

Padre Bruno Cadart[4]

Tornar os Círculos Bíblicos
mais orantes e missionários

No início desses “Atos dos Apóstolos de Dores do Rio Preto”, colocamos de novo o esquema que adotamos juntos no encontro paroquial dos Círculos Bíblicos

1. Esquema para os Círculos Bíblicos em Dores

–     Começar “na hora em ponto” (sem rigidez, mas sem esperar mais do que 10 minutos, senão os que chegam na hora vão desanimar) e acabar na hora. Não fazer mais de uma hora. Se acabar depois de 30, 40 minutos de oração bem feita, é ótimo.

–     Oração inicial do Refletindo

  • Não Proclamar as palavras da “Motivação” do Refletindo. Pode se cantar o canto da motivação. São muitas palavras que complicam. Quem quiser pode ler na casa pessoalmente.

–     Proclamar 3 vezes a palavra de Deus proposta pelo Refletindo.

  • Cada um traz a Bíblia, se for possível a tradução Pastoral, a mais barata (R$ 15,00) que se pode comprar com o Pe Bruno ou na casa paroquial, para todos terem o mesmo texto.

–     Guardar 3 minutos reais de silêncio.

  • Cada um busca uma palavra de vida e reza em silêncio.

–     Partilha das palavras de vida com um refrão cantado a cada 3 pessoas (se o grupo consegue a cantar)

  • Não se lê as perguntas do Refletindo. A única pergunta é: “Qual é a palavra de vida?”
  • Depois de 3 intervenções, se canta um refrão curto, tal como: “Vem Espírito Santo, vem, vem iluminar”, para guardar o clima orante. É oração e não partilha de opiniões sobre o texto.
  • Cada um, em sua vez, partilha a palavra de vida que escolheu, mesmo se já foi dita, mas sem forçar ninguém, sem bloquear ninguém. Pode eventualmente comentá-la, e é bom fazê-lo, mas sem falar demais. Ninguém monopoliza a palavra. O papel do animador não é falar muito, mas favorecer a expressão do máximo de pessoas e ajudar a ficar num clima orante. Não é professor.
  • Se conseguirmos partilhar luzes para a nossa vida a partir deste Evangelho, será bom. Mas não se fala da vida dos outros.
  • Não se lê a Mensagem do Refletindo quando há.

–     Partilha de preces com um refrão que se diz, ou, melhor, que se canta. Podemos utilizar as orações do “Refletindo” ou da Liturgia.

–     Cada semana, façam a leitura de um trecho dos “Atos dos Apóstolos de Dores do Rio Preto”, para ajudar todos perceberem a riqueza da ação do Espírito Santo no meio de nós e para que esta riqueza que colhemos se torne riqueza de todos.

–     Comuniquem as informações da paróquia.

–     Falem do dízimo: alertem sobre as necessidades da nossa paróquia para conseguir a fazer as obras. Pelo momento, constatamos que o dízimo não aumenta mais e fica no nível de 2008. Já sabemos que teremos R$ 30 000,00 de divida no fim do ano se todos não ouvem o nosso chamado insistente. Você que não é dizimista, torne-se dizimista. Você que pode dar mais, faça-o. Você que pode fazer doação, faça-o no segredo de um envelope. Já lhe agradecemos.

–     De vez em quando, no Círculo Bíblico, façam a leitura de um artigo da « Caminhada Paroquial » que lhe pareceu importante.

–     Avisos, ou leitura de um artigo da « Caminhada Paroquial »

–     Oração Final do Refletindo com oração do “Pai Nosso” e do “Ave Maria”.


Lhes lembramos que, quando se fala de “palavra de vida”, é um convite à dizer uma palavra do Evangelho tal como se encontra no Evangelho, mas que, os que podem, não hesitam em comentar esta palavra, dizer como ela fala a eles, na vida deles. Isso enriquece muito a partilha, a condição de não fazer “homilia”, ou fazer teoria e mas de falar a partir do coração, numa atitude orante e deixando tempo aos outros para partilhar.

Quando o texto proposto pelo Refletindo parece difícil demais, não hesite em substituir pelo Evangelho do domingo que segue, eventualmente pela primeira ou segunda leitura do domingo. Se o Evangelho do domingo é curto demais, pode-se meditar no mesmo encontro do Círculo Bíblico o Evangelho e uma das duas outras leituras

Por isso, insistimos sobre a necessidade de os animadores de Círculos Bíblicos “preparar” e “se preparar” para animar os Círculos Bíblicos:

–     Uns dias antes do encontro do Círculo Bíblico: olhar os textos propostos pelo Refletindo[5], meditá-los, eventualmente escolher outro texto do domingo.

–     Nos dias antes, visitar as pessoas, lembrar do encontro.

–     Antes de ir animar o Círculo Bíblico, PREPARAR-SE, rezar, pedir o Espírito Santo para saber acolher as pessoas do Círculo Bíblico, ajudar cada um a ficar num clima orante, a se exprimir e escutar os outros.

Para fortalecer a dimensão missionária dos Círculos Bíblicos, decidimos que:

–     Nas comunidades pequeninas, os animadores de Círculos Bíblicos pedirão 5 minutos em cada C.P.C. para partilhar as iniciativas missionárias do mês passado e pensar nas iniciativas a tomar no mês seguinte.

–     Nas comunidades de São Raimundo, Sagrada Família, Nossa Senhora das Dores, o coordenador dos Círculos Bíblicos reunirá todos os animadores uma vez a cada dois meses para olhar o Refletindo, ver se há textos difíceis demais, e partilhar sobre as iniciativas missionárias que foram tomadas nos dois meses precedentes, ver outras iniciativas a tomar nos dois meses a seguir.

2. Tornar os círculos bíblicos mais missionários

–     Multiplicar os Círculos Bíblicos. É melhor ter mais Círculos Bíblicos onde não é necessário fazer uma hora a pé para ir e visitar mais casas.

–     Não deixar um lugar sem Círculo Bíblico

–     Sem forçar ninguém, chamar as pessoas a participarem. Os homens que descobriram a importância do Círculo Bíblico têm uma missão particular: Convencer outros homens a participar. Os Círculos Bíblicos, a fé, não são reservados às mulheres e crianças!

–     Ir regularmente em casas de pessoas que não vêm ao Círculo Bíblico, mesmo se nunca vierem.

–     Com o Círculo Bíblico, ter a preocupação de ajudar famílias afastadas duma vida eclesial (pessoas sem batismo, comunhão, crisma, casamento, crianças que não vão à catequese), a caminhar. Chamar eventualmente o Padre, a irmã, para fazer visitas nestas famílias.

–     Fazer do Círculo Bíblico uma célula de caridade, atenta às pessoas que chegam, às pessoas doentes ou que passam necessidades, dando o alerta à comunidade e aos Vicentinos se for necessário.

–     Se uma pessoa pede, e só se ela o aceitar, o Círculo Bíblico pode se tornar um lugar de ajuda para sair da doença alcoólica, mas isso não se pode impor. Não hesite em pedir conselho ao Padre.

–     Cultivar as relações fraternais com os vizinhos que são de outras Igrejas, sem fazer proselitismo, sem pressionar.

Capítulo 1: Textos das comunidades

1. “Quase” Comunidade Três Estados (1)

Vivemos num lugar bem inacessível, tanto da paróquia de Santa Clara (Rio de Janeiro), como da paróquia de Dores. Durante 3 anos, o pároco de Santa Clara não veio mais celebrar na Igreja Santo Antônio.

Neste lugar, o problema do álcool e da droga é muito forte. Houve brigas entre pessoas e pessoas baleadas de morte.

No mês de janeiro de 2007, Sandra, coordenadora da comunidade Santa Isabel, 5 quilômetros das nossas casas, com uma estrada de chão totalmente impraticável no caso de chuva, ainda mais quando o rio Preto transborda e invade a estrada, pediu ao padre de vir nos visitar.

No domingo 11 de março de 2007, todos os jovens da comunidade Santa Isabel com Sandra, o Padre e a irmã, fizeram uma missão nas nossas famílias e iniciamos uma “quase comunidade” na minha casa. Celebramos todos os meses, na segunda metade do mês. Na primeira metade, quando ele podia, o Pe Francisco de Santa Clara e Porciúncula celebrava do outro lado do Rio Preto, em Santo Antônio. Há um momento que não vem mais.

Na quarta-feira 10 de setembro de 2008, houve uma missa concelebrada pelo Pe. Francisco de Santa Clara e o Pe. Bruno. Os dois nos ajudaram a fazer uma comunidade unida celebrando alternativamente de um lado e do outro do rio Preto.

Crianças receberam o batismo em famílias que vêm pouco a Igreja e que moram num lugar totalmente isolado, há 3 quilômetros do lugar onde celebramos. Não conseguimos que essas famílias se tornassem fiéis na Igreja.

No mês de abril de 2009, a comunidade iniciou de novo o Círculo Bíblico que se reúne sempre na casa de Dona Madalena que tem idade e não pode sair de casa. A violência não parou, e, no fim de 2008, um habitante foi gravemente ferido por alguém drogado. Ficou uns dias no coma. A casa de uma família foi baleada, mas, não mais paramos a nossa comunidade e o nosso Círculo Bíblico.

No início de 2009, o meu marido ficou gravemente doente por causa dos agrotóxicos e não sabia mais quem era. Teve de ficar internado. Sinto a importância do encontro das Comunidades Eclesiais de Base em Marataízes para todos nós tomarmos consciência que temos de mudar o jeito de cultivar a terra e não mais destruir as pessoas e a natureza.

Neste momento, acolhemos uma nova família. O filho que tem 19 anos participa conosco e vai fazer a comunhão e a crisma. A mãe vai crismar. Uma menina com 15 anos que participa conosco vai batizar o seu filho. Hoje, éramos 24 pessoas à missa e 9 pessoas ficaram pela leitura dos Atos dos Apóstolos. Ai, encontramos a força para viver a missão. É tão bom de ver a alegria das pessoas idosas para quem é a única ocasião de sair da casa e de se encontrar, aproveitando da carona do carro da paróquia.

Marinei, coordenadora.

2. Comunidade Santa Isabel (1)

A nossa comunidade foi muito destruída pelas divisões entre nós e pelas pressões da Assembléia de Deus. Somos uma comunidade pequenina, com um único Círculo Bíblico. Não temos muita formação e muitos de nós têm dificuldades em ler e escrever.

Quando lemos trechos da 1ª Carta aos Coríntios, nos reconhecemos nestas palavras de Paulo:

“Entre vocês, não há muitos intelectuais, nem muitos poderosos, nem muitos da alta sociedade. Mas Deus escolheu o que é loucura no mundo, para confundir os sábios; e Deus escolheu o que é fraqueza para confundir o que é forte. E aquilo que o mundo despreza, acha vil e diz que não tem valor, isso Deus escolheu” (1 Cor 1,26-28).

Um acontecimento importante foi a chegada do Padre Juarez e do Padre Bruno que visitaram as famílias. Depois, houve o mês pradosiano que ocorreu com a presença de 8 padres durante o mês de janeiro de 2007. Durante um mês, nos encontramos todas as noites com os padres. Depois da leitura do Evangelho, éramos nós que partilhávamos em primeiro lugar a palavra de vida, antes dos padres também partilhar. Dinamizou muito a comunidade e marcou os padres que voltaram impressionados às paróquias deles.

Na assembléia da comunidade que ocorreu durante este mês pradosiano, alguém indicou Lani, para se preparar para ser ministra da Eucaristia. Até agora, não havia ministros na nossa comunidade. Ela respondeu que não era casada. Alguém lhe respondeu: “Mas você pode casar”. Lani chamou em alta voz o seu companheiro que estava no fundo da Igreja para saber se ele aceitava casar com ela. Já tinham 4 filhos e eram juntados. Ele aceitou.

No sábado 1° de setembro de 2007, houve dois casamentos de pessoas juntadas e 13 primeiras comunhões de adultos e adolescentes.

Alertamos sobre as famílias que moravam na divisa entre os três estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, e que não tinham mais vida de Igreja. Houve vários mortos baleados em ligação à droga, álcool, e o Círculo Bíblico acabou. O padre da paróquia vizinha não vinha mais celebrar desde 2 anos e meio.

No domingo 11 de março de 2007, com todos os jovens da comunidade Santa Isabel e com o Padre e a irmã, fizemos uma missão nas famílias de Três Estados e ajudamos a fundar uma “quase comunidade” onde celebramos todos os meses.

No sábado 28 e domingo 29 de abril, 55 jovens de metade da paróquia fizeram uma missão na nossa comunidade e na comunidade São José Bambu. Pensávamos em fazer a missão também em Três Estados, mas não foi possível por causa da lama nas estradas.

Na quinta-feira 9 de outubro de 2008, Sandra mudou para São José Bambu e elegemos Lani como coordenadora. Ela alertou o padre sobre a chegada de uma família com 4 crianças entre 9 e 1 anos numa casa totalmente isolada, perto da nova usina hidroelétrica. Os últimos filhos não eram batizados porque a família já vivia numa casa muito distante de tudo. Os pais não eram casados mas tinham grande fé. Natália, a filha com 9 anos, não conseguia ir à catequese, porque são 4 quilômetros da casa deles para a Igreja Santa Isabel. Não têm vizinhos para fundar um Círculo Bíblico. Não têm condução.

Decidimos ir visitá-los de vez em quando com todo o Círculo Bíblico. Quando há missa, o padre vai buscá-los de carro. Eles têm costume de rezar em família. Agora, a filha com 9 anos lê trechos do Evangelho na casa e participa conosco da leitura dos Atos dos Apóstolos. Na segunda-feira 18 de maio, celebramos o casamento dos pais, Zezinho e Antônia, a primeira comunhão de Natália, o batismo de Raissa e Raniel. O irmão de Zezinho veio participar do casamento. No fim da celebração, pediu para ele receber o batismo, a comunhão, a crisma e o casamento. A sua esposa e a sua cunhada também vão fazer a comunhão e a crisma. Vai acontecer na comunidade de Senhor Bom Jesus que acompanha esta família.

Vamos levar a comunhão a pé à uma senhora que teve um derrame e que mora a 7 quilômetros da nossa Igreja, um lugar totalmente inacessível quando há chuva forte e que o Rio Preto transborda e invade a pista.

Na leitura dos Atos dos Apóstolos, fizemos a ligação entre o sonho de Paulo em Troade quando vê de pé um macedônio que lhe suplicava: “Venha à Macedônia e ajude-nos!” e o chamado que Sandra sentiu para ir ao encontro das famílias de Três Estados, assim como o chamado de Lani para ir ao encontro de Zezinho e Antônia. Tal como Paulo, depois dessa visão, “procuramos imediatamente partir para Três Estados e para essa família, pois estávamos convencidos de que Deus acabava de nos chamar para anunciar aí a Boa Notícia” (At 16,9-10).

3. Comunidade São José Bambu (4)

Até o ano de 1992 não havia Círculo Bíblico na nossa comunidade. Vera Lúcia chegou de Guaçui onde os Círculos Bíblicos existiam e fundou em São José Bambu. No início, nos encontramos todos os meses, depois, todos os quinze dias, e, agora, todas as semanas. No início, ninguém fazia nada, ninguém falava. Havia só Teresa e Vera Lúcia a falar.

No ano de 2001, multiplicamos e criamos um segundo Círculo Bíblico. Com o incentivo da paróquia, há um ano e meio, criamos um terceiro Círculo Bíblico.

No ano de 2009, Sandra chegou da comunidade Santa Isabel e fundou um quarto Círculo Bíblico num lugar onde as pessoas não participavam. Ela não ficou muito tempo na nossa comunidade, mas o Círculo Bíblico que ela fundou continua a se reunir, bem participante. Agora, é Aparecida que anima. Ela tinha afastado da vida da Igreja, e foi o convite de Sandra que a ajudou a voltar.

Foi só nos últimos três anos que o povo começou a entender o que era um Círculo Bíblico. A transformação com o chamado a partilhar a palavra de vida que foi feita no início de 2009 ajudou muito. Ai, todo mundo participa em ler, em partilhar.

Na nossa comunidade, era muito difícil alguém aceitar uma responsabilidade. Dentro do Círculo Bíblico, Vera Lúcia questionava, e acabava apontando com o dedo as pessoas para convencer a aceitar um cargo. É assim que Jeruza aceitou ser ministra da Eucaristia, ela que é bem tímida e não tem confiança nela. Agora, ela aceitou ser coordenadora. É preciso ser perseverante.

Há uma dificuldade no Círculo Bíblico de Teresa: as famílias participam muito bem no Círculo Bíblico, mas não vêm nas celebrações ou missas. Temos ainda muito a trabalhar.

No Círculo Bíblico de Jeruza, somos 8 famílias. Conseguimos que uma vizinha voltasse a participar no Círculo Bíblico. De vez em quando, vêm na Igreja, mas é difícil. Ajudamos o José Eduardo e a Jacqueline que não eram casados na Igreja a receber este sacramento. Agora, batizaram a filha.

No ano de 2007, com a nova maneira de ir ao encontro das pessoas, celebramos 5 casamentos de pessoas juntadas e uns dez adultos fizeram a primeira comunhão e a crisma. A Raiane, que se afastou da Igreja, aceitou ser catequista da pre catequese e gosta muito. Agora, ela participa. Iara, que participava pouco, foi chamada para ser madrinha de batismo, e, nesta ocasião aceitou se tornar assessora da Infância e Adolescência Missionária.

As crianças da comunidade participaram da 1ª Feira Bíblica em Pedra Menina e gostaram muito.

4. Comunidade Santa Ana (2)

Jesus nos enviou em missão.

Nós vivemos no novo bairro que está surgindo em Dores de Minas. o Senhor Jesus tocou em nossos corações para formar uma comunidade cristã.

Movidos pelo Espírito Santo, nos reunimos no dia 25 de março de 2008, na escola Municipal Aída Pinheiro. Foi celebrada a primeira missa. Foi um momento de muita alegria para todos nós.

A partir daí, tomamos a iniciativa de formar um Círculo Bíblico. Iniciamos com um grupo pequeno de pessoas. Cada vez que uma família chega, vamos visitá-la, e, regularmente, fazemos visitas nas casas. Tem dado bons frutos. Foram realizadas batismos de crianças, primeira eucaristia de uma adulta.

Todos os sábados nos reunimos na garagem de uma irmã para fazer celebrações e celebramos a missa uma vez por mês. E, graças a Deus, tem sido bem participado. Após a missa, temos a aula de teologia que muito tem nos ajudado.

Chamamos uma catequista que está preparando crianças para fazer a Primeira Eucaristia e é um grupo bom. Outra aceitou ser assessora da Infância e Adolescência Missionária. A comunidade está crescendo.

Outras famílias chegaram a pouco tempo e continuam a chegar. Jesus tocou em seus corações. Pessoas que não participavam formaram outro Círculo Bíblico. É um grupo pequeno, com a presença de alguns jovens, mas não está sendo fácil. Mas o Espírito Santo me adverte de ir de casa em casa com insistência.

No domingo 26 de julho de 2009, foi um grande dia: mais de 450 pessoas participaram da missa da festa da padroeira Santa Ana na quadra de esportes da escola. Pessoas vieram de muitas das outras comunidades da nossa paróquia e da paróquia de Espera Feliz. Neste dia, recebemos um terreno e lançamos a obra da Igreja. 18 jovens vieram visitar todas as casas para convidar as pessoas à participar da Igreja. Foram muito bem recebidos por famílias crentes e eles fizeram atenção a não pressioná-las para a nossa Igreja, mas a manifestar o amor que nos une além das nossas diferenças.

Pensamos em formar uma associação de moradores.

Não vamos desanimar!

Lurdes

5. Comunidade Senhor Bom Jesus (4)

Em nossa comunidade são 4 Círculos Bíblicos: Santo Antônio, Nossa Senhora Aparecida, Santa Rita e Nossa Senhora de Fátima.

O Círculo Bíblico Nossa Senhora de Fátima tem mais ou menos 7 anos. Nestes sete anos, chegou a parar 4 vezes por falta de participação. Algumas famílias se mudaram e faltaram pessoas para rezar. De repente, vinha outra família, e começava novamente. Por este grupo passaram 3 animadores. No início, tinha 6 famílias e um total de 20 pessoas. Hoje, somos 4 casas a participar e 16 pessoas. Como animadora: Patrícia. Às vezes, a gente encontra vários obstáculos pelo caminho. A gente atravessa as barreiras e vai em frente, com a graça de Deus e a intercessão de Nossa Senhora de Fátima.

Em nossa comunidade, são bastante pessoas que têm a doença do álcool. No ano de 2008 conseguimos levar 12 pessoas no encontro de formação da Pastoral da Sobriedade em Dores. Este ano, foram 8. Infelizmente, a doença é muito forte, e não é fácil as pessoas pararem. Mas pelo menos sabem que nos preocupamos com elas.

Ajudamos várias pessoas a receber o batismo, a comunhão, a crisma, o casamento e a batizar os filhos. Neste mês, são dois casais que vão receber.

Há famílias pedindo o batismo das crianças, mas não participam do Círculo Bíblico. Temos que nos aproximar delas e ajuda-las a participar. Já ajudamos uma família de dez filhos que não participava e, hoje, eles participam muito mais.

Fomos provocados pela Samarco para fazer projetos sociais. Tentamos fundar uma associação de produtores para nos organizarmos com pessoas de todas as religiões.

No Círculo Bíblico Santa Rita, é mais difícil, porque há muitos evangélicos. Vão construir uma nova Igreja. Vai ser ainda mais difícil ficar firmes, no momento onde várias pessoas que tinham responsabilidades mudaram para a rua.

No Círculo Bíblico Santo Antônio, temos um fato muito forte. Temos mais ou menos 11 anos. Duas criança, que têm 2 anos, gostam de participar, até pedir a ter a Bíblia delas. Elas vêm com alegria e têm a “Bíblia delas”. Ainda muito pequenina, elas rezam, fazem o sinal da cruz.

Na feira bíblica, tivemos de fazer a maquete para apresentar a missão de Paulo em Atenas. Paulo ficou muito comovido de ver tantos templos diferentes e não desanimou de anunciar a ressurreição, mesmo não sendo bem recebido. Temos de continuar.

6. Comunidade São Sebastião do Cêrro (7)

6.1 Círculo Bíblico Divino Espírito Santo

A nossa comunidade faz 2 quilômetros sobre 2, mais ou menos. São 41 famílias, nas quais 3 que são crentes.

O nosso Círculo Bíblico é privilegiado por ter o Zé Faria que sempre procurou levar boa informação da vida social junto a religião. No ano de 2000, Zé foi convidado para ser coordenador dos Círculos Bíblicos da comunidade. Pois, não tinha coordenador geral e os Círculos Bíblicos não iam bem. Foi um desafio: eram três grupos, muita gente, e, às vezes, surgiam assuntos polêmicos que afastaram famílias dos encontros, principalmente a política.

Zé convocou uma reunião com todas as famílias da comunidade na Igreja e aproveitando o “Refletindo” que falava sobre os Atos dos Apóstolos e fazia refletir sobre como surgiram os primeiros cristãos e as primeiras comunidades. E fez uma proposta: de não dividir os grupos, mas sim multiplicar, de três para seis. Ao longo do trabalho, descobriu que tinha um grupo distante, que se reunia em Alta Cachoeira Alegre. Ficou surpreso. Em vez de seis, passamos a ser sete grupos. Alertamos também para ninguém tocar nos assuntos políticos.

Decidimos fazer todos os Círculos Bíblicos na quarta-feira sem mudar a data. O que nos deu muita força, foi quando Dom Luiz veio celebrar a missa no Cêrro e confirmar o nosso trabalho.

Trabalhamos muito sobre o dízimo e sorteamos Bíblias cada mês. Agora, todas as famílias têm a Bíblia em casa e levam no Círculo Bíblico. Até Neli que não tem leitura, leva a Bíblia.

Zé visitava um Círculo Bíblico cada semana, levando o seu apoio e ajudando a refletir, pois, alguns tinham dificuldades. Ia com alguém de cada pastoral para levar a experiência da pastoral em cada Círculo Bíblico. Foi uma experiência muito grande e formou uma equipe missionária com seis pessoas, para visitar algumas famílias que não participavam dos Círculos Bíblicos no mês das missões. Com este trabalho, as famílias foram conscientizadas do que é um Círculo Bíblico. Hoje, elas participam.

Nesse mesmo período, ele e outros produtores, formaram uma Associação de Produtores Rurais do Cêrro que vem apoiar todos os movimentos da comunidade, como folclore, artesanato, pecuária de leite, o café e agricultura. A Associação integrou o folclore que foi lançado pelo meu bisavô. De vez em quando, vamos para outros municípios para apresentações de música contando o nascimento de Jesus. O artesanato deu renda para as mulheres fora da panha do café. Construímos uma sede para o depósito do leite. Nos ajudamos a melhorar a qualidade da produção e a nos formar em proteger o meio ambiente. Por isso, trazemos cursos de capacitação de trabalhos rurais, palestres sobre adequação e preservação do meio ambiente. Hoje, Zé é um produtor exemplar com café orgânico e com colheita seletiva. Está ajudando o C.P.P. e o município a refletir para caminhar nesta direção.

Mas as dificuldades chegaram. As casas são longes umas das outras, e, por várias vezes, as pessoas desanimaram e ficaram sem fazer os encontros. Depois da novena de natal de 2008, a Gislane que animava casou e saiu da comunidade. O grupo parou. Havia entre as pessoas o desejo de voltar a se reunir, mas ninguém se sentia disponível para coordenar e animar o grupo.

Mas o Espírito Santo tocou o coração de Maria do Carmo que se propôs a animar e que reuniu o grupo. Foi no mês de maio de 2009. Na missa seguinte, ela chegou angustiada perto do padre e lhe perguntou:

–     “Padre, não sei se é pecado, mas eu decidi animar o Círculo Bíblico, portanto, eu não tenho leitura. É pecado?”

A resposta foi:

–     “Não é pecado, é o Reino de Deus que está chegando!”

Na sua família, esta senhora era a única a participar da vida da comunidade. Ela conseguiu a interessar um dos seus três filhos. Hoje, Arnaldo é coordenador geral dos sete Círculos Bíblicos e ministro da Palavra.

Nos chamou muita atenção ver uma pessoa que não sabia nem ler, nem escrever, nos incentivar para fazer de novo o Círculo Bíblico.

O grupo voltou à se reunir. O grupo ganhou mais uma família que se mudou para a nossa comunidade. Nessa família, tem uma criança de 9 anos. Até chegar na nossa comunidade, não participavam de nada na Igreja. Hoje, esta criança lê nos encontros, ajuda na animação, e participa ativamente da catequese. Ela se prepara para a primeira comunhão.

Andreia

6.2 Círculo Bíblico São João Batista

Somos umas cinco casas perto da Igreja de São Sebastião do Cêrro. Há mais de vinte anos que o nosso Círculo Bíblico existe. Por enquanto, nós estamos um pouco parados, com a panha do café. Não são todos que participam neste momento.

Em nossa comunidade, multiplicamos os Círculos Bíblicos para os Círculos Bíblicos não ser grandes a para todos poderem tomar a palavra facilmente. Somos 7 Círculos Bíblicos nesta comunidade rural.

Uma coisa que ajudou muito, foi a reforma que foi feita no início do ano com o convite a não mais ler toda a motivação do Refletindo. Quando se fazia, era como um discurso que o povo não escutava. O convite também a ler três vezes o Evangelho e a partilhar a “palavra de vida” fez com que todos consigam a se expressar.

Um momento importante é a novena do natal. Juntamos dois Círculos Bíblicos para viver um momento mais animado. No último dia, todos os Círculos Bíblicos se encontram na Igreja e fazemos um jantar comunitário depois do momento de oração.

6.3 Círculo Bíblico Santa Luzia

A história que iremos contar nessa carta é de uma pessoa que foi tocada profundamente através do Evangelho lido no Círculo Bíblico. Nosso grupo é formado por sete famílias, sendo que uma dessas famílias não tinha participação ativa nos encontros.

A família chegou na comunidade no ano de 2001. A mãe, Lena, não tinha leitura e tinha dificuldades para fazer as compras. Estava tímida. Começou a participar no Círculo Bíblico, mas tinha vergonha e parou. Continuamos a, de vez em quando, ir fazer Círculo Bíblico na casa desta família, mas eles não iam nas outras casas.

Há pouco mais de um ano, nossa irmã Lena passou por algumas dificuldades na vida, porque seu marido foi preso. Visitamos muito para apoiá-la, ajudá-la a ir às compras, ao médico, porque não saia da casa antes. Agora, ela vai sozinha. Alguém contratou um advogado para ajudá-la na justiça.

Em um dos encontros, ela se sentiu tocada por Deus através do Evangelho lido. Desde então, ela não perde nenhum encontro, participa ativamente nas celebrações dominicais, e, sempre que pode, participa das missas. Assim, ela tem encontrado forças para superar os diversos obstáculos que a vida oferece. Não podemos deixar de falar que depois dessa transformação que houve com ela, ela transmite através de gestos e também de um simples sorriso, a alegria de Cristo. Ela tem dois filhos que também participam ativamente da catequese. Agora, ela partilha a palavra de vida. É outra pessoa.

Essa é uma prova viva do que o Círculo Bíblico é de suma importância para as famílias de nossa comunidade e que Deus pode transformar vidas através das visitas dos vizinhos e da partilha do Evangelho. Nos faz pensar no encontro entre Pedro e João e o paralítico do templo que não podia entrar, que era excluído e ao qual Pedro disse: “Não temos ouro nem prata, mas o que temos te damos. Em nome de Jesus Cristo levanta-te e anda” (At 3,7).

6.4 Círculo Bíblico São Sebastião

O sinal mais importante do Espírito Santo no nosso Círculo Bíblico é a união e a participação. Há tempos atrás, nós tínhamos um grupo só de homens indo às casas. Hoje, todos estão participando: homens, mulheres, crianças. Isso foi uma mudança, uma bênção.

No fim do ano de 2008, uma família chegou na nossa comunidade. Nunca participaram de nenhum Círculo Bíblico. Eles aceitaram o nosso convite e a gente vê a alegria deles por estarem participando.

Outra família chegou da comunidade São Francisco de Assis. É aquela família que não participava de Igreja nenhuma e que pediu batismo, comunhão, casamento, crisma, depois que o Pe Bruno deu a carona ao pai entre Guaçui e Dores. Foi um dos Círculos Bíblicos de São Francisco de Assis que os ajudou a preparar esses sacramentos e, agora que mudaram para a nossa comunidade, participam sempre e são dizimistas conosco.

No Círculo Bíblico, vivemos alguma coisa do que se fala nos Atos dos Apóstolos: “Eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, no partir do pão, nas orações… E cada dia, o Senhor acrescentava à comunidade outras pessoas que iam aceitando a salvação” (At 2,42-47)

6.5 Círculo Bíblico Santa Barbara

Vamos contar alguns fatos do nosso Círculo Bíblico. Nosso Círculo Bíblico é composto de sete famílias. Hoje, estou partilhando alegrias e tristezas que passamos juntos.

Desde as eleições precedentes, não conseguia mais falar com a minha melhor amiga. Ela estava muito preocupada e se abriu com o padre que lhe disse para marcar visita na minha casa quando ele tiver ocasião de vir fazer visitas nas famílias. Semanas depois, o padre veio fazer visitas na nossa comunidade e iniciou no nosso Círculo Bíblico. Era no sábado 4 de março de 2006. Passaram primeiro na minha casa e foi ocasião de uma reconciliação que nos alegrou muito. Fomos visitar outras casas para viver reconciliações.

Depois, houve ainda dificuldades no seio da minha família. Cortamos o nosso Círculo Bíblico e paramos de ir em todas as casas. Duas famílias passaram para outro Círculo Bíblico. Foi o natal mais triste para nós. Quando o natal de 2008 se aproximou, fiquei sabendo que as outras duas famílias também sofreram muito do Natal passado. Senti que não estava certo. Peguei o “Refletindo” e fui nas casas das duas famílias e disse: “Vocês estão fazendo falta para alegrarmos o nosso Círculo Bíblico”. E tudo voltou ao que era antes.

Não somos melhores do que Paulo e Barnabé que foram até viver a missão cada um do seu lado, porque Paulo não queria levar Marcos com eles, porque Marcos não ficou com eles na primeira viagem (At 15,36-41). Mas, tal como eles, conseguimos nos reconciliar.

Voltando nesta visita do padre no nosso Círculo Bíblico, chegando numa das casas do Círculo Bíblico, avisamos o padre que não estávamos certos encontrar a família capaz de nos acolher porque o casal bebia muito. Finalmente, não estavam bêbados. Como em cada casa, fizemos a leitura do Evangelho do dia, e cada um foi convidado a partilhar a “palavra de vida”. O Evangelho do dia, era o Evangelho das tentações de Jesus no deserto (Mc 1,12-13). O padre perguntou: “Quem são os animais selvagens que estão ao nosso redor e as tentações que nos destroem? Não será que o álcool é um deles?” Imediatamente, o casal tocou no assunto e partilhou sobre as dificuldades deles. O padre perguntou se eles conheciam outras pessoas atingidas por esta doença? Disseram que sim e colocaram imediatamente mais de dez nomes, nos quais várias pessoas do nosso Círculo Bíblico. De fato, nas sete famílias do Círculo Bíblico, quatro eram muito atingidas pelo álcool, até provocavam violências graves dentro da família e entre vizinhos.

O padre perguntou se aceitariam ir convidar os outros para falar do álcool. Prometeram fazê-lo. O Padre pediu se houvesse alguém na comunidade que já bebia e parou que aceitaria ajudar as pessoas que bebiam a se encontrar. Uma das ministras da Eucaristia que participava das visitas disse que ia pedir ao seu pai, coordenador da comunidade, que conseguiu a se libertar desta doença. Na missa, depois da proclamação do Evangelho, a homilia consistiu numa partilha a partir das visitas feitas. Demos graças pelas reconciliações. O coordenador aceitou lançar um encontro com os Alcoólicos Anônimos na comunidade.

Organizamos assim 2 encontros com os Alcoólicos Anônimos. Logo a seguir, surgiu um convite da diocese para enviar duas pessoas para se formar e conhecer a Pastoral da Sobriedade que está se fundando no Brasil. Três pessoas da paróquia foram, e foi assim que se fundou a Pastoral da Sobriedade na paróquia de Dores. Houve várias reflexões no C.P.P. para envolver todas as comunidades.

Nunca conseguimos levar as famílias do nosso Círculo Bíblico a participar dos encontros de formação da Pastoral da Sobriedade em Dores. Organizamos um encontro na comunidade, em colaboração com as duas comunidades vizinhas. Não conseguimos que essas pessoas participassem. Há tanto tempo que estão nesta doença, desde criança, que se torna difícil se libertar.

Várias vezes, tentamos fazer o Círculo Bíblico na casa deles e muitas vezes, não foi possível, não fomos acolhidos. Não nos acolhiam e, às vezes, nos rejeitavam fortemente.

A Pastoral da Criança se preocupou muito com uma das famílias. Num momento, conseguimos enviar a mãe para se tratar no hospital, e cuidamos da casa durante este tempo, arrumamos a casa com a ajuda do Conselho Tutelar. Durante três meses, a mãe conseguiu parar de beber, mas a doença é mais forte.

O que conseguimos, foi convidar essas 4 famílias para entrar mais na vida da Igreja, e a receber o sacramento do matrimônio. Além deles 2 outros casais de outros Círculos Bíblicos receberam este sacramento. Uma se tornou ministra da Eucaristia na mesma celebração e participa muito da comunidade agora. Uns dias antes, houve um encontro de preparação que foi um momento muito forte de partilha sobre o amor, a família, a fé, com os 6 casais, mais outros casais da comunidade que vieram ajudar na preparação do casamento, assim como o padre e a irmã. Outras pessoas da comunidade prepararam um almoço comunitário. Houve um momento de partilha separado homens de um lado, e esposas do outro. Cada um partilhava o que era importante para ele para ser feliz e partilhamos também sobre a doença do álcool.

No sábado 20 de setembro de 2008, os 6 casais receberam o matrimônio na missa da comunidade. Fizemos uma grande festa para todos eles. A comunidade pagou os casamentos no civil, organizou bolo, pula pula, algodão doce. As filhas dos casais foram as damas com roupa alugadas. As mães queriam. A loja abaixou o preço. Mesmo não conseguindo salvá-las do álcool, acho que conseguimos a lhes manifestar a dignidade de filhos de Deus. Sabem que nós não as julgamos e que temos compaixão por eles. De vez em quando, participaram da celebração. A Aureliana, que não bebe, mas cujo marido é bem atingido, agora gosta muito de participam com a sua filha. Ela diz que, quando ela vem, a semana dela é outra.

Depois da celebração dos casamentos, sempre somos muito bem acolhidos para fazer o Círculo Bíblico nas casas deles todos. No dia do Círculo Bíblico, não estão tontos e compram doce para nos acolher.

Nelzinha

6.6 Círculo Bíblico Nossa Senhora Aparecida da Cachoeira Alegre

No final de 2008, o coordenador e membros da comunidade vieram nos visitar para nos encorajar, tal como Paulo que passava de comunidade em comunidade.

Na terça-feira 20 de janeiro de 2009, durante a Assembléia da comunidade do Cêrro na presença do Padre, enquanto falávamos dos 7 Círculos Bíblicos da comunidade, se falou bastante do Círculo Bíblico da Cachoeira Alegre, bem distante da Igreja. Pela mata, são 20 minutos a pé. Pelas estradas de chão, são 8 quilômetros. As famílias são na divisa entre Guaçui e Dores, a dez quilômetros da BR que liga Guaçui e Dores, com estradas de chão muito ruins.

A comunidade tinha admiração pelo nosso Círculo Bíblico que se reunia de maneira fiel, apesar de não conseguirmos a participar muitas vezes das celebrações e das missas.

Tempos depois, no sábado 15 de março, o Padre e a irmã vieram com o Coordenador Sérgio, para visitar de novo as nossas famílias. Ele perguntou se havia ainda casas não visitadas e que não participavam do Círculo Bíblico. Falamos de uma casa onde duas famílias chegaram, 3 semanas antes, do Ceará e que ainda não conhecíamos e não tínhamos visitadas.

Fomos e encontramos duas famílias desesperadas. A mãe duma das duas famílias foi abandonada quando era criança pelos seus pais e se deixou convencer por sua irmã para vir aqui, e viver mais perto desta sua irmã. Mas a irmã morava na cidade do Rio de Janeiro, 500 quilômetros daqui… Agora, se encontrava sem condução, sem conhecer ninguém, com 4 crianças pequeninas e com problemas de saúde, sem conhecer a cultura do café, sem equipamento para o frio da nossa região.

Nós os convidamos a participar da missa da noite e lhes demos a carona. A alegria deles de receber o acolhimento de toda a comunidade foi extraordinária. A partir daí, nos organizamos para ajuda-los, oferecer roupa de frio, cobertores… Fizemos coleta entre nós para pagar a intervenção cirúrgica da menina que tinha muitas dificuldades para respirar. O problema dela foi totalmente resolvido.

Por fim, as duas famílias que foram enganadas na apresentação que lhes foi feita do lugar inadaptado para eles, voltaram para o Ceará, mas voltaram iluminadas pelo acolhimento recebido, e nós, crescemos nesta partilha.

Vivemos assim a experiência das primeiras comunidades nas quais ninguém passava necessidade (At 4,34).

6.7 Círculo Bíblico de Todos os Santos

Nós escolhemos o nome de “Todos os Santos” porque, anos atrás, houve um tio meu que reunia todos os anos as famílias para rezar no dia da festa de Todos os Santos. Na véspera da festa, andava de casa em casa, e cada um oferecia alguma coisa. Depois, todos se reuniam e faziam confraternização. Rezavam primeiro o Terço. Isso foi há mais de 40 anos.

O nosso Círculo Bíblico foi um dos 3 primeiros da comunidade. No lugar, somos oito famílias. Uma é de outra religião, e outra aceita abrir a porta quando vamos à casa dela, mas nunca vem quando o Círculo Bíblico não se faz na sua casa. Por medo de incomodá-la paramos de ir. Temos que ir de novo visitá-la de vez em quando. Uma família chegou na semana passada. Já fomos visitá-la e disseram que querem participar.

No início, quase ninguém tinha a Bíblia. Compramos uma Bíblia por Círculo Bíblico. Com o sorteio que fizemos, conseguimos que todas as famílias tenham uma Bíblia na casa.

Uma coisa que gosto muito na nossa comunidade, é o almoço comunitário que fazemos todos os anos na Páscoa desde 14 anos.

Neste momento, com a Associação de Produtores do Cêrro e com pessoas de outras comunidades, estamos contatando os produtores de Dores para separar o Sindicato dos Trabalhadores rurais para as pessoas não terem mais de ir até Guaçui, para se comprometerem mais na vida social e para os benefícios do sindicato chegar até Dores.

A Associação é independente da Igreja, mas o fato de ser cristão me leva a me comprometer com a vida social, a transformar a vida.

É também na participação ao Círculo Bíblico que me formei para ser ministro da Palavra.

Ailson

7. Comunidade São Francisco de Assis (3)

7.1 Círculo Bíblico Nossa Senhora de Lourdes

Quando chegamos neste lugar bem distante da Igreja São Francisco de Assis, há 12 anos, não havia Círculo Bíblico e fundamos. São 8 famílias que participam de maneira regular. No natal, nos unimos para preparar cestas básicas para famílias que precisam.

São 8 crianças que participam conosco. Ficamos tocados do quanto eles gostam da palavra de Deus. Um deles, Mike, que tinha 10 anos, queria tanto ter a Bíblia que plantou o feijão, cultivou, vendeu e comprou a Bíblia. E, agora, ele lê regularmente a Bíblia.

À distância, mas que faz a divisa conosco, há casas isoladas, sem Círculo Bíblico. Temos de ir apoiá-las.

7.2 Círculo Bíblico Nossa Senhora Aparecida

O nosso Círculo Bíblico já existe há uns vinte anos. Nele, decidimos fundar a comunidade São Francisco de Assis que agora tem 13 anos. Somos 5 famílias a participar regularmente do Círculo Bíblico Nossa Senhora Aparecida que está mais próximo da Igreja.

Desde 3 anos, visitamos mais famílias que não participam, mas quando começamos a Escola de Teologia Bíblica, a leitura dos Atos dos Apóstolos, vendo como a comunidade colocava tudo em comum, se tornava missionária, nos deu mais força. Lendo a narração da visita de Paul ao governador da Ilha de Chipre, Xico, que era coordenador da comunidade neste momento comentou: “O governador não podia vir à sinagoga. Ele ouviu a palavra de Jesus e se converteu porque Paulo e Barnabé foram à casa dele. É o que já fazemos e temos de continuar”.

No mês de julho de 2008, um senhor de 27 anos pegou a carona com o Padre em Guaçui e lhe disse que não era casado, que não tinha comunhão, que a esposa não tinha o batismo, que os sogros não eram casados e não tinham a comunhão, que dois sobrinhos não eram batizados, e que queria batizar o segundo filho dele. Até agora, ele não participava de nada.

Fomos visitar a família. Fizemos o Círculo Bíblico na casa deles. Nós os ajudamos a descobrirem a fé. Depois, eles sempre participaram, fazendo quilômetros a pé, mesmo na chuva com duas crianças pequeninas, para vir à Igreja. No dia 20 de dezembro de 2008, receberam todos os sacramentos e foi momento forte para a comunidade. Agora, mudaram de comunidade, mas continuam firmes na Igreja.

Dona Miguelina, que participava da Assembléia de Deus desde muitos anos, descobriu a Igreja que Jesus fundou pelo Círculo Bíblico. Entrou na comunidade, fez a comunhão, ajudou o marido a parar de beber, batizou a neta que ela está criando e outro neto.

Pensando neste caminho, me vem a palavra de Paulo em Atenas, quando diz aos moradores que o Deus desconhecido que eles adoram sem conhecer, ele vem justamente para lhes apresentar.

O que marca o nosso Círculo Bíblico, é o combate que nós iniciamos em solidariedade com pessoas doentes do álcool. Ajudamos Evaldo a se formar para ser ministro da Palavra e a casar-se com Sandra, com quem era juntado. Acompanhamos Evaldo no combate contra o álcool. No mês de outubro de 2008, fomos 10 pessoas do nosso Círculo Bíblico a participar da formação da Pastoral da Sobriedade em Dores. No último encontro de junho de 2009, fomos 6. A cada encontro do Círculo Bíblico, rezamos a oração da sobriedade. Isso nos fortifica. Há alguns que se libertaram. Outros conseguem um momento, caem de novo, se levantam de novo.

O fato de ler os Atos dos Apóstolos, de ver a força de Paulo que nunca desanima, de ver Paulo, Silas e Timóteo, sempre passar de casa em casa, de contar a história deles na feira bíblica, nos ajuda a não desanimar.

O fato de partilhar a “palavra de vida” transformou o Círculo Bíblico, porque deu oportunidade a todos para falar.

7.3 Círculo Bíblico São João

Num momento, fomos 5 casas no Círculo Bíblico. Mas, famílias mudaram de lugar. Agora, temos só vizinhos crentes. Fazemos o “Círculo Bíblico” entre nós, na casa. Somos 6 irmãos solteiros.

8. Comunidade São José Monte Verde (5)

8.1 Círculo Bíblico da Ângela

Eu me casei na Igreja no dia 16 de agosto de 2007 para poder me tornar ministra da Palavra.

No domingo 3 de dezembro de 2007, o Padre veio visitar as nossas casas. Passamos na casa de uma família com 2 filhos e esperando o nascimento do terceiro. Nem os pais, nem os filhos, eram batizados, e a família pediu o batismo. As nossas casas são muito distantes da Igreja São José Monte Verde, e a família não conseguia ir para a Igreja.

Era uma família muito humilde. Os pais não tinham leitura. O homem disse que tinha fé e que foi muito importante, na vida dele, quando lhe foi pedido, anos atrás, numa outra comunidade onde vivia, para carregar a cruz, na celebração da Via Sacra, numa sexta-feira santa.

O Padre perguntou se havia um Círculo Bíblico que se reunia aqui. Tivemos de responder que o Círculo Bíblico parou quando a dirigente mudou de lugar e que ninguém teve a força para substituir. A família não tinha condição para ir para a Igreja, e o Padre nos responsabilizou para fundar de novo o Círculo Bíblico, para a Igreja ir até esta família e poder celebrar os batismos. E o fizemos. Aceitei animar. Somos umas dez famílias neste lugar.

O nené nasceu, e, com o incentivo recebido pela participação ao Círculo Bíblico, a família começou a participar das celebrações e das missas, apesar das distâncias a fazer com as três crianças pequeninas sem ter condução. Não vêm sempre.

No domingo 10 de agosto de 2008, celebramos o batismo dos dois pais e dos três filhos. Neste mesmo dia, celebramos o batismo de 2 outros adultos e de outras crianças.

Meses depois, faleceu um senhor idoso do nosso Círculo Bíblico. Ele foi internado no hospital evangélico de Carangola onde foi visitado cada dia pelos crentes. O padre passou também uma vez visitar este senhor. Logo após o sepultamento, pessoas crentes de Espera Feliz, começaram a visitar a família, ficando até às 11h da noite para pressionar, aproveitando do sofrimento deles.

No início da quaresma de 2009, uma pessoa convidou o Pastor da Igreja Batista de Mundo Novo, e ele veio encontrar o Círculo Bíblico no momento da Via Sacra e não rezamos a Via Sacra. Pessoas crentes ofereceram Bíblias crentes a todas as famílias. Houve pessoas católicas que não gostaram desta mistura, mas ficaram caladas e pararam de participar.

Aí, eu alertei Ana Claúdia, nova coordenadora da comunidade. Ela chamou o padre que marcou visitas no domingo 29 de março de 2009. Em cada casa, alertava as famílias, e repetia a mensagem seguinte:

–     Não posso ser católico sem amar a todos os homens, de qualquer religião ou convicção que sejam.

–     Acredito que o Espírito Santo está agindo em todos, que o amor de Jesus é o mesmo para todos.

–     Portanto, Jesus fundou uma Igreja única e rezou na última ceia “para que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti. E para que também estejam em nós, a fim de que o mundo acredite que tu me enviaste” (Jo 17,21-22).

Perguntava:

–     “É normal ver pessoas vir tirar membros da Igreja que Jesus fundou, fazer que as pessoas não possam mais rezar juntos, aproveitar do sofrimento de pessoas para as fazer mudar de Igreja?”

–     “Por que os crentes insistem tanto para as pessoas passarem para a Igreja deles, enquanto dizem que a Igreja não tem importância?”

Nos convidou a não mais nos deixar pressionar nas casas, a não misturar tudo e chamava cada um a se determinar e a ficar firme na Igreja que Jesus fundou, onde fomos criados.

Várias pessoas já eram muito marcadas pelas visitas dos crentes e já participavam do culto em Mundo Novo. Aquele jovem que tinha-se batizado há um ano, dizia que tinha escolhido Cristo, mas não a Igreja. Outras pessoas não rezavam mais o Pai Nosso, porque o Pastor tinha dito que não se vê apóstolo rezar essa oração e que é muito repetitivo.

É impressionante como se verifica num outro contexto o que Lucas escreve sobre os habitantes de Atenas sempre prontos “a contar ou a ouvir as últimas novidades” (At 17,21), a buscar novas experiências religiosas e a abandonar a Igreja fundada por Cristo, a construir a sua religião em vez de viver o chamado de Cristo e da sua Igreja.

No momento em que redigimos, lemos o discurso de Paulo aos anciãos de Éfeso onde ele alerta contra os “lobos vorazes que iam surgir do meio da comunidade falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles” (At 20,29-30). Claro que, para nós, essas pessoas são amigos, irmãos, pessoas das nossas famílias que amamos. Mas verificamos o que Paulo anunciou: haverá pessoas que, não por maldade, mas por convicção errada, trabalharão em destruir as comunidades anunciando outro Evangelho.

E verificamos a nossa fraqueza bem parecida à fraqueza dos cristãos da Galácia aos quais Paulo escrevia: “Estou admirado de vocês estarem abandonando tão depressa aquele que os chamou por meio da graça de Cristo, para aceitarem outro Evangelho. Na realidade, porém, não existe outro Evangelho. Há somente pessoas que estão semeando confusão entre vocês e querem deturpar o Evangelho de Cristo” (Gal 1,6-7).

O Padre não teve tempo de visitar as 10 famílias e voltou no Sábado de Ramos, sábado 11 de abril. Encontramos pessoas que já tínhamos encontrado 15 dias antes. Agradeceram pela visita precedente, disseram quanto as ajudou a refletir.

Decidimos não passar numa casa onde a senhora tinha idade e era crente já há 20 anos para não nos colocar na situação de pressionar uma pessoa mais fraca por causa da idade. Como ela viu o grupo passar e não se parar na sua casa, ela enviou a sua netinha de 8 anos que correu atrás de nós para nos pedir que viéssemos Ela nos acolheu com muito carinho e pediu para participar do Círculo Bíblico. Ela pediu a bênção da casa e que nós rezássemos incluíndo a Ave Maria, com ela.

Uma outra senhora de idade que não participava mais do Círculo Bíblico porque era separada do marido e que alguém lhe tinha dito que não podia mais comungar, pediu também a nossa visita. Ela voltou para o Círculo Bíblico. Agora, ela comunga de novo. Quando pode, vai para a Igreja; senão, são as ministras da Eucaristia que lhe levam a comunhão.

Decidimos fundar uma equipe de catequese no lugar e ainda não o fizemos, porque fui operada. Mas, a minha alegria foi de ver que o Círculo Bíblico continuou a se reunir durante as semanas que passei fora da comunidade por causa da intervenção cirúrgica.

Neste caminho difícil, percebemos o quanto o Círculo Bíblico é importante, para ajudar as pessoas a ficar firmes na fé, para a vida social entre as famílias, para não deixar pessoas nos dividir. Com a leitura dos Atos dos Apóstolos que fazemos cada mês, crescemos muito na consciência do nosso batismo.

Ângela, ministra da Palavra e animadora do Círculo Bíblico

8.2 Círculo Bíblico Santa Rita de Cassia

Qual foi a realidade que encontrei no meu Círculo Bíblico quando peguei a parte de animadora? Eu vi que só eu tinha a Bíblia. Sempre cobrava os outros a trazer a Bíblia, mas não era atendida.

Isso foi até a chegada do Pe Bruno e o trabalho da Escola de Teologia Bíblica. O início foi difícil, até para mim que era animadora. Não entendemos o que seria este estudo que ele estava propondo. No início, tínhamos medo de ir, de falar. Agora, somos regularmente 15 a participar, às vezes mais.

Um dia, todos queriam falar ao mesmo tempo e o padre teve de repartir a palavra. Todos tinham a Bíblia na mão, porque o padre leva sempre uma caixa de Bíblias para emprestar. Quem queria podia guardar a Bíblia e pagar mais tarde. Ele nos disse que foram cerca de 200 Bíblias que foram compradas em 2 anos. Neste dia, havia só duas mulheres que não tinham a Bíblia e ficaram caladas porque não tinham leitura. Enquanto ficamos de pé para fazer a oração final, o Padre perguntou quem queria repetir uma das palavras de vida do capítulo que lemos. Uma das duas senhoras que ficaram caladas até agora foi a segunda a tomar a palavra e disse:

–     “A palavra de vida que guardo, é quando Paulo diz na sinagoga: ‘Homens de Israel e vocês que temem a Deus, escutem bem! (At 13,16)’ Porque, eu não sei nada. Eu não sei ler, eu não sei falar, mas eu posso escutar. E gosto muito de participar. Eu escuto tudo e, quando volto para casa, eu partilho com a família, com os vizinhos”.

A senhora era entusiasmada e não parava de falar, de dizer a sua alegria em escutar a palavra de Deus. O padre, para nos ajudar a tomar consciência do que se passava, lhe disse, brincando:

–     ‘Senhora, você é mentirosa!’

–     ‘Por que, Padre?’

–     ‘Porque você disse que não sabe falar e não para de falar…’

Me faz pensar nos momentos onde se diz que os apóstolos falavam em línguas depois de ter recebido o Espírito Santo.

Agora, no meu Círculo Bíblico, eu vi a diferença, fruto do trabalho da Escola de Teologia Bíblica sobre os Atos dos Apóstolos: antes, no meu Círculo Bíblico, só tínhamos uma Bíblia. Hoje, estamos com nove Bíblias. Graças ao trabalho da Escola de Teologia Bíblica, nós cortamos todas as conversas paralelas, nós não lemos todo o Refletindo, todas as palavras da Motivação, para nos centralizar na Bíblia e fazemos a experiência que todos que têm a Bíblia na mão escolhem uma palavra de vida e a partilham, até as crianças. Nós lemos 3 vezes a palavra para as pessoas que não têm leitura poderem gravar uma frase.

Mas sinto muita dificuldade dentro do meu grupo de Círculo Bíblico por que tem onze famílias mas não chega ir uma pessoa por casa. Se todos aceitam a visita do Círculo Bíblico nas suas casas, só são 6 famílias que aceitam participar quando não é na casa deles. Acontece ainda mais neste período da safra do café.

Recentemente dois jovens juntados, batizados mas não catequizados e que nunca participaram da comunidade, nem do Círculo Bíblico, pediram o batismo da criança. Nós os visitamos e chamamos o padre também para ver como acolher o pedido deles. Até no ano passado, a resposta era evidente: não eram casados, catequizados, não podiam batizar, ou tinham de vir obrigados e com fiscalização da equipe.

Com a nova maneira de fazer, aceitamos o pedido deles e os convidamos a participar do Círculo Bíblico sem fazer disso uma condição. Convidamos o padre para ir visitá-los. Agora, participam tanto do Círculo Bíblico como das celebrações e das missas, enquanto não fizemos disso uma condição mas, sim, um convite. Cabe a nós, continuar a os acompanhar depois do batismo.

Márcia

8.3 Círculo Bíblico Nossa Senhora Aparecida

Há seis anos que formamos o Círculo Bíblico Nossa Senhora Aparecida. No nosso lugar, são umas 14 casas que aceitam a visita e oito famílias bem animadas.

Há uma família que estava muito parada. Fomos visitá-la e, agora, eles participam do Círculo Bíblico, vêm na comunidade, vão pedir o batismo da criança. Há jovens que passaram a acompanhar o Círculo Bíblico aos quais não participavam antes.

A maneira de ler a palavra de vida ajudou muito.

Uma senhora explicou que foi dentro da Bíblia que ela aprendeu a ler, mas, ela fica afastada do Círculo Bíblico. O filho dela casou e se preparou para a comunhão numa outra comunidade. Ela e marido, assim como a filha, receberam a visita do padre e voltaram para a Igreja. Eles querem comungar.

O Círculo Bíblico me ajuda. Me ajudou na leitura, no modo de reagir em casa. Agora que acostumei, fica difícil uma semana sem Círculo Bíblico. Antes, lia pouco a Bíblia. Agora, leio e começo a conhecer.

O meu filho com 16 anos, às vezes prefere faltar as aulas da escola para poder participar do Círculo Bíblico. Ele disse que é tão bom conversar, estar com todo o mundo, poder rezar com os outros. Ele participa das missões dos jovens.

Participamos da Escola de Teologia Bíblica que nos ajuda a animar o Círculo Bíblico, a dar a palavra a todos. O que me toca mais nos Atos dos Apóstolos é como Pedro foi chamado para ser responsável da Igreja. Nós não sabíamos o que responder aos crentes quando vinham nos pressionar. Agora, podemos responder a eles e dizer, a partir da palavra de Deus: “Não é assim”. As criticas das Igrejas evangélicas nos obrigam a crescer para saber testemunhar e não desistir.

Na minha maneira de animar o Círculo Bíblico, eu convido as crianças a animar. Eles gostam disso. Dou oportunidade a eles de cantar, de ler. A cada vez, chamo um diferente para fazer. Muitos tinham muita vergonha para falar. Agora, se expressam facilmente.

No nosso Círculo Bíblico, são 6 crianças que fazem parte da Infância e Adolescência Missionária. Na feira bíblica, tiveram de apresentar numa maquete a história de Paulo com Timóteo evangelizando Lídia e expulsando os demônios de uma mulher. Ficamos tocados com a perseguição que sofreu Paulo. Mas, na prisão, estava cantando e orando. Temos de ter a mesma força.

Temos de multiplicar para poder visitar melhor todas as famílias.

Maria Augusta da Silva

8.4 Círculo Bíblico São João

Nosso Círculo Bíblico se chama São João. Foi Terezinha que o lançou há sete anos, e, há 4 anos, animo. Somos 7 famílias no lugar, nas quais duas casas de pessoas com idade que acolhem, mas não podem seguir. Para nós, é bem difícil ir à Igreja porque são 45 minutos a pé, numa estrada difícil.

Fiz a comunhão e a crisma com 18 anos, porque a Igreja era em Santa Rita, muito distante. Comecei a participar da Igreja através do Círculo Bíblico. A coordenadora largou e eu não podia ser animador de Círculo Bíblico sem ter os sacramentos. Comecei a participar mais na Igreja, fiz a comunhão e a crisma, participei das missões. A minha mãe diz quanto foi bom para ela não ir mais sozinha para a Igreja.

Na comunidade, Adenilson é coordenador comunitário dos Círculos Bíblicos e de vez em quando vai visitar cada Círculo Bíblico, em particular quando um tem dificuldades. O nosso Círculo Bíblico reanimou quando Adenilson veio nos visitar. Ele questionou porque o Círculo Bíblico se reunia no sábado e só de quinze em quinze dias, o que não parecia bom. Disse que facilmente ia ter casamentos, festas, desculpas para os jovens não participarem, e que seria melhor fazer todas as semanas e durante a semana.

As missões me ajudaram a entender melhor a fé, a conviver com outras pessoas que têm mais conhecimento, com jovens da mesma idade. O fato de passar de casa em casa, de ter de testemunhar a nossa fé me toca. A menor missão, mas aquela que me tocou mais, foi a que fizemos em Dores de Minas neste domingo 26 de julho de 2009, num bairro que está surgindo. Conversamos muito de casa em casa.

Adonis

9. Comunidade Sagrada Família (5)

9.1 Círculo Bíblico de Lúcia e Rosa

O nosso Círculo Bíblico foi fundado há muitos anos, com a ajuda do Pe Pedro Scaramussa. Nunca parou. Às vezes se multiplicou.

No ano passado, tivemos a sorte de acompanhar várias pessoas para o batismo, a comunhão, a crisma e o casamento.

Claúdia foi convidada por Cimar a participar da Igreja. Respondeu que não tinha nem o batismo nem nada. Aceitou participar do Círculo Bíblico com o marido e gostaram muito. Receberam o batismo, a comunhão, o casamento. Batizaram também os dois filhos deles. Houve um problema de data que os fizeram parar o Círculo Bíblico. Mas, continuam a vir à Igreja.

Quando fomos visitar Claúdia com o padre, encontramos na casa dela Rosilena que não tinha o batismo e pediu. Ela participou do Círculo Bíblico e queria casar na Igreja, mas o marido não aceitou. Ela ficou firme nas celebrações, mas desanimou do Círculo Bíblico.

Alexi, uns 60 anos, vizinha da Vera, chegou a pedir o batismo e recebeu. Ela ficou firme na Igreja, mas não no Círculo Bíblico.

Todos receberam estes sacramentos (batismo, comunhão, matrimônio) na missa da comunidade, no dia da Páscoa. Foi um momento muito forte para a nossa comunidade.

Fazendo este relato, decidimos voltar a visitá-los, e ver por que se afastaram.

9.2 Círculo Bíblico Nossa Senhora Aparecida

O Círculo Bíblico era animado por meu irmão. Ele foi para a roça no mês de janeiro e o Círculo Bíblico desanimou e parou um mês. Pensei: “Não pode acabar, não”, e aceitei animar. Durante um momento, éramos só 3 pessoas a nos reunir. Durou 3 meses. Havia dias com mais pessoas, mas só nós três persistindo.

Tem ajudado muito o fato de pedir a palavra de vida. Agora, há pessoas que não falavam e que aceitam falar.

Outros Círculos Bíblicos encontraram dificuldades e se juntaram conosco. Agora, somos 6 casas. Fomos visitar uma família que ficava parada. Visitamos pessoas doentes. Não temos o costume de ir nas casas de pessoas que não frequentam. Sinto que temos de progredir nesta direção.

Fabiana

9.3 Círculo Bíblico de Maria Lúcia (rua principal)

Gosto muito do Círculo Bíblico. É muito bom. Todos prestam atenção. As crianças também. Há pessoas que pedem para nós irmos na casa deles. Quando chega uma nova família, vamos fazer Círculo Bíblico na casa deles.

Há umas vinte famílias que participam.

9.4 Círculo Bíblico Santa Ana

Há cinco anos nos reunimos. Neste 5 anos, nunca aconteceu o Círculo Bíblico não se reunir, pelo menos 3 pessoas. Habitualmente, é na segunda-feira. Se não puder, fazemos outro dia.

Uma jovem senhora voltou para Mundo Novo e testemunha: “Antes de chegar, andava perdida na vida e decidi voltar para a roça para encontrar de novo o caminho. Fui acolhida muito bem pelo Círculo Bíblico, tanto nos encontros do Círculo Bíblico, como fora dos encontros. Eles me ajudaram a recuperar a confiança na vida e agora, estou buscando um trabalho. Fazia uns dez anos que não tinha mais vida de Igreja”.

Antes, fazíamos o Círculo Bíblico só nas casas das pessoas que participavam. Agora, com o trabalho que foi feito na paróquia, fazemos em prioridade nas casas das pessoas afastadas da Igreja, ou que são doentes, que não têm condição de vir.

Às vezes, convidamos pessoas a voltar, mesmo que não sejam do nosso Círculo Bíblico. Assim, Antônio e Cleôpatra voltaram para a Igreja. Claúdia, 30 anos, pediu o batismo, recebeu a comunhão, a crisma o casamento, batizou o filho. Fomos nós a convidar, e os ajudamos a entrar no Círculo Bíblico da rua deles.

Cimar

9.5 Círculo Bíblico da equipe do batismo

Fundei um Círculo Bíblico. Mas o pessoal não vinha. Havia sempre uma desculpa. Perseverei durante um ano e meia, mas havia só eu e João, o meu marido. Decidimos iniciar um Círculo Bíblico para visitar as famílias que pedem um batismo de crianças, para eles conhecer e, depois, eles entrar no Círculo Bíblico do lugar deles.

9.5 Círculo Bíblico que nasceu nestes dias da multiplicação do Círculo Bíblico Nossa Senhora Aparecida

De fazer este trabalho de releitura foi ocasião para o Círculo Bíblico Nossa Senhora Aparecida se multiplicar para atingir melhor as famílias do lugar, em particular esta família que pede comunhão e crisma.

10. Comunidade São Sebastião Oliveira Nunes (2)

10.1 Círculo Bíblico do Cambucá

Somos umas 20 famílias situadas entre a comunidade Sagrada Família de Mundo Novo e a comunidade São Sebastião Oliveira Nunes. Vivemos perto das cachoeiras de Cambucá. São 4 quilômetros para a Igreja. Aí, houve dificuldades entre as famílias, e o povo ficou muito desanimado. Passamos 7 anos sem o Círculo Bíblico se reunir.

O Padre veio nos visitar uma primeira vez no domingo 6 de janeiro de 2008. Ele visitou todas as casas, nos chamou a iniciar de novo, chamou pessoas a se casar, a preparar a comunhão. Tentamos depois, mas nada iniciou. Quantas vezes o Padre nos provocou depois, durante as missas. Mas as divisões e a falta de ânimo eram mais fortes.

Entretanto, começamos a leitura dos Atos dos Apóstolos depois das missas mensais. No ano 2008, uma média de 15 pessoas participaram cada mês, e, no mês de março de 2009, 25 pessoas participaram. Nos toca, nesta leitura, o quanto Paulo encontra dificuldades, mas nunca desanima, não para; ou quando Pedro e João “saíram muito contentes por terem merecido sofrer insultos por causa do nome de Jesus. E, cada dia, no Templo ou nas casas, não paravam de ensinar e anunciar a Boa Notícia de Jesus Messias” (At 5,41-42).

No domingo 22 de março de 2009, o Padre e a irmã voltaram a visitar as nossas casas. Vieram com Marcelo, de São Raimundo, que participa do grupo vocacional diocesano, e com Aparecida, a nova coordenadora. Aparecida e todos os seus filhos chegaram há pouco tempo na nossa comunidade e têm um ânimo impressionante. Ela não tem leitura, mas aceitou a eleição nos pedindo para “não fazê-la passar vergonha”. Depois da eleição, com outras pessoas da comunidade que não têm leitura, ela começou a estudar a noite para conseguir a ler e escrever.

O grupo com o padre visitou em primeiro lugar a minha casa. Pois, sou ministra da Eucaristia, e o grupo iniciou nas casas onde se podia pensar que as pessoas aceitariam fazer Círculo Bíblico. Mas nós dizíamos que não havia ninguém que tinha vontade, que já que havíamos tentado várias vezes, que poderíamos achar no máximo duas casas. E eles respondiam que “duas casas já podiam constituir um Círculo Bíblico”. Depois, fomos com o grupo visitar as outras casas. Chovia muito.

Na segunda casa que visitamos, havia um jovem casal, recém chegado, que não participava da comunidade porque não tinham condução mas pedia o batismo da criança. O Padre disse que iria batizar quando houvesse um Círculo Bíblico a se reunir no lugar para a família poder ter uma vida de Igreja. O casal aceitou e nós marcarmos um encontro de Círculo Bíblico para a quarta-feira seguinte na casa deles.

O padre marcou uma missa no nosso Círculo Bíblico para a segunda-feira 1° de junho, 2 meses depois, para vir nos fortalecer tal como Paulo decidindo iniciar a segunda viagem missionária dizendo: “Voltemos agora a visitar os irmãos por todas as cidades onde anunciamos a palavra do Senhor, para ver como estão” (At 15,36).

Passamos em várias outras casas e, na quarta-feira 25 de março nos encontramos pela primeira vez desde 7 anos… Agora, o Círculo Bíblico se encontra regularmente. Melhorou a vida entre nós. Nos fortaleceu na participação na comunidade. Celebramos o batismo da criança. No 1° de junho, toda a comunidade veio celebrar na minha casa, com o nosso Círculo Bíblico. Éramos 50. E, na quarta-feira 17 de junho, houve o batismo na Igreja São Sebastião Oliveira Nunes. Mas, sabemos que teremos sempre de lutar para o nosso Círculo Bíblico não acabar e ficar missionário.

No nosso Círculo Bíblico, um homem chegou porque separou da mulher. Explicou que ele casou na Igreja católica mas passou depois para a Assembléia de Deus. Como a sua esposa não queria passar para a Igreja Assembléia de Deus, ele decidiu separar, “para não ter mais o demônio na sua casa, porque a sua esposa colocava uma imagem de Maria no armário”. Neste mês, nós lemos o discurso de Paulo aos anciãos de Éfeso. Como não reconhecer neste fato e em muitos outros o que Paulo dizia: “Eu sei, depois da minha partida, aparecerão lobos vorazes no meio de vocês, e não terão pena do rebanho. E do meio de vocês surgirão palavras pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles” (At 20,29-30). Como é possível Igrejas provocar separações de famílias enquanto dizem que anunciam Cristo?

Percebemos que uma família havia chegado e que, 5 meses depois da chegada deles, ainda não tínhamos ido fazer Círculo Bíblico na casa dela.

Zeni

10.2 Círculo Bíblico São Sebastião

Nossa história começou com a fundação da comunidade onde não tínhamos noção do que era um Círculo Bíblico. Fazíamos encontros na igreja, porém com o passar do tempo, começamos a nos aprofundar e entender, a essência do que estávamos fazendo.

O grupo era muito grande, todas as pessoas que moravam aqui no entorno da igreja participaram de um mesmo grupo.

Havia, na comunidade, 6 grupos:

–     Santo Antônio, onde é a comunidade Santo Antônio agora;

–     Anjo da Guarda

–     São João Batista, onde é atualmente a comunidade São João Batista;

–     Nossa Senhora Aparecida: córrego três voltas;

–     São Sebastião, na fazenda;

–     São José, no Cambucá.

Voltemos ao São Sebastião. Era um grupo muito grande, o que dificultava o entendimento. Era preciso dividir o grupo, porém ninguém aceitava animar o novo grupo.

Ao mudar uma nova família para a comunidade, surgiu uma pessoa a animar, então, começou o Círculo Bíblico da Sagrada Família, ficando dois grupos dentro da fazenda com menos famílias em cada grupo.

Nesse período, os grupos Santa Ana, Anjo da Guarda e São João Batista não pertenciam mais a comunidade São Sebastião.

No grupo São Sebastião, ficaram participando 7 famílias, com mais ou menos 16 pessoas, que participavam fielmente, pois essas pessoas quase todas, eram participantes das pastorais existentes na comunidade. Foi um período em que tudo caminhava bem. Porém, no grupo Sagrada Família, a animadora se mudou, e o grupo foi desanimando, pois o animador que assumiu não era muito enérgico. O grupo parou.

As famílias passaram a seguir o grupo São Sebastião, mas sem muito ânimo para participar. As pessoas iam às casas, mas pessoas não participavam das reuniões.

Atualmente, o grupo São Sebastião tem 8 famílias participando, porque são muitas casas, mas nem todas participam. Algumas são evangélicas, outras não querem nada mesmo, mas com a graça de Deus, continuamos a caminhar e a semear.

Na feira bíblica, tivemos de apresentar o martírio de Tiago e a quarta vez onde Pedro foi levado à prisão (At 12,1-25). Mesmo assim, não desanimava e continuava anunciando a palavra de Deus. Isso é luz para nós e nos dá força nas dificuldades, quando somos poucas famílias a nos encontrar.

No nosso caminho, mesmo com altos e baixos, ânimo e desânimo, surgiram muitas luzes nessa caminhada: catequistas, cantoras, coordenadores, etc. Pessoas que foram se casando, mudando para outras comunidades. Houve pessoas que pediram o batismo através da participação do Círculo Bíblico.

No momento em que escrevemos os nossos Atos, lemos o discurso de Paulo aos anciãos de Éfeso em Mileto que diz: “Nunca deixei de anunciar aquilo que pudesse ser de proveito para os Efésios, nem de anunciar publicamente e de casa em casa. Com insistência, convidei todos a se arrependerem diante de Deus e a acreditarem em Jesus nosso Senhor” (At 20,20-21).

Que, inspirados nos apóstolos, possamos continuar a evangelizar com nossos gestos e atos deixando sempre o Espírito Santo de Deus agir em nós, e sejamos fervorosos em nossas orações. Amém!

11. Comunidade São João Batista (3)

Os Círculos Bíblicos nas comunidades São Sebastião Oliveira Nunes, São João Batista e Santo Antônio, nasceram há mais de 30 anos, quando vários de nós participávamos da comunidade São Paulo, no outro lado do Rio Preto, na diocese de Carrantiga, na paróquia de Espera Feliz.

Depois, fundamos a comunidade São Sebastião Oliveira Nunes antes de fundar a comunidade São João Batista e a comunidade Santo Antônio. Começamos utilizando o material da diocese vizinha até a diocese de Cachoeiro de Itapemirim lançar o seu próprio material, o “Refletindo”.

11.1 Círculo Bíblico Nossa Senhora de Fátima

No nosso lugar, são oito casas, e todas as casas participam, mesmo que não sejam todas as pessoas a seguir sempre. Neste tempo da panha do café, é mais difícil.

No nosso Círculo Bíblico, chegou uma menina do Rio de Janeiro que tinha 10 anos, e cujos pais desapareceram. Ela não tinha batismo e, através do nosso Círculo Bíblico, entrou na comunidade, começou a participar da catequese, da Infância e Adolescência Missionária e batizou. Ela, e outras crianças, são muito ativas tanto nos Círculos Bíblicos como na partilha das palavras de vida na Escola de Teologia Bíblica mensal após a missa.

Há uma outra família que chegou de fora e começou a participar do nosso Círculo Bíblico. Batizaram as meninas e a mãe está se preparando para a comunhão e a crisma. Vão casar no mês de novembro.

Quando cheguei aqui, o meu pai era doente. Através do Círculo Bíblico, recebi muita ajuda. O Círculo Bíblico nos deu muita ajuda no tempo da doença e da morte dele. Hoje, aceitei ser coordenador da comunidade e ministro da Palavra.

Outro sinal do nosso Círculo Bíblico, é uma senhora que não podia sair da casa, porque tinha uma criança com deficiência. De vez em quando, íamos nos reunir na casa dela.

O nosso Círculo Bíblico era forte e numeroso e decidimos enviar algumas pessoas para fortalecer o Círculo Bíblico vizinho que tinha dificuldades. Agora, o outro Círculo Bíblico anda bem com a ajuda das pessoas que enviamos.

11.2 Círculo Bíblico Anjo da Guarda

Agora, somos quatro famílias só. Antes, éramos dez, mas houve crise grave entre famílias. Famílias passaram para a comunidade vizinha, outras não participam mais da vida da Igreja. Ajudamos um casal que não vinha mais à Igreja a voltar a participar. Não nos desesperamos por eles não virem participar do nosso Círculo Bíblico.

11.3 Círculo Bíblico São João

São dez famílias no lugar, mas, participando regularmente do Círculo Bíblico, são cinco.

Ajudamos uma família a preparar o batismo de uma criança. Nós continuamos a visitar as famílias que não participam quando o Círculo Bíblico não se reúne na casa deles.

12. Comunidade Santo Antônio (4)

Até dois anos atrás, havia quatro Círculos Bíblicos. No ano de 2008, houve desânimo e um só continuou sem parar: o Círculo Bíblico do Sagrado Coração de Jesus.

O Círculo Bíblico Divino Espírito Santo reiniciou porque sentíamos falta de partilhar a palavra de Deus com os vizinhos. Da mesma forma, os Círculos Bíblicos Santa Rita e Santo Antônio reiniciaram.

Os Círculos Bíblicos unem mais as famílias e nos ajudam a viver o Evangelho no dia-a-dia e a por em prática a Palavra.

Foi dentro do Círculo Bíblico que Gislena se deixou tocar e vai aceitar se tornar ministra da Palavra na missa de hoje. Hoje, vamos também celebrar o batismo de André que vai casar com Andresa. André vai comungar pela primeira vez e vai batizar o seu filho Juan.

Foi através do Círculo Bíblico que João descobriu a Igreja. Antes, ele não gostava da Igreja e “perseguia” a sua esposa. Agora, é ministro da Palavra e coordenador da comunidade. Foi também na Igreja, que, pelo testemunho de Elielton, ele se liberou do álcool. Estava muito preocupada por Mateus, meu filho: “O que vai ser do meu filho se não conseguir a levá-lo para a Igreja?” Nunca imaginei ver o João tão comprometido. Agora, Mateus está também muito comprometido.

Alcione, esposa de João, coordenador da comunidade Santo Antônio

13. Comunidade São Raimundo (10)

13.1 Círculo Bíblico São Raimundo Nonato

Nossa equipe de Círculo Bíblico começou na Igreja do Divino Espírito Santo na comunidade do Paraízo, na paróquia vizinha. Agora, nos reunimos em São Raimundo e somos umas dez famílias. Todas as segunda-feira nos reunimos para partilhar a palavra de Deus.

No nosso Círculo Bíblico, ajudamos um casal que não era casado na Igreja a pedir o sacramento do matrimônio.

O nosso Círculo Bíblico está muito animado e as criança gostam muito e leem para nós.

13.2 Círculo Bíblico Nossa Senhora Aparecida

O grupo Nossa Senhora Aparecida é uma história muito longa, que bom seria se a gente pudesse contar tudo nos mínimos detalhes.

Esse grupo surgiu a partir do dia em que a comunidade São Raimundo foi fundada. Começa mais ou menos assim: a primeira dirigente se chama Nauza, ela se casou e foi morar na comunidade São José, passando sua vez para a irmã Nalva Eeli. Passando uns dois anos, ela se casou também e foi para a comunidade Santa Luzia e deixou sua vez para sua madrinha Ana Alice, e prosseguiu por mais alguns anos.

Durante esses anos, houve mudanças na comunidade. Surgiu então a ideia de um Coordenador dos Círculos Bíblicos. Esse coordenador se chama Valdir. Um dia, visitando este grupo, ele teve a ideia do grupo ser multiplicado, pois, havia muitas famílias. Este grupo ficou por conta do Zezinho. Passou algum tempo e Zezinho teve de nos abandonar, pois ia assumir a Coordenação da Comunidade. Houve outras mudanças, a Roziene, que fazia parte de outro grupo, teve que assumir este compromisso, deixando seu grupo para outro dirigente, para ajudar o nosso grupo, ao qual ela pertence até hoje.

Durante estes anos que se passaram, houve muitas luzes do Espírito Santo, tivemos muitos sacramentos, inclusive pessoas que ajudaram a fundar o grupo e hoje se encontram firmes, marcando presença ativa no grupo e na comunidade.

O que nos deixa preocupado, é que este grupo, hoje, conta com a presença de 16 famílias… Parece muito, não é? Mas, o que nos chama atenção, é que somente as mulheres e as crianças que frequentam sempre, e os homens estão cada vez mais desanimados.

No nosso Círculo Bíblico, Lucira, uns 45 anos, participava e nem sabíamos que não tinha nem primeira comunhão, nem crisma. Foi graças ao Círculo Bíblico que pediu e recebeu esses sacramentos no ano de 2008.

13.3 Círculo Bíblico São Francisco de Assis

O nosso Círculo Bíblico existe há uns 15 anos e há dois anos que peguei a coordenação. São umas dez famílias. Muitos não têm leitura, mas todos são atuantes. Nós nos organizamos para ajudar uma família que não tinha nada, até passavam fome. Agora, ela vai receber o sacramento do matrimônio e vai batizar o filho. Antes, não se sentia bem para vir. Foi o Círculo Bíblico que ajudou. Fazemos também coleta para fazer doações à casa de apoio às crianças.

13.4 Círculo Bíblico Santo Antônio

O Círculo Bíblico de Santo Antônio foi fundado há muitos anos, através da família Amaral. Em nome desta família, fizeram a promessa de nunca deixar de rezar em família.

Os primeiros dirigentes foram Toninho e Rozária que passaram sua juventude se dedicando em seguir sempre firmes na promessa. Mas o tempo passou e tiveram de seguir outro caminho. Toninho seguiu o caminho de seu pai e casou, e sua irmã também. Assim foram os primeiros dirigentes e, como havia muitos irmãos e irmãs, sempre tinha animação no Círculo Bíblico.

Mas todos foram se casando e alguns falecendo. Mas também, para fortalecer mais ainda para alegria de todos, chegaram os netos e sobrinhos para continuar a promessa de nunca deixar de rezar em família. Foram tantas pessoas que passaram pelo Círculo Bíblico que fica difícil de lembrar de todos.

Mas foi quando a última sobrinha dos Amaral passou para outra família seguir os passos desta promessa, e com ela, aprendemos a animar. Ela se casou e nos deixou nas mãos dos 6 jovens e com a mistura destas duas famílias, estamos continuando com objetivo de nunca deixar isso acabar e que essa promessa passe para a geração futura.

Fim.

Wilcéia

13.5 Círculo Bíblico Nossa Senhora de Lourdes

Éramos um grupo com 9 famílias, mas, com o passar do tempo, foi diminuindo. Agora estamos com 5 famílias mas ainda falta muitas pessoas por causa da panha do café. Estamos passando por dificuldades, pois, algumas famílias ficaram doentes e não podem ir mais. Muitas pessoas não têm a Bíblia e isso dificulta na hora da partilha. O nosso grupo está um pouco desanimado pois muitas pessoas não estão indo. Precisamos de um dirigente, pois quem está dirigindo o grupo quer parar de dirigir, só quer participar, pois ela é dirigente há 4 anos.

Para nós, o sinal do Espírito Santo é que com todas as dificuldades, o grupo não parou e surgiu uma nova família que está nos ajudando. Sabemos que o Espírito Santo está nos guiando para não pararmos o Círculo Bíblico.

13.6 Círculo Bíblico Nossa Senhora das Dores

Em (1992), mil e novecentos e noventa e dois, foi fundado o nosso Círculo Bíblico, formando um grupo com treze famílias para refletirem a palavra de Deus.

Foi um dos primeiros grupos que iniciou-se em nossa comunidade. Conduzido pelo Espírito Santo, novas famílias foram surgindo, e veio crescendo e produzindo muitos frutos para o crescimento do Reino de Deus.

Ao decorrer dos anos, o grupo foi animado por vários dirigentes. Hoje, um deles continua no mesmo como participante, e os demais participam de outros Círculos Bíblicos que foram fundar. Eu cheguei do Parana e de São Paulo há sete anos, e há cinco anos que estou animando esse grupo, e, impulsionado pelas mãos de Deus, hoje, estamos com onze famílias, mas quatro delas estão um pouco afastadas. Mas o grupo continua a fazer visitas e a levar a palavra de Deus até elas.

Em nosso Círculo Bíblico, todos levam a Bíblia e participam com palavras de vida que mais nos chamaram atenção, dando testemunho a luz do Evangelho. Nesse grupo, surgiram muitos sacramentos, agentes pastorais e ministros da Eucaristia.

Peço sempre a luz do Espírito Santo que nos ilumine e que nunca desanimemos de continuar a nossa missão.

Há palavras dos Atos dos Apóstolos que lemos na Escola de Teologia Bíblica no mês de julho que são luzes para mim para este caminho no Círculo Bíblico:

“Nunca deixei de anunciar aquilo que pudesse ser de proveito para vocês, nem de anunciar aquilo publicamente e de casa em casa” (At 20,20).

“Mas de modo nenhum considero minha vida preciosa para mim, mesmo contanto que eu leve a bom termo a minha carreira e o serviço que recebi do Senhor Jesus, ou seja, testemunhar do Evangelho da graça de Deus” (At 20,24).

“Em tudo mostrei a vocês que é trabalhando assim que devemos ajudar os fracos, recordando as palavras do próprio Jesus que disse: há mais felicidade em dar do que em receber” (At 20,35-36).

Carmen

13.7 Círculo Bíblico São Cristóvão

Nosso Círculo Bíblico tem mais ou menos 16 anos de caminhada. Ele sempre foi nesse ritmo, uns tempos mais fracos e alguns mais animados, e sempre estivemos ali presente para que ele não acabasse de vez. Eu, Aldo da Silva Chagas e Terezinha Vazio Paixão, somos as duas famílias mais antigas que estamos no Círculo Bíblico São Cristóvão desde o início. No nosso grupo, tinha época que estávamos 11 famílias, e tinha épocas de estarmos apenas eu, Tereza e a dirigente nas reuniões, nós mesmos com as dificuldades de participar por estarmos com crianças pequenas, mas sempre estivemos firmes nas reuniões.

No nosso grupo, hoje estamos com 8 famílias. Já passamos nas mãos de várias dirigentes. Hoje, todos os participantes adultos do grupo são casados, os adolescentes que já têm idade, têm comunhão e crisma, as crianças estão caminhando através da catequese.

Nesses anos todos, a única dificuldade que ainda permanece, é na hora da reflexão, porém, cada uma reflete como entende para si mesmo e algumas pessoas falam o que acham da leitura em voz alta para todos.

No final do ano de 2008, houve um grave problema. A nossa dirigente ficou ferida porque pediu o batismo de uma neta que iria completar 7 anos enquanto esta criança não participava da catequese. Ela não entendeu as orientações que lhe deu a equipe do batismo, e mesmo o padre indo visitá-la várias vezes, ela passou para a comunidade católica do Paraízo. Foi neste momento que o nosso Círculo Bíblico parou de se reunir durante um mês, e, para o nosso Círculo Bíblico não acabar, eu assumi a responsabilidade perante a Igreja. Fiquei feliz em ver que, pelo menos, esta senhora continuou a participar do nosso grupo.

Mesmo com essas dificuldades que enfrentamos, estamos seguindo firme na caminhada. Além do mais, conseguimos famílias novas e andamos longe para participar na casa delas. Esse é um resumo da história da nossa equipe.

13.8 Círculo Bíblico Nossa Senhora da Cabeça

Nosso Círculo Bíblico começou com seis famílias no ano de 1988, há 21 anos atrás.

Nós pertencíamos à comunidade Nossa Senhora de Lourdes quando surgiu a Comunidade São Raimundo Nonato. Nós passamos a participar desta comunidade e o grupo continuou firme. No decorrer dos anos, famílias saíram, outras começaram a participar conosco, mas 3 famílias nunca se separaram, e, eu, Aparecida, sempre fui a dirigente, quis por muitas vezes passar a minha tarefa, mas os participantes nunca aceitaram que passasse para outra pessoa. Quando não posso ir por motivo justo, nunca deixaram de fazer as orações.

Mas, no nosso grupo, já conseguimos vários frutos: um destes foi uma mulher que nunca gostou do Círculo Bíblico e deixava o seu esposo ir sozinho; quando era em sua casa, ela sempre comentava que não gostava de reunião; hoje, ela gosta tanto que se o esposo não for no Círculo Bíblico, ela participa sozinha e reflete muito bem. Outro fruto, foi um casal que sempre participou pouco de comunidade, e hoje, não faltam a nada que tem na Igreja, eles participam e refletem na comunidade e no Círculo Bíblico. E, um outro fruto, foi o Paulinho. É homem que quase não participava de nada. Hoje, ele participa de tudo na comunidade, fundou a Pastoral da Sobriedade com outras pessoas em São Raimundo, é ministro da Eucaristia, Coordenador da Liga Católica, saiu do nosso Círculo Bíblico para formar um outro. Sua família continua participando no nosso Círculo Bíblico.

Hoje, somos um total de 8 famílias que participam regularmente. Tem uma família que mora em Juiz de Fora e que vem passar temporada aqui. Todas as vezes que estão aqui, participam conosco e também fazemos reuniões em sua casa. Então, somos um total de 9 famílias que participam. Claro que tem um problema, porque são poucos os homens que participam, mas, com a graça de Deus, quem sabe, um dia, vão participar.

Maria Aparecida de Carvalho Medeiros

13.9 Círculo Bíblico São Sebastião

Apesar das dificuldades que encontra mos, esse Círculo Bíblico já caminha há mais ou menos 7 anos, nas idas e vindas por desânimo de muitos, quase desistimos de nos reunir. Passamos por vários dirigentes, alguns mais, outros menos animados, mas na certeza de que esse nosso encontro semanal faz muita diferença em nossa vida.

Há mais ou menos 3 anos, resolvi assumir o compromisso de levar esse grupo adiante mesmo, às vezes, nos reunindo 2 ou 3 pessoas. Encontro muitas dificuldades, pois fazem parte deste grupo 10 famílias, mas, na maioria, só participem em sua própria casa, às vezes na casa do vizinho mais próximo. Quando penso em desanimar pela falta de interesse de outros, me lembro da palavra de Jesus que diz: “Onde 2 ou 3 estão reunidos em meu nome, estou no meio deles” (Mt 18,20).

Através dessa nossa caminhada, já conseguimos algumas “vitórias”. Por exemplo, alguém que não foi aceito para ser padrinho pelo C.P.C. afastou-se por um tempo, mas sentiu necessidade de voltar e, hoje, participa conosco. Reunimo-nos em todas as casas. Uma vez por mês, fazemos visitas a um casal de idosos que não pode participar nas casas dos outros. Eles se sentem muito felizes em nos receber.

No ano de 2008, esse grupo quase acabou, mas, iluminados pelo Espírito Santo, minha tia e eu, decidimos não deixar isso acontecer. Eu, Julia, por ter filhos pequeninos, pedi que minha tia assumisse o compromisso de toda semana passar casa por casa, convidando e avisando onde seria o Círculo Bíblico naquela semana. Assim fizemos durante um bom tempo. Graças a Deus, continuamos caminhando na esperança de que, um dia, todos os membros do nosso grupo tenham o desejo de participar assiduamente desse momento semanal de encontro que torna a nossa vida muito melhor e muito mais feliz.

Julia

13.10 Círculo Bíblico Santa Luzia

O nosso Círculo Bíblico iniciou no ano de 1993 com 12 famílias. Muita coisa aconteceu durante esse tempo de caminhada do grupo, dentre elas, muitas visitas às famílias que não participam de nada, e que por algum motivo não iam à Igreja, mas através do Círculo Bíblico pediu o batismo e hoje toda a família participa da Igreja. Mas também existem crianças que nasceram participando das reuniões com o grupo e que hoje muito nos ajudam.

Muitas pessoas chegaram, muitas famílias mudaram de comunidade, mas também muitas pessoas que desde o início não deixaram o grupo desanimar.

No ano de 2008 por problemas pessoais o dirigente do grupo teve que se afastar, e por esse motivo, o grupo teve que ficar sem se reunir por um tempo até que um participante de outra equipe colocou-se a disposição para nos ajudar tornando-se dirigente da nossa equipe.

Hoje, somos 11 famílias que formamos a equipe Santa Luzia, pois para nós o sinal do Espírito Santo é o fato de que o grupo não parou, mesmo quando muitas famílias se afastaram. Acreditamos que o Espírito Santo nos ilumina para assim darmos continuidade na Obra de Deus.

14. “Quase” Comunidade Nossa Senhora de Lourdes (1)

A nossa comunidade está sofrendo muito. Houve divisões que nos enfraqueceram bastante. Sobretudo, as pessoas que eram os pilares da comunidade (coordenadora, ministros,….), uma após as outras, mudaram para o patrimônio.

Não conseguimos mais a fazer celebrações no domingo, e vamos para o patrimônio. No Círculo Bíblico, ficavam quatro pessoas. Decidimos parar e ir ao patrimônio.

O que faz a comunidade ainda não ter fechado, é que a comunidade São Raimundo envia sempre pessoas para nos ajudar a celebrar a missa.

O fato de o padre convidar a ler os Atos dos Apóstolos ajuda muito. Nesta terça-feira 21 de julho de 2009, onde éramos tão desanimados, até chorar, foram 14 pessoas que ficaram para a leitura do capítulo 20 dos Atos dos Apóstolos onde Paulo faz as suas recomendações aos anciãos de Éfeso. E ele fala das suas lágrimas (At 20,19), das múltiplas dificuldades que encontrou e da sua determinação a ficar firme “no serviço que recebeu do Senhor, ou seja testemunhar o Evangelho da graça de Deus” (At 20,24).

Enquanto éramos decididos a acabar com o nosso Círculo Bíblico, marcamos encontro para terça-feira próxima, e, em vez de marcar na minha casa, marcamos na casa de alguém que nunca vem, mas aceita abrir a sua porta.

Oxalá o Espírito Santo nos ajude a atravessar as dificuldades.

15. Comunidade Santa Luzia (3)

15.1 Círculo Bíblico São Marcos

O nosso Círculo Bíblico iniciou acerca do ano 2000 com 5 famílias. O grupo começou bastante animado. Depois, o coordenador da comunidade que fazia parte do Círculo Bíblico passou à Igreja Batista por causa de um problema que aconteceu com o pai dele numa outra comunidade, numa outra paróquia bem distante.

Mesmo assim, continuamos a ir à casa dele partilhar com a esposa que ficou na Igreja católica no início. A mulher acabou passando também. A sogra deles parou participar, por falta de companhia. Ficamos três casas. Isaías mudou e ficamos 2 famílias, mas continuamos. Isaías voltou, e, agora, somos novamente 5 famílias a participar, muito animadas. As famílias que passaram para a Igreja crente não voltaram.

A novena de natal é momento privilegiado para viver a missão. Fazemos em prioridade na casa das pessoas que não vêm à Igreja, nem ao Círculo Bíblico.

Para nós, o sinal do Espírito Santo, é o fato de que o Círculo Bíblico não parou, mesmo com as famílias que se afastaram.

15.2 Círculo Bíblico Nossa Senhora Aparecida

No dia 23 de junho de 2009, estávamos em um aniversário. Foi quando surgiu a ideia de Zezé de formarmos um Círculo Bíblico e responder assim a este chamado forte da paróquia. Ela comentou com a Paula e o Lúcio que comentaram com Glória e Paulo, e todos decidiram formar um Círculo Bíblico neste lugar onde as famílias não se reuniam.

No dia 3 de julho, colocamos em prática a ideia e nos reunimos na casa do Lúcio e da Paulo. Tivemos a participação de Paulo, Glória, Lúcio, Paula, Zezé e o Manuel Neto. Começamos nosso encontro com a oração inicial. Como não tínhamos o Refletindo, fizemos a leitura do dia com o Evangelho de João 20,24-29 e todos partilhamos da leitura.

No dia 9 de julho, foi o segundo encontro. Nos reunimos na casa do Paulo e da Glória. Tivemos a participação de 6 mesmas pessoas. Refletimos o Evangelho de Mateus 10,7-15. Nós partilhamos e cada um tirou uma palavra de vida. No decorrer do encontro, decidimos o nome do nosso grupo: Nossa Senhora Aparecida. E encerramos com a bênção final.

15.3 Círculo Bíblico Sagrada Família

O Círculo Bíblico, perto da Igreja Santa Luzia, estava parado. Eu mudei de casa e resolvi iniciar de novo este Círculo Bíblico em particular por causa de Osineia e José Paulo, porque tinham dois filhos para ser batizados. A mãe, também, não era batizada. Os pais não eram casados. São pessoas muito vergonhosas, humildes e que pensavam que não havia lugar para pessoas como elas na Igreja.

Começamos a fazer reuniões na casa deles. Nos acolheram com muito amor. Quando começamos a conviver com eles, sentimos a grandeza da fé deles. Até agora, como não vinham à Igreja, pensávamos que não tinham fé. Mas não era verdade. Fiquei tocado do respeito deles para Deus, no falar, no respeito um para o outro. Lhes exprimi o meu desejo de ver eles na fila da comunhão. Já ajudei Pauli e Marina que eram juntados desde muito tempo a casar na Igreja e a fazer a comunhão. E me senti muito feliz em ver Pauli e Marina receber Cristo. Eu passei para Osineia e Jose Paulo esta alegria. Lhes disse quanto sentia a falta de não ver eles na comunidade, de eles não receberem Cristo conosco. Quando falei, isso tocou o coração deles. Começaram a vir em todas as celebrações, todas as missas, e, neste sábado 8 de agosto de 2009, Osinéia recebeu o batismo, os dois casaram, e, agora, recebem Cristo na comunhão.

Também iniciei este Círculo Bíblico, porque eu mesmo sentia falta de não reunir mais na terça-feira para partilhar a palavra de Deus com os vizinhos. E, para mim, o Círculo Bíblico é catequese para as crianças, para os meus filhos. Agora, eles têm a sorte de descobrir Cristo no Círculo Bíblico conosco. Já fazem as leituras, ajudam na reflexão, falam o versículo que acharam bonito na leitura.

Na primeira visita que fizemos na casa de Osineia e Jose Paulo, Marco Antônio, meu filho, com 10 anos de idade, comentando a palavra de Deus do dia, exclamou-se: “Nós estamos sendo Paulo trazendo o Evangelho até vocês!”

Fazendo releitura do que vivemos no Círculo Bíblico, eu penso, também, em Paulo quando teve um sonho em Troade e que viu um grego chamando para ele: “Venha ao nosso socorro!” e qe Paulo disse: “Depois dessa visão, procuramos imediatamente partir para a Macedônia, pois estávamos convencidos de que Deus acabava de nos chamar para a boa notícia” (At 16,9-10). É o que vivi nesta situação.

16. Comunidade Nossa Senhora das Dores (14)

16.1 Reunião com os animadores dos grupos do Círculo Bíblico da comunidade Nossa Senhora das Dores, no dia 30 de abril de 2009.

Mesmo que não foi escrito para ser “Atos dos Apóstolos”, é uma expressão do que o Espírito Santo está fazendo nos nossos Círculos Bíblicos.

  • Horário: das 19:00 as 21:00 horas
  • Compareceram 15 animadores, sendo 02 da comunidade Santa Ana de Dores de Minas.

Iniciamos com a reflexão do Evangelho do dia.

Refletimos sobre o novo jeito de ser do Círculo Bíblico; o que estamos fazendo para tornar os grupos mais missionários; e como estão os grupos.

Todos os grupos já aderiram ao novo jeito de ser do Círculo Bíblico. Estão todos gostando muito e acharam interessante este novo método. Todos os participantes partilham a palavra de vida, inclusive as crianças. Até para quem tem pouca leitura ou até mesmo quem não sabe ler estão participando muito mais. Para muitos o momento da reflexão do jeito anterior sempre surgia assuntos fora da reflexão das perguntas, e dessa forma todos os participantes ficam atentos à leitura da Palavra para tirar sua palavra de vida.

Ser verdadeiros missionários é levar a palavra de Deus àqueles que não têm condições de estar ali participando do Círculo Bíblico. Todos os grupos estão saindo de suas casas e indo em busca daqueles que necessitam. Há ainda muita resistência por parte de algumas famílias em participar, mas está sendo uma preocupação de todos. Estão fazendo visitas às famílias, aos doentes e aos que chegam à comunidade.

Das experiências dos grupos, disseram que alguns grupos ainda precisam melhorar, mas todos estão empenhados no trabalho missionário, procurando levar a palavra aos que não podem participar. Algumas experiências contadas por animadores: Há um grupo pequeno que está desenvolvendo muito bem. Até as crianças que tinham dificuldades para leitura estão conseguindo melhorar com a leitura da Palavra de Deus. Eles não tinham Bíblia, mas conseguiram adquirir e todos fazem a leitura da Palavra de Deus antes do Circulo Bíblico. Está sendo maravilhoso. Há grupos somente de idosos, mas que está indo bem.

Há um grupo novo, fundado agora, uma experiência maravilhosa, novo animador, procurando levar a palavra de Deus aos que necessitam.

Enfim, todos fazem visitas, convidam, mas nem todos participam. As pessoas estão procurando adquirir Bíblia, pois estão sentindo necessidade de acompanhar a leitura da palavra para partilhar sua palavra de vida.

Há um grupo que fez uma nova experiência: foram visitar o asilo levando a Palavra de Deus e disse que foi uma experiência maravilhosa e que todos deveriam fazer também. A maior dificuldade ainda é a falta de participação dos homens. Um grupo já conseguiu fazer com que três homens participem do Círculo Bíblico.

Ana Rosa Abreu Ornelas (Responsável Paroquial dos Círculos Bíblicos)

16.2 Círculo Bíblico Santa Luzia

Há 20 anos que o Círculo Bíblico “Santa Luzia” iniciou a sua caminhada de anunciar o Evangelho às famílias que frequentavam pouco a Igreja nas casas a beira do campo de futebol.

O Círculo Bíblico iniciou com 3 pessoas, e, com o passar do tempo, foi aumentando. Hoje, graças a Deus, são 18 pessoas que participam ativamente e aprendem a conhecer melhor o que Jesus nos quer dizer através do Evangelho.

Com a renovação da maneira de partilhar como foi feita em Dores no início de 2009, melhorou mais, por que, agora, cada um tira a “palavra de vida” com facilidade, entendimento, amor, sabedoria e faz dela uma oração. O Espírito Santo está sempre ardendo nos corações de todos, fazendo renascer momentos lindos de fé, esperança, e amor a Deus.

Nos nossos encontros, há momentos inesquecíveis de revelação. É o Espírito Santo agindo em cada coração. É nestes momentos que pessoas exprimiram os sonhos delas de batizar, confessar, fazer a primeira comunhão, receber a crisma, casar na Igreja. Várias pessoas do nosso Círculo Bíblico fizeram este caminho, mesmo pessoas já idosas. Há pessoas doentes, que, agora, pediram para receber a comunhão em casa, enquanto não participavam antes.

Graças a esta reforma na maneira de fazer, pessoas que não gostavam do Círculo Bíblico, agora participam e ajudam. Não precisamos convidar as famílias nem pedir para rezar em suas casas: são elas que nos chamam.

Agradecemos de coração ao Espírito Santo de Deus pela participação agora de 4 homens e temos esperança que irá aumentar.

Quanto a mim, eu era alcoólatra. Não frequentava a Igreja, não era dizimista e vivia uma vida familiar péssima. Fui convidada a participar do Círculo Bíblico. A partir daí, participei da missa, me tornei dizimista, larguei a bebida, e vivo bem com a família. Agora, sou responsável deste Círculo Bíblico Santa Luzia e muito estimada por todos. Decidi deixar o meu testemunho aberto para assim anunciar a palavra e ação libertadora de Jesus.

Entrei na Pastoral da Sobriedade que se reúne cada sexta-feira às 19h para ajudar outros a se libertar

Me faz pensar na palavra de Pedro ao paralítico: “Não tenho ouro, nem prata, mas o que tenho, te dou: em nome de Jesus Cristo, levanta-te e anda!” É o que o Círculo Bíblico fez comigo.

Só Deus tem o poder de transformar a vida de alguém e mudar o seu coração e faz isso por meio do seu Espírito. Ele é fonte de força e poder.

Que o Espírito Santo continue ardendo em cada coração e que nos ilumine em nossa caminhada que é evangelizar.

Egle

16.3 Círculo Bíblico Santa Paulina

Bom, vou começar falando de mim. Pois, sou uma católica que ia sempre à igreja, mas não entendia nada, pois não tinha o hábito de ler a Bíblia. Parei por algum tempo de ir para a igreja por causa de uma depressão, e sofri muito tomando muito remédio e indo ao médico, e não adiantava. Até que, um dia, me chamaram para participar da Renovação Carismática Católica.

Às vezes, ia, às vezes não. Graças a Deus, encontrei a Canção Nova, e foi através dela que eu aprendi a ler a palavra de Deus. Participei de um seminário da Renovação Carismática Católica, aqui em Dores. Depois, eu fui para outro retiro de três dias. Voltei outra pessoa. Foi a partir dessas participações que eu queria que todos conhecessem este Jesus maravilhoso que eu conheci.

Mas não sabia por onde começar. Eu pensei: vou começar pelo Círculo Bíblico. Então, minha vizinha me convidou para entrar no seu Círculo Bíblico. Depois, ela se mudou e me deixou como animadora. O meu Círculo Bíblico é muito pequeno, pois as pessoas não querem participar, mas eu vejo a presença de Deus nas minhas dificuldades. Pois, tenho a certeza de que sempre ele me ajuda.

Vejo também o quanto as pessoas precisam de Deus. No nosso grupo, apesar de ser um grupo pequeno, vejo frutos do Espírito Santo. Um casal se mudou para a nossa rua e começou a participar. A partir daí, se casaram na Igreja, batizaram a filha deles. Agora, ela está com a perna quebrada, mas está sempre confiante, pois vejo ela agradecendo e pedindo a Deus por sua cura.

Ela não podia ir para a Igreja, por causa da sua perna quebrada. O C.P.C. começou a organizar um acompanhamento de carro para pessoas que não podem vir sozinhas à Igreja, e ela está sempre presente.

Peço que o Espírito Santo nos dê muita força, pois precisamos de mostrar Jesus para as pessoas.

Maria Ferreira da Silva

16.4 Círculo Bíblico “Rainha da paz”.

Há 17 anos o grupo de Círculo Bíblico Rainha da Paz é atuante na Comunidade de Nossa Senhora das Dores, com o objetivo de reavivar e animar a nossa vida cristã e o nosso compromisso missionário, sempre movido pela força do Espírito Santo. Importante momento para ajudar as pessoas a ficarem firmes na fé, a descobrirem Jesus através da Palavra e no relacionamento entre as famílias. Ajuda a desenvolver a vida espiritual, faz as pessoas sentirem mais a vontade de Deus e entusiasmo para participar da vida de Jesus e da Igreja. Cria em nós uma força de Espírito, e ajuda a enfrentar os obstáculos.

É um grupo pequeno, mas que conta com a participação de crianças, jovens e idosos. Estamos refletindo o novo jeito de ser do Círculo Bíblico, onde todos partilham a Palavra de Deus, tirando uma palavra de vida e fazendo dela sua oração. O grupo reúne toda semana, procurando levar a Palavra de Deus a uma família.

Assim como Paulo encontrou muitas dificuldades e nunca desanimou, nós também encontramos dificuldades, mas o Espírito Santo nos anima e dá coragem para sairmos de nossas casas e levarmos a Palavra de Deus àqueles que não têm condições. Reunimos nas casas dos doentes, dos idosos, fazemos visitas às famílias que chegam, sejam elas católicas ou não, sempre levando a Palavra de Deus.

Graças ao Círculo Bíblico, muitas pessoas adultas que não eram batizadas, não tinham a primeira Eucaristia, não eram crismadas sentiram o desejo de participar dos sacramentos e foram batizadas, crismadas e fizeram a primeira Eucaristia e encaminharam as crianças para a catequese. Também foi através do Círculo Bíblico que muitas pessoas compreenderam o verdadeiro sentido do Dízimo e se tornaram dizimistas, participando assim da vida da comunidade.

Sou uma participante ativa do grupo, e foi através do Círculo Bíblico que encontrei o caminho de Deus. Quando comecei a freqüentar, eu era batizada, crismada e casada, e ainda me faltava algo importante, não tinha a primeira Comunhão. Com a participação no grupo, fiz a primeira Comunhão e encontro na Palavra de Deus, força, coragem e fé para lutar e levar a Palavra aos irmãos que necessitam. Com a força do Espírito Santo, participo da Teologia Bíblica e estou aprendendo muito sobre a vida de Jesus e a caminhada da nossa Igreja. Ajudei pessoas a participarem da Igreja e da catequese, para batizar e receber a primeira Comunhão. Hoje sou dizimista e com a graça de Deus continuo a minha caminhada.

Assim vamos percebendo a Ação do Espírito Santo no Círculo Bíblico e na vida de cada um de nós.

Animadora: Ana Rosa

16.5 Círculo Bíblico Santo Amaro

Já faz tempo que Verônica, Cleirinho, Pe Bruno e Irmã Maria do Socorro, nos convidaram a fundar um Círculo Bíblico.

Sildiane, Marilha e Leonardo, foram de casa em casa para convidar os outros a iniciar o Círculo Bíblico na casa do Manoel. Foi bem antes da Páscoa. São umas doze casas no lugar. Há os que acolhem o Círculo Bíblico, mas não vão na casa dos outros. Somos seis famílias a participar regularmente, e, pouco a pouco, pessoas que ainda não participaram vêm conosco.

Nós pedimos ao Leonardo, 13 anos, de ser o nosso animador. A particularidade do nosso Círculo Bíblico é de ter um tocador de violão, Sidney, e nós gostamos muito de cantar.

Nas nossas famílias, somos bastante a sofrer da doença do álcool e fomos 8 pessoas a ir para Guaçui participar do encontro de formação da Pastoral da Sobriedade. Mas foi difícil ficar muito tempo escutando e foram 4 a ficar até o fim. O padre tenta nos provocar a fazer do Círculo Bíblico um lugar para se apoiar contra esta doença.

Sidney aceitou lançar a catequese no nosso lugar para facilitar a participação das crianças daqui. Já marcamos batismo de adulto para o fim do ano e aceitamos animar missa na matriz para o domingo 10 de agosto.

Na quinta-feira 23 de julho, o Padre veio participar conosco com Carli, coordenador dos Círculos Bíblicos em Dores. Eles ficaram muito impressionados em ver Raissa, 3 anos, cantar sozinha todo o Pai Nosso.

O Círculo Bíblico transformou muitas coisas nas nossas vidas. Muitos de nós estávamos afastados da vida da Igreja. Agora, são muitos a vir participar do Círculo Bíblico e, mesmo, a ir para a missa na matriz. Hoje, 30 pessoas participaram do nosso Círculo Bíblico.

Nós éramos famílias que viviam longe umas das outras. Nos cumprimentávamos de longe, mas, agora, mesmo fora do Círculo Bíblico, convivemos muito mais. Melhorou também a vida na família, o diálogo no casal, na família.

16.6 Círculo Bíblico Nossa Senhora da Paz

Foi um dos primeiros Círculos Bíblicos que foi fundado em Dores pela dona Ida, há mais de vinte e anos. Na época, havia a novena do Natal, mas, a seguir, tudo acabava. Era eu, Aparecida, Dona Ida, Dona Deca, Dona Luzia e dona Luisa que iniciamos.

Fazemos a rua principal, perto do Posto de Combustível e o início da rua do Clube. Nos reunimos às quinta-feira às 16h para atingir pessoas idosas que não podem participar a noite. Às vezes, vamos visitar pessoas idosas que são de outros bairros. Temos como prioridade visitar pessoas idosas que não podem sair de casa. Há uma jovem que faz conosco também. Somos 9 pessoas a participar de maneira habitual.

No ano passado, convidamos Viuma que não participava de nada. Depois, ela disse que o sonho dela era de entrar na fila da comunhão como a sua filha, Walkiria, 14 anos, mas pensava que não era possível porque não tinha feito quando era jovem. Viuma fez a catequese de adultos com Ana Maria e comungou na noite da Páscoa de 2008. Agora, ela não entra mais na fila da comunhão… porque foi chamada para ser ministra da Eucaristia! Ela tem entusiasmo e representou a paróquia na Missa dos Santos óleos em Iuna na quinta-feira Santa de 2009.

Houve épocas em que o Círculo Bíblico quase acabava. Mas, a cada vez, o Espírito Santo enviava alguém para fortalecer o grupo. No momento, Viuma e Walkiria nos incentivam muito.

Aparecida

16.7 Círculo Bíblico Santa Edwige

Deve ter uns oito anos que o nosso Círculo Bíblico existe. Foi fundado pela Dodo. Ele abrange o morro todinho atrás da Igreja. Normalmente, são quinze famílias regulares, e muitas crianças. Nos encontramos todas as terça-feira às 19h.

Além disso, vamos rezar o terço todas as segunda-feira nas casas das pessoas idosas e doentes.

Uma menina com 8 anos que veio me visitar em casa perguntou à sua avó: “O que é o Círculo Bíblico?” Por que ela viu um “Refletindo” sobre a mesa. A avó respondeu: “É dos católicos rezar, só que na nossa casa, eles não vão, porque somos espíritas”. Aí, falei: “Mas, a senhora aceita nós irmos na sua casa?” A avó disse: “Aceitamos sim!” E, fomos fazer a novena de Natal na casa delas. Então, a menina nunca mais deixou de participar do Círculo Bíblico. A menina vai fazer onze anos. Não vai a catequese e nós não pressionamos, mas este fato me toca muito.

O que me toca também muito, é o desenvolvimento das crianças na leitura através do Círculo Bíblico. Mesmo os professores testemunham isso. Nós fazemos que sejam as crianças que leiam o Evangelho. As crianças já vão ao Círculo Bíblico tendo lido o Evangelho em casa, e já tendo escolhido a palavra de vida. Chegam com o versículo sublinhado. A participação delas me toca muito.

O que percebo, é que nós temos de multiplicar o nosso Círculo Bíblico, porque são muitas casas e que demora muito para passar em todas as casas. Vamos fazer isso nestes dias.

Margarida

16.8 Círculo Bíblico Nossa Senhora da Piedade de Marinete

Este Círculo Bíblico tem uns cinco anos e está andando na saída de Dores para a comunidade São Francisco de Assis. São umas 7 famílias que participam.

O fato que nos tocou foi uma família que não aceitava a nossa visita. Pedimos se aceitariam, e eles não queriam. Depois, o homem sofreu um acidente. Foram eles a pedir o Círculo Bíblico a vir visitá-los para nós rezarmos na casa deles. Fomos muito bem recebidos. Agora, de vez em quando, eles participam.

Outro fato: foi o casamento de Marinete, que anima o Círculo Bíblico com Gilberto. Eles estavam juntados e foi um dos três primeiros casamentos que ocorreram na missa do domingo da manhã na Matriz agora que a paróquia chama muito os adultos a vir receber o dom de Deus nos sacramentos.

No domingo 12 de julho de 2009, foram Aparecida e Luiz que aceitaram receber o sacramento do matrimônio. Eles participavam sempre do Círculo Bíblico e das missas, mas não eram casados. Foi lhes pedido para serem padrinho e madrinha de batismo e eles eram juntados. Luiz não queria casar porque tinha vergonha. O padre não o obrigou a se casar para ser padrinho, mas, Luiz acabou superando o medo e ficou muito feliz em casar e em comungar de novo. Neste domingo da manhã, houve 29 batismos e 3 casamentos, assim como primeiras comunhões de adultos. Tivemos de celebrar duas missas, porque o povo não entrava na Igreja.

O que me toca muito, é o prazer de andar de noite a pé, todos juntos, com as lanternas, mesmo que houver chuva e lama. A alegria das pessoas que nos recebem me impressiona.

16.9 Círculo Bíblico Sagrada Família

Quando eu vim para morar aqui em Dores, já havia um Círculo Bíblico. Era formado por muitas pessoas. Com o passar do tempo, resolvemos não dividir, mas sim multiplicar em dois. Com isso, a minha filha Lizabete ficou como animadora de um grupo e Aparecida Belford de outro.

Comecei a participar do grupo da Lizabete, e depois de um tempo passei a ser animadora e estou até hoje.

Enfrentei muitas dificuldades, pois os participantes tinham medo ou talvez vergonha de falar, de ler.

Depois foi aparecendo crianças para serem batizadas e nós passávamos para os pais que o batismo era vida nova para aquelas crianças, e teriam que ser fiéis para conhecer o amor de Deus e praticar boas obras.

Alguns do grupo casaram-se e mudaram. Outros se afastaram, alegando não ter tempo, reclamando do horário, do dia, entre outras.

Mas, mesmo com as dificuldades, e obstáculos, os membros fiéis do grupo não desanimaram. São fiéis a Deus e a família.

Todos gostam muito dos encontros que se realiza toda a terça-feira às 19h00.

Estar todos juntos para rezar e se reunir em família, com a força de Deus e do Espírito Santo é muito bom e prazeroso.

Todos ouvem a palavra de Deus e entendem, aprenderam a dar valor.

O grupo do Círculo Bíblico é uma grande caminhada para a Igreja. Os integrantes do grupo apreenderam a visitar os doentes, os novos moradores na rua.

No nosso grupo, tem pessoas que atuam na liturgia, na catequese, servidores do altar, ministros da Eucaristia.

No nosso grupo, não lemos mais a motivação. Lemos 3 vezes o Evangelho, fazemos silêncio, e, então todo mundo partilha uma palavra de vida. A reforma que foi feita foi uma bênção.

Hoje, o meu grupo é pequeno, mas é fiel a Deus e ao compromisso de evangelizar aos irmãos. E com nossa simplicidade conseguimos ir em frente. Isto é bênção de Deus e temos que lutar e ter boa vontade.

Filinha

16.10 Círculo Bíblico Nossa Senhora da Consolação

Há muitos anos que o nosso Círculo Bíblico se reúne. Era animado por Nezilda até ela estudar e não poder mais participar. Ai, aceitei me tornar animador. No ano passado, ficamos parados todo o ano, até o Encontro Paroquial dos Círculos Bíblicos do domingo 8 de março de 2009. Aí, senti o chamado de Jesus para reiniciar. Às vezes, há 5 ou 6 pessoas, outras vezes, há mais. Karina nos explicou que nunca participava do Círculo Bíblico, mesmo que participa de vez em quando das missas, mas que são os filhos dela, Natália 6 anos e João Vitor 3 anos que reclamam para ir ao Círculo Bíblico e a incentivam.

Na nossa rua, a rua Doutor Paulo Barros, há cinco pessoas idosas ou doentes que não podem sair de casa. Nos sinais do Espírito Santo, há um vizinho que vai todos os dias ajudar a esposa de um homem que fez derrame lhe dar o banho. Esta mulher cuidou da sua mãe, agora, cuida da sua cunhada e do seu marido. Eles gostam quando o Círculo Bíblico vem se reunir na casa deles. Eles dizem, que, depois, se sentem melhor, dormem melhor.

Fazemos a experiência que o Círculo Bíblico traz a paz nas famílias, ajuda na convivência na casa: quando você escuta a palavra de Deus, transforma a vida. Entre vizinhos, transformou muitas coisas: antes, podíamos nos cruzar sem nos cumprimentar; agora, temos carinho entre nós.

No dia onde redigimos esses Atos dos Apóstolos com a ajuda do Padre que veio nos visitar e participar da nossa reza, havia uma senhora de outro Círculo Bíblico que expressou o seu sofrimento. A filha dela sofreu desastre grave numa cidade bem distante e ela não tem condição para ir visitá-la. Ela enfraqueceu e parou de participar do Círculo Bíblico, da comunidade também. Ela se sentiu excluída porque, segundo o que ela percebeu, o Círculo Bíblico não foi visitá-la, convidá-la e ela não volta mais na comunidade porque tem a impressão que as pessoas em frente não deixam lugar para outras. Na conversa, ela disse que estava depressiva, e que, talvez, o que ela sentia não correspondia à realidade deste Círculo Bíblico, desta comunidade, que conhecemos e que é muito missionária e acolhedora. Mas isso nos chama atenção: como nos tornar mais atentos às pessoas que sofrem depressão ou outra dificuldade e que podem se sentir excluídas, mesmo que sejam elas a se afastar? Como ir sempre ao encontro do outro que se afastou?

16.11 Círculo Bíblico Nossa Senhora das Dores

Há uns 15 anos que este grupo de pessoas da rua Adair Furtado de Souza se reúne todas as semanas. Tudo iniciou com a Nilce Vilas Boas. Tudo começou muito devagar pois as pessoas eram muito apegadas à novela, não tinham ainda o sabor da reflexão da palavra de Deus, e assim, aos poucos, a semente lançada foi germinando. Nilce mudou para Muniz Freire, ficando como animador o casal Waldomiro e Luzia. Com a graça de Deus, o grupo foi crescendo no sentido missionário, sempre buscando novas pessoas, acolhendo os que chegam, visitando os doentes e idosos, levando o conforto da palavra de Deus, incentivando sobre a devolução do dízimo. Atualmente, a animadora, sou eu, Adriana. Continuamos com a luz do Espírito Santo, nos conscientizando que somos discípulos e missionários. Fazemos o nosso Círculo Bíblico na terça-feira e já marcamos uma visita na quarta-feira onde fazemos uma pequena celebração na casa de um doente, idoso, pessoa que chega ou pessoa indiferente que não participa de Igreja nenhuma.

Com o novo jeito de refletir o texto da palavra de Deus, o grupo está muito mais animado. Todos participam. As crianças tiram a palavra de vida. Agora, o meu marido, Juninho, está participando, faz leituras, reflete, pois tem o exemplo de mais dois homens que participam do Círculo Bíblico: o meu Pai, Carlinhos e Waldomiro.

16.12 Círculo Bíblico Nossa Senhora Aparecida

O nosso Círculo Bíblico iniciou há mais ou menos uns 19 anos, com incentivo do Pe. Enio e a animação de Dona Sebastiana Valadão que era, e é até hoje, Legionária, porém participa da Legião de Maria em Guaçui. Iniciou com moradores da rua Professor Zacarias Fagundes, praça Manoel Ornelas e Vila Antônio Tiago, onde tinha a participação da Claúdia Rubio, que morava na vila.

O grupo teve período de boa participação, como a novena do Natal, mas, por várias vezes, esteve por um fio acabar por falta de participantes. Mesmo com 3 ou 4 pessoas presentes, nós não deixamos de reunir. Foi com muito perseverança que o grupo não acabou até hoje.

Constantemente é assim. Existem ótimas frequências, de repente diminui o número de pessoas. Esse motivo é a rotina do dia-a-dia das famílias, algumas mudam, outras morrem e outras passam para outra religião (Maranata e Assembléia de Deus).

Mesmo com tantos tropeços, não desanimamos, uma semana boa, outra ruim, mas sempre esperando que na próxima reunião teremos mais um participante.

Não adianta uma linha de conhecimento se não o colocar em prática, sabendo que os Círculos Bíblicos funcionam como uma verdadeira catequese.

Ainda existem no grupo pessoas que ajudaram a formar o grupo, como Graça e Helena.

Hoje, por causa da falta de participantes, o grupo Nossa Senhora da Consolação juntou com o grupo Nossa Senhora Aparecida que continua reunindo toda terça-feira às 20h com o total de 9 residências.

16.13 Círculo Bíblico Nossa Senhora Aparecida, no bairro Ilha Grande

O grupo iniciou-se a partir de uma novena de Natal, juntamente com os primeiros grupos formados na comunidade. Surgiu com o intuito de envolver todos os membros a participarem de atividades reflexivas e religiosas.

Devido a dificuldade de coordenação, o grupo ficou desativado por um certo período, reiniciando com a coordenação da Maria José em 2001, servindo de apoio até que o grupo se reafirmasse novamente.

Em 2005, a coordenação foi assumida pela Néia, que coordena até hoje. Nosso Círculo Bíblico atualmente é composto por 7 famílias, envolvendo a participação de crianças e idosos. Procuramos visitar as casas de pessoas que não participam ativamente dos Círculos Bíblicos, mas que ficam satisfeitas e motivadas com nossa visita. Realizamos celebrações a doentes e idosos, que impossibilitados de se locomoverem necessitam de palavras amigas e reconfortantes nesses momentos.

O Círculo Bíblico aproxima as pessoas tornando-nos realmente amigos na fé. Sentimos a presença de Deus em nosso meio e procuramos sempre invocar as luzes do Espírito Santo em nossas reuniões, pedindo que a partilha do Evangelho seja frutífera, rica em conhecimento. E tem funcionado, pois a maioria dos membros do grupo escolhem sua palavra de vida e as comentam.

Temos consciência que o essencial é nos sentirmos cada vez mais próximos de Deus e fiéis aos ensinamentos, tornando-nos capazes de colocar em ações concretas o nosso aprendizado. Nosso objetivo é alcançar novas famílias, tornando-nos acolhedores de nossos irmãos, pois é o que o Senhor espera de cada um de nós.

16.14 Círculo Bíblico São João Batista

O grupo iniciou-se numa novena de Natal, no ano de 1998, quando tínhamos vinte e seis famílias que queriam participar da novena. Então, sugerimos que desmembrasse o grupo na novena e que continuasse após a novena, assim treze famílias assumiram o compromisso de continuar se reunindo todas as terça-feira.

O grupo ficou sem nome até junho de 1999, quando sugerimos vários nomes e o mais cotado foi São João Batista, que temos a imagem que nos acompanha até hoje, imagem está doada por um membro do grupo.

Atualmente, somos 11 famílias, contamos com homens, mulheres e crianças, se reunindo, a escuta da Palavra, dentre os quais muitas novas na sua participação, pois algumas mudaram, outras se afastaram. O animador é o único que graças sua perseverança e ação é o mesmo de 10 anos atrás.

Não basta reunir, tirar palavra de vida, refletir a leitura, é preciso agir para tanto temos um objetivo que é colocar em prática os ensinamentos de Cristo em cada texto bíblico que é refletido. Deixando Jesus falar ao nosso coração, como os discípulos de Emaús.

Traçamos nossas metas e ações, pois, não adianta dizer que é católico, que tem fé, mas sem obras, sem atitudes, nada adianta, precisamos ser como a semente que caiu em terra boa, ouvir compreender e praticar para produzir muitos e bons frutos (Lc 13,23).

Dentre metas e ações do grupo podemos destacar: aquisição de Bíblias pelos membros do grupo, visitas e doações a asilo, inserção de pessoas afastadas da comunidade religiosa, visitas a doentes e idosos, doações de cestas básicas a famílias carentes, etc.

Temos no grupo uma família onde todos participam das reuniões e foi graças a um convite que fiz a filha, na época com 9 anos de idade, hoje com 11 anos. Agora, ela é membro da Pastoral do Dízimo. Fomos nos reunir em Dores de Minas, ela aceitou o convite, e continua até hoje, e, aos poucos, conquistou toda a sua família, incentivando-os a participar do grupo.

Graças as bênçãos divina e luzes do Espírito Santo, somos, hoje, um grupo coeso e pretendemos continuar sempre mais e sermos convictos do nosso trabalho religioso.

Todo final de ano, nos reunimos no encerramento da novena, para confraternizarmos mais um ano, para louvar e agradecer a Deus as bênçãos recebidas e brindarmos a vitória por vencer tantos desafios de nossa sociedade.

Não somos capazes de mudar o mundo, mas somos capazes de levar uma mensagem de otimismo, esperança e amor a nossos irmãos.

Que Deus nos guarde e nos abençoe sempre.

Aparecida Belford Martins

16.15 Círculo Bíblico Nossa Senhora de Fátima

Há um ano e 4 meses que fundamos este Círculo Bíblico. No nosso Círculo Bíblico, são 6 famílias que participam.

Somos um casal recém casado e estávamos afastados da vida da Igreja. Fomos convidados a participar do Círculo Bíblico da rua. No começo, estávamos muito dinâmicos. Hoje, não perdemos nem um encontro, interessamos pelo Evangelho, participamos do encontro da pastoral familiar onde se refletiu sobre “educar os filhos”, no domingo 2 de agosto de 2009 e gostamos muito. Ajudamos nas barracas da festa e muito mais.

Com ajuda do Círculo Bíblico, hoje temos Deus presente na nossa vida.

Nosso Círculo Bíblico acolhe os que precisam de ajuda, levamos cesta básica a família que necessitava, ajudamos no enxoval de uma gestante e apoiamos em nossa rua os que ficam doentes, principalmente os idosos.

A minha opinião é que o Círculo Bíblico nos fez crescer mais a paz de espírito dentro de nós, nos faz crescer mais na palavra de Deus, nos instrui mais a ver que, na vida, não somos nada sem a fé, e também nos faz entender a importância de fazermos visitas nas famílias no decorrer da semana. É isto que entendo do Círculo Bíblico.

16.16 Círculo Bíblico São Sebastião

Nós moramos em Monte Verde, 6 quilômetros de Dores. No nosso lugar, são dez casas, e seis que participam regularmente do Círculo Bíblico. Há sete anos que o Círculo Bíblico iniciou. A primeira coordenadora passou para Igreja crente. O Josimar animou depois.

Começamos a nos reunir no dia 13 de março de 2003 na casa do Josimar e da Rosiane, por incentivo de alguns moradores que convidaram os outros, e resolvemos montar um grupo, já que aqui não tinha.

Começamos com 5 famílias, e hoje estamos com 6. No início, se festejava aniversário do grupo e festa junina. Hoje, está um pouco esquecido, mas retornaremos no ano seguinte, se Deus quiser e São Sebastião abençoar.

Surgiu o nome de São Sebastião por não ter grupo nenhum com esse nome.

Reunimo-nos todas as terça-feira. Depois da oração, o costume é comer doces.

O nosso Círculo Bíblico é tão animado que temos uma casa a dois quilômetros de distância, mas a nossa fé e a boa vontade desta família faz com que não faltem a nossa reunião.

Nisso, o grupo continua com muita animação e acolhimento ou seja, acolhendo sempre o próximo.

Hoje somos um grupo pequeno, mas não pequeno de fé. Nós temos como filosofia do grupo: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ai eu estarei! (Mt 18,20).

O Círculo Bíblico nos ajuda a viver dentro do Evangelho. Dá também para se tornar atentos às pessoas do lugar.

No sábado 8 de agosto de 2009, o padre e a irmã passaram visitar as nossas casas e descobrimos que pessoas que nós pensávamos que não tinham fé, ou que não queriam participar do Círculo Bíblico, na realidade, tinham fé mas tinham vergonha de participar, em particular porque não tinham leitura.

Agora, estamos preparando o casamento de Tiãozinho e Milinha, assim como a primeira comunhão e a crisma de Tiãozinho. Não vinha porque tinha medo não saber responder às perguntas.

Capítulo 2:
Pessoas de Dores testemunham

Nestes 4 anos, provocamos pessoas a escrever “Cartas a Jesus”, “Cartas a Paulo”, “Cartas a Dom Célio”, na ocasião de missões dos jovens ou de pedidos de sacramentos. Houve também depoimento nos encontros da Pastoral da Sobriedade.

Aqui são os testemunhos que foram publicados na « Caminhada Paroquial ».

1. Expressões de pessoas que receberam sacramentos na vigília pascal de 2007

Luciene

Sou Luciene. Tenho 20 anos. Trabalho como lavradora, com meu esposo Aloisio. Sou casada somente no civil, pois meu esposo está se preparando para receber a Primeira Eucaristia e a crisma. Agora, no momento, só falta receber o matrimônio para minha vida ser completa.

Eu participo da Igreja católica desde criança com meu pai. Já participei da pastoral do dízimo, de Círculo Bíblico. Tive que sair, pois mudei pra roça, e comecei a estudar a noite. Agora, comecei a participar novamente do Círculo Bíblico no lugar onde eu moro.

A frase que mais me tocou o coração foi: “Amem-se uns aos outros, assim como eu amei vocês.

Aloísio

Eu sou Aloísio, tenho 24 anos. Trabalho como lavrador e estou preparando para a Primeira Eucaristia e a crisma e para o matrimônio.

Quando comecei a minha preparação, eu ia para a catequese por gosto da minha esposa; mas, com o tempo, Jesus tocou o meu coração de maneira tão forte que eu estava gostando muito de estar ali apreendendo a Palavra de Deus.

A frase do Evangelho de João 15 que mais gostei foi: “Fiquem unidos a mim, e eu ficarei unido a vocês.”

Nota: 1 ano depois, Aloíso e Luciene entraram na equipe de preparação ao batismo da Matriz.

Valdinei

Caro Bispo Dom Célio,

Estou escrevendo esta carta para lhe dizer sobre a minha vida na comunidade.

Sou Valdinei. Tenho 28 anos. Estou me preparando para o casamento. Estou caminhando com Cristo e tenho vontade de estar ligado nas coisas. Por exemplo, hoje, trabalho na pastoral litúrgica e também na música litúrgica.

Dom Célio, Jesus, põe na minha vida uma missão, mas não sabemos qual a missão que temos. Somos a videira que deve dar frutos. Temos que semear os frutos ou seja a palavra. Pois, quer lhe dizer que a sua bênção na crisma e a bênção do meu casamento no dia 18 de novembro de 2007 na paróquia Nossa Senhora das Dores a onde eu moro é muito bom  para mim, assim como os encontros que participo. Já ajudei a dar cursos de liturgia.

2. Expressões de crismandos no 18 de novembro de 2007

G.

Prezado Dom Célio,

Me chamo G. Tenho 14 anos. O que mais gosto em Jesus, é o jeito que ele nos ama, o jeito que ele nos perdoa, o jeito que ele nos ensina. Mesmo estando na cruz, ele pediu ao Pai que perdoasse, e assim devemos ser como Jesus.

Quero receber o sacramento da crisma para receber o Espírito de Deus, confirmar o meu batismo e selar um compromisso sério com Deus. Quero mudar minha capacidade de perdoar, porque, às vezes, não consigo perdoar o meu próximo. Para tornar-me discípula de Cristo, eu preciso saber amar e perdoar, igual a Cristo.

A palavra de Jesus que eu mais gosto é: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei!”

Precisamos de mais humildade para sabermos que além de ser perdoados, temos que saber perdoar e amar as pessoas como se não houvesse amanhã.

G.M.

Dom Célio,

Não sei nem ler nem escrever, mas alguém está escrevendo o que quero lhe dizer. Comecei a participar da Igreja com 18 anos. Com 23 anos, recebi convite para me casar. Pe Bruno me convidou. Para mim, foi muito importante. Senti-me amada por Deus. Depois que casei, senti vontade de participar sempre da comunidade. Toda quinta-feira, eu e meu esposo participamos do Círculo Bíblico. Para nós, está sendo momento de graça.

Estou muito feliz porque vou receber o sacramento da crisma. Sempre que tem missa, adoro participar. Sem Deus, não somos ninguém.

J.

Tenho 22 anos, e há 2 anos que estou frequentando a Igreja. Estou feliz com esta escolha porque, na vida, temos que obter escolhas melhores, e, estar junto de Deus e o Espírito Santo, é o melhor para mim, para minha família.

Crismando, eu vou renovar o meu espírito em comunhão a Jesus Cristo e renovar meu batismo. A crisma vai ser importante para mim, até no meu cargo de ministro da palavra.

Cl.

Eu tenho 14 anos. Estudo de manhã, e, de tarde, vou trabalhar na lavoura. Eu gosto de Jesus porque, sem ele, não somos nada. É Ele que me ilumina no dia-a-dia. Nós temos que rezar buscando a Palavra dEle, para não acontecer coisas ruins com a gente.

Eu quero receber a crisma, para renovar o Espírito Santo, receber este segundo batismo, acreditar em Jesus e no Espírito Santo.

Eu quero tornar-me discípulo e missionário porque é importante ser alguma coisa na vida. Ser um animador de jovens é uma coisa boa.

Jesus que me dê força para continuar nesta missão da vida que me dê força para não seguir o caminho do mal, que o Espírito Santo me conduza para o caminho do bem.

Amém

R.

Gosto de Jesus, pois, na cruz, morreu para nos salvar. De tanto amar, ele deu sua vida. Quero receber a crisma, pois quero o amor de Cristo em minha vida. Não adianta nós vivermos o hoje se não nos preparamos o amanhã. Quero ajudar na Igreja, na comunidade onde moro, na sociedade, e dividir com o próximo os sete dons que vou receber de Deus ou ser ativados em mim.

Eu preciso da força do Espírito Santo para que não desanime da vida, principalmente do amor de Jesus Cristo em mim.

Quero me tornar discípulo e missionário, para levar até o coração das pessoas a palavra de Deus.

3. Expressões de catecúmenos adultos na Vigília Pascal de 2008

Marciano

Eu decidi vir para a Igreja há muito tempo, mas não tinha coragem. Todas as vezes que vinha, me dava sono e eu não entendia nada.

Mas, quando vim para Dores, recebi uma luz de outra pessoa, que por fim vai ser a minha madrinha. Ela me disse: “Venha para o caminho de Deus, Ele é bom olhar por ti, mas você também tem de ir até Ele. Vamos à Igreja, venha à missa comigo e você pode ser batizado.”

Eu disse sim no mesmo instante, vim, e hoje, já vou receber o batismo, pois, quero muito ser o servo de Deus, porque vi o amor dele para comigo que sou pecador. Quero fazer como Jesus, levar a paz e o amor para quem está próximo, porque sou Filho de Deus e que, como Filho de Deus, sou chamado a dar a sua mensagem a quem não conhece o Pai criador que nos deu a vida e a paz para nós sermos livres e ter Deus no coração.

O batismo, para mim, é a vida de Deus me iluminando para que eu possa ser melhor e ter com Cristo um elo de paz e intimidade para que ele possa me iluminar para a vida, e para que eu perceba que ele necessite de mim.

Quero me batizar e receber os outros sacramentos, vir à Igreja, entrar na família dos cristãos, receber a hóstia, me sentir iluminado pelo amor de Deus.

Jesus é aquele que fala em nome de Deus Pai no meio de nós, que mostrou o amor e a fé, é nosso irmão, nos amou até dar a sua vida por nós e continua nos amando hoje, nos protege e sempre está ao nosso lado, olhando nos como seus amigos e nos levando para o reino de Deus Pai.

Márcio

Jesus, comecei a ir para a Igreja por meio do meu irmão que participava da Igreja. Comecei a ler a palavra de Deus e tentava ajudar as pessoas com as palavras que Jesus manifestava para mim.

Antes de vir para Dores, morava na roça, participava da comunidade e do Círculo Bíblico. Teve momento que afastei por causa do futebol.

Tem apenas seis meses que estou em Dores e, através de Gracinha, uma vizinha que anima o Círculo Bíblico, vim pedir os sacramentos porque percebi que era importante, já que eu ajudava algumas pessoas com a palavra de Jesus.

Obrigado Jesus, por tudo de bom que me tens dado.

4. Ana Claúdia: Lê o Evangelho e deixa Jesus agir em ti (junho de 2008)

Eis aqui um testemunho que foi publicado na « Caminhada Paroquial » de Junho de 2008.

Um dia, o padre Bruno me deu carona e comecei a lhe contar como a minha vida mudou quando encontrei Cristo na leitura do Evangelho. Ele me pediu para escrever para a Caminhada Paroquial, o que fiz com alegria.

Tenho 27 anos e sou casada e mãe de dois filhos. Quando era criança e jovem, morava a cem metros da igreja, mas ia por ir, por obrigação, sem gosto. A minha mãe era catequista e me levava à igreja, mas não me interessava.

Me casei na igreja, mudei para outro lugar. Ali também, morava pertinho da igreja. A comunidade era muito acolhedora, me fazia visitas, mas continuava indo por ir. O início do meu matrimônio foi difícil, até nós nos separarmos 2 vezes.

O fato de o padre sempre perguntar depois da proclamação do Evangelho nas missas: “Quem aceita partilhar a « Palavra de vida »? me provocou a começar a ler o Evangelho. Um dia, aceitei partilhar a palavra que me tocou. Não me lembro exatamente qual foi, mas falava de não se preocupar tanto com as coisas materiais e de buscar o Reino de Deus. O comentário do padre me tocou muito e caiu na minha vida, como luva que encaixou direitinho.

Comecei a dar muito valor à missa, à Palavra de Deus. Agora, leio o Evangelho cada dia, escuto o Evangelho na televisão. A comunidade me chamou para me tornar ministra da Palavra e aceitei mesmo morando á uma hora a pé da igreja. Me provocou a ler ainda mais a Palavra de Deus.

A minha vida mudou muito. O amor cresceu entre nós. Agora, há ainda brigas, mas não tem nada a ver. Nós conversamos, a confiança cresceu entre nós e nós rezamos juntos.

Na vida, passei por pedaços ruins, mas quando procurei Deus, achei o caminho certo. Deus faz maravilhas na vida da gente, bate à porta, mas é preciso abrir. O que a gente quer, Deus dá o dobro. Agora, quero que os meus filhos conheçam a Cristo e falo para todo o mundo: quem quer ter felicidade, vida plena, tem que deixar Jesus agir na vida, ler a sua Palavra, deixá-la entrar no seu coração.

Ana Claúdia

(No mês de janeiro de 2009, a comunidade chamou Ana Claúdia para se tornar coordenadora da comunidade)

5. Expressões de adultos e adolescentes que receberam sacramentos no fim de 2008

Nestas últimas semanas, 90 adolescentes e adultos receberam a crisma. Adultos receberam o batismo, a comunhão, o matrimônio. Muitas crianças foram batizadas, fizeram a primeira comunhão. Eis algumas cartas de crismandos.

Testemunho 1

Eu tenho 23 anos e sou lavrador. Gosto de Jesus, porque ele é a nossa vida; sem ele, a vida não tem sentido, não temos amor.

Gosto desta palavra das leituras da crisma: “Foi aos seus apóstolos que Jesus se mostrou vivo depois da sua paixão, com numerosas provas. Durante quarenta dias, apareceu-lhes, falando do reino de Deus. Durante uma refeição, deu-lhes esta ordem: “Não vos afasteis de Jerusalém, mas esperai a realização da promessa do Pai, da qual me ouvistes falar: ‘João batizou com água; vós, porém, sereis batizados com o Espírito Santo, em poucos dias.”

O Senhor Jesus é o nosso caminho de salvação que nos conduz a participar da Igreja, a ser missionário.

Quero receber a crisma para ter o sacramento do Espírito Santo em minha vida, ficar especial com a bênção do Espírito Santo, receber esta ajuda para participar da Igreja.

Testemunho 2

Dom Célio,

Não sei ler, mas alguém está escrevendo para mim. Tenho 61 anos e estou realizando um sonho que sempre desejei. Recebi a primeira comunhão na Páscoa, e, agora, posso confirmar o meu batismo com a crisma.

Participo do Círculo Bíblico e estou me sentindo muito feliz e realizada. Quero receber a crisma para que o Espírito Santo de Deus seja uma fonte total em minha caminhada. A santificação vai acontecendo aos poucos de acordo com nossa doação.

Quero dar continuidade na vida cristã com toda a força e me entregar nas mãos do Pai para que seja feita na minha vida somente o que for da vontade d’Ele.

Testemunho 3

Dom Célio,

Tenho 18 anos e sou estudante. Quero receber o sacramento para receber em minha vida a luz de Jesus. Em nossa vida, se não existir a palavra “Jesus”, não existe a palavra “vida”.

Gosto muito de Jesus porque em tudo o que acontece em nossa vida, ele está presente, e ele nos livra de todo mal que existe nesse mundo.

Fazer a crisma é ficar refletindo para sempre em nossa vida o quanto Jesus é importante, o quanto ele lutou para nos salvar.

Jesus é a Palavra “vida”. Quem reflete uma leitura da Bíblia todos os dias, buscando palavras de vida, sabe refletir as coisas boas e seu dia será um dia maravilhoso.

Nós não temos de refletir a Palavra de Deus só na crisma, mas sim a cada dia da nossa vida.

O Senhor é o Pastor que me conduz, não me falta coisa alguma.

Testemunho 4

Tenho 14 anos. Eu gosto de Jesus por causa da bondade dele, como, mesmo depois de tudo o que nós fizemos, até o crucificamos e matamos! Mesmo assim, ele nos perdoou e nos salvou.

A crisma é importante para mim porque eu estou confirmando o meu batismo e estou dando mais um passo na minha vida para futuramente ser catequista, ajudar na Igreja, até ser padre.

Eu me comprometo a ajudar na Igreja e a não parar de participar. Peço ao Senhor que me ajude a ser um bom crismando e a continuar a viver na Igreja, que eu possa ajudar muita gente.

Testemunho 5

Dom Célio,

Tenho 20 anos, sou dona de casa, e estou me preparando para a confirmação do batismo e estou muito feliz por isso. Sou casada, tenho duas filhas lindas e peço muito a Deus por elas, pois, são a minha vida. É importante para mim a crisma, pois me fará participar mais junto na Igreja, levar a palavra para quem precisa e buscá-los para o caminho do Senhor, ser uma missionária, me comprometendo assim, nesse propósito em ser fiel ao Senhor, aos meus irmãos e a mim.

Leio a Bíblia todos os dias com o meu marido. Lemos juntos e explicamos juntos o que entendemos. Um trecho que gosto muito é na carta aos Coríntios que diz: “Aquele que fala em línguas, não fala aos homens, mas a Deus. Ninguém o entende, pois ele, em espírito, enuncia coisas misteriosas. Mas aquele que profetiza fala aos homens: edifica, exorta, consola” (1 Cor 14,2-3).

6. Expressões de pessoas que receberam sacramentos na Páscoa de 2009

A vigília pascal em Dores, o dia da Páscoa em Sagrada Família, foram momentos de acolhimento de adultos na nossa Igreja que receberam o batismo, ou a comunhão pela primeira vez na nossa Igreja. Aqui, publicamos testemunhos deles.

Rosa

Eu me chamo Rosa, tenho 28 anos e tenho uma filha com 10 anos. Os meus pais eram Espiritas e descobri a fé católica com o meu companheiro. Batizamos a nossa filha na Igreja católica. Agora, participo das celebrações, das missas e vou participar do Círculo Bíblico.

Não sei ler e tenho dificuldades para me expressar, mas, para mim, Jesus é muito bom e melhorou muitas coisas na minha vida agora que participo da Igreja. Melhorou na convivência com o meu marido, na maneira de amar os outros.

Estou muito feliz em receber o batismo.

Laianara

Meu nome é Laianara. Tenho 20 anos, sou casada, e muito feliz, graças a Deus. Sou de uma família católica e sempre fui com meus pais a igreja. E sempre quis participar mais das coisas da Igreja, e, aqui, em Dores, fui muito bem acolhida e realizei uma grande vontade que tinha de ajudar na catequese.

Comecei a namorar com o Luiz Paulo com 16 anos, e com o passar do tempo, quis ajudá-lo também na busca pela religião católica. No começo, ele não quis ir comigo e falava que não gostava de ir em igreja, pois ele não tinha incentivo nenhum da família nesse sentido, pois ninguém lá tem religião e nem seguia as coisas da Igreja.

Mas, com o tempo, Deus foi tocando no coração dele e ele passou a ir a Igreja comigo. Até casar na Igreja, ele aceitou de livre e espontânea vontade, o que antes não queria.

Nos casamos e ele sentiu vontade de conhecer e participar mais da Igreja. Então, por vontade própria, ele quis começar a participar da catequese com Ana Maria para fazer a primeira comunhão e a crisma.

Eu pretendo sempre ajudá-lo e ensinar a ele as coisas boas que eu aprendi um dia, assim como ele faz por mim.

Deus me deu uma coisa muito boa e a minha cabeça está sempre aberta para apreender as coisas boas que Deus nos ensina no nosso dia-a-dia.

Obrigada Senhor, por tantas coisas boas que tenho na minha vida, e peço também perdão por, às vezes, fazer as coisas que não são do seu agrado. E me guie sempre para os seus caminhos.

Obrigada por tudo.

Amem

Luiz Paulo

Chamo-me Luiz Paulo. Tenho 21 anos e me casei este ano. Trabalho em Dores do Rio Preto na construção civil. Sempre morei aqui em Dores e tenho uma vida boa com meus familiares, principalmente com minha mãe e meu pai, meus irmãos e todos.

Há uns cinco anos atrás, conheci uma garota, e nós ficamos juntos, nos conhecemos melhor, fui gostando dela e apreendi um pouquinho mais da vida com ela também.

Então, ela me convidava para vir para a Igreja, e eu não ia, não tinha costume de vir a missa. Nas primeiras vezes, não queria. Tinha medo, tinha vergonha, porque não sabia rezar. Enfim, não sabia nada.

Mas, graças a Deus, Jesus tocou no meu coração e me deu coragem para tudo isso. Hoje estou aqui na Igreja com os irmãos aprendendo a rezar, a entender o que Jesus faz em nossas vidas, o que ele também foi. Aprendi também a olhar com outros olhos para o irmão, para o próximo, para todos do meu caminho.

Desde então, estou me deixando levar para o caminho de Deus e a minha vida melhorou em tudo, mas tudo mesmo.

A minha primeira vitória com Deus foi ele me fazer parar de falar palavrões, coisas ruins que precisamos parar de viver. Hoje, com um pouco mais de participação que tenho, a minha vida está se completando cada dia mais e mais.

Deus me permitiu me casar na Igreja e prometi a Deus e a mim mesmo que iria participar cada vez mais da Igreja e cumprir por vontade própria e do meu Deus, meus deveres com a Igreja.

Esses são os costumes, eu quero participar da Igreja e aceitar Jesus de corpo e alma, assim como Jesus aceitou a todos. E para mim, completar a minha vida com Jesus, são os sacramentos da Igreja, e principalmente porque estou aceitando Deus agir em minha vida. E espero um lugar ao lado de Jesus um dia. E juntos, lendo a Bíblia e rezando com Laianara em casa aprendemos coisas boas para nossa vida.

Jeruzabel

Eu me chamo Jerusabel Soares Ramos. Tenho 32 anos e sou juntada. Tenho 3 filhos. O que mudou em minha vida, foi quando perdi o meu pai e ele me desejou muita felicidade quando ele me deixou. E aí, eu resolvi seguir a Deus porque Deus vai renovar a minha vida com o batismo. É muito importante para mim. Eu sinto um caminho novo para seguir.

O que mudou a minha vida foi o nome do Senhor Deus que todos os dias eu peço para me iluminar com a luz. A minha vida depois do batismo será ir à missa todos os domingos, participar do Círculo Bíblico.

7. Testemunho de Elielton que se liberou do álcool

Um trabalho importante da paróquia nestes últimos 3 anos, foi a fundação da Pastoral da Sobriedade com o apoio do C.P.P., dos C.P.C. e dos Círculos Bíblicos. Eis o testemunho que fez Elielton na missa transmitida pela Rádio 90.5 no encontro de Formação organizado em colaboração com a paróquia de Guaçui. Ele começou a testemunhar pela primeira vez na Assembléia da Paróquia de dezembro de 2007. O testemunho dele foi repetido e completado em várias ocasiões e foi determinante na fundação da Pastoral da Sobriedade em Dores.

Meu nome é Elielton. Tenho 30 anos.

Comecei a ingerir bebidas alcoólicas desde bem cedo, aos onze anos de idade. No início, sempre bebia em companhia de amigos. Depois, fui crescendo e bebia sozinho sempre dizendo: só bebo controlado, paro à hora que quero.

Mas o tempo passava e vi que isso não era bem assim. Comecei chegando em casa bêbado, às vezes enlameado como um porco, o que trazia grande tristeza por meus pais. Já cheguei machucado. Tenho cicatrizes no corpo e na alma que jamais desaparecerão.

De uns cinco anos pra cá, tentei parar de beber, mas não consegui. Saia de noite e bebia. De manhã, me arrependia e fazia a promessa de nunca mais beber. Mas, à noite seguinte, tudo recomeçava. Eu tinha vergonha de pedir ajuda e continuava na bebida, mentindo, perdendo compromisso e acabando com a minha vida.

Fazia minha mãe sofrer e não sabia quanto ela sofria. Para mim, estava tudo bem. Hoje sei o quanto a fiz sofrer.

Perdi uma namorada por causa da bebida e não conseguia a casar.

Sou coordenador de comunidade e ministro da palavra, e estava deixando a desejar em função da bebida. Quando ouvi o Pe Bruno falar da fundação da Pastoral da Sobriedade, eu pensava: como vou falar pra comunidade se eu não sou exemplo, se eu dependo do álcool.

Eu tinha medo e vergonha de falar de meus problemas e decidi ir ver o padre Bruno para entregar os meus cargos de coordenador da comunidade e de ministro da Palavra, porque não sabia como falar da Pastoral da Sobriedade, não conseguia mais cumprir os meus cargos, não conseguia parar de beber.

Felizmente, 3 dias antes de eu ir ver o padre, alguém que não sabia nada da minha decisão foi ver o padre e lhe disse: não venho fazer fofoca, mas Elielton não é aquele que você pensa. Você não percebeu, mas ele bebe muito. Eu falo para você ir ao encontro de Elielton e ajudá-lo.

Quando cheguei para entregar os meus cargos, expliquei ao Padre que estava namorando, que não podia mais assumir as minhas funções por causa disso. Graça a visita que recebeu 3 dias antes, o Pe me perguntou se estava entregando os cargos por causa de namorar… ou porque não sabia como falar da Pastoral da Sobriedade enquanto bebia muito…

Aí, ele me falou da doença alcoólica, não aceitou a minha demissão e me chamou a fazer desta fraqueza um caminho ao anúncio do Evangelho. Ele me convidou a falar com a minha comunidade e a pedir ajuda dela. Ele me disse para esperar a missa seguinte, para ele poder me ajudar a me exprimir, mas não esperei.

No domingo seguinte, enquanto animava a celebração da minha comunidade, eu admiti diante da comunidade o meu problema e pedi ajuda.

O que me chamou muita atenção, foi a moça do barzinho onde eu costumava a beber. Porque eu fui encontrar os colegas no barzinho e eles me ofereceram bebida. Estava aceitando quando Michela, a moça do barzinho, respondeu: “Não, ele não vai beber. Ele pediu a nossa ajuda!”

A seguir, eu participei do 1° curso de formação da Pastoral da Sobriedade que ocorreu em Dores para 40 pessoas de 11 das nossas comunidades no 24 e 25 de novembro de 2007.

Eu fui e pude constatar que precisava de ajuda para sair ou me recuperar desta vida. Dentro do encontro, dei o primeiro passo da Pastoral da Sobriedade que é de admitir que sou doente, que tenho vício do álcool e que, sozinho, não vou conseguir.

Não estou recuperado, e sei que posso cair a qualquer momento, que nunca poderei pensar estar curado, que, se quero não cair, tenho de nunca mais beber um copo. O fato de ter dado o primeiro passo através da Pastoral da Sobriedade, foi uma grande vitória.

Vendo minha atitude, meu padrinho, que também é coordenador e ministro da Palavra da comunidade vizinha e que também bebia e não sabia como falar da Pastoral da Sobriedade, resolveu parar com o álcool. Ele está também aqui, neste encontro da Pastoral da Sobriedade.

O coordenador de uma outra comunidade vizinha, também parou, apoiando-se no meu testemunho.

O tempo passou, e casei com a minha namorada. Ela não sabia da minha situação porque era de outro lugar distante. Mas, quando ouviu o meu testemunho, ela disse que, se soubesse antes de eu parar de beber, não teria casado comigo. Hoje, estamos muito felizes. Sou ministro da Palavra, ela é ministra da Eucaristia, e ela está comigo aqui para eu me firmar neste combate e poder ajudar outros.

Hoje, estou também aqui com os dois coordenadores que pararam de beber ouvindo o meu testemunho. É o terceiro encontro de formação da Pastoral da Sobriedade que participo.

Nós queremos dar exemplo para outros acreditar que é possível e vale a pena se libertar. Assim queria ficar sóbrio sempre. Peço a Deus em minhas orações a sobriedade para um dia sempre após o outro e não após um ano.

Peço sempre a oração de todos para superar esta doença.

No início, caí algumas vezes. O padre passava muitas vezes e parava na casa para pedir noticias, me chamar a recomeçar o combate. Agora, faz um ano e meio que estou lutando e conseguindo, mas recebo a força. Não é como a gente quer. Se não tivermos apoio, não conseguimos.

Se você tem problemas com álcool, assim como eu, procure ajuda, não tenha vergonha e medo de dar o primeiro passo. A Pastoral da Sobriedade está pronta para lhe ajudar.

Elielton

8. Outras expressões nos encontros da Pastoral da Sobriedade

Encontro de março de 2008

No domingo 3 de março, ocorreu o primeiro encontro da Pastoral da Sobriedade depois da formação de novembro de 2007 que tinha reunido 40 pessoas de 11 das comunidades da nossa paróquia.

Foi ocasião de ver o que cada um fez desde este encontro, e como ir em frente.

Algumas expressões durante a partilha:

–     “A capacitação de novembro me ajudou a perceber melhor como apoiar pessoas na droga ou no álcool. Já participo dos Alcoólicos Anônimos. Aqui, percebi com força que Jesus Cristo deu a sua vida por todos nós, e que nós não podemos viver sem nos preocupar com os nossos irmãos. Se Jesus Cristo é nosso irmão, se ele deu o exemplo, é muito importante nós nos preocuparmos de salvar a vida dos nossos irmãos. Jesus não julga. Ele chama, ele oferece a libertação, ele dá a sua vida. Jesus está sofrendo na pessoa perdida nesta doença. É o próprio Deus que está nos chamando a agir para libertar os nossos irmãos, para nos aproximar deles.”

–     “Eu fui salvo pelos Alcoólicos Anônimos e continuo militando nos Alcoólicos Anônimos. Mas, quando fui convidado pela Pastoral da Sobriedade, vivia afastado da Igreja. A Pastoral da Sobriedade me fortaleceu ao nível espiritual, me fez voltar para Igreja, me deu força para ir ao encontro de outras pessoas. Nos Alcoólicos Anônimos, não conseguimos chegar a todas as pessoas. Fazendo isso com a Igreja, nos ajuda nos aproximar de outras pessoas. Há pessoas também que não são da Igreja e que não aceitam a Igreja se aproximar deles. É bom esta complementaridade entre os Alcoólicos Anônimos e a Pastoral da Sobriedade. Com a fundação da Pastoral da Sobriedade, a Igreja faz uma outra aproximação com as pessoas doentes”.

–     “O beber está muito relacionado ao festejar. Mas, na realidade, o beber mata. Por que tantas pessoas acham que não é possível festejar, ter amizade, sem álcool? Não há necessidade nenhuma. Em São Sebastião do Cerro, uma família decidiu fazer festa de casamento sem álcool nenhum para não acontecer os problemas que tiveram num outro casamento. A festa foi lindíssima. Por que não generalizar este tipo de iniciativa?”

–     “Gostei demais do curso de novembro. Sou doente alcoólico em recuperação. Me deu reforço para a minha vida. Aqui, tudo o que se falava, falava da minha própria vida. Seguia o caminho da morte. Pelo momento, não consigo a chamar os colegas de bebida para a vida. Temos de ficar atentos quando vamos ao encontro de alguém que bebe, ou da sua família, de nunca falar atacando, criticando, julgando. Temos de seguir os passos de Jesus: amando, chamando, confiando”.

Bebia desde os 11 anos (Junho de 2008)

Um catequista pediu para testemunhar na « Caminhada Paroquial » e provocar crianças e adolescentes a não cair no álcool.

A minha história com o álcool foi assim. Eu era ainda criança quando tive o primeiro contato com o álcool. Tinha 10 anos. Meus pais me deram a liberdade para sair para as festas, mas eu só ia para as festas com jovens mais velhos do que eu, e eu queria ser igual a eles. Comecei a beber com eles e cheguei várias vezes em casa bêbado, e foi assim durante alguns anos.

Com os meus 14 anos, comecei a participar da crisma e passei a ter mais compromisso com a Igreja. Desejava largar o álcool e ser catequista. Eu pensava conseguir alcançar o meu objetivo e largar o álcool mas não conseguia. Em uma festa do fim do ano, bebi tanto que passei mal por alguns dias. Depois disso, decidi parar de beber. Mas o problema do álcool em minha família não acabava. Pois, meu pai era alcoólatra a ponto de, um dia, ter que ir buscá-lo bêbado num bar. Pois, ele não conseguia andar. Passei tanta vergonha com meus amigos e colegas que prometi para mim mesmo que, no dia que eu tiver filhos, eles jamais passarão por aquilo que passei.

Hoje, sou casado. Tenho filho, e, graças a Deus, eu e meu pai não bebemos mais.

Testemunhos dados no encontro do domingo 10 de agosto:
Testemunho 1:

É a segunda vez que participo da Pastoral da Sobriedade. Fui chamado para ser Ministro da Palavra há pouco tempo. Eu sei que devo parar de beber. Tenho tentado, mas não é fácil. Vou conseguir com a graça de Deus. A comunidade tem-me ajudado muito.

Testemunho 2:

Convidei um adolescente para participar do encontro e fiquei feliz porque ele aceitou. Hoje está aqui participando. Pensei que é bom que ele participe para evitar que ele entre neste caminho. Também para ele poder ajudar o seu irmão. Estamos sempre em oração para que haja paz.

Testemunho 3:

Estou aqui a convite da Marinez. Na minha Diocese (Uberlândia-MG), não tem esta Pastoral. O que existe, é o AA. Percebo que a Pastoral da Sobriedade é diferente. As pessoas participam e ela ajuda as pessoas encontrarem seu valor e conhecer Cristo. Não tenho esta doença, mas me lembro que minha mãe sempre pedia a meu pai para que ele deixasse de beber. O álcool é um câncer na vida das pessoas.

Testemunho 4

Tenho um filho que tem uns 30 anos e bebe desde os 18 anos. Abandonou a Igreja, os sacramentos. Rezo de joelhos todos os dias pela sua recuperação. Como mãe, já fiz o que estava ao meu alcance. Quero participar desta Pastoral. Espero que chegue até ele o convite e o exemplo de outros.

Testemunho 5:

Meu avô sempre bebeu muito, e, infelizmente, até hoje, não reconheceu o seu problema. Isso sempre trouxe muitos transtornos a toda família, pois ele descontava tudo na minha vó. Participar, hoje, deste encontro da Pastoral da Sobriedade, mexeu muito no meu interior. Pois, ouvindo os testemunhos, pude perceber que, ainda que meu avô já esteja bem velhinho, eu não posso desistir dele. Envergonho-me quando pensava e dizia: “Não tem mais jeito”. Tem jeito! Tudo é possível ao que crê.

Testemunho 6

Hoje, através da Pastoral da Sobriedade, estamos caminhando e animados. A comunidade tem nos apoiado muito. Sabemos que, sozinho, não conseguimos. Mas, com a ajuda da comunidade e de todos, e com a bênção de Deus, iremos vencer. Assim, seremos capazes de ajudar outros. Já tem dado muito resultado. Somos um grupo de oito que participamos.

Testemunho 7:

Quando fui convidado para participar da Pastoral da Sobriedade não sabia o quanto seria importante em minha vida. Há 15 anos atrás perdi a vista por causa do álcool. Na verdade comecei tomando cerveja. Com o trabalho iniciado na paróquia através da Pastoral da Sobriedade deixei de beber. Graças a Deus vou levando também esta experiência para a minha família. As coisas mudaram também na comunidade. Fazemos a oração da Sobriedade em todo Círculo Bíblico e está sendo ótimo porque assim atingimos a todos os que têm a doença alcoólica. O importante é dar continuidade.

Testemunho 8:

Há 27 anos que participo do Alcoólicos Anônimos. Têm me ajudado muito. Hoje participo da Pastoral da Sobriedade. Participo da associação de Pedra Menina. Mesmo tendo muito tempo que sou do Alcoólico Anônimo, tenho vergonha de convidar outros para participarem comigo. Não é fácil. Em Pedra Menina, com a Pastoral da Sobriedade, nos reunimos toda semana na sexta-feira as 19h00. Oito pessoas participam do grupo. Está sendo ótimo. Lá, aprendemos a amar a palavra de Deus e a cada um. Está sendo uma experiência que jamais vamos esquecer. Espero que sejamos firmes.

Testemunho 9:

Com 18 anos, meu irmão começou a beber. Dava muito trabalho para minha mãe. Um dia, foi para festa. Na volta, sofreu um acidente e morreu. Na família não temos problema com o álcool, mas, na comunidade, temos pessoas que tem o vício. Por isso, achei importante participar do encontro para entender melhor o que é a pastoral da sobriedade e assim ajudar pessoas da comunidade. No Círculo Bíblico rezamos a oração da Sobriedade. Há uma pessoa que participa do Circulo Bíblico e que tem o vício. Graça à ajuda do círculo bíblico e desta oração da sobriedade, já faz um mês que ela não bebe.

Testemunho 10

Hoje estamos aqui somos família com o mesmo objetivo: lutar contra o álcool. A primeira droga é o álcool. O que me traz aqui hoje é o desejo de receber a paz e dar a paz. Hoje percebo os erros que cometi.

Faz 25 anos que não bebo. Aqui, no meio de vocês, partilho esta experiência. Eu participo dos Alcoólicos Anônimos. Graças a Deus que existe a Pastoral da Sobriedade. Um dia me comprometi a não beber diante dos amigos e de Deus. Por isso tento cumprir minha palavra.

Sinto alegria de estar aqui. Vocês são a minha família. Também estou contente pelo Pe. Gérard da França, estar aqui. Ele é um missionário no meio de nós.

Testemunho 11

Muitos já ouviram minha história, de como conheci o álcool e como conheci a Pastoral. Comecei a beber cedo. Achava que tinha controle, mas não era assim. Quando se falava da Pastoral da Sobriedade nas reuniões, eu e meu padrinho, também coordenador e ministro da palavra, ficávamos pensando: “Como vamos fazer para falar da Pastoral da Sobriedade se nós bebemos?”. Recebi o convite para participar da Pastoral da Sobriedade. O Pe. Bruno me apoiou com muito amor.

Vendo minha atitude, meu padrinho também resolveu parar com o álcool. Nós queremos dar exemplo para outros acreditar que é possível e vale a pena se libertar. Assim queria ficar sóbrio sempre. Peço a Deus em minhas orações a sobriedade para um dia sempre após o outro e não após um ano. Peço sempre a oração de todos para superar esta doença. No início, cai algumas vezes. Agora, estou tentando, mas recebo a força. Não é como agente quer. Se não tivermos apoio, não conseguimos.

Fazia minha mãe sofrer e não sabia quanto ela sofria. Para mim, estava tudo bem. Hoje sei o quanto a fiz sofrer.

Testemunho 12:

Eu não esperava que o encontro fosse assim, tão cheio de graça, quanto bem realizado. Quando estava preparando o encontro, eu não tinha entusiasmo. Pensei que não viria ninguém, mas me surpreendi com a presença de todos e o desejo de continuar lutando.

Estou nesta caminhada através da Pastoral da Sobriedade, buscando força para entender esta doença que tanto vem sacrificando minha família. Pois, minha mãe é alcoólatra, já em um estágio grave. Nossa família sofre muito. Não sabemos o que fazer porque ela não aceita ajuda nem da família, nem de amigos e da Igreja. Hoje, ela se encontra afastada de tudo e de todos. Isso me machuca muito. Nós queremos uma família sem o álcool, uma família capaz de viver a harmonia e o amor.

Capítulo 3: Textos de referência do nosso trabalho missionário

Quando chegamos em Dores, o Pe. Juarez era pároco da paróquia São Miguel Arcanjo em Guaçui e Administrador Paroquial da paróquia Nossa Senhora das Dores de Dores do Rio Preto, eu era vigário nas duas paróquias, assinamos juntos, no Paroquiano (Jornal da paróquia São Miguel Arcanjo) e na « Caminhada Paroquial » (Jornal da paróquia Nossa Senhora das Dores), este editorial. Fiquei comovido em ler de novo este editorial e em medir o caminho feito em 4 anos.

No primeiro ano, ano de descoberta, trabalhei a pedir às pessoas, depois da proclamação do Evangelho, e antes da homilia dele, de partilhar as “palavras de vida” e fiz muitas visitas de casa em casa para conhecer o povo onde eu fui enviado e elaborar uma pastoral a partir daí.

No segundo ano, foi fundada a “Escola de Teologia Bíblica” em Dores e em Pedra Menina, lendo todo o Evangelho de Lucas uma quarta-feira a noite por mês.

No terceiro ano, iniciamos a Escola de Teologia Bíblica depois das missas nas comunidades rurais e numa quarta-feira por mês em Dores e em Pedra Menina. Houve muita gente nas comunidades rurais, e menos em Dores e Pedra Menina. No total, uma média de 220 pessoas participaram nesta paróquia de 6 800 habitantes.

No quarto ano, tentamos colocar a Escola de Teologia Bíblica depois das missas do primeiro domingo do mês em Dores e em Pedra Menina. A participação aumentou, mas nada a ver com a forte participação nas comunidades rurais onde ela continuou a crescer. A média dos 7 primeiros meses de 2009 foi de 245 pessoas que participaram cada mês.

Outro passo: a comunidade Matriz pediu para voltar a experiência que vivemos no tempo eleitoral de chegar 20 minutos antes das missas e celebrações para um tempo de adoração eucarística, proclamando o Evangelho do dia e cada um partilhando “palavras de vida”. Isso foi feito para tentar viver eleições diferentes, sem brigas. Ajudou muito, e a assembléia da comunidade matriz pediu para recomeçar esta prática que ajudava tanto a entrar nas missas, a encontrar Jesus na palavra. A comunidade Sagrada Família seguiu o mesmo caminho.

Paralelamente, o Pe. Juarez fundou a Escola de Teologia Bíblica na paróquia São Sebastião de Cachoeiro de Itapemirim onde ele foi enviado, lendo o Evangelho de Marcos. Às vezes, são mais de 70 pessoas que ficam para partilhar assim a palavra de Deus.

1. Ir ver Jesus no Evangelho (Fevereiro de 2006)

Caríssimos paroquianos,

Chegando a Dores para viver a missão convosco, gostaríamos de partilhar uma preocupação que temos: ajudar uns aos outros, a sempre mais ir ver Jesus no Evangelho. Quando tomamos contatos com alguns responsáveis da paróquia de Nossa Senhora das Dores, em dezembro, iniciamos o encontro partilhando o Evangelho do dia, cada um dizendo a “palavra da vida” que acolhia neste Evangelho, buscando juntos, indicações para caminhar no ano que já se iniciou.

Neste Evangelho da apresentação de Jesus no templo, vimos o velho Simeão inteiramente preocupado em ver Jesus, acolhê-lo, tomá-lo nos braços, reconhecendo nele o Messias, aquele que é a luz para iluminar todas as nações.

A partir desta meditação do Evangelho, vimos que era preciso irmos ver Jesus, irmos ver Jesus na sua palavra, no Evangelho, irmos ver Jesus no encontro dos homens, em particular nos mais pobres.

No início deste caminho juntos em Dores, se tivermos um voto a fazer para vocês, para nós párocos também, seria, ajudar-nos a realmente “ir ver Jesus no Evangelho”.

Quantos católicos que nunca vão ler o Evangelho, que nunca vão ver quem é Jesus, o que ele faz, o que ele diz, como ele ama! No outro dia, fomos visitar alguém que ficou afastado da Igreja durante muitos anos. Teve um problema de saúde serio, uma perna amputada e voltou para a fé. A pessoa que nos conduziu para visitá-lo, disse: “Deve ser Deus que enviou esta doença para fazê-lo refletir…”

Que você pensa? Seria digno de um Deus de amor provocar uma doença grave para forçar uma pessoa voltar a Igreja? Vocês que amam os seus filhos, fariam isso? Onde podemos ver um tal sentimento de Jesus no Evangelho? Não há.

Como poderemos testemunhar, falar no Espírito de Jesus, ter os sentimentos dele, o olhar dele, a escuta dele, as ações dele, sem ir cada dia “ver Jesus no Evangelho”? Como seguir Cristo sem olhar, com precisão, quem é ele, o que diz, o que faz? Olhando Jesus no Evangelho, poderemos conhecê-lo melhor; conhecendo-o melhor, poderemos amá-lo melhor; amando-o melhor, poderemos segui-lo realmente, dá-lo a conhecer, como os pastores que regressaram de Belém, louvando a Deus e contando a todos tudo o que tinham visto e ouvido.

Há muitos que pensam não serem capazes de ler e compreender o Evangelho. Vamos nos ajudar a superar o nosso medo. Não mentimos, quando dizemos que são os que foram menos à escola, e mesmo pessoas que não sabiam ler nem escrever, que nos ensinaram o Evangelho, porque têm uma capacidade extraordinária de acolher Jesus, no Evangelho, pela inteligência do coração.

Nós lhes propomos não mais iniciar um encontro de cristãos (liturgia, terço, música, etc.) sem começar, por um tempo, onde se medita o Evangelho do dia. Nós lhes propomos ainda, fazer o máximo para virem às celebrações das Comunidades de Base, às missas, já tendo lido o Evangelho do dia, já tendo escolhido uma ou duas palavras, deste Evangelho, que lhes chamam mais atenção, que lhes falam mais, que podem ser “palavra da vida” para vocês. Para todos vocês, mas em particular para uns, dentre vocês, que têm responsabilidade (ministro da eucaristia, da palavra, coordenadores, etc.), porque não viver isso na família, em casa?

O que lhes propomos é ler o texto uma vez em voz alta, num clima de oração. Não nos esqueçamos que não estamos diante dum texto, mas na presença de Jesus que quer falar hoje a cada um de nós. Depois, cada um lê de novo o texto, em silêncio, várias vezes, até escolher uma frase que o toca mais. Depois, cada um lê a frase que escolheu, eventualmente explica sucintamente porque a escolheu. O importante é começar lendo a frase tal qual está no Evangelho. Escutamos cada um falar sem debater, tudo isso num clima de oração.

Por isso, a partir deste número do paroquiano, nós indicaremos as referências dos Evangelhos de cada dia. Se vocês não sabem encontrar as leituras a partir das referências, peçam ajuda. Não vamos conseguir vivenciar isso numa só vez. Mas, juntos, com a força do Espírito Santo, nos ajudando uns aos outros, iremos ver Jesus no seu Evangelho e voltaremos transformados. Assim nos tornaremos, juntos, padres, diáconos, irmãs, leigos, cada dia mais verdadeiros discípulos e apóstolos de Cristo.

Como diz o Padre Chevrier, fundador do Prado:

–     “Para que serve o Evangelho se não o estudamos, se não o lemos?”

Padres Juarez e Padre Bruno

2. Escola de teologia bíblica para todos: Venha participar! (Janeiro de 2007)

Eis o convite para lançar a Escola de Teologia Bíblica em todas as comunidades na « Caminhada Paroquial »

Nas avaliações das comunidades, das pastorais e dos movimentos, foi pedido mais formação.

Cada grupo, cada pastoral ou movimento, receberá formação específica. Mas a primeira formação que vamos viver juntos e que não será primeiro intelectual, mas que será primeiro a experiência de pessoas fazendo juntos estudo do Evangelho a maneira do Padre Chevrier, fundador do Prado, será de ler os Atos dos Apóstolos num ano (finalmente repartimos os atos em 2 anos).

O tema da Quinta Conferência do C.E.L.A.M. em Nossa Senhora Aparecida e que decidimos tomar para o ano que vem é

« Discípulos e missionários de Cristo para que Nele os nossos povos tenham a vida em abundância »

Lendo o livro que conta os atos que fizeram os apóstolos depois da ressurreição de Jesus, da sua Ascenção ao céu e do dom do Espírito Santo no Pentecostes, vamos juntos nos deixar conduzir pelo Espírito Santo. Partilhando a palavra, vamos, como a primeira comunidade, deixar o Espírito Santo nos tornar mais Igreja, mais discípulos e missionários de Cristo.

Este trabalho não substitui os Círculos Bíblicos, bem pelo contrário! Ele vem dar força aos nossos de Círculos Bíblicos que se tornarão ainda mais a base das nossas comunidades, o lugar para viver a missão.

Para quem, quando e onde?

Realmente, nós contamos com a participação de todos vocês… Sabemos que não é possível, mas esperamos muitos virem participar.

Vamos fazer um esforço sem precedente para propor a formação cada mês e lhes trazer a palavra em cada comunidade, a seguida da missa do mês.

Todos são convidados, inclusive as pessoas que não têm leitura. Nós contamos mais particularmente com a participação de todas as pessoas que têm cargo: coordenadores, ministros da palavra e da eucaristia, catequistas, etc.

Será o lugar também para adultos prepararem o batismo, a primeira comunhão, a crisma, articulando esta formação com tempos de partilha específicas para esses adultos.

Será um lugar para os jovens que participam das missões virem se formar também e achar a força para animar os grupos onde eles caminham.

Como participar?

  • Cada um está convidado a ler em casa os capítulos indicados na “Caminhada Paroquial” para o encontro a seguir. Quando alguém não tem leitura, ele pede outro para ler para ele, e, mesmo que não puder ler, ele vem!
  • Tal como este ano, cada um está convidado a ter um caderno onde ele anota o título do parágrafo lido, copia « palavras de vida », eventualmente escreve uma oração a partir de tal ou tal versículo.
  • A cada encontro, nós leremos o trecho, partilharemos « palavras de vida », orações criadas por alguns.
  • Depois, a partir do trecho lido, nós buscaremos compreender:
  • O que se diz da Igreja, da sua maneira de viver, de se organizar?
  • O que é se deixar conduzir pelo Espírito Santo? Como?
  • O que é ser discípulo e missionário, apóstolo?
  • Quais luzes para as nossas comunidades?
  • Se acontecer alguém faltar um encontro, está sempre convidado.

A repartição dos capítulos sobre dois anos:

1° ano: Atos 1-14

–     Fevereiro: 1 / O nascimento da Igreja a partir da festa da Assunção

–     Março: 2 Pentecostes e primeira comunidade ideal

–     Abril: 3 e 4 / cura do paralítico e primeira comunidade ideal

–     Maio: 5 / Ananias e Safira, prisão de Pedro e João, Gamaliel

–     Junho: 6 e 7 / Instituição dos Sete, martírio de Estêvão

–     Julho: 8 / Missão de Filipe na Samaria e confirmação por Pedro e João, Encontro entre Filipe e o Eunuco na estrada de Gaza

–     Agosto: 9,1-31 / Conversão de Saulo

–     Setembro: fim do 9, 10 e 11 / Pedro cura um aleijado em Lido, ressuscita Tabita, vai na casa de Cornélio

–     Outubro: fim do capítulo 11, e capítulo 12 / fundação da Igreja de Antioquia, nova prisão de Pedro, morte de Herodes

–     Novembro: 13 / primeira viagem missionária de Paulo. Em Antioquia de Pisídia

–     Dezembro: 14 / Icônio, Listra e Derbe e regresso para Antioquia da Síria.

2° Ano : Atos 15-28

–     Fevereiro: 15 / encontro de Jerusalém

–     Março: 16 / Início 2ª viagem Paulo de Antioquia para Filipos

–     Abril: 17 / de Tessalônica para Atenas

–     Maio: 18 / Paulo em Corinto, regresso para Jerusalém e Antioquia, início 3ª viagem

–     Junho: 19 / Efeso, batismo, Ártemis e Demetrius

–     Julho: 20 / Grécia e início regresso 3ª viagem, ressurreição em Troade, discurso em Mileto

–     Agosto: 21 e 22 / Tiro, Cesaréia, chegada em Jerusalém e testemunho de Paulo diante da fortaleza.

–     Setembro: 23 e 24 / Paulo diante do Sinédrio e transferência para Cesaréia. Paulo diante de Felix.

–     Outubro: 25 e 26 / Saulo em Cesaréia testemunha diante de Agrippa e Berenice.

–     Novembro: 27 / Viagem para Roma

–     Dezembro: 28 / Malta e Roma

Irmã Maria do Socorro e Pe Bruno

3. Encontrar Jesus na Palavra (Editorial Dezembro de 2008)

Tempo do Advento e Natal… E o Verbo, a Palavra, se fez carne… Juntos, ajudar-se para ler de maneira orante a Bíblia

Entramos no tempo do Advento onde “uma voz grita no deserto: preparai os caminhos do Senhor, endireitai as suas estradas” e nos prepara a celebrar o mistério de Deus que não fica distante, mas se faz carne, a Palavra que se faz homem em Jesus. Quero convidar vocês a entrar neste período do Advento colocando a Palavra no centro da nossa vida pessoal, no centro da vida da nossa paróquia, no centro da vida das nossas comunidades, dos nossos movimentos e pastorais. A novena de Natal será um momento forte para isso, um momento missionário. Mas não espere a novena para fazê-lo.

Ir ver Jesus no Evangelho em Dores

Chegando em Dores, há 3 anos atrás, escrevemos um editorial chamando cada um de nós a “Ir ver Jesus no Evangelho”. Quantas vezes, depois da proclamação do Evangelho na missa, perguntei: “Haverá alguém que aceita partilhar conosco uma “palavra de vida”? Quantas pessoas começaram, ou foram confirmadas neste esforço, a ler o Evangelho em casa. Quantos casais ou noivos testemunham de que, rezar unidos, partilhar o Evangelho, faz crescer o amor entre eles.

Este domingo, 2 de novembro, preparava um casal juntado para o sacramento do matrimônio. Eles participaram de um encontro de namorados em Pedra Menina e testemunharam: “Depois do seu chamado, começamos a rezar juntos com o Evangelho. Cada dia lemos um trecho do Evangelho. Um dia, é ele que comenta a palavra para mim; no outro dia, faço para ele. Isso fez crescer muito o nosso amor.”

Na « Caminhada Paroquial » de junho de 2008, no artigo “Leia o Evangelho e deixe Jesus agir em ti”, Ana Cláudia explica como ela descobriu o valor da missa com esta provocação de partilhar a “palavra de vida”, como ela foi chamada a ser ministra da Palavra depois, e como a sua vida conjugal, que era conflituosa, mudou.

No segundo ano da nossa presença em Dores, lançamos a Escola de Teologia Bíblica em Dores e em Pedra Menina e lemos o Evangelho de Lucas. Neste ano de 2008, iniciamos a leitura dos Atos dos Apóstolos em todas as comunidades depois da missa. Os que participam testemunham a riqueza para a vida de cada um e para a vida das comunidades, dos movimentos, deles próprios.

Chamo os que ainda não ouviram este chamado a vir partilhar os Atos dos Apóstolos conosco e assim, deixar Jesus nascer mais na nossa Igreja de Dores.

“Para que serve o Evangelho se não o lemos?” (Antônio Chevrier, Prado)

Pertenço a uma associação de padres diocesanos que se chama “o Prado”, nome da sala de Baile que comprou o fundador, Padre Chevrier, para acolher crianças da rua, prepará-las para a primeira comunhão e formar também padres diocesanos pobres para os pobres.

Padre Juarez está entrando nesta associação e Pe Genivaldo participa dos nossos encontros. Pe Wagner de Alegre também, assim como Pe Olímpio (responsável do Prado do Brasil). Nesta associação, nos ajudamos passando horas a encontrar Jesus no estudo orante da sua palavra.

“Na vida de Nosso Senhor encontram-se a sabedoria e a luz. É nestes pequenos detalhes que encontramos toda a regra de conduta e que encontramos a perfeição e um ensinamento seguro e segundo Deus, pois que é o próprio Deus que se manifesta a nós. Para que serve o Evangelho se não se o lê?”

“Expressar a alegria de sermos discípulos do Senhor enviados com o tesouro do Evangelho (Aparecida)

No mês de maio de 2007, bispos de toda a América Latina nos convidaram a nos tornar mais discípulos e missionários e insistiram para dizer que era urgente os católicos encontrarem “a pessoa de Cristo”, encontrá-lo em particular na sua Palavra:

Com a graça do Espírito Santo, queremos ajudar uns aos outros a nos tornar “discípulos e missionários que respondam à vocação recebida e comuniquem por toda parte, transbordando de gratidão e alegria, o dom do encontro com Jesus Cristo. Não temos outro tesouro à não ser este. Não temos outra felicidade nem outra prioridade senão a de sermos instrumentos do Espírito de Deus na Igreja, para que Jesus Cristo seja encontrado, seguido, amado adorado, anunciado e comunicado a todos, não obstante todas as dificuldades e resistências. Este é o melhor serviço, – o seu serviço! – que a Igreja deve oferecer às pessoas e nações” (DA 14).

“Neste encontro com Cristo, queremos expressar a alegria de sermos discípulos do Senhor e de termos sido enviados com o tesouro do Evangelho. Ser cristão não é uma carga, mas um dom: Deus Pai nos abençoou em Jesus Cristo seu Filho, Salvador do mundo” (DA 28).

“Tome e coma a Palavra!” (Sínodo sobre a Palavra em Roma – 26/10/2008)

Acharão neste jornal uma apresentação da declaração dos Bispos em Roma. Mas, o que é impressionante é que, em todos os países do mundo se exprime esta urgência de que nós, católicos, leiamos mais o Evangelho (a Bíblia de maneira geral) para encontrar Cristo na sua Palavra, conhecê-lo, amá-lo, segui-lo, anuncia-lo. Eles concluem o texto com uma citação do Livro do Apocalipse que diz: “Tome e coma a Palavra!”

A assembléia da diocese de Cachoeiro de Itapemirim no seu Jubileu de ouro

No domingo 23 de outubro, a Assembléia da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim tomou como prioridade colocar a Palavra de Deus no centro da nossa vida pessoal, da vida das nossas comunidades e convidou todos os católicos a se tornarem inventivos nesta direção.

É uma confirmação forte para nós e um incentivo para caminhar mais. Se falou muito, tanto em Roma como em Cachoeiro, da necessidade de incentivar os Círculos Bíblicos: criar Círculos Bíblicos aonde não houvesse; chamar os homens a participarem também, porque a Bíblia não é reservada às mulheres e às crianças; ver como melhorar o caráter orante dos Círculos Bíblicos e a expressão de todos; ver como os tornar mais missionários.

Participar da Assembléia da paróquia no dia 6 de dezembro e das assembléias das nossas comunidades a seguir,

Convido vocês a participarem das Assembléias que vão ocorrer em todas as comunidades. Convido as comunidades e os movimentos a se tornarem bem presentes na Assembléia da nossa Paróquia no sábado 6 de dezembro.

Um objetivo principal: “Como ir ver Jesus na sua palavra, tal como os pastores ou os magos? Como voltar transformados, andando por “outro caminho”, como os magos? Como entrar na atitude de Maria que guardava tudo no seu coração e se preocupava em fazer Jesus crescer no mundo? Neste tempo do Advento e de Natal, e no ano que vem, deixemos a Palavra de Deus nascer e crescer na nossa vida, dar frutos.

4. Ler o Evangelho indo ao encontro de Jesus (Janeiro de 2009)

Eis o editorial da « Caminhada Paroquial » (jornal da paróquia Nossa Senhora das Dores) de janeiro de 2009.

Na « Caminhada Paroquial » de dezembro, apresentei os chamados recebidos

–     da Quinta Conferência de Aparecida em maio de 2007, onde os bispos da América Latina, nos convidaram a nos tornar mais “discípulos e missionários”, trabalhando para encontrar mais a pessoa de Cristo e a entrar mais neste tesouro do Evangelho, da Bíblia.

–     dos bispos do mundo inteiro, reunidos em Sínodo e que nos convidaram a “tomar e comer a Palavra de Deus”

–     da Assembléia da nossa diocese que escolhei esta prioridade para os 3 anos que vêm: “A centralidade da Palavra de Deus, com seus desdobramentos na missão e no serviço da caridade”.

A Assembléia da nossa paróquia que ocorreu no sábado 6 de dezembro de 2008, nos convida a realmente ir ao encontro de Cristo na sua Palavra e a convidar outros para viver este encontro. Aí estão propostas que surgem destes chamados insistentes que recebemos neste momento. Que cada um veja como adaptá-las a sua situação.

1. Ler o Evangelho na oração pessoal

Para os que têm leitura, ler um trecho do Evangelho cada dia na oração da manhã ou da noite, ter um caderno onde anota uma “palavra de vida” que vai orientar o seu dia. Pode também anotar um fato onde percebe a obra do Espírito Santo neste dia, ou um chamado que percebe: ir visitar fulano, ficar mais à escuta de fulano.

Aquele que não tem leitura pode decidir prestar mais atenção à missa no rádio ou na televisão e guardar uma “palavra de vida” no coração cada dia.

2. Rezar em família com o Evangelho

No casal, cada semana, ler o Evangelho do domingo, guardar um momento de silêncio, partilhar “palavras de vida”, depois fazer releitura da semana e poder dizer “obrigado”, “perdão”, “faz favor”, tanto a Deus como ao esposo, à esposa, se preparar para chegar assim na celebração do domingo, na missa, trazendo no coração a palavra de vida, a vida da família. Isso, com certeza, transformará a participação na celebração, na missa, no círculo bíblico.

Alguns já testemunham a força para eles em partilhar a palavra de Deus cada dia no casal, com os filhos… Que sorte!

É bom achar um jeito para ler o Evangelho com as crianças, em função da idade deles, rezar proclamando a palavra de Deus e ajudando as crianças a buscar palavras de vida. Partilhar entre as famílias, como conseguimos nos organizar para isso, os frutos que dá.

3. Participar dos círculos bíblicos e torná-los círculos bíblicos mais orantes e missionários

É a prioridade principal que surgiu da Assembléia da Paróquia e da Diocese. Temos de reanimar os Círculos bíblicos, torná-los mais orantes, mais missionários, reiniciar os que pararam, convidar homens a participarem mais. Acharão sugestões nesta « Caminhada Paroquial ».

4. Participar das celebrações e das missas, chegando com “palavras de vida”

Tudo o que precede nos dará força para chegar às celebrações, às missas, com palavras de vida escolhidas e aproveitar bem melhor destes momentos essenciais da nossa vida cristã, mesmo se o padre não fizer sempre a pergunta: “Quem aceita partilhar uma “palavra de vida”?”

5. Participar dos Atos dos Apóstolos

Convidamos todos, e particularmente todos os que têm cargos na Igreja, em particular, animadores de círculos bíblicos, catequistas, catecúmenos, ministros da Palavra, da Eucaristia, coordenadores, membros dos movimentos, das pastorais, a participar deste momento de formação orante.

Convidamos os que já participam e que têm a possibilidade, de preparar num caderno antes de vir, para aproveitar mais deste momento.

Vimos nos Atos dos Apóstolos que era a Palavra que agia, edificava a comunidade. É nesta escuta em comum da Palavra de Deus que o Espírito Santo poderá fazer crescer cada um de nós e as nossas comunidades.

Agora, a Escola de Teologia Bíblica se fará depois da missa em todas as comunidades (incluíndo São Raimundo e Sagrada Família). Na Matriz, continuaremos a leitura na primeira quarta-feira do mês sobre a segunda metade dos Atos dos Apóstolos. Depois da missa da manhã e uma hora antes da missa da noite do primeiro domingo do mês, haverá Escola de Teologia Bíblica sobre a primeira metade dos Atos dos Apóstolos, para os que não participaram no ano de 2008.

É aqui que nos formaremos juntos nesta leitura orante e no conhecimento da Palavra. É aqui que nos colocaremos como na escola da primeira comunidade cristã para nos tornar mais discípulos e missionários em Dores.

6. Em cada pastoral e movimento, colocar a palavra de Deus lida de maneira orante no centro

Contamos com cada pastoral, cada movimento, para que se torne criativos para colocar a palavra de Deus no centro e ajudar cada um a se deixar encontrar por Cristo na leitura da Palavra de Deus, na Bíblia. Contamos com cada um para partilhar como ele se organizou, como isso deu frutos.

Pe Bruno

5. Renovar os Círculos bíblicos e fazer deles uma prioridade absoluta (Janeiro de 2009)

(cf. Artigo no início desses Atos dos Apóstolos de Dores do Rio Preto)

6. Encontro dos Círculos Bíblicos (8 de março de 2009)

(Artigo publicado na « Caminhada Paroquial » de abril de 2009 apresentando as decisões do encontro paroquial dos animadores de Círculos Bíblicos)

 “Tome e come a Palavra”… Se tornar “discípulos e missionários”… é o que tentamos viver escolhendo como prioridade principal neste ano os Círculos Bíblicos.

No domingo 8 de março, 80 pessoas vieram avaliar a prática dos nossos Círculos Bíblicos. Desde o início do ano alguns Círculos Bíblicos foram fundados. Às vezes, foi um grande Círculo Bíblico que se “multiplicou”. Em vez de ficar grande demais, fizeram 2 Círculos Bíblicos. Outras vezes, uma ou duas pessoas, foram num lugar sem Círculo Bíblico para incentivar pessoas a se organizar. Homens que não participavam mais, voltaram e convidaram outras.

Nos Círculos Bíblicos, houve também encaminhamento para crianças participarem da Pastoral da Criança, da catequese, para adultos receber sacramentos que não tinham. Houve pessoas dos Círculos Bíblicos a ir visitar pessoas doentes, idosos, etc.

O novo esquema onde utilizamos o Refletindo com mais liberdade foi avaliado. Lembramos que este esquema é para se adaptar à situação própria de cada Círculo Bíblico: (cf. Artigo no início desses Atos dos Apóstolos de Dores do Rio Preto)

(…)

Lhes lembramos que, quando se fala de “palavra de vida”, é um convite à dizer uma palavra do Evangelho tal como se encontra no Evangelho, mas que, os que podem, não hesitam em comentar esta palavra, dizer como ela fala a eles, na vida deles. Isso enriquece muito a partilha, a condição de não fazer “homilia”, ou fazer teoria e mas de falar a partir do coração, numa atitude orante e deixando tempo aos outros para partilhar.

Quando o texto proposto pelo Refletindo parece difícil demais, não hesite em substituir pelo Evangelho do domingo que segue, eventualmente pela primeira ou segunda leitura do domingo. Se o Evangelho do domingo é curto demais, pode-se meditar no mesmo encontro do Círculo Bíblico o Evangelho e uma das duas outras leituras

Por isso, insistimos sobre a necessidade de os animadores de Círculos Bíblicos “preparar” e “se preparar” para animar os Círculos Bíblicos:

–     Uns dias antes do encontro do Círculo Bíblico: olhar os textos propostos pelo Refletindo, meditá-los, eventualmente escolher outro texto do domingo.

–     Nos dias antes, visitar as pessoas, lembrar do encontro.

–     Antes de ir animar o Círculo Bíblico, PREPARAR-SE, rezar, pedir o Espírito Santo para saber acolher as pessoas do Círculo Bíblico, ajudar cada um a ficar num clima orante, a se exprimir e escutar os outros.

Para fortalecer a dimensão missionária dos Círculos Bíblicos, decidimos que:

–     Nas comunidades pequeninas, os animadores de Círculos Bíblicos pedirão 5 minutos em cada C.P.C. para partilhar as iniciativas missionárias do mês passado e pensar nas iniciativas a tomar no mês seguinte.

–     Nas comunidades de São Raimundo, Sagrada Família, Nossa Senhora das Dores, o coordenador dos Círculos Bíblicos reunirá todos os animadores uma vez a cada dois meses para olhar o Refletindo, ver se há textos difíceis demais, e partilhar sobre as iniciativas missionárias que foram tomadas nos dois meses precedentes, ver outras iniciativas a tomar nos dois meses a seguir.

Lhes lembramos os diversos aspetos para viver a missão nos Círculos Bíblicos:

–     O Círculo Bíblico deverá marcar reunião nas casas que não participam (e continuando a marcar Círculo Bíblico nestas casas, de vez em quando, mesmo que essas famílias nunca aceitem vir participar em outras casas).

–     Um Círculo Bíblico de grande tamanho se “multiplicar”.

–     Uma ou duas pessoas de um Círculo Bíblico indo fundar novo Círculo Bíblico num lugar que não tem.

–     Pessoas do Círculo Bíblico indo visitar pessoas isoladas, afastadas, novas, na doença, ou para propor sacramentos, participação à comunidade, à Pastoral da Sobriedade (com muito cuidado para não ferir), à catequese, à Pastoral da Criança, etc.

–     Pessoas do Círculo Bíblico indo visitar família crente só para manifestar o amor, às vezes sem falar de Jesus, e, sem fazer como ouvimos falar em São José Monte Verde onde o Pastor da Igreja Batista de Mundo Novo vai todas as semanas pressionar um grupo de famílias católicas para elas passarem para a Igreja Batista. Isso se chama proselitismo e não corresponde ao Evangelho.

7. Propor os sacramentos e passar da Igreja do “não pode” à Igreja do “Ide, acolhei, anunciai e acompanhai” (Julho de 2009)

(Artigo publicado na « Caminhada Paroquial » de julho de 2009).

Já há um tempo que trabalhamos vivendo uma revolução na maneira de acolher os pedidos de sacramentos (batismo das crianças e dos adultos, outros sacramentos). O C.P.P. (Conselho Pastoral Paroquial) de maio convidou os membros das equipes de batismo para refletir sobre como anunciar o Evangelho “seguindo os passos de Jesus e adotando suas atitudes” (Cf. Documento de Aparecida n° 31).

Antes, quando alguém pedia o batismo para uma criança, a equipe de batismo estava orientada a verificar se não havia “impedimento” para os pais ou padrinhos para este sacramento. Havia também uma tradição que provocou muitas feridas em várias comunidades: o C.P.C. votava para saber quem podia receber o batismo, quem podia ser padrinho. Não sabemos de onde vem esta tradição que não está nas diretrizes da diocese de Cachoeiro de Itapemirim, e pedimos às pessoas que se sentiram discriminadas a perdoar as pessoas que tinham este cargo complicado e, se desistiram de pedir o batismo ou outro sacramento, para vir se apresentar de novo.

Hoje, não relativizamos nada do ideal: a Igreja de maneira geral, em Dores em particular, chama as pessoas que pedem um sacramento a viver uma fé completa, a seguir os ensinamentos da Igreja.

Mas, quando alguém pede o batismo, ou outro sacramento, para ele ou para a sua criança, quando aceita ou pede para ser padrinho ou madrinha, a equipe que acompanha vai ter como primeira preocupação escutar, acolher o dom de Deus no coração da pessoa que está pedindo, tal como Jesus com a Samaritana, a beira do poço de Sichem, tal como Pedro com Cornélio (At 10 e 11), Filipe com o etíope (At 8,26-40), ou como Paulo com Lídia (At 16,11-15). Ela vai acompanhar e ver como ajudar a pessoa a crescer na direção do ideal proposto, com a mesma angústia que Pedro tinha em relação ao soldado romano Cornélio que era pagão: “não impedir Deus de agir” (At 11,17).

Em vez de “regras absolutas” a partir das quais se excluem as pessoas, em cada situação, a equipe, com a ajuda do Padre, buscará como abrir um caminho às pessoas que pedem um sacramento, ou para propor sacramentos às pessoas que ainda não os receberam.

A “exigência” será colocada primeiro do lado da comunidade: o que fazer para acolher tal família bem distante do ideal da fé, como se aproximar dela, acolher o que o Espírito Santo já semeou no coração dela, como cultivar e semear largamente, tal como o Semeador da parábola. E fazemos a experiência que, assim, muitos dos que recebem os sacramentos se deixam tocar e, por amor, não por obrigação do momento, buscam como viver mais da fé em Cristo na situação deles.

Nos casos mais complicados, o padre irá visitar a família e refletir com ela e será ele que, nos casos onde não há caminho que parece possível abrir, dirá não, e não mais a equipe do batismo.

O melhor é ilustrar com dois acompanhamentos que já aconteceram.

Numa comunidade, fazendo visitas de casa em casa, encontramos uma família com duas crianças e esperando o nascimento de um terceiro sem que, nem os pais, nem as crianças, tenham o batismo. Viviam a uma distância de uma hora a pé da comunidade e as crianças eram pequeninas, o que tornava bem difícil a participação às celebrações e missas. A família pediu o batismo para as crianças. Os pais não eram casados e não podiam porque o pai era separado de um primeiro casamento civil. Não tinham leitura o que complicava para uma catequese.

Na perspetiva antiga: havia uma acumulação de “não pode”. Na perspetiva “seguindo os passos de Jesus e adotando suas atitudes”, na perspetiva da “Igreja do ide, acolhei, anunciai e acompanhai”, escutamos o pedido desta família, o fato de eles dizerem que tinham fé, que o melhor dia para este pai foi quando uma comunidade pediu para carregar a cruz durante uma Via Sacra. A comunidade iniciou um Círculo Bíblico neste lugar onde não havia mais e facilitou assim a participação desta família na vida da Igreja. Sem “obrigar”, acharam assim a força e o desejo para vir também às celebrações. Os pais e as 3 crianças receberam o batismo e a comunidade cresceu, acolhendo o dom de Deus no coração, tornando-se missionária.

Numa outra situação, pessoas pediram o batismo de uma criança. A situação era complicada e a equipe de batismo pediu ao padre para vir encontrar a família. Na partilha, os dois pais e os avôs disseram ter fé e prática espirita, e não católica. O padre perguntou porque não faziam o batismo no Centro, explicando que, batizar, não é só pedir uma bênção, mas se comprometer a viver e transmitir às crianças a fé em Jesus Cristo que a Igreja católica professa. Os pais concordaram e não houve batismo na Igreja católica.

O C.P.P. foi ocasião de fazer crescer a nossa consciência na missão que Jesus nos confiou: propor às pessoas, sem nunca pressionar, de conhecer Cristo, participar da comunidade, receber o Espírito Santo nos sacramentos.

Juntos, com as visitas, com a prioridade que damos aos Círculos Bíblicos, tornamo-nos sempre mais “discípulos e missionários”.

Padre Bruno Cadart e o C.P.P.

8. Carta aos católicos (15 de agosto de 2009).

Carta aos Católicos de Dores do Rio Preto
a todos os Círculos Bíblicos
a todas as Comunidades Eclesiais de Base
Para ser lida em todos os Círculos Bíblicos e todas as Comunidades Eclesiais de Base antes da festa da padroeira Nossa Senhora das Dores.

Prezados irmãos e irmãs,

Durante o mês de julho provocamos cada Círculo Bíblico a escrever os seus “Atos dos Apóstolos” e, no Conselho Pastoral Paroquial de agosto, meditamos e discernimos a partir desses Atos. Fazendo esta leitura, sentimos a alegria dos irmãos de Jerusalém escutando Paulo contar a obra do Espírito Santo nas pessoas que encontrou nas missões, e demos glória a Deus por tudo de bom que ele faz nos nossos Círculos Bíblicos (At 21,17-20).

Foi ocasião de perceber ainda com mais força a suma importância dos nossos Círculos Bíblicos: para cada participante poder conhecer Jesus, ler a palavra; para o convívio entre pessoas de um mesmo lugar, uma mesma rua; para crescer humanamente, conseguir tomar a palavra, ler, escutar; para se tornar discípulo e missionário, tal como a Quinta Conferência de Aparecida nos convidou.

Verificamos que muitos descobriram a fé e uma vida em Igreja, receberam sacramentos, porque foram convidados nos Círculos Bíblicos. Vários encontraram apoio no momento de provação, de doença, da perda de um ser querido, ou quando chegaram ao lugar. Alguns conseguiram se libertar da doença do álcool graça a participação no Círculo Bíblico.

Depois da família, primeira célula de Igreja, o Círculo Bíblico é realmente a base das nossas comunidades, da nossa paróquia.

Num momento de forte perseguição onde a fé católica está atacada pelo consumismo, pela mídia, pelas Igrejas crentes, pelo relativismo, ou pelo comodismo, sentimos a suma importância de ter em todos os lugares Círculos Bíblicos animados, orantes e missionários.

Chamamos todos a participarem regularmente dos Círculos Bíblicos. Chamamos todos a adotarem a reforma que lançamos para tornar os nossos Círculos Bíblicos mais orante. Convidamos vocês a utilizarem o esquema que dirigimos de novo inserido nos Atos dos Apóstolos.

Chamamos todos os Círculos Bíblicos a se tornarem mais missionários ainda. Por isso, ide reunir-se em prioridade nas casas das pessoas que aceitam abrir a porta, mas que não vão quando se passa numa outra casa! Ide aos doentes, aos que chegam, aos que se afastaram!

Chamamos os Círculos Bíblicos que são numerosos demais a “multiplicar-se”. Chamamos os Círculos Bíblicos que percebem que há lugares nos arredores que ainda não têm Círculo Bíblico a enviar “missionários”, membros deles para rezar nestes lugares, e esses missionários participarem um tempo neste novo Círculo Bíblico até ele poder andar sem os missionários.

Chamamos os C.P.C. das comunidades para olharem se há lugares assim que precisam da fundação de um Círculo Bíblico, Círculos Bíblicos que precisam ser multiplicados. O mês de outubro, mês da missão, é excelente ocasião para viver esta dinâmica.

Fora dos encontros do Círculo Bíblico, ide “dois a dois” (“um a um”, “três a três…”) visitar as famílias que chegam, que encontram dificuldades.

No Círculo Bíblico, depois das preces e antes da oração final com o Pai Nosso e a Ave Maria:

–     Cada semana, façam a leitura de um trecho dos “Atos dos Apóstolos de Dores do Rio Preto”, para ajudar todos a perceberem a riqueza da ação do Espírito Santo no meio de nós e para que esta riqueza que colhemos se torne riqueza de todos.

–     Comuniquem as informações da paróquia.

–     Falem do dízimo: alertem sobre as necessidades da nossa paróquia em conseguir fazer as obras. Pelo momento, constatamos que o dízimo não aumenta mais e fica no nível de 2008. Já sabemos que teremos R$ 30 000,00 de dívida no fim do ano se todos não ouvirem o nosso chamado insistente. Você que não é dizimista, torne-se dizimista. Você que pode dar mais, faça-o. Você que pode fazer doação, faça no segredo de um envelope. Já lhe agradecemos.

–     De vez em quando, no Círculo Bíblico, façam a leitura de um artigo da « Caminhada Paroquial » que lhe pareceu importante.

Convidamos todos vocês a se tornarem presentes na festa da padroeira Nossa Senhora das Dores na terça-feira 15 de agosto de 2009 onde, na presença do nosso Bispo diocesano Dom Célio, daremos graças por esses “Atos dos Apóstolos de Dores do Rio Preto”, para a obra do Espírito Santo no meio de nós.

Também, neste dia, o Pe Bruno terá um passo importante a nos pedir para viver a missão. Portanto, ele nos convida a fazer tudo o possível para nós participarmos desta missa e podermos acolher juntos este passo a dar.

Lhes lembramos que a procissão saíra às 18h30 da Igreja e que haverá ônibus. Mas, os que podem vir com o carro deles e dar a carona a outros o fazem para dar a possibilidade a mais pessoas participarem da festa.

Realmente, reunidos no C.P.P., descobrindo os “Atos dos Apóstolos dos nossos Círculos Bíblicos de Dores do Rio Preto”, com todos vocês, damos graças a Deus e nos comprometemos a nos tornarmos ainda mais discípulos e missionários.

Feito em Dores, no sábado 15 de agosto de 2009.

Pe Bruno e os membros do Conselho Pastoral Paroquial

9. Contabilidade de 2008: Vivemos o Evangelho! (Março de 2009)

1. Agora, vivemos juntos o Evangelho

Há dois anos que estamos fazendo uma revolução, a revolução do dízimo, viver esta dimensão da fé dos apóstolos que descobrimos nos Atos dos Apóstolos:

“Todos os que tinham abraçado a fé reuniam-se e punham tudo em comum: vendiam suas propriedades e bens, e dividiam entre todos, segundo as necessidades de cada um.” (At 2,44-45)

Mesmo que cada um não partilhe todos os seus bens, decidimos participar juntos das despesas da missão, não mais ter taxas para os sacramentos, participar cada um, na medida das suas possibilidades, da vida da comunidade, da solidariedade com os pobres. Decidimos uma maior solidariedade entre as comunidades. E o vivemos!

É o primeiro resultado muito positivo do nosso caminho, antes de olhar o resultado financeiro: progredimos na vida segundo o Evangelho.

Muitos de vocês ouviram este chamado e o dízimo continuou a aumentar. Parabens!

Outros ainda não ouviram, devolvem de maneira irregular, ou não devolvem. A vocês perguntamos:

–     Por que vocês não aceitam participar da vida material da família que formamos, viver conosco a solidariedade com os mais pobres, partilhar as despesas da missão?

–     Corresponde à justiça e ao Evangelho, pessoas aproveitar dos serviços da Igreja e não participar das despesas, cada um segundo as suas possibilidades, no segredo do dízimo?

Contamos com cada um para se tornar dizimista real se ainda não está e com os outros para ficar firmes e aumentar um pouco. O dízimo caiu um pouco nos três últimos meses. Sonhamos do dia onde não será mais necessário chamar… porque cada um participará conscientemente.

A seguir, vocês acharão de novo explicações sobre o dízimo, e a prestação de conta comparativa entre os anos 2007 e 2008.

Vocês verão que progredimos muito, mas que temos de firmar e que a situação fica precária: no mesmo tempo que aumentamos o dízimo, as despesas aumentaram, e assumimos despesas que não assumimos enquanto eram da nossa responsabilidade: despesas das irmãs, solidariedade com os pobres. Em 2008, gastamos R$ 2 000,00 a mais do que recebemos sem fazer obras (todas as obras foram pagas pela doação excecional).

2. Qual é o destino do dízimo? As 5 dimensões do dízimo em Dores:

Lhes lembramos o destino do dízimo que não é primeiro para construir Igrejas ou as manter. Esta parte é mesmo uma pequenina parte das despesas de uma paróquia. O dízimo em Dores tem 5 destinos:

  1. Participar das despesas da missão: despesas dos encontros de formação, do C.P.P., das missões, dos carros, de documentação, etc. (37% das despesas de 2008 – fig. 5).
  2. Participar da construção e da manutenção dos lugares de oração e de reunião da Igreja (7%).
  3. Participar da vida dos permanentes que estão a serviço da missão: salário do Padre, participação da vida material das irmãs, salários dos funcionários (29%).
  4. Viver juntos a caridade: decidimos na unanimidade dos membros do C.P.P. que 5 % do fundo paroquial irá para os pobres pelo intermediário dos Vicentinos (total 8% com as coletas).
  5. Participar da missão da diocese, das despesas de Dom Célio, da formação dos seminaristas. 15 % do dízimo de cada paróquia é enviado à diocese (total 19% com o contador etc.).

3. Várias decisões que tomamos no C.P.P. para viver mais o Evangelho na gestão material

Depois de muitas reflexões durante o ano de 2007, confirmadas pelo C.P.P. do 16 de fevereiro de 2008, voltando sempre a esta pergunta: “O que corresponde mais ao Evangelho? O que é mais justo?”, decidimos:

  • Parar com as ofertas visíveis e viver esta palavra de Jesus: “Quando deres esmola, que tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita.” (Mt 6,3) Parar com as ofertas que ofendem aos mais pobres. Por isso, decidimos parar com o leilão.
  • Parar com as rifas, o bingo. Isso não impede fazer bingos gratuitos que são momentos fraternos. Queremos privilegiar a oferta consciente no segredo do dízimo.
  • A paróquia, as comunidades, aceitam todas as doações! Mas elas devam se fazer no segredo de um envelope ou no segredo do dízimo. Isso nos tornará livres. Quando há doação em material, a comunidade partilha com o fundo paroquial (40%) e a diocese (15%) parte do valor da doação recebida.
  • Partilhar todas as despesas da missão: as comunidades não pagam mais nada para o C.P.P. ou os encontros paroquiais. Por isso, as despesas das comunidades caíram muito.
  • Não há mais taxa de sacramento, mas se explica o que é o dízimo, a vida material da Igreja, as despesas da Igreja pela camisa, as lembranças. Cada um paga o que pode no segredo do dízimo. Os padrinhos, ou outras pessoas que querem participar nesta ocasião colocam a oferta deles num envelope ou no dízimo se são da paróquia. Assim, o mais pobre pode receber o sacramento sem dificuldades e não se dá mais a impressão que se vende o sacramento. Contamos com os mais ricos para partilhar com a mesma generosidade do que a pobre viúva do Evangelho que dá do seu necessário.
  • Chamar com muito amor todos os que se reconhecem católicos ou que querem participar da missão da Igreja a se tornar dizimistas, mesmo que não sejam praticantes regulares.
  • Incentivar as pessoas a devolver o dízimo cada mês. No mês onde a situação na casa é mais difícil, coloque um real ou menos, para significar o seu compromisso. No mês onde chega a colheita, dê mais. Coloque dentro do dízimo todas as ofertas ou doações que queria fazer.
  • Se, um mês, não devolveu, no mês seguinte, devolva o valor dos dois meses… Mesmo que a chuva impediu vir, a paróquia pagou, cada mês, todas as despesas (salários, energia, combustível, etc.)
  • Lembramos que se “dízimo” significa 10 %, não queremos fazer leitura fundamentalista. Mas contamos com cada um para entender que dízimo é participação real às despesas da missão da Igreja, partilha significativa do que recebemos de Deus.

4. Separação das finanças da matriz e da paróquia

Até agora, não havia contabilidade separada entre a matriz e o fundo paroquial. Por falta de conscientização, era a matriz que pagava as despesas da paróquia. Assim, enquanto as comunidades rurais conseguiram a melhorar muito as capelas, não houve nenhuma obra importante na matriz e no salão paroquial durante 10 anos.

  • Despesas pagas pela caixa da matriz: despesas da casa paroquial e do salão paroquial (o mesmo que serve para toda a paróquia); despesas da matriz, salário de Bete que cuida da casa paroquial e da limpeza da Igreja.
  • Despesas pagas pelo fundo paroquial alimentado pelos 40 % das entradas de cada comunidade: solidariedade com os pobres (5 % do fundo paroquial) e todas as despesas da missão (salários do Padre, participação as despesas das irmãs, salário de Juninho, despesas dos carros, despesas das formações, alimentação).

Havia comunidades que tinham impressão que “a matriz” tirava o dinheiro das comunidades. Vocês poderão ver que é bem pelo contrário: a matriz ajuda todas as comunidades a assumir as despesas.

5. As finanças dos padres

Lhe lembramos que, quando chamamos para o dízimo, não estamos pedindo dinheiro para o padre, mas servindo a todos nós para que a paróquia de Dores tenha os meios para viver a missão e promover o Evangelho e a vida aqui.

Lhe lembramos que o Pe Bruno era médico. Podia ganhar muito mais e não escolheu ser padre para ganhar dinheiro.

Os padres recebem 2 salários comerciais, além do fato de ter o uso da casa paroquial e a comida paga. Eles pagam as despesas pessoais, a gasolina quando utilizam o carro para si próprio, as viagens para a França, o telefone pessoal. Ele paga todas as despesas em relação às formações que ele dá ou recebe por conta do Prado.

Participando da Associação dos Padres do Prado, escolheu viver a pobreza evangélica e é grande parte do salário dele que partilha. Com os outros padres da diocese, participa do fundo de solidariedade com os padres que se encontram em necessidade. Com o Prado, participa das despesas do Pe Olimpio, permanente do Prado e das despesas das formações que o Prado oferece para ajudar padres a se tornar discípulos e missionários comprometidos com os mais pobres. Partilha com a paróquia e com outras obras.

6. Balancete do ano 2008 comparado ao ano 2007

Uma das decisões que tomamos é de apresentar uma contabilidade completa cada ano. Assim, vocês podem ver onde vai o dinheiro, como estão evoluindo as entradas e as despesas. Este ano, cada comunidade fez o mesmo trabalho na assembléia da comunidade.

Vocês encontrarão o balancete completo. Aqui, destacamos os pontos principais, simplificando os valores para facilitar a leitura.

Na apresentação, há algumas incoerências, porque tivemos de fechar a contabilidade no 31 de dezembro e algumas despesas entradas ou saídas chegaram depois. Na apresentação do dízimo das comunidades, integramos dados que chegaram depois. Outra razão, em 2007, não separamos Matriz e Fundo Paroquial.

Para seguir melhor, depois de cada valor, se indica entre parênteses o número da linha onde acharão este dado na figura 1.

O dízimo está crescendo muito. Passou de R$ 83 500,00 em 2005, a R$ 151 344,10 (Fig 1, linha 5) em 2008! Aumentou de 81,25% em 3 anos (cf. Fig. 5).

Mas, como vivemos mais o Evangelho (Vicentinos (49-53, 79), participação às despesas das irmãs (45-47)), enquanto fizemos as obras com a doação (18), no final, gastamos mais que ganhamos e o saldo final abaixou de R$ 6 816,65 (2) a R$ 4848,68 (88). Perdemos R$ 1 967,97 (93) e o que fica no caixa é muito limitado. Não podemos continuar assim e temos obras urgentes a fazer.

Esperando isso não vos impedir de tomar consciência da necessidade de progredir, notamos que as despesas em 2008 foram maiores porque pagamos despesas de 2007. Pois, no ano de 2007, esperamos o balancete do fim do ano para ver se podíamos viver esta revolução do dízimo: participar das despesas das irmãs e partilhar com os Vicentinos. Assim, pagamos em 2008 R$ 4 350,00 (46 e 50) que devíamos pagar em 2007. Além disso, Pe Bruno emprestou R$ 1 414,00 (38) para ter o Projetor para as assembléias e vai reembolsar logo. Sem estas despesas, o saldo seria positivo de R$ 2 797,03. Mas fica totalmente insuficiente para fazer as obras e o dízimo estava caindo nos últimos meses.

Muitas pessoas ainda não ouviram o chamado a se tornar dizimista.

Na figura 2, vocês podem ver que há comunidades que ouviram o chamado e progrediram muito, ainda mais quando foi o primeiro ano que realmente ouviram o chamado (Santo Antônio (+ 125%), São José Monte Verde, …). Outras comunidades melhoraram já nos anos passados e continuam progredindo (Matriz, São Raimundo). Algumas progrediram pouco, mas perderam membros que mudaram para outros lugares. Outras, com certeza, vão ouvir… Vocês podem também ver o que ficava no caixa das comunidades no fim do ano.

Na figura 4, se vê a repartição em proporção das despesas do Fundo Paroquial e da Matriz em 2008, sem contar as transferências para o Fundo Comunitário (das comunidades).

7. Doação excecional em 2008 e obras (Fig 1 linhas 77/85 e Fig. 3) em 2008

Nota: a doação que aparece em 2007 corresponde à entrada do Consórcio Solidário + Rife do Fusca para a compra do novo Gol.

Em 2007, quando houve um problema financeiro na comunidade São João Batista, na unanimidade dos membros do C.P.A.E. e do C.P.P. decidimos que a dívida não seria da comunidade mas da paróquia, porque somos família e íamos viver juntos o Evangelho.

Pedimos uma ajuda exterior no momento desta dificuldade e chegaram primeiro R$ 20 000,00. Depois, duas pessoas humildes, sem nós lhes pedir nada, escreveram para participar da vida da nossa paróquia e enviaram R$ 27 000,00.

Na fé, nós recebemos esses dons, como uma confirmação pela Providência do trabalho de evangelização que somos a viver na vida material da nossa paróquia.

Neste momento, escrevi:

“Isso nos compromete todos: se duas mulheres simples fazem uma doação assim, não vamos cruzar os braços e contar só com a ajuda que vem da fora. Vamos nos empenhar mais realmente em assumir a missão em Dores. Não haverá outros dons deste tipo no ano próximo e não vamos edificar a nossa paróquia na dependência com o exterior.”

Vivemos com esta doação a partilha que vivemos em cada comunidade: partilhamos 15 % com a diocese (R$ 6 900,00) (78) e 5 % com os pobres (R$ 2 350,00 para os Vicentinos) (79). Fizemos o telhado da Matriz (81), obras em São João Batista (telhado e outras) (82), Santa Isabel (telhado, piso, interior santíssimo e sala para o médico e a catequese, tinta e arredores) (83), Santo Antônio (Santíssimo e sacristia) (84). Compramos uma impressora para diminuir o gasto dos Xerox e facilitar o trabalho pastoral (85). A matriz completou por um valor de R$ 4 136,11 (92).

Na figura 3, vocês podem ver o detalha das obras realizadas na paróquia em 2008, a despesa total de cada obra, o que pagou a comunidade, o que ela recebeu, o dízimo e o saldo dela. Se pode ver que, se a Matriz não tinha compensado a divida do Fundo Paroquial, ela tinha capacidade de pagar o telhado e mais (fig 1 linha 94). As comunidades que receberam ajuda progrediram de maneira muito forte no dízimo e responderam com generosidade, à generosidade da Paróquia.

A comunidade São Sebastião Oliveira Nunes teve de fazer o barracão que caiu e não recebeu ajuda, porque não havia mais nada. Ela vai reembolsar progressivamente a sua dívida. Ela tem capacidade de fazê-lo e guardamos em prioridade o salão paroquial e a sala de catequese de Santa Ana (Dores de Minas).

A comunidade São José Bambu informou durante o ano que tinha emprestado dinheiro para fazer a obra da Igreja e do salão antes da chegada do Pe Bruno a alguém da comunidade por um valor de R$ 10 000,00 e que ficava uma divida de R$ 8 000,00. Lembramos que, a partir de agora, é totalmente proibido fazer obra sem ter mais do que o valor no caixa e sem o acordo do C.P.A.E. Não havia mais dinheiro da doação e o Fundo Paroquial estava com dívida. O C.P.A.E. e o C.P.P. propuseram de reduzir a participação ao Fundo Paroquial da comunidade São José Bambu à 20 % para ajudar eles no reembolso. Num ano, a comunidade conseguiu a reembolsar R$ 1 500,00. Com esta redução, ela recebeu uma ajuda de R$ 679,97 do Fundo Paroquial. Contamos com ela para acabar rapidamente com esta dívida que fica de R$ 6 500,00 mas com um saldo no fim de 2008 de R$ 2 327,90 que vai dar para continuar a reembolsar.

8. Projetos de obras para o ano de 2009

Para o ano que vem, temos dois projetos urgentes:

  • Construir uma sala de catequese com banheiro em Santa Ana (Dores de Minas) e um barracão. Assim, será possível guardar material e celebrar no barracão até ter a possibilidade de construir uma Igreja de tamanho adaptado à importância do bairro que está surgindo. Valor previsto da obra: R$ 5 000,00 a 8 000,00.
  • Adiantar a construção do Salão paroquial. Já fizemos uma parede que deu para colocar o telhado acima do refeitório no qual não podíamos mais comer nos dias de chuva nos encontros de formação. Contamos colocar piso, luz correta e limpar a parede. A parede que separa com o jardim da casa paroquial está se quebrando o que é perigoso. Temos de refazer. Valor previsto da obra: R$ 5 000,00 a 8 000,00. Já iniciamos esta primeira obra.

A seguir, acabaremos a sala de cima do refeitório com entrada direita na rua de trás acessível às pessoas com deficiência. Teremos, pouco a pouco de acabar todas as salas deste andar que servem de nada desde mais de 10 anos por causa de falta de conscientização no dízimo. Temos de comprar cadeiras com mesinha. Muitas das mesas do salão estão quebradas.

Claro que seria necessário fazer a tinta da Matriz (interior e exterior). Pelo momento, damos prioridade aos dois projetos apresentados acima.

Há comunidades que têm necessidades que vão fazer obras com os recursos delas: São Raimundo (telhado das salas e parede que está caindo sobre o jardim do vizinho – estimação: R$ 15 000,00 a 20 000,00), Senhor Bom Jesus (energia, telhado, vidros), São Sebastião do Cêrro (barracão), Santa Luzia (Santíssimo).

O que é preocupante é que, se não recebemos a doação, neste ano, fossemos capazes de ter recursos para as obras só por um valor de R$ 2 168,14 (Obras não pagas pela doação (92) – déficit do ano 2008 (93)).

Olhando tudo o que a Matriz partilhou com o Fundo Paroquial em 2008, nas assembléias de janeiro, outras comunidades que têm capacidades, decidiram viver esta mesma solidariedade para fazer a obra em Santa Ana e do Salão Paroquial: Sagrada Família anunciou que ia partilhar R$ 1 500,00. Em 2008, Santo Antônio já partilhou R$ 1 997,69 e São João Batista R$ 1 000,00 (14) e vão continuar em 2009.

Contamos com o esforço de todos para se tornarem dizimistas reais e contamos com esta consciência evangélica das comunidades para poder fazer a obra de Santa Ana e do salão.

9. Vicentinos e diocese

Vocês podem ver que, contando o ano 2007 e como partilhamos também 5% da doação da França, em 2008, partilhamos R$ 12 040,32 (50+51+79). Também, partilhamos R$ 32 855,62 com a diocese enquanto partilhamos R$ 18 590,76 em 2007 (55+78). Num próximo número da « Caminhada Paroquial », daremos a Prestação de Conta dos Vicentinos.

10. Conclusão: uma conversão extraordinária a firmar e confirmar

Olhando tudo, o que podemos concluir?

  • Houve uma verdadeira revolução na partilha financeira na paróquia que se vive muito mais segundo o Evangelho.
  • O dízimo aumentou de maneira excecional: 80 % em 3 anos (de 2005 para 2008).
  • Agora, participamos de despesas que fazem parte da vida dos cristãos e que não assumimos antes (participação às despesas das irmãs, solidariedade com os pobres, melhora participação às despesas da diocese) e não há mais taxas. Pobres e ricos podem se formar e receber os sacramentos sem dificuldades.
  • De não mais receber doações dos políticos ou das empresas, de viver a transparência nos tornou capazes de poder anunciar o Evangelho nas eleições e na vida econômica (cf. Artigo Zaqueu desça depressa). Esperamos assim contribuir a transformar a vida política em Dores. Esperamos receber prestações de conta dos políticos tão transparentes e compreensíveis para todos.
  • Ainda não conseguimos a ter o que for necessário para fazer obras (acabar o salão paroquial, construir em Dores de Minas). As obras deste ano (telhado, São João Batista, Santo Antônio, Santa Isabel) foram frutos de uma doação excecional.
  • O fundo paroquial perde quase R$ 1 000,00 por mês que são compensados pela Matriz. Isso é solidariedade normal entre cristãos. Há mais pessoas em Dores, e há pessoas com mais recursos. É a mesma razão que faz que Sagrada Família e outras comunidades, nas assembléias que ocorreram no mês de janeiro, decidiram se associar para tornar possível a construção de uma sala de catequese e de um barracão em Santa Ana (Dores de Minas) e continuar a obra do salão paroquial. Esperamos outras comunidades se associar nesta solidariedade.
  • É preciso os que já são dizimista fiquem firmes, não confirmem a queda dos últimos meses, se for possível, que cada dizimista aumente a sua participação de 10 ou 20%, que os que o podem, façam doações no segredo do dízimo para fazer estas obras urgentes.
  • Chamamos vocês, que não são dizimistas, mas são católicos, que recebem os serviços da Igreja, se tornarem dizimistas conosco.

Que o Espírito Santo continue a nos ajudar a viver da fé dos primeiros cristãos que escutavam a Palavra, viviam na comunhão fraterna, partilhavam o pão (Eucaristia), nas orações, faziam prodígios (transformavam o que destruía a vida), e PARTHILAVAM OS BENS. Cuidavam em particular dos necessitados.

Sabemos que, a primeira coisa a fazer, é todos os Círculos Bíblicos se tornarem missionários, anunciar gratuitamente o Evangelho a todos, aos mais afastados. Aqueles que descobrirão a alegria do encontro com Cristo, perceberão depois a alegria que há em participar da missão de Cristo até na dimensão material, até se tornar dizimista.

Se houver qualquer dúvida ou incompreensão, ou sugestão, contamos com vocês para nos falar.

Fazemos um pedido aos Coordenadores, e aos C.P.C.: alertar a sua comunidade cada vez que o dízimo cai abaixo da média mensal de 2008. Não podemos recuar, senão a paróquia estará em divida. Já lhes agradecemos.

Pe Bruno e o Conselho Pastoral pelos Assuntos Econômicos (C.P.A.E.)

10. Colocar o Evangelho nas mãos dos pobres

Eis um texto escrito pelo Pe. Bruno para a Sessão internacional de Reflexão sobre o estudo do Evangelho organizada pela Associação dos Padres do Prado em Lyon no mês de julho de 2009.

Quando se lê as cartas do Padre Antônio Chevrier, fundador da Associação dos Padres Diocesanos do Prado, se vê que ele não se limitava em “fazer estudo do Evangelho[6]”; incentivava outros a fazerem também: os seminaristas, as irmãs, as pessoas que o acompanhavam. O seu jeito de animar o rosário era também uma maneira de “colocar o Evangelho nas mãos dos pobres”.

1. Como tentei colocar o Evangelho nas mãos dos pobres na França

Seminarista nas “Minguettes”, bairro popular de Lyon, na saída da missa, acolhi Martine, menina de 12 anos, não batizada, absolutamente não catequizada e revoltada porque, no velório de seu pai, falecido por consequência da doença alcoólica, o Padre tinha dito que Deus tinha “chamado o seu Pai”. Ela vinha perguntar: “Onde está o meu pai? Por que Deus provoca tais dores?” Para responder às suas perguntas, perguntei-lhe se tinha amigos e iniciamos uma leitura de todo o Evangelho de Marcos com a pergunta: “Quem é Jesus?” Cada semana, convidavam outros colegas, enquanto a pedagogia utilizada não tinha nada para atrair: leitura integral do Evangelho de Marcos e realização de um esquema com 4 colunas: a referência, o que faz Jesus (ele reza, ensina, etc.), a “palavra de vida”, a atitude dos discípulos quando se falava deles.

A partir daí, não cessei de construir toda a pastoral provocando as pessoas a fazer um “estudo do Evangelho” e adaptando-o aos grupos encontrados. Em Champigny[7], nos subúrbios de Paris, provoquei os imigrantes portugueses a fundarem equipes de estudo do Evangelho para complementar as equipes existentes (equipes de ação católica, de liturgia, do rosário). Dezoito anos depois, há ainda 10 equipes que se encontram todos os meses, mais de cem pessoas. Leram os Evangelhos, os Atos dos Apóstolos, as cartas de São Paulo, e, agora, livros do Antigo Testamento. Cada um lê um ou dois capítulos em casa, no mês anterior, e vêem partilhar as “palavras de vida” que anotam num caderno, fazendo eventualmente a ligação com a própria vida. Encontram-se sem padre para acompanhar. Cada um fala por sua vez, intercalando as “palavras de vida” com um refrão orante, sem nunca polemizar, entrar em discussão[8]. Fiquei maravilhado pelos frutos deste trabalho: pessoas entraram na ação católica, outras se tornaram catequistas. Luisa, faxineira que tinha só 3 anos de escola primária, se tornou “Leiga com Cargo Eclesial” e assumiu a responsabilidade de uma paróquia de 30 000 habitantes onde não havia mais padre (um padre vinha celebrar as missas, os sacramentos, mas a responsabilidade da animação da paróquia era assumida por Luisa que recebia salário para isso).

Bemvinda, originária das Ilhas do Cabo Verde, adaptou a proposta a pessoas iletradas: ela gravava o texto. Cada um escutava em casa e vinha partilhar a “palavra de vida”.

No serviço a padres, religiosos, diáconos e leigos, sendo permanente do Prado da França, pregava nos retiros do mesmo jeito: indicava um texto, convidava as pessoas a tomar um tempo de busca pessoal, animava uma partilha e dava alguns elementos a partir daí. Saboreei profundamente as riquezas que brotaram deste método. Vi comunidades de religiosas ou grupos de padres que tinham dificuldades em falar, em escutar, se estimar, receber nesta prática um nova comunhão.

Ajudei também Leigas com Cargos e Eclesiais que acompanhava, a ter a ousadia de propor largamente este trabalho a partir da Palavra de Deus. Quantas resistências encontram: “mas as pessoas não são capazes, não serão atraídas, não entenderão, são jovens demais…

No momento em que escrevo este testemunho, recebo um email de Odile, Leiga com Cargo Eclesial em Lyon, partilhando a sua admiração diante do que as crianças da pré-catequese conseguiram a exprimir na escuta do Evangelho do encontro entre Jesus e Bartimeu. Ela escreve:

“O que me tocou mais é que, quando se coloca a palavra de Deus nas mãos dos mais pequeninos, Cristo fala por eles, pelos pais deles. Um menino de 4 anos disse: “Quando se torna amigo de Jesus, não ficamos mais sentados, se põe de pé no caminho.” Eu repeti esta frase todo ao longo do nosso encontro. Um outro, de 6 anos de idade, disse: “Não compreendo porque a multidão impede aquele que se encontra a beira do caminho de atingir Jesus. Eu acredito que é porque ele grita forte: e, quando se grita, se incomoda. Quando se é diferente, se incomoda. Mas, o que me toca, é que Jesus o acolhe, lhe fala, só a ele.”

No Sínodo sobre a Palavra de Deus, o Cardeal Daneels disse que “o principal obstáculo à proposta da palavra de Deus não estava no mundo, mas no coração dos cristãos que se intimidam em nutrir-se da palavra e propô-la”[9]. Concordo plenamente. Acho que nós, pradosianos, ficamos bem distantes para perceber e viver esta intuição tão forte de Antônio Chevrier.

2. A Escola de Teologia Bíblica na paróquia de Dores do Rio Preto, paróquia rural do Brasil

2.1 O método

Chegando numa paróquia rural pobre com um alto índice de pessoas iletradas, lancei uma “Escola de Teologia Bíblica”. Na realidade uma escola de “estudo do Evangelho” à maneira de Antônio Chevrier.

As pessoas são convidadas a vir, se puderem, tendo lido um capítulo dos Atos dos Apóstolos (texto que vamos ler em 2 anos – 2008 e 2009). A pergunta principal é a seguinte:

–     “Se pudesse guardar só uma ou duas ou três frases, que me toca, me ajuda a rezar, quais seriam?”

Os que querem, escrevem também orações a partir de um versículo ou de um trecho.

Comecei no ano 2007 propondo a partilha sobre o Evangelho de Lucas uma vez por mês, às 19h, em Dores e no patrimônio de Pedra Menina, ponto oposto da paróquia de Dores (30km ao norte de Dores) ao pé do Pico da Bandeira. No segundo encontro, 70 pessoas (metade vindo das comunidades rurais) se encontraram em Dores e 30 em Pedra Menina, numa paróquia que tem 6 800 habitantes num território de 80Km por 15Km. Mas as energias derreteram progressivamente e fechamos o ano com 10 pessoas em Dores e 10 em Pedra Menina.

Portanto, com Irmã Maria do Socorro[10], tínhamos a convicção que era a “urgência do momento”, para retomar as expressões de Antônio Chevrier, que “Deus não podia querer que uma obra tão bela e que deveria dar tão belos frutos, fosse tão imperfeita…”[11] “As pessoas não vêm, temos de ir buscá-las”[12].

Na Assembléia da Paróquia de dezembro de 2007, lançamos o projeto de, em cada comunidade de base, ficar 30 a 45 minutos depois da missa mensal com os que estivessem interessados para meditar os Atos dos Apóstolos. Avisamos que prestaríamos este serviço mesmo se houvesse só uma pessoa a ficar. Aconteceu uma vez. O método é o seguinte:

–     Tempo de partilha das orações escritas por participantes a partir de tal ou tal versículo (quando alguém preparou)

–     Proclamação de um trecho do capítulo (em duas comunidades, tenho de ler porque ninguém é capaz de ler de forma que os outros possam entender.

–     Tempo de silêncio para os que não prepararam poderem escolher uma “palavra de vida”

–     Partilha das palavras de vida (eventualmente, eu sublinho um aspecto do versículo proclamado numa perspetiva de formação)

–     Muitas vezes, pergunto, ou as pessoas exprimem espontaneamente, como isso se vive hoje ou se é luz para hoje na nossa vida do dia a dia, ou na vida da Igreja.

–     Assim, se faz pouco a pouco a meditação de todo o capítulo.

–     Tempo de oração final onde repetimos algumas das “palavras de vida”, rezamos o Pai Nosso e a Ave Maria.

Há pessoas que gastam quase uma hora a pé à noite para vir à igreja da comunidade de base, na lama ou na poeira, depois de jornadas de trabalho muito cansativas nas plantações de café. No dia seguinte, têm de se levantar às 5h. Portanto, é uma média de 220 pessoas que participam cada mês nesta paróquia de 6 800 habitantes. Em Dores, onde propomos duas vezes este encontro fora da celebração do domingo, na primeira quarta-feira do mês, são só 5 pessoas que participam às 15h e 6 às 19h… Cada mês, animamos 17 vezes um tempo de partilha sobre os Atos: 2 vezes em Dores e 15 vezes nas comunidades de base rurais.

Esta Escola de Teologia Bíblica é um complemento aos Círculos Bíblicos, base da Igreja da nossa diocese de Cachoeiro de Itapemirim. Ela torna possível, ajudado pelo Padre ou por Irmã Maria do Socorro, de ler a seguir um Texto Bíblico[13], de aprender a escutar melhor, a polemizar menos, não fazer fofocas, não ficar no nível de uma leitura moralizante, a fazer ligação com a vida e a tirar uma catequese desta leitura, a progredir numa leitura orante. Vários Círculos Bíblicos acabaram por causa de animadores não formados. Aqui, formamos no mesmo movimento, animadores e participantes de Círculos Bíblicos, que poderão assim melhorar o funcionamento e se ajudarem quando se encontram nos Círculos Bíblicos.

Insistimos para que os catequistas, ministros da Palavra e da Eucaristia, coordenadores de Círculos Bíblicos, coordenadores de comunidades, equipes de Batismo, membros dos diversos movimentos etc. participassem desta formação, sem ser obrigatório.

2.2 Algumas luzes descobertas nesta leitura dos Atos dos Apóstolos

Além da partilha orante das “Palavras de vida”, é ocasião de uma verdadeira catequese e de uma formação de discípulos e apóstolos.

–     Atos 1 foi ocasião de tomar mais consciência que é Jesus que tomou a iniciativa de fundar a Igreja e que a participação na Igreja não é escolha do homem para resolver as dificuldades ou buscar “o lugar onde se sentem bem”, a seguir de Jesus que não escolheu ir até a morte da cruz “para se sentir bem”, mas para responder ao chamado do Pai, “precaução em relação às motivações dos católicos para sair para as Igrejas evangélicas ou para buscar o mesmo “bem estar” na Igreja católica, na Renovação Católica Carismática. Os participantes fizeram também a ligação entre a eleição dos coordenadores das comunidades de base e a eleição de Matias.

–     Atos 2 deu para perceber a fundação missionária da Igreja movida pelo Espírito Santo. Meditamos também a presença de Maria no meio da Igreja, os critérios da comunidade ideal e, em cada comunidade, verificamos que se vivia as mesmas dimensões, percebendo melhor o que é o dízimo, ainda mais, porque em Dores, decidimos partilhar 5 % do nosso dízimo com os Vicentinos para viver concretamente e comunitariamente a caridade, esperando poder aumentar esta proporção quando o dízimo crescer mais.

–     Atos 3 e 4 foi ocasião de tomar consciência que a Igreja tem de anunciar a ressurreição por palavras e ações libertadoras, reerguendo a humanidade ferida. Houve toda uma reflexão para identificar as nossas paralisias, os paralíticos das nossas comunidades, fazer a ligação com a fundação da Pastoral da Sobriedade, reler os “prodígios” vividos pelos apóstolos de hoje na nossa paróquia nas últimas semanas, realizar que Cristo fundou sua Igreja com pessoas “simples e sem instrução… e, portanto, tinham autoridade”[14]. Numa comunidade, pessoas iletradas se propuseram em formar de novo a equipe de Batismo que não existia mais desde meses, a partir da descoberta deste versículo. O chamado em “obedecer a Deus e não aos homens” tocou também as pessoas.

–     Seria interessante retomar todos os capítulos, fonte de muitas luzes. Destacaria o trabalho a partir de Atos dos Apóstolos 10 e 11 onde fizemos uma pesquisa com a pergunta seguinte: “Quais são os elementos que permitiram Pedro e Cornélio de se deixar conduzir pelo Espírito Santo?” Foi ocasião de alertar contra os desvios do Pentecostismo fora e dentro da Igreja católica, de sublinhar a importância da razão, e que a emoção percebida por Cornélio e as pessoas da sua casa não foi emoção provocada nem manipulação.

2.3 Frutos para o Padre, as pessoas, a comunidade

–     Não sou mais o padre que passa uma vez por mês, celebra a missa e vai embora. Este tempo de meditação me aproximou profundamente das pessoas, e não só de maneira afetiva, ligando as pessoas ao padre, mas na escuta da Palavra, ligando as pessoas a Cristo na sua Palavra. Escutando a ligação que elas fazem com a vida da comunidade, quando exprimem onde eles perceberam “prodígios”, paralíticos andando de novo, descubro a vida concreta da comunidade, a ação concreta do Espírito Santo nesta comunidade, os desafios que vivem. Quanto mais caminhamos, menos buscam prodígios em coisas inexplicáveis, curas mágicas, e mais falam da vida ordinária, de reconciliações, de pessoas que tomam confiança em sim e aceitam cargos, tomam a palavra na comunidade.

–     Nesta partilha, me aproximo também e partilho a minha própria experiência espiritual: “Eu irei para o meio deles, viverei a sua vida; estes meninos verão de mais perto o que é o padre e eu lhes darei a fé.”[15]

–     Para mim mesmo, estou “obrigado”, mesmo sem querer, a me deixar modelar pelos Atos dos Apóstolos. Quando partilho 17 vezes ao mês o mesmo capítulo, acaba morando em mim. Saio nutrido pelos encontros nas comunidades onde me foi dado a escutar, recolher a Palavra de Deus na boca e na vida do povo, e não esgotado. Nós temos tantas dificuldades em encontrar tempo para realmente fazer estudo do Evangelho. Ao inseri-lo em todos os encontros pastorais “me obrigo” para este trabalho de estudo do Evangelho que não se limita na leitura do Evangelho do dia.

–     Num momento onde padres e leigos, no Brasil e fora, têm a tentação de se tornar psicólogos, de se fechar no acompanhamento individual de pessoas apoiando-se em primeiro lugar sobre a psicologia, ou sobre a “psicoespiritualidade”, ou têm a tentação de atrair “multidões” pela emoção provocada et a manipulação psicológica (Pentecostismo, shows), é ocasião acompanhar grupos, ajudando as pessoas a se apegar à pessoa de Cristo e à sua Palavra, e não à pessoa do padre, ou ao ambiente do grupo.

–     Durante um ano, fiz estudo do Evangelho sobre tudo o que se acha relacionado com a “palavra de Deus” no Evangelho de Lucas, nos Atos dos Apóstolos e nas cartas. Anunciar a Palavra é verdadeiramente a missão de Jesus e daqueles que ele envia a seguir. A Palavra é em si mesmo o ator da evangelização, a espada do Santo Espírito. Verifico-o com força. Ao alimentarmo-nos com os Atos dos Apóstolos temos frutos imediatos: pessoas se reconciliam, outras se tornam realmente dizimistas[16], outras se propõem para cargos, tomam iniciativas missionárias com criatividade, casais melhoram o relacionamento.

–     É um lugar de construção humana. Pessoas deixam a vergonha e tentam ler em público, se descobrem capazes de achar e partilhar “palavras de vida”, de as comentar, de se escutar, de suscitar a palavra do outro, de fazer a ligação com a vida deles e da comunidade. Escolhendo ser menos professor possível, não fazer palestras, mas ajudar as pessoas a descobrirem por si mesmo, lhes dou oportunidade de descobrir as capacidades que eles têm, de depender menos de um “professor”. Regularmente, os ajudo a perceber as contradições que podem existir entre a nossa vida eclesial e a palavra de Deus, trabalhando o despertar do espírito crítico deles num Brasil tão invadido pelos fenômenos sectários, ou irracionais, a corrupção, incluído na Igreja católica.

–     É um lugar de construção da comunidade: vi comunidades dinamizadas, reconstruídas, nesta leitura orante dos Atos dos Apóstolos. Vi comunidades com grandes divisões, conseguir a superar estas divisões com a leitura na presença do padre e da irmã. Crianças com 8 anos, ou pessoas que não têm formação religiosa, que são catecúmenos, participam com uma inteligência de coração que assusta aos adultos. Pessoas iletradas ficam, escutam, algumas tomam a palavra. Toda a vida da comunidade, das famílias, se encontra contemplada à luz da palavra de Deus, partilhada.

–     É um lugar de discernimento. Estudando os Atos dos Apóstolos, as pessoas compreendem melhor as decisões tomadas no C.P.P., a fundação evangélica dessas decisões, assim como a decisão que tomamos de não mais aceitar doações públicas, leilões, rifas, e outros recursos tão importantes para eles. Assim também como a decisão de partilhar uma parte de tudo o que recebemos, incluído quando uma comunidade recebe uma doação tal como material de construção. Ela partilha 15 % do valor do material recebido com a diocese. Eles entendem melhor também o ministério do padre, olhando a atividade missionária de Pedro e Paulo, dos outros, e nos cobrando se não nos tornarmos missionários. Eles tomam consciência da raiz da vocação deles de “discípulos e apóstolos”, diz Antônio Chevrier, “discípulos e missionários”, diz Aparecida.

–     É por excelência um lugar vocacional: colocando-se a escuta da palavra de Deus, contemplando os apóstolos que se deixam levar pelo Espírito Santo, fazendo esta partilha com o padre, a irmã, jovens poderão ouvir o chamado para se tornarem padres, religiosos e religiosas. Estou convencido que Sidney, que participou das missões onde fazia este mesmo trabalho com os jovens, achou ali um elemento para entrar para o seminário. Dez jovens da paróquia participaram dos encontros vocacionais da diocese este ano a partir do trabalho de missões feitas com eles e da Escola de Teologia Bíblica.

–     É um lugar de formação para o encontro pessoal com Cristo na sua Palavra, para a oração com o Evangelho. Pessoas não vêm mais à Igreja sem escolher antes uma “palavra de vida”, provocadas também pelo fato que, antes de iniciar a minha meditação, pergunto sempre: “Haverá algumas pessoas que aceitariam partilhar uma palavra de vida?”. Não têm mais medo de tomar a palavra quando os convido a fazer, e mesmo sem eu convidar. Estou trabalhando e provocando todos os que aceitam e podem ter um caderno onde copiar cada dia, na oração, a palavra de vida no Evangelho do dia, de preparar por escrito a partilha sobre os Atos dos Apóstolos, a inventar eventualmente orações a partir do texto meditado, a notar também fatos da vida que são sinais do Espírito Santo para eles. Alguns começaram.

–     É um lugar de edificação da família. A cada preparação e celebração de casamento, a cada encontro da pastoral familiar, chamo os casais a tomar um tempo semanal de oração onde eles lêem juntos o Evangelho do domingo, guardam um tempo de silêncio, depois partilham as “palavras de vida”, antes de partilhar o que aconteceu na semana para agradecer, pedir ajuda, pedir perdão a Deus e um ao outro. Vi um casal dizer: iniciamos porque encontramos um casal que atravessou várias crises e que disse que isso transformou a vida deles.[17]

–     É um lugar de libertação. É impressionante como eles acham aí a força para falar da dignidade no trabalho e dos desvios nas eleições.

2.4 O retiro dos ministros da Palavra e da Eucaristia

Recebendo pressões e ameaças no início da recente campanha eleitoral municipal, propus o caminho seguinte para o retiro dos ministros da Palavra e da Eucaristia no qual 80 ministros participaram:

Iniciamos com a missa paroquial às 8h. Às 9h30, introduzi o nosso encontro dizendo que era o retiro anual normal dos ministros, mas que correspondia também à abertura oficial da campanha eleitoral, e que íamos fazer deste retiro um retiro de início da campanha, buscando nos Atos dos Apóstolos que estudávamos desde fevereiro, luzes para nos tornar verdadeiros “ministros da comunhão”, verdadeiros “ministros da Palavra”, neste tempo particular, e não só nas celebração, atrás do ambão o do altar, mas também na família, no trabalho, nas nossas coligações políticas.

Formamos 8 grupos, cada um meditando um dos 9 capítulos[18] que já tínhamos meditado nas comunidades, de mês em mês. Cada grupo foi encarregado de buscar “palavras de vida” e de buscar luzes para exercer o ministério de maneira geral, e de maneira particular no tempo das eleições.

Avisei também que havia “tempestade” no patrimônio[19] e que guardaríamos um tempo para que eles fossem o meu “conselho” em relação às decisões a tomar.

Em cada grupo, designei um ministro com as indicações e seguimentos: você terá de animar 4 minutos de meditação durante a adoração Eucarística: começará lembrando-nos o conteúdo do capítulo que o seu grupo meditou (e que todos conheciam porque foi estudado em cada comunidade); depois, não tentará dizer tudo o que o grupo refletiu, mas, nutrido por esta partilha, nos ajudará a meditar, partilhando “palavras de vida” e luzes para ser ministro, em particular neste tempo de eleições.

Trabalharam por grupos das 9h45 até às 11h, hora do tempo de adoração Eucarística. Oito ministros pregaram. Escolhi pessoas muito diferentes: Maria José, professora aposentada, e também a Mãe de Elielton[20], ministra da Palavra, 4 anos de escola primária, e que me encanta pelo seu dom da palavra de Deus. Escolhi uma ministra da Eucaristia sem formação escolar que nunca pregou pelo dom que descobri nela na Escola de Teologia Bíblica.

Este tempo de adoração, partilhando luzes encontradas nos Atos dos Apóstolos foi um verdadeiro Pentecostes. Lamento só de não ter gravado. Deixei-me ensinar. Fiquei feliz de não ter de pregar num momento onde não tinha a liberdade interior para fazê-lo por causa das ataques e ameaças recebidas, de poder me deixar levar pela fé deles.

Fizemos a experiência que Cristo se revela aos e pelos pequeninos, e que, não são os que têm mais formação que entram melhor ao encontro com Cristo na Palavra, muito pelo contrário.

Colhi os frutos desta insistência recebida do Padre Chevrier de colocar a Palavra de Deus nas mãos dos pequeninos, de uma Igreja que se nutre largamente com a Palavra, prioridade tão forte de Bento XVI e refletida no Sínodo atual, que me parece ser realmente a urgência do momento.

Eis algumas das luzes propostas pelos oito ministros:

–     Atos 1: “Temos de testemunhar até aos confins da terra, incluído na realidade difícil da campanha eleitoral”.

–     Atos 2: “Temos de rezar e pedir ao Espírito Santo, abandonar as nossas práticas antigas”.

–     Atos 3: “Temos de ter a ousadia de falar “em nome de Jesus” e ajudar as pessoas de Dores a se levantar tanto nas eleições, como na fundação da Pastoral da Sobriedade”.

–     Atos 4: “Não devemos ter medo porque somos pessoas simples e sem instrução, de ter ousadia de falar em nome de Jesus. Temos de ajudar as pessoas a resistirem à tentação de se deixar comprar e ajudá-las a preferir obedecer a Deus em vez de aos homens. Temos de rezar para pedir a força de anunciar a Palavra de Deus com todo a ousadia, fazer prodígios”.

–     Atos 5: Não devemos nos tornar semelhantes a Ananias e Safira, que mentiram e fingiram partilhar tudo. Não devemos ter medo de sofrer por Cristo e achar a nossa alegria ali. Temos de ser como Gamaliel nas nossas coligações, capazes de falar na contramão para chamar as pessoas a não correrem o risco de entrar em guerra contra Deus.”

–     Atos 6 e 7: “Devemos ter a mesma ousadia como Estêvão e saber também perdoar”.

–     Atos 8: “Não devemos fazer como o mago Simão que queria comprar o poder de dar o Espírito Santo. Não podemos vender ou comprar os nossos votos. Temos de nos aproximar dos que são comprometidos nas eleições, caminhar com eles, como o fez Filipe com o Eunuco Etíope”.

–     Atos 9: “Temos de entrar na luz que vem do céu, na luz de Deus, não perseguir Cristo. Temos de acreditar que o outro pode mudar e ver um irmão no adversário político, como Ananias acolhendo Saulo que vinha para perseguir os cristãos”.

Deste tempo de meditação, foi confirmada a proposta que fiz de chegar 15 minutos mais cedo durante os dois meses da campanha eleitoral a todas as celebrações, missas, iniciando com um tempo de adoração Eucarística, cantando a oração de São Francisco de Assis enquanto se coloca o Santíssimo, escutando o Evangelho do dia, partilhar palavras de vida, rezando o Pai Nosso de mãos dadas, cantando a oração de São Francisco de Assis enquanto o Santíssimo está sendo retirado. Esses momentos eram animados pelos ministros e eu ficava calado, maravilhado de ver essas comunidades escutarem a Palavra, capazes de partilhar palavras de vida, entrando nas celebrações e nas missas depois deste momento de preparação à escuta da palavra. Conseguimos assim a transformar o clima em Dores em relação com o que aconteceu 4 anos atrás.

3. Viver a dinâmica de Aparecida que se encaixa tão forte no carisma do Prado

Na nossa contribuição para a Assembléia da nossa diocese, retomando o Documento de Aparecida, concluímos:

Com a graça do Espírito Santo, queremos ajudar uns aos outros a nos tornar “discípulos e missionários que respondam à vocação recebida e comuniquem por toda parte, transbordando de gratidão e alegria, o dom do encontro com Jesus Cristo. Não temos outro tesouro à não ser este. Não temos outra felicidade nem outra prioridade senão a de sermos instrumentos do Espírito de Deus na Igreja, para que Jesus Cristo seja encontrado, seguido, amado adorado, anunciado e comunicado a todos, não obstante todas as dificuldades e resistências. Este é o melhor serviço, – o seu serviço! – que a Igreja deve oferecer às pessoas e nações” (DA 14).

“Neste encontro com Cristo, queremos expressar a alegria de sermos discípulos do Senhor e de termos sido enviados com o tesouro do Evangelho. Ser cristão não é uma carga, mas um dom: Deus Pai nos abençoou em Jesus Cristo seu Filho, Salvador do mundo” (DA 28).

Padre Bruno Cadart

Anexo: “Para preparar um encontro”

Coloco aqui a folha que entregava às equipes portuguesas de Champigny na França para a partilha do Evangelho. São equipes que ficam sem padre todos os meses. Com algumas adaptações, acho que isso poderia ajudar muitos Círculos Bíblicos para crescerem e não se tornarem grupos de fofoca, de raciocínio sobre o Evangelho. Isso ajudará para que cada um possa falar sem deixar nenhuma pessoa monopolizar a palavra.

  • O objetivo: Ajudar-se em…
  • Conhecer
  • Amar
  • Seguir Cristo
  • Não é um trabalho escolar… é uma maneira de rezar, fazer crescer em mim o amor a Jesus: conhecê-lo melhor (o que ele faz, diz), para amá-lo mais (o que gosto no jeito d’Ele agir, da palavras d’Ele), para segui-lo mais de perto (por em prática a palavra d’Ele).
  • Quando leio a Bíblia, eu digo: “O Mestre está aqui, Ele te chama”[21]. É um jeito bom de me lembrar que não estou a frente de um texto qualquer, mas que é um momento para encontrar a pessoa de Jesus que me fala hoje, me deixar ensinar por Ele, falar por Ele.
  • Mesmo se não tiver muito tempo para preparar, decido reservar um pequeno tempo para preparar. O importante é decidir ter meios para que Jesus possa falar ao meu coração.
  • Para mim mesmo… Eu preciso tempo de buscar para encontrar… Deus fala, mas preciso de parar, fazer silêncio, olhar Cristo no Evangelho, decidir tomar um momento para encontrá-lo
  • Para os outros do grupo. Sou responsável não só por mim, mas pelos outros… Deus fala por meio de cada um de nós, por meio de mim também… Se não preparo nada, os outros vão sentir falta. Cada um é responsável pela vida fraterna que se constrói na escuta de Cristo na sua Palavra.
  • “Não sou capaz…” Confiemos no Espírito de Deus em nós… Decidamos nos deixar trabalhar por Ele.
  • No Evangelho se lê que são os mais pobres, os que têm menos formação escolar, que conseguem melhor acolher a Palavra de Cristo com o coração e na vida deles… Isso se verifica ainda hoje.
  • Não nos sentimos capazes… como Moisés na época dele, como os apóstolos, “homens simples e iletrados, e portanto, tinham autoridade” como se diz nos Atos dos Apóstolos[22], e Jesus os tinha escolhidos.
  • Não é preciso dizer muitas coisas, mas só chegar tendo escolhido uma palavra a dizer aos outros.
  • Há coisas que não entendo… Mas há frases que entendo e que poderei partilhar.
  • Para entrar na meditação da palavra de Deus na Bíblia, o importante é decidir prestar atenção não a tudo o que não compreendo, com o qual não concordo, mas ao que é “Palavra de vida” para mim… Não se entra numa casa pela porta que está bloqueada, mas por aquela que está aberta…
  • Quando encontro uma palavra difícil para entender (assim como por exemplo, quando Jesus diz a alguém que quer segui-Lo, mas que quer primeiro sepultar o seu pai: “Deixa os mortos sepultar os mortos[23], eu penso que nada na Bíblia e na atitude de Jesus pode estar em contradição com o amor a Deus e aos homens, porque Jesus resume toda a Bíblia a este mandamento do amor. Pois, se me faltam informações sobre o contexto para entender o que Jesus quer dizer não vou aplicar de maneira literal. Lembro que Jesus se fez próximo das pessoas que tinham perdido um familiar e chorou com Marta e Maria a morte de Lázaro[24].
  • Na animação da partilha do grupo o importante é começar por um momento de oração, eventualmente um tempo de busca pessoal se as pessoas chegam sem ter preparado (mas é mais proveitoso provocar com amor a chegarem da próxima vez tendo preparado)[25], pedir a cada um que exprima sua palavra de vida e eventualmente um comentário desta palavra, onde ele vê esta palavra se realizar hoje. Mesmo tendo sido dita por outra pessoa. Nunca cortar a palavra do outro, sem “debater”. Depois de cada expressão, ou cada 3 expressões, é bom cantar um refrão meditativo para bem ficar neste clima orante.
  • É importante (falava para os animadores dos grupos), tomar notas do que dizem uns e outros. É uma maneira de escutar e também de acolher o que Deus diz por meio deles.
  • Pode haver um outro momento de partilha: a partir desta partilha, quais chamados concretos para mim, para nós, agora?
  • Guardar tudo o que não foi compreendido no texto pelo fim do encontro, e, neste momento, poder perguntar se outros têm luzes para esclarecer, levar a pergunta para o padre no dia da missa.

Padre Bruno Cadart


11. “Toma e come a Palavra de Deus” (Sínodo em ROma 2008)

Eis um resumo da declaração final do Sínodo sobre a palavra em Roma que foi publicada na « Caminhada Paroquial » e no Jornal Diocesano da diocese de Cachoeiro de Itapemirim (26/09/2008). É uma maneira de inscrever o nosso trabalho num contexto maior. É realmente um sinal dos tempos de hoje em todos os continentes, que este chamado a formar discípulos e missionários no encontro pessoal e comunitário com Cristo na Palavra.

A Palavra de Deus tem uma voz (a Revelação), um rosto (Cristo), uma casa (a Igreja), um caminho (a Missão)

No mês de outubro, ocorreu um encontro de bispos do mundo inteiro, assim como representantes de Igrejas Crentes, ortodoxas, de Judeus. Havia também leigos e leigas, religiosos e religiosas. Refletiram sobre a palavra de Deus na vida do cristão.

No fim, no domingo 26 de outubro de 2008, enviaram uma “Declaração” a todos os cristãos belíssima. Insistiram para dizer que a palavra de Deus não é só o texto da Bíblia, e não é um texto morto, mas é Deus mesmo que fala àquele que abre o seu coração lendo, na oração, a Bíblia.

Eis um resumo desta declaração final que tem 4 partes:

1. A voz da Palavra: a Revelação.

Aí, se medita sobre Deus que cria o mundo pela sua palavra. “Deus disse: que a luz seja, e a luz foi.” Sabemos que não se fala só de milhares de anos atrás, mas se fala de Deus que hoje, falando no nosso coração, nos cria, faz a luz chegar na nossa vida, se abrimos os ouvidos do coração. Medita-se também sobre a criação que fala do Criador. Fala do homem que pode dialogar com Deus, e de Deus que ouve os gritos do seu povo oprimido no Egito e vem libertá-lo. Fala da Palavra de Deus que se tornou texto, começando com a lei de Moisés escrita sobre pedras e do Espírito Santo que nos ajuda a ler a Bíblia e a não ficar ao texto escrito, texto morto, mas a encontrar Deus vivo que fala a cada um que lê a Bíblia, iluminado pelo Espírito Santo.

2. O rosto da Palavra: Jesus Cristo.

Medita sobre “O Verbo – a Palavra – que se fez carne”, que se torna presente em Jesus Cristo. Agora, Deus invisível se tornou visível, nasceu numa cultura, revelou o amor do Pai. Toda a vida de Jesus é Palavra de Deus. Se diz que toda a Bíblia se diz numa língua e numa cultura. Por isso, é preciso não fazer leitura literal mas interpretar a partir do conhecimento que temos desta cultura, da história. Se fala da importância de ler qualquer trecho da Bíblia à luz de toda a Bíblia e, sobretudo, à luz de Cristo, senão caímos na leitura fundamentalista ou assim como várias Igrejas crentes que pegam um versículo do Antigo Testamento ou do Apocalipse e concluem de maneira imediata para hoje. Afirma com força que a finalidade do conhecimento da Bíblia não é uma moral ou uma grande idéia, mas o encontro com a Pessoa de Cristo que abre um novo horizonte para a nossa vida.

3. A casa da Palavra: a Igreja.

É à Igreja que foram confiadas as palavras de Jesus e a responsabilidade de anunciar o Evangelho. É para a missão de anunciar o Evangelho a todos os homens que a Igreja foi fundada. É pela palavra que a Igreja cresceu. É na Igreja que recebemos a palavra: na catequese, nas celebrações, em particular nas homilias, momento capital do encontro com a Palavra de Deus onde a palavra se acolhe tanto pelo espírito como pelo coração, e que precede um outro momento capital de acolhimento da palavra de Deus, a narração da última Ceia na consagração do pão e do vinho, corpo e sangue de Cristo. A liturgia da Palavra e da Eucaristia são um só ato e culto.

O terceiro pilar do edifício espiritual da Igreja, “Casa da Palavra” é a oração dos salmos, a leitura orante da palavra (Lectio Divina) a fazer em primeiro lugar na família, mas também nos Círculos Bíblicos, nas comunidades. Maria, mãe de Jesus, que guardava tudo no coração e meditava, assim como Maria, irmã de Marta, sentada aos pés do Senhor na escuta da sua Palavra, são modelos para nós da Igreja casa da Palavra de Deus.

Não basta escutar a palavra, é preciso praticá-la, viver a comunhão fraterna e a caridade. Assim a palavra de Deus deve se tornar “visível e legível no rosto e nas mãos daquele que crê”, cuja vida deve se tornar um Evangelho vivo. Entrando na casa da Palavra, nós encontramos irmãos de outras Igrejas (crentes, ortodoxos)

4. Os caminhos da Palavra: a Missão.

A palavra tem que sair do templo para ir ao encontro dos homens, nas casas, nas praças de um mundo moderno e secularizado, que tem fome e sede não só de pão ou de água, mas de ouvir a Palavra de Deus. Daí a missão evangelizadora da Igreja. “Ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo quanto vos tenho mandado” (Mt 28,19-20). Temos de utilizar os meios modernos de comunicação e de saber falar em parábolas e pelo testemunho na língua dos homens de hoje.

“A família, cujas paredes contêm alegrias e dores, formam um espaço fundamental no qual deve entrar a Palavra de Deus”. Toda a Bíblia apresenta famílias que se nutrem da palavra de Deus. A transmissão da Palavra de Deus se faz primeiro na família, de geração em geração. “Pois, cada família deve ter a sua Bíblia, guardá-la com cuidado, lê-la e rezar com ela; a família deve propor formas e modelos de educação orante, … a fim de que meninos e meninas, velhos com as crianças (Salmo 148,2), escutem, compreendam, louvem e vivam a Palavra de Deus. Em particular, as novas gerações deverão ser os destinatários de uma pedagogia apropriada e específica que as conduza em sentir a fascinação para a figura de Cristo, abrindo a porta da inteligência e do coração delas, incluído pelo encontro do testemunho autêntico de adultos, a influência positiva de amigos e a grande companhia da comunidade eclesial.”

É preciso semear a Palavra largamente, em todos os terrenos, ir ao encontro dos excluídos, dos que sofrem muito que podem se deixar tocar pelo rosto de Cristo sofredor e dos quais temos de nos aproximar para anunciar a Palavra de esperança de Cristo pela nossa partilha com eles. A palavra de Deus nos leva ao encontro dos judeus com quem partilhamos o Antigo Testamento. Ela nos leva ao encontro dos homens de qualquer religião ou ateus, sem cair no sincretismo, ao encontro do mundo da arte, da ciência, do pensamento. Temos de acolher a palavra de Deus nas culturas, mas também de evangelizar as culturas.

Conclusão: “Toma e come a Palavra”

“A voz do céu que eu ouvira tornou então a falar-me: ‘Vai, toma o livrinho aberto da mão do Anjo que está em pé sobre o mar e sobre a terra.’ Fui, pois, ao Anjo e lhe pedi que me entregasse o livrinho. Então, ele me disse: ‘Toma-o e devora-o; ele te amargará o estômago, mas em tua boca será doce como mel.’ Tomei o livrinho da mão do Anjo e o devorei: na boca, era doce como mel; quando o engoli, porém, meu estômago se tornou amargo’” (Ap 10,8-11).

Resumo feito pelo Padre Bruno Cadart


Capítulo 4: Comentários dos Atos dos Apóstolos
na « Caminhada Paroquial »

Colocamos aqui os comentários que publicamos de mês em mês a partir da leitura dos Atos dos Apóstolos. Se são redigidos pelo Pe Bruno, são redigidos a partir da reflexão feita de comunidade em comunidade e surge desta reflexão em comum, se tornou o bem comum dos participantes da Escola de Teologia Bíblica. São expressões das luzes que descobrimos juntos, lendo os Atos dos Apóstolos a partir da nossa vida de dia-a-dia em Dores do Rio Preto. Dá para ver todos os aspetos da vida das pessoas, das comunidades, que refletimos lendo os Atos dos Apóstolos.

Atos 1: Caro você que ama a Deus (comentário 2009)

Texto publicado na « Caminhada Paroquial » de março de 2009 para as pessoas da Matriz que reiniciaram no capítulo 1

Atos 1,1-2:

Aquele que escreve os Atos dos Apóstolos, inicia a narração dizendo que já escreveu um livro que conta a história de Jesus desde o seu nascimento até a sua ressurreição. Assim, sabemos que o autor das Atos é um dos quatro evangelistas. Ele dirige o seu livro a Teófilo… como Lucas inicia o seu Evangelho. Assim, sabemos que o autor dos Atos é Lucas, uma pessoa que não caminhou com Jesus, mas que se converteu depois e caminhou com Paulo.

Teófilo… Quem é? Não se fala dele em outro lugar no Novo Testamento. O costumo na Grécia antiga era de dirigir um livro como se fosse uma carta escrita a alguém, eventualmente inventando um nome que dá uma luz para entrar no livro. “Teó”, em grego, significa “Deus”. “Filo” é o verbo grego “amar”. Caro “Teófilo” = Caro você que ama a Deus… Teófilo, é cada um de nós que aceita se situar nesta posição de amar a Deus para ler os Atos dos Apóstolos e poder entrar na compreensão do texto.

Atos 1,3-11: início Atos dos Apóstolos

No momento da Ascensão, quando Jesus ressuscitado se despede dos seus discípulos, eles querem saber quando vai ser a restauração da realeza em Israel (o fim do mundo). As seitas gostam de anunciar o fim do mundo em breve.

A resposta de Jesus é bem diferente:

  • Uma alerta: “Não vos cabe saber o momento…” Quando uma seita anuncia o fim do mundo, é mentira.
  • Uma promessa: “Vocês vão receber o Espírito Santo”
  • Uma missão: “testemunhar até aos extremos da terra”

Aqui temos a definição da Igreja: os que acreditaram em Jesus Cristo, aceitaram segui-lo, receber o Espírito Santo e testemunhar dele. A seguir, os apóstolos são chamados a não buscar Jesus nas nuvens, mas na vida humana, no encontro com os homens.

Atos 1,12-14: Ascensão

Se vê depois os cristãos unidos na oração com os 11 apóstolos, com Pedro nomeado em primeiro lugar, com Maria, mãe de Jesus.

Na Escritura, se vê como foi Jesus que fundou a Igreja e não tal ou tal homem que fundou a sua própria Igreja, uma Igreja reunida a volta dos apóstolos e na qual Pedro e os seus sucessores (o Papa) são sinais da unidade, de uma Igreja que se recebe de Cristo e não dos homens, uma Igreja na qual Maria ocupa um lugar privilegiado. Portanto, não é Deus e rezar com Maria não é fazer idolatria.

Não é Pedro que fundou a Igreja. Não é possível fundar várias Igrejas. Somos chamados a ficar unidos na única Igreja que Jesus fundou, para ser sinal do Deus único, assim como Jesus rezou na Última Ceia: “Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti. E para que também eles estejam em nós, a fim de que o mundo acredite que tu me enviaste” (João 17,21)

Atos 1,15-26: Substituição de Judas por Matias

Pedro, que, mais uma vez orienta a Igreja, garante a unidade, indica a maneira como a Igreja vai se renovar cada vez que um apóstolo vai morrer: rezando, vão escolher alguém que seguiu Jesus desde o início para testemunhar com os Doze da ressurreição de Cristo. É assim que começa a ordenação dos bispos, dos padres, mas também o chamado para os cargos na Igreja, assim como de coordenador nas nossas comunidades. Não é alguém que funda a sua Igreja, ou que toma a iniciativa de se tornar responsável. É a Igreja que chama, um chamado que passa pelos padres, bispos, e que vem de Pedro, e, através de Pedro, de Cristo.

Temos a fé que, hoje ainda, quando escolhemos um coordenador, por exemplo, é o Espírito Santo que nos dá. Cabe a nós corresponder a este chamado: “Senhor, tu conheces o coração de todos, mostra-nos qual destes dois tu escolhestes”.

Aqui, nós temos uma diferença radical com os crentes que saíram desta fé na sucessão apostólica e que quebraram a unidade do Corpo de Cristo. Infelizmente, isso foi também por responsabilidade dos católicos que viveram bem longe do Evangelho em várias épocas. Mas a “reforma” a fazer, quando se percebe os limites de tal ou tal comunidade, pessoa, não é fundar outra Igreja, é, juntos se ajudar a viver melhor o Evangelho, o que tentamos viver em Dores, lendo a palavra, fazendo a revolução do Dízimo, incentivando a missão com os Círculos Bíblicos, tentando transformar o que destroi a vida social: corrupção, injustiça, violência.

Atos 1 e 2: Jesus ressuscitado nos envia para testemunhá-lo e fazer Igreja (Editorial 2008)

Texto publicado na « Caminhada Paroquial » de Abril de 2008

Prezados irmãos e irmãs,

Na escola de teologia bíblica, descobrimos pouco a pouco como Jesus fundou uma Igreja única com o desejo que todos sejam um, tal como o Pai e Ele são um (Jo 17,22-23).

Lucas fala aos “Teófilo” que somos, “pessoas que amam a Deus”, e nos mostra como Jesus, movido pelo Espírito Santo, escolheu apóstolos lhes dizendo: “Não cabe a vocês saber quando vai ser o fim do mundo, mas o Espírito Santo descerá sobre vocês, e dele receberão força para serem as minhas testemunhas em Jerusalém, e até aos confins da terra (At 1,1.7-8).

Os apóstolos não ficaram parados, buscando Jesus nas nuvens (1,11). Rezaram com a Virgem Maria, presença forte na Igreja nascente e que nós não podemos eliminar. Isso não tem nada a ver com idolatria (1,14). Rezaram para pedir a Jesus que indicasse alguém no meio das pessoas que os acompanharam desde do batismo de Jesus até a sua ressurreição para substituir a Judas e testemunhar (1,21-26): “Esse Jesus que vocês crucificaram, Deus o ressuscitou e nós somos testemunhas disso (2,36).

Fizeram a experiência da força do Espírito Santo que age em cada um e lhe dá o dom de falar e entender a língua dos outros (2,1-11). Assustados, a multidão perguntava: “O que devemos fazer?” (2,37). E Pedro, outra figura central, sem a qual não pode haver a Igreja fundada por Cristo, respondeu: “Arrependam-se, sejam batizados, recebam o Espírito Santo”. “Pois, a promessa é em favor de vocês e de seus filhos, e para todos aqueles que estão longe, que o Senhor Deus chamar” (At 2,38-39).

A promessa é para nós hoje, em Dores, para aqueles que já participam da vida da Igreja e que são sempre convidados a se converter, a se tornar discípulos e missionários verdadeiros. É para os que ainda estão afastados da vida comunitária…

Os que acolheram a palavra de Pedro, da Igreja, receberam o batismo, tal como vários adultos nestes dias em Dores, que também receberam o batismo, a comunhão, o sacramento do matrimônio.

Eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos (ler o Evangelho, a Bíblia, nas celebrações, nos Círculos Bíblicos, na escola de teologia bíblica, em casa), na comunhão fraterna (a atenção ao outro, ao mais pobre), no partir do pão (a eucaristia), e nas orações. Faziam “prodígios”… Não se contentavam em rezar, agiam para libertar de tudo o que destroi a vida. Hoje, podemos pensar na ação da Pastoral da Sobriedade, nas reconciliações “em nome de Cristo”, na solidariedade e caridade que nos ajudamos a viver com os Vicentinos, etc.

“Todos os que abraçaram a fé eram unidos e colocavam em comum todas as coisas; repartiam o dinheiro entre todos, conforme as necessidades de cada um” (At 2,42-47). Dom Célio e o Conselho econômico da diocese escreveram à nossa paróquia para confirmar a revolução que estamos a fazer com o dízimo e pedem para que isso se generalize na diocese. Sabemos que esta conversão é a viver sempre. Se cada um não se torne dizimista, e dizimista verdadeiro, a nossa paróquia não vai poder cumprir a sua tarefa de anunciar o Evangelho a todos os que estão longe. Contamos com vocês que entenderam o que é o dízimo, para explicar e chamar os seus vizinhos e familiares.

Nestes dias, a liturgia nos faz viver estas páginas tão bonitas que contam a fundação da Igreja católica que meditamos na escola de teologia bíblica. Que Cristo nos dê a graça de viver sempre mais forte no seu Espírito Santo!

Atos 3 e 4: Se deixar conduzir pelo Espírito Santo

Prezados irmãos e irmãs,

Neste mês, vamos celebrar a festa de Pentecostes, festa que descobrimos melhor na leitura dos Atos dos Apóstolos desde o início do ano.

Percebemos que não se pode ver o Espírito Santo, mas se pode ver pessoas, comunidades, que foram tocadas pelo Espírito Santo, tal como Pedro que passa do medo à força de testemunhar e aceitar as perseguições. De comunidade em comunidade, durante o mês de março, os mesmos sinais fortes foram destacados desta ação do Espírito Santo em Dores do Rio Preto.

No mês de abril, na escola de teologia bíblica, a nossa pergunta foi essa:

–     “Como Pedro e João, assim como a primeira comunidade, se deixaram conduzir pelo Espírito Santo nos Atos dos Apóstolos 3 e 4? Como nós podemos trabalhar para nos deixar conduzir melhor pelo Espírito Santo?”

Eis um resumo das nossas descobertas que partilhamos aqui com os que não participaram.

Pedro e João iam ao templo para rezar. Foi oração dizer ao paralítico que pedia esmola: “Em nome de Jesus Cristo, levanta-te e anda!” Diante do tribunal, quando se diz que Pedro se encontra cheio do Espírito Santo para testemunhar e resistira às ameaças dos chefes, é que ele está rezando no mesmo tempo que está falando. Depois, na comunidade reunida, eles contam o que aconteceu e rezam.

Vemos que não é possível agir com o Espírito Santo sem rezar e viver num espírito de oração permanente.

Vemos que Pedro e João não se preocuparam só de rezar: olharam o paralítico, prestaram atenção nele, libertaram ele. Não é possível se deixar tocar, conduzir pelo Espírito Santo sem olhar a nossa volta, sem se deixar tocar pelo irmão excluído, quebrado, marginalizado, e sem trabalhar não só a dar esmola, mas a libertar, a lutar contra tudo o que destrói a vida, a comunicar a vida de Cristo. Aí percebemos a importância do que nós tentamos viver em favor da vida (Pastoral da Criança, Pastoral da Sobriedade, Vicentinos) e para que os mais pobres, os excluídos do templo possam se sentir na sua casa na Igreja, para propor os sacramentos aos adultos.

Para dizer: “Em nome de Jesus Cristo, levanta-te e anda!”, é preciso ter a fé que Jesus vive hoje, fala hoje, age hoje, que não estamos só a imitar alguém que viveu há 2000 anos e não age mais. Com certeza, é bem raro poder falar assim a alguém que é paralítico fisicamente e ele se levantar. Mas, com a participação da pessoa tal como o paralítico agiu, com o compromisso da comunidade, com a força do Espírito Santo, poder dizer isso a alguém quebrado com a fé que Jesus pode agir, fazer a experiência que Jesus está agindo hoje na comunidade, não faltam exemplos que partilhamos de comunidade em comunidade: pessoas saindo do álcool, regressando à comunidade, se reconciliando quando não parecia possível.

Tudo ao longo do encontro com o paralítico, do testemunho com a multidão assustada em ver o paralítico pular, do testemunho diante dos chefes que ameaçam, da releitura orante na comunidade, Pedro cita a palavra de Deus para compreender o que acontece, o que fazer. Se queremos nos deixar conduzir pelo Espírito Santo, temos de ler sempre mais a palavra de Deus. É toda a importância do trabalho que fazemos juntos para nos ajudar a ler e ler o Evangelho: escolher cada dia uma « palavra de vida », participar do Círculo Bíblico, das celebrações, da escola de teologia bíblica. É um chamado forte da Conferência de Aparecida.

Vemos também que, querer se deixar conduzir pelo Espírito Santo e buscar o caminho de Jesus, do presépio, da pobreza evangélica: “Não tenho ouro nem prato, mas o que tenho te dou…”. É aceitar o caminho da cruz que surge para aquele que quer obedecer a Deus e não aos homens. Aquele que segue Cristo, que age em favor da vida, que se compromete na Igreja, ou no serviço da sociedade, da política, vai encontrar a perseguição, ser vítima de ameaças, de fofocas. Oxalá nós não estarmos do lado da multidão que grita: “Crucifica-o!”, dos fariseus sempre a questionar o jeito de Jesus agir, ir à casa das pessoas pecadoras.

Por fim, vemos a importância da releitura orante na comunidade e desta oração tão forte: “Agora Senhor, olha as ameaças que fazem e concede que os teus servos anunciem corajosamente a tua palavra. Estende a mão para que se realizem curas e prodígios por meio do nome do teu santo servo Jesus.”

Que o Espírito Santo nos dê a graça de viver deste mesmo dinamismo da primeira comunidade. Boa festa de Pentecostes!

Atos 5: A mentira mata (Cf. Atos 5)

Editorial da « Caminhada Paroquial » de junho de 2008

Prezados irmãos e irmãs,

Neste mês de abril, de comunidade em comunidade, lemos nos Atos dos Apóstolos, a história de Ananias e Safira que fingiram partilhar todos os bens seus e morreram quando Pedro lhes perguntou: “Por que você deixou Satanás tomar posse do seu coração? Por que você está mentindo para o Espírito Santo?”

Nós vimos Ananias e Safira morrerem no momento em que Pedro lhes falava e revelava a mentira deles. Durante vários anos, este texto me incomodava: me parecia mágico, me parecia revelar um Deus que castiga até matar, pela boca de Pedro.

Mas acompanhei muitas pessoas, e pessoas com dificuldades fortíssimas, às vezes em situações de pecado muito forte. Descobri que, tão logo a pessoa não nega a realidade, não mente a si mesmo e aos outros, não há situação onde seja impossível voltar a vida, se deixar encontrar por Cristo. Pelo contrário, vi pessoas com dificuldades limitadas, mas que nunca aceitaram falar a verdade, caindo sempre mais, se encontrando incapazes de entrar mais em contato com a comunidade e viver uma morte não física, mas sim psicológica, social, espiritual, bem real.

Podemos meditar o caminho bem diferente do bom e do mau ladrão na cruz, daquele que fala com Jesus de maneira verdadeira em comparação com o segundo que não reconhece o seu pecado e desrespeita Jesus. Que força tem esta palavra de Jesus para o bom ladrão: “Hoje mesmo, tu estarás no paraíso comigo.” (Lc 23,43)

O que deu força a Pedro para se tornar apóstolo, para testemunhar a ressurreição, foi aceitar reconhecer a sua fraqueza e se deixar olhar por Cristo. O que levou Judas à morte, foi não aceitar se deixar olhar por Cristo até a sua traição.

Eu faço esta experiência que, quando estou “fingindo” atitudes espirituais, que não caminho de verdade, que me torno “funcionário do culto”, fazendo bem o trabalho de padre num ponto de vista exterior, mas não buscando mais realmente a ligação profunda com Cristo, imediatamente, a morte chega no meu coração, não me torno mais capaz de anunciar Cristo, entrar na relação com as pessoas.

Imagino cada um de vocês poder testemunhar da mesma experiência: quando fingimos na relação com os outros, no amor conjugal, no amor em geral, é a morte que chega.

É uma das dificuldades da doença alcoólica: a dependência física e psicológica é tão forte, o sofrimento de se perceber nesta situação tão grande, que um dos sintomas é o fato a pessoa negar que está doente, que está bebendo. Aí, não é só um problema moral, uma mentira, mas uma reação de defesa psicológica como o que acontece com pessoas que têm câncer e que dizem que não têm. A pessoa não nega só aos outros, ela está, por uma parte, convencida que não bebe, não é doente, não precisa de ajuda. Uma outra parte dela sabe da realidade. Tão logo não consiga “admitir” ser doente e precisar de ajuda, é a morte que chega para ela.

Nas eleições, haverá muitas tentações de “fingir” a democracia: comprar os votos, pagar pessoas para colocarem faixas na sua casa e no seu carro, prometer vantagem particular ou emprego para receber o voto de alguém, até o candidato conseguir acreditar que a gente gosta dele, que ele é servidor, salvador do país, até as pessoas pensarem que o candidato vai defendê-lo, enquanto está destruindo-os e se destruindo. Juntos, vamos rezar e agir para isso não acontecer em Dores. Vamos rejeitar qualquer proposta deste tipo que nos seria feita. Vamos prestar atenção em não incriminar alguém por fazer isso sem que seja real. Falar mentira mata a vida, pode fisicamente conduzir alguém à morte. Vamos servir a vida para Dores, e não a morte.

Ananias e Safira fingiram sobre a partilha financeira com a comunidade cristã. Estamos felizes em ver que muitos de vocês estão ouvindo o chamado ao se comprometerem na vida de cristão em todas as suas dimensões até a dimensão material do dízimo que está crescendo. Continuamos a chamar os que ainda não se decidiram a participar assim da vida da família, a se tornar dizimistas se ainda não o são, dando uma oferta que seja partilha real se ainda não o fazem.

Neste momento, encontro também “Ananias e Safira” na vida econômica em Dores. Em pouco tempo, encontrei várias pessoas da nossa paróquia vítimas de pessoas que se dizem católicas e fingem ser justas: elas empregam outros sem carteira assinada, sem horas extras pagas, sem dia de descanso, com os salários atrasados, cumprindo ao mesmo tempo devoções, apresentando-se como “generosas”. Numa situação, me encontrei na “obrigação” de falar, de chamar com amor, mas com força. Sei bem que não há só aquele que questionei que não respeita todos os direitos dos trabalhadores, a dignidade das pessoas, aqui em Dores. Encontrei empregadas em casa particular sem carteira assinada, empregadas de comércio trabalhando 6 dias por semana das 7h às 20h por um salário mínimo, etc.

No mesmo capítulo 5 dos Atos dos Apóstolos, os chefes querem que Pedro e João se calem e parem de anunciar a Boa Nova de Cristo. Nós sabemos da resposta deles: “É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens.” Não posso ser padre aqui e fingir que não vi nada e me calar.

Eu rezo pela nossa Igreja em Dores, quer dizer para todos nós, nos tornarmos capazes de obedecer a Deus e não às tentações humanas e para anunciarmos de verdade, e não só em palavras, o Evangelho da vida. “Escolhe, pois a vida”… Tal é a campanha da fraternidade deste ano. Poderíamos traduzir: Escolhe pois o amor verdadeiro, defenda e viva a justiça, não seja mentiroso e enganador.

Zaqueu, desce depressa, preciso hoje de demorar na tua casa

Segue um artigo ligado a meditação de Atos dos Apóstolos 5. Desta carta surgiu um “Grupo dos empresários de Dores” que se reúne a cada três meses para refletir sobre as responsabilidades na vida econômica e política à luz do Evangelho, ver o que se pode melhorar, transformar, aqui, em Dores.

Como já evoquei no editorial, nestes dias, em Dores, encontrei várias situações de injustiça grave. Numa, encontrei a pessoa e lhe deixei uma carta. Foi para nós dois um momento fora do comum. Gostaria de provocar os Empresários de Dores que aceitassem, participar de um encontro para refletir sobre como nós deixamos Jesus questionar a nossa prática e nos chamar a promover a justiça social. Aqui publicamos trechos da carta.

Há dias que estou refletindo, rezando, pedindo conselhos a várias pessoas, para saber o que fazer, o que dizer. (…)

Você pode constatar como chegamos com o Pe Juarez com uma preocupação principal: ajudar a Igreja que está em Dores a tornar presente o Cristo Bom Pastor que vai ao encontro de todos, pobres e ricos, participantes da Igreja ou afastados, católicos, de outras religiões, ou sem fé, e ajudar as pessoas à verem Jesus no Evangelho, a viver deste Evangelho.

(…aqui tiro a descrição da situação particular da pessoa a quem foi dirigida esta carta…)

Eu sou de uma família que foi pobre no início, mas o meu pai acabou com grandes responsabilidades. Teve a responsabilidade às vezes de fechar usinas por razões econômicas. Passei horas partilhando com ele sobre a dificuldade de ser dono de uma firma na concorrência do mercado, deixando o Evangelho iluminar a prática. Recebi dele também um testemunho forte: duas vezes, demitiu-se de firmas porque não aceitava as práticas desrespeitando a dignidade dos operários e não queria fazer isso, mesmo que fosse com ordem de um superior.

Se eu falo da minha família, é para cortar toda caricatura como já aconteceu comigo numa outra situação onde tive de falar: “o Padre é comunista”, “o Padre é contra os ricos”, “o padre faz política e é de um lado”, etc.

Como a gente sabe, na Associação dos Padres do Prado, nos ajudamos a passar horas no evangelho para conhecer melhor Jesus, ver como ele faz, age, fala, ama.

No Evangelho, vemos Jesus ligar-se de maneira preferencial aos mais pobres, nascendo na condição de pobre no presépio, até se identificar a eles: “Cada vez que vocês não deram de comer e de beber, não partilharam, a um dos mais pequeninos que são os meus irmãos, é a mim que não o fizestes.” (Mt 25,45). Mas nunca se vê Jesus condenar ou excluir os ricos.

Assim, ele diz a Zaqueu, cobrador de impostos (Lc 19,1-10): “Zaqueu, desce depressa, eu preciso hoje de morar na tua casa…”, na tua vida, no teu coração, na tua prática. No mesmo tempo, os religiosos escandalizavam-se: “Ele foi se hospedar na casa de um pecador!” E nós sabemos da reação de Zaqueu comovido em acolher Jesus na sua casa: “A metade dos meus bens, Senhor, eu dou aos pobres; e, se roubei alguém, vou devolver quatro vezes mais.” Sabemos também da conclusão de Jesus: “Hoje a salvação entrou nesta casa, porque também este homem é filho de Abraão. De fato, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido.”

Num outro lugar, Jesus chama Mateus, outro cobrador de impostos a ser apóstolo (Mt 9,9). Ele vai em muitas casas de pessoas importantes para almoçar. Ele acolhe com muito amor o homem rico que queria participar da vida eterna, este mesmo homem que, finalmente, se afasta entristecido porque não conseguiu acolher o chamado de Jesus a não se deixar atrapalhar pelas riquezas para seguí-lo. (Lc 18,18-30)

Eu rezei, hesitei, consultei. Decidi encontrar você e vir falar de verdade, rezando para o Espírito Santo abrir um caminho no seu coração. (…)

Jesus, ele mesmo, não teve medo de denunciar as injustiças, não para condenar, julgar, mas sim, para chamar à conversão. Ele mesmo adverte os seus apóstolos que, se eles se envergonharem de falar, de anunciar o Evangelho, também ele se envergonhará deles. (Mc 8,38)

Não sei se você já leu o capitulo 8 do livro do Profeta Amós, mas vale a pena, não para se sentir condenado, mas para se converter: “Escutem aqui, exploradores do necessitado, opressores dos pobres do país! Vocês ficam maquinando: ‘Quando vai passar a festa da lua nova, para podermos pôr à venda o nosso trigo? (É uma maneira de dizer, que eles querem que a gente trabalhe mesmo nos feriados, nos domingos) Quando vai passar o sábado, para abrirmos o armazém, para diminuir as medidas, aumentar o peso e viciar a balança, para comprar os fracos por dinheiro, o necessitado por um par de sandálias, e vender o refugo do trigo?’ Javé jura pelo orgulho de Jacó: Não posso jamais esquecer de tudo o que essa gente faz.”

Gosto muito do profeta João Batista: ele não tinha medo de chamar à conversão, a preparar os caminhos do Senhor, endireitar os seus caminhos. Dizia às multidões que iam para ser batizadas por eles: “Raça de cobras venenosas, quem lhes ensinou a fugir da ira que vai chegar? Produzi então frutos dignos de arrependimento… O machado já está posto na raiz das árvores. E toda árvore que não der bom fruto, será cortada e jogada no fogo.” (Lc 3,4-9)

O que gosto neste trecho, é a atitude das multidões: em vez de se escandalizar com a palavra forte de João Batista, elas questionam: “O que devemos fazer?” E João Batista de dar uma resposta adaptada a cada um, resposta bem concreta e exigente, indo a contramão da prática deles. Aos que têm duas túnicas ou bastante para comer, João Batista disse: “partilha com os que não têm”; aos cobradores de impostos: “não cobrem além da taxa estabelecida”; aos soldados: “Não maltratem ninguém, não façam acusações falsas, e fiquem contentes com o salário de vocês”, nesta situação, “não vai roubar os bens da gente aproveitando da força das armas.” (Lc 3,10-14)

Sabemos também da sua fala muito concreta e pessoal dirigida ao Rei Herodes que namorava com a esposa do seu irmão, e também das consequências desta palavra. Mas João Batista prefiriu perder a vida do que renunciar à missão recebida: chamar todos a endireitar os caminhos para acolher o Cordeiro de Deus, o Messias. (Mt 14,1-12)

(…)

No dia em que estou escrevendo, temos a leitura das palavras de Paulo nos Atos dos Apóstolos 20,17-27. É todo o trecho que me fala muito forte, mas, em particular estas palavras: “Nunca deixei de anunciar aquilo que pudesse ser de proveito para vós nem de vos ensinar publicamente e também de casa em casa. Insisti, com judeus e gregos, para que se convertessem a Deus e acreditassem em Jesus Nosso Senhor.”

Senhor, você já fez a experiência do que anima o Pe Juarez, do que me anima: manifestar o amor de Cristo a todos, provocar cada um a acolher a palavra do Evangelho, viver dos mesmos sentimentos que Jesus. Rezo para não ter outro sentimento no meu coração que não seja o que Jesus tinha olhando o homem rico: ele amou-o. Rezo para você achar um caminho para esta palavra dar fruto na sua vida e não se afastar entristecido. Reza para eu me deixar sempre mais conduzir pelo Espírito Santo e ser um verdadeiro Padre de Jesus Cristo.

Atos 6 e 7: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito”

Prezados irmãos,

Neste mês, lemos os capítulos 6 e 7 dos Atos dos Apóstolos. Vimos que a primeira comunidade tinha também problemas de divisões e ciúme: os cristãos de origem grega tinham ciúme dos cristãos de origem hebraica. Vimos também como os apóstolos chamaram os 7 primeiros diáconos para resolverem o problema.

Não abandonar o anúncio da palavra

–     O critério para escolher pessoas para este serviço, como para qualquer serviço na comunidade: achar homens e mulheres de boa reputação, cheios de fé e do Espírito Santo.

–     A preocupação dos apóstolos quando tomaram esta iniciativa: poder permanecer assíduos à oração e ao anúncio da Palavra de Deus.

É bom, cada um de nós verificar como nos organizarmos para achar tempo para rezar, para ler a Palavra de Deus, a fim de nos tornarmos capazes de anunciar realmente a Palavra de Deus na vida quotidiana, na família, no trabalho, onde vivemos.

Anunciar Jesus que vem na história libertar o seu povo

Se Estêvão foi escolhido para repartir a comida, os bens, entre todos, ele se dedica também ao anúncio da palavra, porque não se pode separar a caridade, o compromisso concreto na vida quotidiana, e o anúncio da Palavra de Deus. Ele conta toda a história da Aliança do amor de Deus com os homens, como Deus chamou Israel pelo intermediário de Abraão, José, Moisés, Davi, os profetas. Ele lembra em particular o chamado de Moisés no deserto:

–     “Moisés, Moisés! Tira as sandálias dos teus pés, pois o lugar em que estás é terra santa”… Quer dizer, a tua vida, a vida dos teus irmãos é terra santa, lugar de encontro com Deus… “Eu vi, eu vi o sofrimento de meu povo no Egito, e ouvi seus gemidos. Por isso, desci para livrá-los. Agora, vem, eu vou enviar-te ao Egito”.

Estêvão nos provoca a contemplar um Deus que age na história. É bom cada um fazer memória de como ele percebe o chamado de Deus ao longo da sua própria história, como ele percebe o chamado de Deus que quer hoje libertar o seu povo de tudo o que o destrói: as brigas, as divisões, as injustiças sociais, o não respeito dos direitos dos trabalhadores, o álcool, a vida afetiva que não se deixa orientar pelo Evangelho, que não respeita o outro, etc. “Agora, vem, eu vou enviar-te aos teus irmãos…” É chamado para cada um de nós, é chamado para a nossa paróquia.

Não resistir ao Espírito Santo

Estêvão lembra todas as resistências do povo de Deus até matar Jesus, eliminá-lo da sua vida. Tantas vezes, também nós, eliminamos Jesus das nossas vidas. Em frente desse povo rebelde, Estêvão não tem medo de dizer, de nos dizer:

–     “Homens com cabeça dura, incircuncisos de coração e de ouvidos (que não se deixam marcar pelo chamado de Deus, pelo seu amor), vós sempre resististes ao Espírito Santo! A qual dos profetas vossos pais não perseguiram?”

Fazer de toda a nossa vida uma oferta a Jesus, um testemunho

Primeiro martírio cristão, Estêvão ajoelhou-se e identificou-se totalmente em Jesus. Enquanto estava apedrejado até a morte, ele disse as mesmas palavras que Jesus na sua paixão, só que dirigiu-se direitamente a Jesus:

–     “Senhor Jesus, recebe meu espírito”… Recebe toda a minha vida.

–     “Senhor Jesus, não lhes leves em conta este pecado”.

E Saulo, futuro São Paulo, era presente, cúmplice… antes de ser convertido por Cristo na estrada de Damasco: extraordinário poder do amor de Cristo que tem força de nos converter.

Que o trabalho dos Atos dos Apóstolos para os que participam, que os nossos Círculos Bíblicos, a nossa participação às celebrações, as nossas orações em casa, nos façam tornar verdadeiros “mártires”, apóstolos. Lembramos que “martírio”, palavra grega, significa testemunha. Somos chamados a seguir o mesmo caminho que Estêvão: ser capaz de ter uma consciência forte da história de amor de Deus com o seu povo, com cada um de nós; ter consciência que somos também enviados para libertar o nosso povo de tudo o que o destrói; ser capaz de fazer de toda a nossa vida uma oferta, um dom de amor e reconciliação.

Viver esta oferta tornando-se também dizimista consciente

Neste mês do dízimo, acharão elementos de reflexão e chamado. Para vocês que ainda não se tornaram dizimistas, ou dizimistas partilhando realmente o que vocês recebem, para poder juntos celebrar, anunciar, viver, a Palavra de Deus em Dores e na diocese de Cachoeiro, fazemos um chamado solene:

–     “Deixe o Espírito Santo tocar o seu coração, não resista mais, torne-se apóstolo conosco, dê a nossa paróquia de Dores a possibilidade de anunciar a cada homem, mulher, criança de nosso município, também da nossa diocese, que ele, ela, é terra sagrada, amado de Cristo, chamado por ele.”

–     “Senhor Jesus, recebe a minha vida, o meu espírito… recebe também o meu dízimo, a minha participação na missão que tu nos confiaste.”

Atos 8: “Aproxime-se desse carro e o acompanhe…” Viver eleições à luz do Evangelho

Prezados irmãos,

Continuando a leitura dos Atos dos Apóstolos, chegamos ao capítulo 8 onde se vê o diácono Filipe receber este chamado: “Aproxime-se desse carro e o acompanhe…” Ele vive a missão indo ao encontro das pessoas, interessando-se à vida delas. De capítulo em capítulo, aparece evidente que a Igreja não pode ser, senão missionária, preocupada em anunciar a Boa Nova aos homens de qualquer condição, judeus e gregos, ricos e pobres, participando da vida do município.

Agosto, mês das vocações

Neste mês de oração para as vocações, percebemos também um caráter essencial das vocações na Bíblia: é sempre vocação missionária, para realizar a missão no mundo e transformá-lo.

O que tocava as multidões, era tanto a palavra dos apóstolos, como os sinais que faziam. Isso é indicação forte para a nossa paróquia: temos não só de falar, mas de agir, de nos empenhar para transformar tudo o que destrói a vida, aqui, em Dores. Não esqueçamo-nos do tema da campanha da fraternidade: “Escolhe, pois, a vida!”

Se vê, neste texto, Pedro e João vir “confirmar”, crismar, os habitantes da Samaria. É ocasião para nós tomarmos mais consciência da importância deste sacramento que nos envia em missão e de chamar os adultos que não receberam-no a pensar em se preparar para este sacramento.

Todos se tornar dizimista

Se vê a tentação de Simão, o mago, de comprar o dom de Deus, e sabemos que o dom de Deus é gratuito. Aí temos uma confirmação do trabalho que fizemos para parar com as taxas que podiam dar a impressão que se vendiam os sacramentos.

De novo, chamamos a atenção dos que ainda não se decidiram a participar das despesas da missão, a se tornar dizimista consciente. Se cada um não ouvir o chamado, a contabilidade da paróquia vai se encontrar daqui breve em vermelho, sem dinheiro no caixa. Gostaria de lhes dizer as mesmas palavras que São Pedro neste capítulo 8: “Arrependa-se e suplique o Senhor”, torna-se um cristão verdadeiro e comprometido, dá à paróquia a capacidade material de anunciar o Evangelho em Dores.

Como Filipe, ir ao encontro dos homens

Gostaria de destacar mais a atitude de Filipe quando vai viver a missão na estrada de Gaza, porque temos aqui uma indicação muito forte para nós vivermos a missão em Dores:

–     Ele se deixa conduzir por um mensageiro de Deus até a estrada de Gaza. Ele se aproxima do etíope. Ele presta atenção a ele, até saber de onde ele é, o que ele faz, que é um responsável político. Ele aceita caminhar junto com ele, subir no carro dele. Ele anuncia Jesus Cristo a partir da busca deste homem e cultiva o que Deus já tinha preparado no coração dele à luz da palavra de Deus.

Isso deve incentivar cada um, na sua vida cotidiana a se tornar atento à sede do outro, a saber acompanhar esta busca. Sabemos que não é possível ter esta capacidade se nós não tomarmos mais tempo para ler a palavra de Deus: pessoalmente, nos círculos bíblicos, na participação à leitura dos Atos dos Apóstolos. Por que tão pouca gente a vir ler os Atos dos Apóstolos em Dores, enquanto muitos participam na roça? (251 no mês de junho).

Viver o Evangelho nas eleições

Isso nos provoca também na perspetiva das eleições. Com a ajuda de todos os moradores do município de Dores, queremos fazer “prodígios”, juntos, nos tornar capazes de viver eleições num clima totalmente diferente dos outros anos.

Com certeza, a Igreja não dará nenhuma indicação de voto partidário. Mas, ela quer caminhar com toda a população de Dores e contribuir a viver essas eleições à luz do Evangelho, fazendo desta campanha eleitoral um momento de crescimento da cidadania e da fraternidade em Dores. Filipe subiu no carro do Etíope. Nós queremos participar deste momento importante da vida do nosso município.

Acharão a seguir o fruto da reflexão que foi feita no Conselho Pastoral Paroquial e nos Conselhos Pastorais das Comunidades de base. Esperamos que essa reflexão contribua à qualidade do debate em Dores. Acharão também trechos da cartilha dos bispos “Construindo a democracia” que recebemos depois e que se encaixa na reflexão que fizemos em Dores.

Parar de desprezar os políticos

Quero sublinhar uma coisa: temos que parar de desprezar os políticos: o serviço deles é essencial. Temos também de parar de fazer cair os políticos, pedindo ou aceitando vantagens pessoais em troca da promessa do nosso voto.

O ministério do diaconado, bem além da possibilidade para o diácono de batizar, pregar, casar, anunciar a palavra de Deus, tem por objetivo de significar a presença da Igreja no mundo do trabalho, na sociedade, ao lado das pessoas excluídas, pobres ou mais distantes da fé. Em Guaçuí, o diácono Lourival pediu a possibilidade a Dom Célio de se apresentar às eleições para ser vereador. Dom Célio o confirmou neste caminho. Isso não significa que os habitantes de Guaçuí têm que votar para esta lista, que haveria uma lista católica. Mas isso significa que, na pessoa do Diácono Lourival, a Igreja católica manifesta a importância, a nobreza, deste compromisso político, deste serviço.

Políticos que param com ofertas equívocas

Oxalá os candidatos que se apresentarão em Dores entrarem na mesma atitude de Simão, o mestre da magia deste capítulo 8 dos Atos, e arrependam-se, parem com as práticas do passado para tentarem atrair os votos, tornarem-se verdadeiros políticos, servidores do interesse público e não do seu interesse pessoal, nem de alguns interesses particulares. Pedimos, por exemplo, que todas as ofertas “equívocas”, assim como os bolos de casamento nas comunidades ou outros, feitas por futuros candidatos às eleições parassem.

Filipe deixou o etíope e foi mais adiante, evangelizar todas as cidades seguintes. Temos também de ir adiante, de nos tornar realmente missionários, de construir uma vida em Dores à luz do Evangelho. Viver eleições diferentes em Dores… Isso é possível graças ao empenho concreto de cada um de nós.

Atos 9: Editorial para a festa da padroeira Nossa Senhora das Dores

Prezados irmãos,

O mês de setembro é mês da festa da nossa padroeira, também mês da Bíblia, momento forte de conversão para toda a paróquia, momento para dar graças a Deus por tudo o que recebemos dele.

“Discípulos e missionários de Cristo, para que Nele os povos tenham a vida”…

Eis o tema da Quinta Conferência de Aparecida. Eis o tema da nossa paróquia. Eis o tema da nossa festa da padroeira.

Continuo a abrir o nosso jornal mensal a partir da meditação dos Atos dos Apóstolos que mais de 200 pessoas da nossa paróquia fazem cada mês na Escola de Teologia Bíblica. No mês precedente, meditamos a conversão de Saulo na estrada de Damasco (At 9,1-30). Neste “ano Paulino” onde Bento XVI nos chama a celebrar os 2000 anos do nascimento de Paulo, vale a pena cada um ir ler este texto para aproveitar melhor desta meditação. Vocês acharão a seguir um resumo mais detalhado da nossa meditação de comunidade em comunidade.

É claro que, nesta novena que começa, todos nós somos chamados a entrar nesta experiência de Paulo:

–     Nos tornar DISCÍPULOS, deixando Jesus nos chamar tal como Saulo, pelo nosso nome, encontrando pessoalmente o Ressuscitado, guardando sempre no coração esta pergunta de Saulo “Quem és tu, Senhor?”, deixando toda nossa vida ser reorientada pela luz do Espírito Santo, trabalhando para que, mesmo na fraqueza, no pecado, não seja mais nós que vivemos, mas Cristo.

–     Nos tornar APÓSTOLOS, MISSIONÁRIOS, aceitando Jesus fazer de nós para Ele instrumentos de qualidade para levar o Seu nome diante dos homens, e que seja preciso sofrer em favor do Seu nome.” (At 9,15-16)

É o que nós tentamos viver quando queremos todos juntos viver eleições construindo a democracia em Dores, deixando o Espírito Santo nos abrir à relações de respeito uns dos outros, de serviço do bem comum, rejeitando tudo o que é venda ou compra de voto. Com todos vocês, católicos ou não, acreditamos e nos comprometemos para que isso aconteça.

A novena será um tempo forte de oração para Jesus realizar isso entre nós. A missa da festa onde convidamos todos os que são comprometidos na campanha eleitoral e também os nossos irmãos pastores de outras Igrejas a se tornar presente, será um momento particular para pedir juntos esta luz do Espírito Santo.

É o que tentamos viver quando fizemos da Pastoral da Sobriedade uma prioridade da nossa paróquia e que nos preparamos a viver um novo tempo forte de formação no mês de novembro.

É o que tentamos viver com as missões dos jovens no sábado 27 e domingo 28 de setembro em cada comunidade, no sábado 11 de outubro em São Raimundo e nas comunidades vizinhas, culminando com a missa no cruzeiro no domingo 12 de outubro. É o que vivem as crianças da Infância e Adolescência Missionária. É o que vivem os círculos bíblicos, primeiro lugar para viver este “mês da Bíblia”.

Se houve uma que se tornou totalmente discípula e missionária, é Maria. Ela nos ensina a nos deixar cobrir pela sombra do Espírito Santo para levar Jesus ao mundo, a pedir ao Espírito Santo para fazer tudo na nossa vida, na nossa Igreja, segundo a palavra de Jesus.

Na escola de Maria, temos de nos tornar discípulos e missionários que respondam à vocação recebida e comuniquem por toda parte, transbordando de gratidão e alegria, o dom do encontro com Jesus Cristo. Não temos outro tesouro à não ser este. Não temos outra felicidade nem outra prioridade senão a de sermos instrumentos do Espírito de Deus na Igreja, para que Jesus Cristo seja encontrado, seguido, amado adorado, anunciado e comunicado a todos, não obstante todas as dificuldades e resistências. Este é o melhor serviço, – o seu serviço! – que a Igreja deve oferecer às pessoas e nações. (Cf. Documento de Aparecida n° 14)

Contamos com todos vocês para participação numerosa nesta novena e na missa da festa da padroeira.

Atos 9: “Quem és tu, senhor?” A conversão de Saulo (Paulo)

Além do editorial, colocamos um artigo sobre a conversão de Paulo em Atos dos Apóstolos 9.

Convidamos os que não participaram a ler Atos 9,1-30 antes de ler o resultado da nossa meditação. É um momento tão forte na vida de Paulo, na vida da Igreja, que apresentamos de maneira ampliada.

Paulo, antes do encontro com Cristo na estrada de Damasco

Paulo é testemunha passivo do martírio de Estêvão que ele aprovou. Ele vai se tornar dirigente de perseguições. É a seu pedido que vai em missão para Damasco. É dos homens que recebe o poder e ele se apóia numa tropa armada. Sabe quem é Deus e quem não é. Impõe a sua visão pela força (At 7,58; 8,1-3; 9,1-2).

Paulo no momento do encontro de Cristo

É neste caminho de ódio, de certeza, que ele vai ser desviado, que ele vai perder o domínio dos acontecimentos, para testemunhar, mais tarde, que o que caracteriza uma vida com o Espírito de Deus, não é ódio, mas amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio.” (Ga 5,22-23) Ele se encontra em frente de uma luz que não vem mais dele, mas do céu. Encontrar o Ressuscitado, já é passar da sua própria luz à luz de Deus, se deixar envolver totalmente por esta luz do Espírito Santo, entrar neste amor para Deus e para os homens.

Saulo cai no chão. Encontra-se na posição daquele que não sabe nada, daquele que nunca acabará com a pergunta que fica a pergunta da vida de todo aquele que acredita:

– “Quem és-tu, Senhor?”

Ele descobre que, em vez de servir a Deus, estava O perseguindo:

– “Eu sou Jesus, a quem tu estás perseguindo”

Não vê mais nada, se encontra na escuridão e tem de se deixar conduzir pela mão, tal como uma criança. É provocado à uma experiência de oração, de encontro profundo com Cristo.

Paulo, depois de ter encontrado Cristo Ressuscitado na estrada de Damasco:

É ao mesmo tempo totalmente diferente (discípulo de Cristo, perseguido, dando a sua vida para o anúncio da ressurreição de Cristo) e o mesmo (o seu caráter, as suas qualidades, capacidades, não foram modificadas no fundo; mas tudo foi reorientado).

Fica ferido pelo pecado (o espinho na carne (2 Co 12,7), a divisão com Barnabé (At 15,36-39), o mal que não queria fazer e que ele faz (Ro 7,15-24)) e ele tem a consciência que um outro está vivendo nele: “e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim” (Gal 2,20).

Ele parece forte, e lhe acontece duvidar, ter mesmo a sentença de morte nele (2, Cor 1,9), de estar cansadíssimo… e ele faz a experiência que a força vem de um Outro.

Ele deve receber a sua missão não do seu nascimento ou da sua obediência à Lei, mas do seu encontro pessoal com Cristo, do dom do batismo, o mergulho na morte e ressurreição de Cristo.

Não recebe a missão dos homens, mas o chamado de Deus é lhe chega por intermediário de homens, pelos sacramentos: os companheiros de arma o conduzem pela mão, Ananias o acolhe e o batiza, Barnabé o introduz na presença dos apóstolos, de Pedro, que o aceitam. Não é possível dizer que só conta o encontro com Cristo, e que viver esta experiência fora da Igreja que Jesus fundou não tem importância.

Ele deve entrar na escolha de Deus: “Este homem é para mim um instrumento de escol para levar o meu nome diante das nações pagãs, dos reis, e dos filhos de Israel. Eu mesmo lhe mostrarei quanto lhe é preciso sofrer em favor do meu nome” (At 9,15-16).

Perseguia… será perseguido. Combatia… terá de mudar de armas, de passar da violência ao amor, à ação com a palavra de Deus e o Espírito Santo (2 Cor 10,3-4; Ef 6,10-20).

Ananias teve dificuldades para aceitar que Deus escolhesse aquele que vinha matar os cristãos. Mas Ananias responde “Estou aqui, Senhor!” e, depois: “Saulo, meu irmão!”

O que aconteceria se Ananias não tivesse respondido ao chamado de Cristo, se não tivesse se deixado mexer porque Paulo não correspondia de maneira nenhuma aos seus esquemas, se não tivesse escutado a narração de Saulo? Como é importante nós trabalharmos a acolher o dom de Deus em todos os homens!

Podemos notar a insistência de Deus: “Não se contenta em ter aparecido a Saulo na estrada para Damasco; aparece-lhe de novo em visão enquanto, de noite, estava rezando. (At 9,12) Abre ainda Saulo à sua luz quando Ananias lhe impõe as mãos: escamas caíram, como uma cebola, várias escamas a cair progressivamente, como se nunca acabasse a necessidade de perder escamas para ver claramente Jesus e o chamado dele.

Outros encontros do Ressuscitado na vida de Saulo

Desde a primeira aparição, Paulo recebe a promessa de outros encontros: “Mas, levanta-te e fica firme em pé, porque este é o motivo por que te apareci: para constituir-te servo e testemunha da visão na qual me viste e daquelas nas quais ainda te aparecerei” (At 26,16).

Encontramos o caminho de outras pessoas que acreditaram, o do primeiro deles, Abraão: “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que te mostrarei” (Gn 12,1).

No Templo de Jerusalém, Paulo se sinta chamado a ir para os pagãos (At 22,17-21). Depois, em Antioquia, a comunidade reza e percebe este chamado a impor as mãos sobre Paulo e Barnabé e a os separar para os enviar em missão (At 13,2-4). Depois, são “impedidos pelo Espírito Santo” de ir a certos lugares (At 16,6-7). Na extremidade da Turquia atual, num sonho, Paulo se sentiu chamado a ir para a Grécia anunciar a Boa Nova (At 16,9-10). A Presença de Deus que o guia se manifesta em Filipos numa libertação milagrosa da prisão enquanto estavam rezando e cantando (At 16,25-26). Em Atenas, Paulo percebe o chamado de Deus na comoção que ele sentiu a vista da cidade cheia de ídolos (At 17,16). Em Corinto, Paulo percebeu um chamado a continuar a falar, a não se calar: “Não temas. Continua a falar e não te cales. Eu estou contigo, e ninguém porá a mão sobre ti para fazer-te mal, pois tenho um povo numeroso nesta cidade” (At 18,9).

Em Mileto, no discurso de adeus aos anciãos de Éfeso Paulo disse: “Agora, acorrentado pelo Espírito, dirijo-me a Jerusalém, sem saber o que lá me sucederá. Senão que, de cidade em cidade, o Espírito Santo me adverte dizendo que me aguardam cadeias e tribulações. Mas de forma alguma considero minha vida preciosa a mim mesmo, contanto que leve a bom termo a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus: dar testemunho do Evangelho da graça de Deus” (At 20,22-24).

Prendido em Jerusalém, aproximou-se dele o Senhor e lhe disse: “Tem confiança! Assim como deste testemunho de mim em Jerusalém, é preciso que testemunhes também em Roma.” (At 23,11) Enquanto era transferido para ser julgado em Roma e que o barco ameaça afundar na tempestade, Saulo percebe uma mensagem do senhor para ele e os seus companheiros: “Não temas, Paulo. Tu deves comparecer perante César, e Deus te concede a vida de todos os que navegam contigo. Por isso, reanimai-vos amigos! Confio em Deus que as coisas ocorrerão segundo me foi dito” (At 27,23-25).

Mesmo tendo encontrado Cristo, Paulo faz a experiência do pecado, do aguilhão na carne: “Já que essas revelações eram extraordinárias, para eu não me encher de soberba, foi-me dado um aguilhão na carne, um anjo de Satanás para me espancar, a fim de que eu não me encha de soberba. A esse respeito, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Respondeu-me, porém: “Basta-te a minha graça, pois é na fraqueza que a força manifesta todo o seu poder” (2 Cor 12,7-9).

O caminho de Paulo é caminho de cada um de nós

Temos, pois, a partir dum primeiro encontro que guardamos na memória, de estar totalmente atentos aos encontros a seguir, totalmente preocupados em nos deixar guiar. Temos de andar na presença dum Vivo que continua agindo, à escuta da sua palavra, do que Ele nos indica. Temos de caminhar prontos em acolher o seu chamado nos acontecimentos concretos da vida.

Anunciar a fé não é repetir bela teoria ou transmitir regras. É necessariamente dar conta duma experiência pessoal do encontro do Ressuscitado, é testemunhar o que vemos nos homens e mulheres que hoje encontram o Ressuscitado. É ajudá-los a entrar neste encontro, favorecer as condições deste encontro, ajudá-los para interpretar o que lhes acontece.

Propostas para continuar a reflexão
  • Fazer memória dos meus encontros com Cristo Ressuscitado e das “mensagens” recebidas
  • Como me torno atento para encontrar Cristo Ressuscitado?
  • Como já fui Ananias para outras pessoas, ajudando-as a encontrar Cristo?
  • Como pessoas foram Ananias para mim?
  • Como, neste tempo de eleições, vou agir, não como Saulo antes da conversão, que respirava ameaças e morte contra os outros e recebia o seu poder dos homens, e sim, como Saulo convertido, que se deixou totalmente cobrir pela sombra do Espírito Santo, e que não tinha medo de arriscar a sua vida para anunciar o Evangelho da paz, da justiça, da verdade?

Mês da missão… e eleições

Eis o editorial do mês de outubro.

A Igreja primitiva: uma Igreja missionária e respeitosa de todos os homens

Prezados irmãos e irmãs,

Outubro é mês da missão. O que toca mais aqueles que participam da leitura dos Atos dos Apóstolos, é quanto a Igreja não pode ser senão missionária.

É impressionante como o Espírito Santo leva os apóstolos a sair da sala do Cenáculo onde estavam fechados para ir anunciar a boa nova a todos, na língua de cada um, chamando cada um a receber o batismo e a mudar de vida, a viver do Evangelho, da justiça, a acreditar em Jesus Cristo morto e ressuscitado. (At 2)

É impressionante ver como a missão não se reduz em falar. É se comprometer em mudar tudo o que paralisa os homens, que os impedem de viver de pé, na dignidade: “Não temos ouro nem prata, mas o que temos, te damos: em nome de Jesus Cristo, levanta-te e anda!” (At 3,6) Jesus sempre enviava os discípulos para anunciar a Boa Nova, expulsar os demônios (libertar das forças do mal, da divisão) e curar, quer dizer agir para transformar a vida, construir um mundo onde cada um possa viver na justiça, na fraternidade e na paz.

É impressionante como os apóstolos encontraram imediatamente perseguições. Mas nada os fazia desanimar ou se calar, nem odiar ou se vingar. A força do amor, a força do Espírito Santo, estava com eles… e está disponível para nós também. Quantas vezes Pedro foi para a prisão, ameaçado de morte, mas ele preferia obedecer a Deus do que aos homens. Estêvão deu a sua vida para o anúncio de Cristo, identificando-se a Cristo: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito!”; “Senhor Jesus, não lhes condene por este pecado!”. (At 7)

É impressionante como a missão não é proselitismo. É primeiro acolhimento do dom de Deus no outro, descoberta que, para Deus, ninguém é impuro ou profano, que Deus está presente no coração de todos os homens. Nós vimos Filipe caminhar com o Eunuco Etíope (At 8), Pedro demorar com o Centurião Romano Cornélio (At 10). Os apóstolos estavam preocupados em se deixar conduzir pelo Espírito Santo, por Cristo que está falando, agindo, chamando, hoje.

Vê-se também de maneira evidente que os apóstolos foram enviados para anunciar Cristo e chamar a viver unidos com todos os apóstolos, em particular com Pedro e os seus sucessores, rezando juntos com Maria (At 1,14)

Viver os Atos dos Apóstolos em Dores e nos tornar sempre mais discípulos e missionários

Nós percebemos quanto os Atos dos Apóstolos não são história do passado: nós temos de entrar no mesmo dinamismo e viver os Atos dos Apóstolos da Igreja de Dores do Rio Preto, da Igreja de Cachoeiro de Itapemirim que celebra os seus 50 anos, nos tornar sempre mais discípulos e missionários.

O primeiro lugar da missão é a família, a vida de dia-a-dia com os familiares, amigos, colegas, no respeito do outro. Tentamos nos tornar mais missionários com os círculos bíblicos, as comunidades de base, as visitas, as missões, a Infância e Adolescência Missionária, as pastorais sociais (Vicentinos, Pastoral da Criança, Pastoral da Sobriedade), os movimentos (Legião de Maria, R.C.C., Visitação, Liga Católica, Apostolado da Oração) e todas as pastorais (Dízimo, batismo, catequese, pastoral familiar, catecumenato, liturgia, música, ministros, etc.). Sabemos que temos ainda muito para fazer, em particular nos patrimônios (Dores, Mundo Novo, Pedra Menina), onde há o risco de contar com o outro e de ficar um cristão consumidor que não se preocupa com a missão. Por que são tantos que não respondem quando convidamos nestes patrimônios?

Continuar a nos tornar missionários na vida política e construir o Reino de Deus

Há um lugar onde nos empenhamos para viver a missão de maneira particular este ano, é a vida política. Neste lugar, viver a missão foi trabalhar para contribuir em viver eleições totalmente diferentes do que aconteceu há 4 anos.

No momento em que escrevo, já podemos dar graças a Deus pelo que foi vivido: as reflexões e orações nas comunidades, a oração com os políticos no dia da festa da padroeira da nossa Paróquia, os encontros com os políticos, os concertos durante a campanha, as ações da Promotoria e da Juíza, de outras associações. Podemos só lamentar a ausência de resposta aos nossos convites dos nossos irmãos Cristãos de outras Igrejas, mas temos fé que o tempo chegará para viver mais a fraternidade entre nós.

O que marca este empenho, é que não foi empenho só dos que vêm às missas, mas empenho de todos os políticos e todos os moradores de Dores que o aceitaram, qualquer que seja a fé ou a coligação deles.

O Reino de Deus ainda não chegou totalmente… Houve ainda erros nas duas coligações, e com os eleitores, mas nada a ver com o que ocorreu há 4 anos. O diálogo com os responsáveis das duas coligações durante todo este tempo foi ótimo.

Atenção! O trabalho está só começando: temos de viver um dia de eleição LIMPINHO, no respeito a todos, sem crimes eleitorais, sem pressões, na calma.

Os que foram pressionados para votar para tal ou tal candidato devem saber que o voto é segredo e votar contra os que tentaram pressioná-los ou comprá-los.

Lhes lembramos os critérios de voto que nos propõem os bispos: É o momento de votar para os que não tentaram comprar os votos, que não fizeram pressões, que respeitaram os outros, que lhes parecem decididos a servir ao bem comum e ter capacidade para isso, a formação necessária.

Construir a democracia, a fraternidade, temos de viver isso com muita força no momento do resultado e no trabalho a seguir. Cada coligação tem de se preparar para as duas eventualidades:

–     Se ganhar: ser digna e respeitar a outra coligação; lembrar-se que, agora, é responsável ao serviço de TODOS e não dos que votaram nela, compromisso para servir ao bem comum, acolher as sugestões dos outros, não colocar a Prefeitura a serviço dos partidários dela.

–     Se perder: ser digna também! Aceitar o resultado, continuar a se interessar pelo trabalho da Câmara Municipal, se tornar “Oposição Construtiva”, oposição que acolhe os projetos da equipe municipal, que os questiona para os melhorar, que fiscaliza o trabalho da equipe mas de maneira justa, denunciando quando há desvios reais, mas não responsabilizando intenções ou ações aos outros que eles não têm.

Agora, todos juntos, temos de enfrentar os desafios do nosso município: na educação (crianças e adultos), na saúde (em particular em relação com a doença alcoólica e as drogas), no transporte, na agricultura, na vida econômica, na ação social e na defesa dos direitos dos trabalhadores (carteira assinada, segurança no trabalho, etc.), no meio ambiente, na cultura, no turismo, etc.

No dia 5 de outubro, e nos 4 anos que vêm, é Dores que deve ganhar, com a força do Espírito Santo e com o compromisso de todos: dos eleitores, dos políticos, de todos os que têm fé, e de os que não têm. Juntos, continuemos colaborando em construir em Dores a democracia, a fraternidade, a paz. Que votamos para a coligação que teve mais votos ou para a outra coligação, somos todos irmãos, cidadãos, chamados juntos a melhorar a vida em Dores. A equipe municipal tem responsabilidade particular para isso, com os impostos de todos nós, mas ela não poderá fazer nada sem o empenho de todos nós. Além de melhorar a vida econômica, social, em Dores, temos juntos de construir a fraternidade e colaborar à vinda do Reino de Deus.

Pe Bruno (no dia 20 de setembro de 2008)

Atos 10 e 11: “Agir com o Espírito Santo” à escola de Pedro que encontra Cornélio

  • Foto (se há lugar): Festa da padroeira

No mês de setembro, meditamos Atos dos Apóstolos 10 e 11,1-18 onde se vê Pedro que tem uma decisão difícil a tomar: ir ou não ir a casa de Cornélio, batizar ou não um pagão, um homem considerado impuro na religião dos Judeus, um soldado das tropas armadas que ocupavam o seu país, fazer uma coisa proibida na Lei de Moisés.

Tentamos ver quais foram os elementos que ajudaram Pedro a “agir com o Espírito Santo”, e percebemos que foram vários elementos que o ajudaram a tomar a decisão de ir e batizar Cornélio, decisão que Deus confirmou com a experiência do dom do Espírito Santo tal como no dia de Pentecostes. Os que não participaram são convidados a ler os Atos antes de ler as luzes que descobrimos de comunidade em comunidade para “agir com o Espírito Santo”:

–     Ter consciência que Jesus vive hoje, fala hoje, age hoje: esta consciência se manifesta em várias expressões de Pedro tal como: “Deus, porém, acaba de me mostrar que não se deve dizer que algum homem é profano ou impuro” (At 10,28; cf. 10,34; 10,47; 11,12). Percebemos esta mesma convicção quando Cornélio diz a Pedro: “Agora, portanto, estamos todos aqui, na presença de Deus, prontos para ouvir o que o Senhor o encarregou de nos dizer.” (At 10,33)

Cuidado com o irracional! Muitas vezes, as pessoas percebem a ação de Jesus no que não se pode explicar, na magia, e imaginam que Jesus está fazendo tudo diretamente. Se eu tiver um desastre, é que Jesus o deixou fazer. Não é porque fiz imprudência. Se alguém tem câncer, é Deus que enviou, para castigar, para provar a fé. Será que um Deus de amor pode fazer isso? Será que vocês que são pais e mães fariam isso com os seus filhos? A morte, a doença, fazem parte da vida. Nestes acontecimentos humanos, posso me deixar encontrar por Cristo, receber a força dele, viver tudo em comunhão com ele. Eu sei que há milagres e fui testemunho de coisas por mim mesmo, mas chamo vocês a não esquecer que Jesus se encarnou, que ele assumiu a condição humana, que não vivemos num mundo mágico. Cuidado para não buscar Jesus no fora do comum, e sim no ordinário da vida do dia a dia.

–     Utilizar a razão humana: ao longo de todo o texto, se vê Pedro utilizar a sua razão para analisar, fazer releitura, decidir. Agir com o Espírito Santo é utilizar todas as dimensões do nosso ser humano, inclindo a razão.

–     Ter equilíbrio de vida: é interessante ver que Pedro não vai logo para Cesaréia. Ele acolhe os enviados, lhes oferece onde dormir e descansar antes de ir. Se queremos “agir com o Espírito Santo”, é preciso ter um ritmo de vida equilibrado.

–     Rezar: não é por acaso que Cornélio e Pedro têm uma visão no momento onde estão rezando. Se queremos agir com o Espírito Santo, é preciso rezar regularmente.

–     Viver na justiça: Gostaria de destacar um outro elemento: “As orações e esmolas foram aceitas por Deus” (At 10,4; 10,31) Há um risco, e acontece mesmo em escritos de autoridades católicas, de dizer por exemplo: “Você tem dívidas, você tem problemas. Dê o dízimo e tudo vai se resolver.” Isso é inaceitável. Há o risco também, de pensar: “Tenho problemas, tenho doença, vou fazer promessa a Deus de fazer oferta financeira, fazer tal novena ou peregrinação e Deus vai me pagar.” O amor de Deus é gratuito e não se paga. Portanto, quem não fez a experiência, tentando viver o mais do que possível uma vida simples e evangélica, da força da providência, desta presença de Cristo incluído em coisas materiais, acontecimentos?

–     Escutar e meditar regularmente a palavra de Deus, fazer “estudo do Evangelho” tal como nós o praticamos na Escola de Teologia Bíblica: Pedro se refere muito à palavra de Deus para tomar a decisão de batizar em particular nesta expressão: “Então, eu me lembrei do que o Senhor havia dito: ‘João batizou com água, mas vocês serão batizados no Espírito Santo.’”(At 11,16) Ele se refere à palavra de Deus para anunciar Cristo morto e ressuscitado a Cornélio. (At 10,34-43) Como “agir como o Espírito Santo” se nós não nos ajudamos a ler a palavra de Deus, na família, nos Círculos Bíblicos, na Escola de Teologia Bíblica? Atenção: abrir por acaso a Bíblia e pensar que o primeiro versículo achado vai ser chamado do Espírito Santo é caminho totalmente errado.

–     Estar à missão recebida: quando Pedro teve a visão, estava viajando de cidade em cidade para anunciar Cristo. Não sonhemos em agir com o Espírito Santo e perceber o chamado de Cristo sem estar na missão recebida, missão recebida na família, no trabalho, no meio dos homens, na Igreja. Uma comunidade que não trabalha para se tornar missionária vai ter mais dificuldades em “agir com o Espírito Santo”, perceber onde ele está chamando-a.

–     Ser atento às intuições interiores,ao chamado recebida de outras pessoas: não esperemos grandes aparições, mas sejamos atentos às inspirações interiores que podemos ter, às intuições que vêm no nosso coração e que temos impressão que não são só idéias nossas, mas chamados de Cristo, do seu Espírito.

–     Estar atento aos sentimentos interiores sem provocá-los: neste trecho, os Atos falam muito dos sentimentos, por exemplo: “vai sem hesitar” (At 10,20). Se vê também a experiência do dom do Espírito Santo aos pagãos, e a menção da paz que se manifesta na comunidade de Jerusalém quando Pedro conta a obra de Deus em Cornélio e a sua família. Tal como cada um dos outros elementos de discernimento, um elemento isolado dos outros não basta. Quando recebo um chamado, posso sentir grande apreensão e que justamente seja sinal que há chamado, ou, pelo contrário, sentir um desejo e um sentimento de capacidade tão forte, que justamente é sinal que é desejo pessoal e não chamado de Deus e da comunidade. Uma grande emoção pode ser sinal do dom do Espírito Santo, pode ser também sinal de desequilibro psicológico. Nestes últimos meses, sentimos alguma coisa deste dom em momentos calmos como o retiro dos ministros, o encontro das pessoas que foram chamadas para serem ministros da eucaristia na matriz, o encontro da Pastoral da Sobriedade. Aqueles que animam a oração devem ter cuidado para não provocar emoção, para não dizer o que os outros têm de pensar, de sentir. Isso é manipulação.

–     Obedecer logo e dar tempo ao tempo: É interessante também ver tanto Cornélio como Pedro, obedecer “logo” quando percebem o chamado, e, no mesmo tempo, dar tempo ao tempo, ficar refletindo. Quando queremos responder ao chamado de Cristo, temos de dizer “logo”: “aqui estou”, e dar tempo ao tempo para verificar.

–     Acolher os outros como “enviados de Deus”, não considerar ninguém como impuro: Pedro acolhe os empregados de Cornélio como “enviados de Deus”, mesmo que cheguem à hora do almoço, mesmo que vêm da parte de um homem impuro e de um país inimigo, mesmo que lhe pedem a ir numa situação que não corresponde à regra. Ele descobre que Jesus age no coração de todos sem distinção de raça, religião, etc. (At 10,20; 10,34-36; 11,12)

–     Sair ao encontro do(s) outro(s), aceitar caminhar com ele(s): Pedro não espera Cornélio vir a ele. Ele aceita sair ao seu encontro, caminhar com os enviados dele. Não podemos ficar numa Igreja fechada esperando os outros entrar nos nossos quadros. Temos de ser Igreja que, movida pelo Espírito Santo, sai ao encontro dos outros, de todos os outros e aceita caminhar e demorar com eles.

–     Importância da releitura à luz do Evangelho: se vê Pedro fazer releitura enquanto acolhe os enviados de Cornélio, depois quando acaba de ouvir Cornélio contar o chamado de Deus para ele, depois quando decide batizar, e, por fim, quando está questionado pelos outros apóstolos em Jerusalém. Isso é um elemento essencial para aqueles que querem agir com o Espírito Santo.

–     Olhar antes de tudo o dom de Deus no coração do outro, ajudar o outro a exprimir este dom e tomar consciência dele: Pedro está preocupado em acolher o que Deus já fez no coração de Cornélio, e não, antes, os obstáculos, o que não corresponde à regra. Ele provoca Cornélio a exprimir o dom de Deus, a sua busca: “Por qual motivo vocês me fizeram vir?” (At 10,29; 10,21) Eis a importância do que repetimos sempre tanto às equipes do batismo, como aos jovens que vivem a missão, ou aos catequistas: “Escuta, acolhe, o dom de Deus na vida do outro. Ajuda o outro a exprimir o que Deus semeou nele, a tomar consciência do que ele recebeu. Deixe-se instruir antes de querer falar. Acolhe o que Deus envia à comunidade para ser edificada com este novo dom.”

–     Discernir também a partir da Lei, das regras: Pedro não desacredita-se da Lei de Moisés, desta interdição de ir à casa de um pagão (lei para não perder a originalidade da fé num Deus único). Ele escuta a Lei, e decide, nesta situação, ir contra a Lei, por causa de todos os outros elementos que recebeu, e na preocupação de se deixar conduzir pelo que Cristo fez e lhe manda.

–     Discernir com os irmãos, a comunidade: Sendo o primeiro dos apóstolos, ele não tem o Espírito Santo sozinho, ele não vai sozinho, ele toma consigo 6 irmãos cristãos de Jope. (At 10,24; 11,12) Depois, ele aceita dar conta aos outros apóstolos de Jerusalém (At 11,1-18).

–     Não se esquecer que somos apenas homens: Sendo o maior dos apóstolos, acabando de ter ressuscitado Tabita, Pedro diz a Cornélio que se prostra em frente dele como se fosse Deus: “Levanta-te, eu também sou apenas um homem.” Não é possível “agir com o Espírito Santo” se perdemos a consciência de ser homem limitado ao qual o Espírito Santo não pertence, que nunca pode ter a certeza que está agindo segundo o Espírito Santo, senão numa releitura depois do acontecimento, e que sabe que, mesmo se um dia conseguiu a agir com o Espírito Santo, pode errar no dia seguinte, tal como Pedro que confessa “Tu és o Messias, o filho de Deus vivo” e que, no instante seguinte, se vê dizer: “Vai para longe, Satanás, tu não pensas nas coisas de Deus mas sim dos homens.” (Mc 8,27-33)

–     “Quem seria eu para me opor à ação de Deus?”: Esta preocupação deve resumir tudo. Se queremos agir com o Espírito Santo, tendo consciência que Jesus está agindo hoje, sem cair numa visão mágica, temos de entrar nesta mesma atitude de Pedro: “Quem seria eu para me opor à ação de Deus?”

Pe Bruno

Atos 13 e 14: Primeira viagem apostólica de Paulo

Acharão aqui algumas luzes descobertas na leitura dos Atos dos Apóstolos nos meses de novembro e dezembro (Artigo publicado na « Caminhada Paroquial » de janeiro de 2009).

Atos 13,1-4: Saulo e Barnabé enviados pelo Espírito Santo para a primeira viagem missionária

“Como eles estavam rezando e jejuando, o Espírito Santo disse: “Separem para mim Barnabé e Saulo, a fim de fazerem o trabalho para o qual eu os chamei.” Então, eles jejuaram e rezaram; depois, impuseram as mãos sobre eles e se despediram deles.” (13,3°

De que precisamos nos separar, libertar, para que o Espírito Santo possa nos tornar um apóstolo que faça o trabalho para o qual fomos chamados?

Aqui temos a prática que fundamenta as ordenações na Igreja, mas também os envios em missão como ministros da Palavra, da eucaristia, coordenadores, que vamos eleger neste mês de janeiro, crisma que vivemos no mês de novembro.

Atos 13,4-12: Saulo, Barnabé e Marcos, evangelização da Ilha de Chipre

“Enviados pelo Espírito Santo, (…) chegaram na Ilha de Chipre e começaram a anunciar a palavra de Deus nas sinagogas dos judeus. (…) O chefe da Ilha mandou chamar Barnabé e Saulo, pois, desejava escutar a palavra de Deus. (…) Ele abraçou a fé, pois ficara impressionado com a doutrina do Senhor.” (13,4.5.7.12)

Somos também chamados a sair das nossas Igrejas para visitar pessoas nas casas e ir ao encontro dos afastados que também “desejam escutar a palavra de Deus”

“Saulo, também chamado Paulo, cheio do Espírito Santo…” (13,9)

A partir daí, nos Atos dos Apóstolos, não se fala mais de “Saulo”, mas de “Paulo”.

Atos 13,13-43: Catequese de Paulo na sinagoga de Antioquia de Pisídia

“Os chefes da sinagoga mandaram dizer a Paulo e Barnabé: “Irmãos, se vocês têm alguma palavra de encorajamento para o povo, podem falar!” Então, Paulo levantou-se, fez sinal com a mão e disse: “Homens de Israel, e vocês que temem a Deus (pagãos que seguiam a religião judaica), escutem!”

Senhor, fortaleça-nos para estarmos sempre prontos a “falar”, a “dar conta da nossa fé”. Fortaleça-nos para sermos pessoas que temem a Deus sempre à escuta da palavra dos apóstolos.

Depois, Paulo resume a história do povo de Deus: a saída do Egito com Moisés, o tempo onde o povo estava dirigido por juízes, o tempo do Rei Saul, depois, do Rei Davi. Ele evoca João Batista que anuncia a vinda do “filho de Davi”, o Salvador Jesus. Ele conta como foi crucificado, sepultado e ressuscitou, aparecendo aos apóstolos que agora testemunham. E Paulo conclui: “Portanto, fiquem sabendo bem, irmãos, que por meio dele é anunciado a vocês o perdão dos pecados. (…) “Depois que terminou a reunião, muitos judeus e outras pessoas convertidas ao judaísmo seguiram Paulo e Barnabé. Os dois conversavam com essas pessoas e insistiam para que continuassem fiéis à graça de Deus” (13,29.38.43).

Senhor, dá nos força para testemunhar a sua ressurreição, de nos converter, de continuar fiéis à graça de Deus.

Atos 13,44-52: Enquanto a cidade de Antioquia inteira queria ouvir a palavra de Deus, os chefes expulsam Paulo e Barnabé que vão anunciar a palavra aos pagãos

“Então, com mais coragem ainda, Paulo e Barnabé declararam: ‘Era preciso anunciar a palavra de Deus, em primeiro lugar para vocês, que são judeus. Porém, como vocês rejeitam e não se julgam dignos da vida eterna, saibam que nós vamos nos dedicar aos pagãos. Porque é esta a ordem que os Senhor nos deu: ‘Eu coloquei vocês como luz para as nações, para que levem a salvação até aos extremos da terra.” Depois, os chefes expulsaram Paulo e Barnabé que ficavam “cheios de alegria e do Espírito Santo.”

Senhor, infunda em nós o Espírito Santo para que não desanimemos quando encontrarmos dificuldades no anúncio da palavra de Deus, que nos encontremos com ainda mais coragem e cheios de alegria e do Espírito Santo para ir às pessoas mais distantes da fé.

Atos 14:

Rejeitados em Antioquia de Pisídia, em Icônio, rejeitados e apedrejados em Listra, quase até à morte, continuam a anunciar o Evangelho, permanecendo nas cidades apesar das dificuldades, para anunciar Cristo, fundar as comunidades e formar responsáveis.

“Estavam cheios de coragem no Senhor, que através deles operava sinais e prodígios, e confirmava assim a pregação sobre a sua graça” (14,3).

Mesmo fazendo curas e prodígios, tinham consciência de serem homens:

“Homens, o que vocês estão fazendo? Nós também somos homens mortais como vocês. Estamos anunciando que vocês precisam deixar esses ídolos vazios e se converter ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que neles existe”. (14,15)

Quais são esses ídolos vazios que hoje, devemos deixar para nos converter ao Deus vivo?

“Depois de anunciar o Evangelho nessa cidade e ganhar aí numerosos discípulos, Paulo e Barnabé voltaram para Listra (onde foi apedrejado quase até a morte), Icônio e Antioquia. Eles fortaleciam o ânimo dos discípulos, exortando-os a permanecer na fé e dizendo-lhes que é preciso passar por muitas tribulações para entrar no Reino de Deus.

Senhor, dá nos a força de Paulo, capaz de passar de novo na cidade onde quase foi morto. Dá nos a sabedoria para fortalecer o ânimo dos outros e o nosso próprio ânimo, de não achar estranho ter de passar por dificuldades, tribulações, de não desistir por causa disso, entregar os nossos cargos quando acontecem dificuldades.

“Os apóstolos designaram anciãos para cada comunidade; rezavam, jejuavam e os confiavam ao Senhor, no qual haviam acreditado. (…) Embarcaram para Antioquia da Síria, seu ponto de partida, onde tinham sido entregues à graça de Deus. Quando chegaram a Antioquia, reuniram a comunidade e contaram tudo o que o Senhor havia feito por meio deles: o modo como Deus tinha aberto a porta da fé para os pagãos.” (14,23-27)

Senhor, nestes meses de dezembro e janeiro, temos as assembléias da nossa paróquia, das nossas comunidades. Também tomamos tempo de nos contar tudo o que tu fizeste no meio de nós, como tu abriste a porta da fé às pessoas distantes, a adultos que não eram batizados, casados no religioso, crismados, que não tinham feito a primeira comunhão, como nos abriste mais a porta da fé em ti, do encontro contigo na leitura orante da tua Palavra, dos Atos dos Apóstolos, como fomos entregues à graça de Deus. Neste momento em que rezamos e elegemos coordenadores para as nossas comunidades, as nossas pastorais, os nossos movimentos, dá-nos confiança em ti, nosso Senhor em que acreditamos, para nos tornar sempre mais discípulos e missionários, nos deixando sempre mais conduzir pelo Espírito Santo.

Atos 15: A Assembléia de Jerusalém

Os apóstolos anunciam Jesus não só aos judeus, mas aos gregos. Em particular, Paulo e Barnabé voltaram em Antioquia da Síria e contaram como anunciaram a palavra de Deus aos pagãos em Chipre, na Turquia (Antioquia da Pisídia, Icônio, Listra). Alguns judeus convertidos ao cristianismo ficaram escandalizados em saber que não obrigaram os pagãos que se converteram a fazer a circuncisão (batismo dos judeus que consiste em cortar uma parte da pele que protege a extremidade do sexo dos homens).

A Igreja conhece a tempestade, o risco da desunião. Paulo não funda a sua própria Igreja. Ele vai se encontrar com Pedro. Pedro reúne os outros apóstolos. Eles fazem um “Concílio”, ou um “Sínodo” (tal com o último “Sínodo dos bispos em Roma sobre a palavra de Deus”). Eles fazem o que fizemos na diocese de Cachoeiro de Itapemirim, na paróquia e nas comunidades de Dores: uma “assembléia”, para rezar, discernir, ver como se deixar conduzir pelo Espírito Santo.

Por isso, eles começam por “Olhar” (da revisão de vida): “O que percebemos da Ação do Espírito Santo?” E Pedro conta o seu encontro com Cornélio (em At 15,7-11 / Cf. At 10 e 11). Paulo e Barnabé contam a obra do Espírito Santo no coração dos pagãos e como circuncidar não seria compreendido por eles e os afastaria do encontro com Cristo (15,12-13). De ouvir a ação de Deus no coração dos homens faz chegar a paz, o silêncio.

Eles discernem (o “Julgar” da revisão de vida). Como agir para abrir a porta aos pagãos sem viver a confusão? Decidem não impor a circuncisão, mas não participar dos sacrifícios dos pagãos (problema das carnes).

Eles tomam decisão (o “Agir” da revisão de vida) e a transmitem: Paulo e Barnabé, acompanhados por Judas (não aquele que traiu Jesus) e Silas, vão visitar as comunidades e transmitir a decisão, confirmar as comunidades na fé.

Nós achamos aqui de novo a importância da unidade das Igrejas com o Papa, também um fundamento para os nossos C.P.P., C.P.C., assembléias. Temos luzes também para as equipes de batismo: como não colocar obstáculos às pessoas que se aproximam de Cristo, mas não deixar pessoas viver na confusão, pedir o batismo, mas não aceitar viver da vida com Cristo, da vida na Igreja?

É impressionante a maneira deles de ter consciência que não são eles que orientam a Igreja, mas que eles têm de deixar o Espírito Santo orientar a Igreja e escrevem: “Decidimos, o Espírito Santo e nós, não impor sobre vocês nenhum fardo…” (15,28) Temos de ter sempre esta consciência que é o Espírito Santo que anima a Igreja, sem nunca poder ter a certeza de agir com o Espírito Santo., sem nunca confundir emoção provocada e Espírito Santo.

A leitura da carta (equivalente das encíclicas do Papa ou outros documentos da Igreja), causo alegria por causa do estímulo que ela continha. Se vê o trabalho dos apóstolos: encorajar, fortificar os irmãos (15,31-32), do Padre e da Irmã, dos coordenadores, hoje.

Atos 16: “Esse Jesus que vocês crucificaram Deus o ressuscitou, e nós somos testemunhas!”

Prezados irmãos,

No mês de março, na Escola de Teologia Bíblica, pessoas meditaram o capítulo 2, outras, o capítulo 16, dos Atos dos Apóstolos. Podemos viver esta Semana Santa que começa, esta festa da Páscoa que está chegando e todo este tempo pascal que vai se seguir, à luz desses capítulos 2 e 16, assim como à luz dos capítulos que vamos ler neste mês de abril. Aqui, acharão um resumo das descobertas do mês de março. Convidamos os que ainda não participam a vir participar conosco.

Atos 2: Pentecostes[26]

Os apóstolos obedecem ao pedido de Jesus e estão rezando. Lucas indica que Maria está presente no meio deles, ela que vai acompanhar o nascimento da Igreja, depois de lhe ter dado o seu Filho. Ele indica que Pedro está sempre na frente, sinal da unidade. Se acreditamos que Cristo está agindo em todos os homens, todas as Igrejas, podemos ver “na Palavra” mesma da Bíblia, que Cristo não fundou várias Igrejas, que não foram homens mas Cristo que fundou a Igreja com o mandamento de ficar unida (Jo 17,21). Que pena ver tantas divisões hoje, cada um criar a sua Igreja, nós não podermos mais rezar todos juntos…

Se fala de “línguas de fogo” que descem sobre cada um, de vento forte, dos apóstolos que “falam em línguas”, do povo onde cada um entende na sua própria língua. É sempre difícil exprimir uma experiência espiritual forte. O que está certo, é que eles ficaram comovidos, transformados: antes, tinham medo, ficavam fechados, calados, negaram e abandonaram Jesus; agora, saíam, anunciam Cristo, vão dar a vida deles, ser mártires; antes, Jesus se encontra quase sozinho na cruz, com Maria, João e algumas outras pessoas; agora pessoas vindas de todas as nações a volta do Mar Mediterrâneo acolhem a fé.

Para mim, o sinal mais forte da ressurreição, e não falo de “prova”, porque não há prova, é esta transformação radical na vida dos apóstolos e a força deles para partilhar rapidamente este encontro em toda a Europa até aceitar morrer mártires. Há 2000 anos que, homens, mulheres, aceitam dar a sua vida por Cristo, deixam a vida deles ser transformada pelo encontro com Cristo.

O sinal forte, é fazer na minha própria vida, e ver outras pessoas fazer na vida delas, a experiência desta alegria de encontrar Cristo na sua Palavra, na Eucaristia, na Igreja que se reúne, e quando vivemos de verdade a missão, não só falando, mas trabalhando por um mundo diferente, onde o mais pequenino seja respeitado, acolhido.

Temos aqui a primeira proclamação de fé dos apóstolos, o que se chama o “kerigma”: “Esse Jesus, que vocês crucificaram, Deus o ressuscitou, e nós somos testemunhas” (2,22-24.32.36).

Pedro, não por iniciativa própria, mas por chamado de Cristo, se encontra à frente da Igreja que Jesus fundou, e que, imediatamente, se torna missionária, convidando as pessoas a se converter, a mudar de vida, a viver o Evangelho, a receber o batismo, se “salvar desta geração perversa”, quer dizer, não mais viver do egoísmo, da injustiça, da violência, do desrespeito do outro, do seu corpo, trabalhar para “a Paz, fruto da justiça”.

A Igreja não pode ser, senão missionária. É identidade mesmo da Igreja de ser missionária. Mas, não temos de confundir missão e proselitismo, e, cada vez que partilhamos a nossa fé, temos de ficar atentos para não pressionar as pessoas, em não “aproveitar” de momentos de fraqueza delas para as convidar, a nos abrir ao dom que o Espírito Santo já colocou nelas. Evangelizar é também saber escutar, acolher, receber a presença de Cristo, do seu Espírito no coração do outro.

Veremos a seguir, como na cura do paralítico do templo por Pedro e João, que, ser missionários, não é só falar, chamar para o batismo: é libertar o outro, lhe dar poder para andar com os outros, transformar a sociedade. È o que tentamos fazer com a Campanha da Fraternidade, com a fundação da Pastoral da Sobriedade, ou outras pastorais tal como a Pastoral da Criança, o grupo dos empresários.

Atos 16: início da segunda viagem missionária de Paulo

Se vê Paulo passando de comunidade em comunidade para fortalecê-las na fé. É impressionante a convicção que Paulo tem de que é o Espírito Santo que o conduz, e como ele se deixa tocar num sonho, pelo chamado a anunciar Jesus aos gregos que ainda não O conhecem: “Venha à Macedônia, e ajude-nos!” (16,9). Oxalá esta mesma preocupação de partilhar a alegria de ter encontrado Cristo nos levasse a sentir este chamado a fundar outros Círculos Bíblicos, convidar pessoas que ainda não participam das nossas comunidades.

No encontro em Filipos com Lídia, se vê mais uma vez que a missão não é só falar. Paulo escutou Lídia. Ele sabe de onde é, o trabalho dela, a fé dela, como Deus já lhe tinha aberto o coração. Aceita demorar na casa dela (16,11-15).

Se vê que de anunciar o Evangelho, de libertar a escrava deste “espírito de adivinhação” que fez perder a fonte de lucro aos seus patrões, provocou Paulo a conhecer a perseguição. Quando anunciamos de verdade o Evangelho, inevitavelmente, vamos nos encontrar em oposição com as pessoas que vivem pelo lucro a qualquer custo.

Na prisão, Paulo e Silas estão rezando e cantando hinos a Deus. Se tivermos esta força, quando encontrarmos dificuldades, provações, quantas correntes se quebrarão nas nossas vidas, quantas portas se abrirão! Não esperemos prodígios “extraordinários” terremotos, etc., mas comprometamo-nos com a força do Espírito Santo para fazer cair as prisões da prisão do ódio, do medo, do ciúme, da divisão, do álcool e das outras drogas. Como achar sempre mais, na oração, a força para atravessar todas as dificuldades da vida? (16,16-40) A Campanha da Fraternidade nos chama a agir nesta direção: quebrar todas as prisões, as correntes, que fazem surgir a violência.

Podemos dizer com o carcereiro: “Que devo fazer para ser salvo?” e deixar Paulo nos responder: “Acredita no Senhor Jesus, e serão salvos, vocês e todos os da sua casa”. Quando se fala de “acreditar”, não é só “pensar” ou “admitir” que Jesus ressuscitou. É fundamentar realmente toda a nossa vida nele, viver da sua ressurreição.

É este compromisso que renovamos nesta Páscoa.

Boa semana santa, e feliz Páscoa!

Pe Bruno

Atos 17: Testemunhar num mundo que rejeita a fé em Cristo ressuscitado

Prezados irmãos,

Como estarei na França do dia 21 de abril até dia 16 de maio, decidi fazer um só jornal para os meses de maio e junho. Este período me dá a possibilidade de ver um pouco (bem pouco) a minha família, e de ter vários contatos com a minha diocese e com a Associação dos Padres do Prado na França. Normalmente, tenho direito de tirar férias 2 meses a cada dois anos… Mas, vi que tinha dificuldades em sair da paróquia 2 meses. Vocês são também a minha família e sinto saudade quando me afasto muito tempo. É ocasião de lhes dizer o quanto estou feliz em viver a missão no meio de vocês.

As perseguições da Igreja pela sociedade não são novas

Continuamos a leitura dos Atos dos Apóstolos. No mês de abril e maio, meditamos a missão de Paulo em Tessalônica e Atenas, e, no mês de maio, a fundação da Igreja de Corinto (At 17 e 18).

O que nos toca, quando lemos assim os Atos dos Apóstolos a seguir, é a energia de Paulo para viver a missão: nunca para, e nada o faz parar. Encontra perseguição em todos os lugares. Para ele, as dificuldades mesmo fortes não são ocasião de desânimo, mas sim de anunciar o Evangelho.

Às vezes, há pessoas que pensam que a Igreja não soube se adaptar ao mundo moderno para anunciar a ressurreição de Cristo. Mas, desde o início da Igreja, a mensagem do Evangelho se encontra em contradição com os ídolos do mundo e questiona a sociedade.

Já no tempo de Paulo, não era fácil anunciar o Evangelho no mundo grego, um mundo muito próximo do nosso mundo de hoje, com muitos ídolos, com o culto do cada um por si, da injustiça, onde alguns vivem fazendo culto do próprio corpo, do prazer, e obrigam os outros a viver na escravidão, na necessidade. O mundo de Paulo, tal como o nosso mundo, é um mundo onde há proliferação de Igrejas, de religiões diferentes, onde cada um vai buscar a “harmonia”, a “paz”, escolhe uma Igreja “para se sentir bem”, e não mais para responder ao chamado de Cristo. É um mundo que aceita teorias totalmente irracionais mas que não consegue aceitar o anúncio da revelação de Deus em Cristo morto e ressuscitado e que fundou uma Igreja, corpo vivo dele hoje (cf. At 17,32).

Às vezes, as criticas que recebe a Igreja não são perseguições, mas consequências de erros dela, mesmo por que não podemos negar que a mídia aproveita para impor a cultura de morte. Não tive medo de exprimir o meu desacordo com a maneira do bispo de Recife de se situar no drama da menina, porque me parecia bem distante do jeito de Jesus reagir. Fiquei feliz em ver que Dom Rino, Bispo responsável destes assuntos em Roma, publicou uma declaração no Jornal Oficial do Vaticano que exprimia as mesmas perguntas fortes que fiz e que Bento XVI apoiou esta declaração.

Como São Paulo, na viagem na África, Bento XVI conheceu as perseguições quando chamou de maneira profética para uma sexualidade responsável e que respeita o outro, que se inscreve num projeto de amor real. Mesmo que a nossa cultura não queira ouvir, é verdade que a melhor prevenção da AIDS é uma sexualidade responsável vivida na fidelidade e no matrimônio. Sem falar da AIDS, é verdade que é esta sexualidade responsável que constrói o homem no respeito ao outro e leva a verdadeira felicidade. Para nós, cristãos, é esta sexualidade responsável que é resposta ao chamado de Cristo.

É verdade que a distribuição massiva de camisinhas tem como efeito incentivar jovens e adultos a uma sexualidade irresponsável. É verdade que a camisinha não protege de todas as feridas do coração e que muitos adultos demitiram-se de ajudar os filhos a apreender o que é amar, a se preparar para se doar de verdade. Sendo padre e médico, fico impressionado ao encontrar tantas pessoas vir falar de todas as feridas que têm por viver o modelo de sexualidade que promove a sociedade de hoje, tal como a sociedade grega do tempo de Paulo.

Portanto, e vários bispos o disseram claramente, aquele que não aceita ouvir este chamado e que tem relações sexuais desordenadas tem que usar a camisinha e não correr o risco de transmitir a AIDS, e os Papas nunca disseram o contrário.

Vários africanos notaram que a mídia falou só de uma frase de Bento XVI, e frase que transformaram e cortaram do seu contexto, para não ouvir e transmitir mais as palavras muito fortes de Bento XVI em relação à justiça social, internacional, contra a corrupção, contra o roubo das riquezas da África pelos países ricos.

“A paz é fruto da justiça”: encontro do C.P.P. com os responsáveis da sociedade

Em Atenas, é impressionante a maneira de Paulo em acolher a cultura grega, até citar os poetas gregos, para anunciar Cristo ressuscitado, este “Deus desconhecido” (At 17,23) que o mundo busca sem saber.

É neste mesmo espírito de abertura à sociedade que a Igreja do Brasil lançou a Campanha da Fraternidade deste ano para se associar à reflexão do Estado sobre a “Segurança Pública”. É neste mesmo espírito que convidamos pessoas da sociedade civil e responsáveis de outras Igrejas para apresentar a Campanha da Fraternidade e escutar o que eles vivem em favor da paz em Dores. Infelizmente, nenhum responsável de outra Igreja se fez presente, nem respondeu. Mas gostamos muito de ouvir os responsáveis da sociedade civil que se tornaram presente e os agradecemos. A seguir, acharão artigos de vários responsáveis da Sociedade Civil em Dores, apresentando realizações a favor da paz em Dores.

A Dra. Auricélia, Juíza em Dores, não pode se fazer presente, mas a encontramos depois e iniciamos um trabalho de colaboração mais estreita para acompanhar pessoas que têm pena a cumprir. São mais duas pessoas que a paróquia vai acompanhar.

Discípulos e missionários em Dores com os Círculos Bíblicos e a Pastoral da Sobriedade

“Discípulos e missionários”… é o tema que escolhemos para este ano, com uma atenção particular aos Círculos Bíblicos. Mesmo nas perseguições, na rejeição, Paulo se dedica inteiramente ao anúncio da Palavra (At 18,5) e, enquanto poucas pessoas respondem, ele recebe esta mensagem do Senhor: “Não tenhas medo, continue a falar, não se cale, porque eu estou com você (…). Nesta cidade há um povo numeroso que me pertence” (At 18,9). Não podemos relaxar o nosso esforço para tornar os nossos Círculos Bíblicos mais orantes, mais missionários, fundar Círculos Bíblicos onde não há.

Sabemos que a missão não é só falar, mas transformar, libertar. Chamo todos os que podem a participar dos encontros da Pastoral da Sobriedade de domingo 17 de maio em Dores, e sábado 27 e domingo 28 de junho, em Guaçui. É realmente uma maneira privilegiada, como o desenvolvimento dos Círculos Bíblicos, para participar da Campanha da Fraternidade, a agirem a favor de um ambiente de paz.

Vale a pena, quando desanimamos ler e meditar essas palavras de Paulo à comunidade de Corinto:

“Cristo me enviou para anunciar o Evangelho sem recorrer à sabedoria da linguagem, a fim de que não se torne inútil a cruz de Cristo… Os Judeus pedem sinais (curas milagrosas), os gregos procuram a sabedoria (muitas teorias espirituais); nós, porém, anunciamos Cristo crucificado escândalo para os judeus e loucura para os pagãos. Mas, para aqueles que são chamados, ele é o Messias, poder de Deus e sabedoria de Deus. A loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens” (1 Cor 1,17-25).

Padre Bruno Cadart

Atos 19 e Carta aos Efésios: Conhecer Cristo é tudo! Fazê-lo conhecer é a nossa missão!

Prezados irmãos,

No mês de junho, de comunidade em comunidade, meditamos o capítulo 19 dos Atos dos Apóstolos, assim como trechos da carta de São Paulo aos Efésios. Vários de vocês se esforçaram para ler totalmente esta carta belíssima e curta.

Em Atos 19, Paulo está em Éfeso, a cidade onde João ficou bastante anos com a Virgem Maria e onde pensamos que Maria e João morreram. É da ilha vizinha de Patmos que João escreveu cartas às sete Igrejas do livro do Apocalipse: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia, Laodiceia. É nesta mesma cidade, que, no ano 451 depois de Jesus Cristo, ocorreu um Concílio (encontro de bispos) que proclamou Maria “mãe de Deus”.

Paulo vai formar a comunidade de Éfeso e formar responsáveis para as comunidades vizinhas (Igrejas do livro do Apocalipse, cristãos de Colossos). Ele se preocupa em completar a formação dos Efésios e “falava com toda a convicção, discutindo e procurando convencer os ouvintes sobre o Reino de Deus” (At 19,8). Ele dá o sacramento do batismo e da crisma aos que ainda não os receberam. Segundo o seu costume, começa a pregação na sinagoga, e, quando rejeitado, não desanima mas anuncia a palavra aos gregos, aos que ainda não conhecem o Deus único de amor, o Deus de Abraão.

Paulo ficou em Éfeso mais de dois anos, “de sorte que todos os habitantes da Ásia, judeus e gregos, puderam ouvir a palavra do Senhor” (At 19,10).

Nessas linhas, reconhecemos a responsabilidade que recebemos: trabalhar para que todos os habitantes de Dores possam ouvir a palavra de Deus e receber o dom do Espírito Santo nos sacramentos. É o que vivemos quando nos tornamos mais missionários, em particular quando fundamos Círculos Bíblicos nos lugares onde não existia mais, propondo o batismo, a comunhão, a crisma, o matrimônio a pessoas que ainda não os receberam. Foi o assunto do C.P.P. de maio: como propor os sacramentos e acompanhar melhor as pessoas que os pedem? (cf. Artigo a seguir).

Cada vez que puder, irei visitar Círculos Bíblicos. Já iniciei no Cambucá onde um Círculo Bíblico reiniciou depois de ter parado 7 anos. Lembro-lhes que contamos com cada dirigente de Círculo Bíblico para escrever os seus “Atos dos Apóstolos” para a festa da padroeira Nossa Senhora das Dores.

Conto com cada um para se questionar sem cessar: será que todos os que estão a minha volta tiveram ocasião de ouvir a palavra do Senhor? Será que se sentiram convidados, acolhidos? Será que receberam os sacramentos? Será que as pessoas que chegaram há pouco tempo foram visitadas?

Lendo o capítulo 19, há o episódio dos “exorcistas” que queriam utilizar o nome de Jesus para “expulsar os demônios”. Quantas pessoas são tentadas a atrair pessoas à fé propondo vantagens (emprego, bem estar, cura, paz…) e de reduzir a fé a um meio de alcançar a paz! Quantas estão a “utilizar o nome de Jesus” exercendo sortes de magia! Lendo isso, como não pensar também no que se pratica em algumas casas de oração Espiritas ou celebrações de curas? Nos Atos (19,11-20), vê-se que esta tentação já existia no tempo de Paulo, que a condena.

Oxalá os que estão neste caminho se convertam e se descubram em uma outra relação com Cristo, uma outra motivação para segui-lo: não buscar o “bem estar”, não participar de grupos que têm práticas que se parecem com as magias do tempo de Paulo, mas viver desta comunhão com o Pai, o Filho, participando não por interesse, mas porque fomos chamados a seguir o caminho dele, o caminho do amor que se vive na condição humana, que passa pela cruz e não se assusta com as perseguições.

Mais uma vez, se vê que a pregação do Evangelho de Jesus Cristo conduz Paulo a enfrentar o lucro, a conhecer a perseguição. Aí, são os fabricantes de imagens da deusa da fecundidade Ártemis que se revoltam e querem condenar Paulo porque têm medo do comércio acabar se o povo se converter a Cristo (19,21-41).

Hoje, a Igreja tenta alertar contra as consequências de um mundo que vive animado pela busca do lucro a qualquer custo, e, às vezes, a Igreja encontra perseguições por causa disso. No encontro diocesano das Comunidades Eclesiais de Base em Marataízes, e nos encontros que vão se seguir a nível estadual em Vitória e nacional em Porto Velho sobre o tema “Ecologia e missão”, refletiu-se sobre a busca do lucro que destroi a Amazônia e que nos faz destruir o meio ambiente e as pessoas em Dores também. Neste mês de maio, alguém em Dores ficou gravemente doente por causa dos agrotóxicos.

Refletimos nisso no C.P.P. do sábado 20 de junho, convidando várias pessoas católicas comprometidas nesta área a vir refletir conosco. É o primeiro passo de uma reflexão a fazer em Dores para chegar à uma agricultura que respeita o meio ambiente e a pessoa humana. Todos juntos, temos de mudar de mentalidade e iniciar uma conversão para uma cultura orgânica do café e um trabalho para que as condições dos trabalhadores sejam mais respeitadas.

Lendo os Atos dos Apóstolos, fomos descobrir a carta de Paulo aos Efésios. Convido mais uma vez os que podem a ler esta carta que não é longa, e faço minha para vocês a oração de Paulo para os Efésios:

“Fiquei sabendo da fé que vocês têm no Senhor Jesus e do amor de vocês para com todos os cristãos. Por isso, não cesso de dar graças a respeito de vocês quando os menciono em minhas orações. Que o Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai a quem pertence a glória, lhes dê um espírito de sabedoria que lhes revele Deus e faça que vocês o conheçam profundamente” (Ef 1,15-17). (…) “Dobro os joelhos diante do Pai, de quem recebe o nome toda família, no céu e na terra. Que ele se digne, segundo a riqueza da sua glória, fortalecer a todos vocês no seu Espírito, para que o homem interior de cada um se fortifique. Que ele faça Cristo habitar no coração de vocês pela fé. Enraizados e alicerçados no amor, vocês se tornarão capazes de compreender, com todos os cristãos, qual é a largura e o comprimento, a altura e a profundidade, de conhecer o amor de Cristo, que supera qualquer conhecimento, para que vocês fiquem repletos de toda plenitude de Deus. Deus, por meio do seu pode que age em nós, pode realizar muito mais do que pedimos ou imaginamos, a ele seja dada glória na Igreja e em Jesus Cristo por todas as gerações, para sempre. Amém! Por isso, eu, prisioneiro no Senhor, peço que vocês se comportem de modo digno da vocação que receberam. Sejam humildes, amáveis, pacientes e suportem-se uns aos outros no amor. Mantenham entre vocês laços de paz, para conservar a unidade do Espírito. Há um só corpo e um só Espírito, assim como a vocação de vocês os chamou a uma só esperança: há um só Senhor, uma só fé, um só batismo. Há um só Deus e Pai de todos e está presente em todos” (Ef 3,14-4,6).

Padre Bruno Cadart

Atos 20: “Vos entrego ao Senhor e à palavra de sua graça” (At 20,32)

Editorial da « Caminhada Paroquial » de agosto de 2009.

Prezados irmãos,

No mês de julho, meditamos juntos este belíssimo capítulo 20 dos Atos dos Apóstolos. Convido os que não participaram a começar por ler este capítulo antes de ler este editorial.

O capítulo comece com a evocação da viagem de Paulo de Éfeso para Corinto, e volta para Mileto (perto de Éfeso), passando por todas as Igrejas que fundou na Grécia (Corinto, Bereia, Tessalônica, Filipos) “falando com frequência aos fiéis para encorajá-los”.

A importância da celebração do domingo

Aqui se vê a primeira narração um pouco detalhada da prática dos primeiros cristãos que celebravam a eucaristia cada domingo, lendo a palavra, escutando a homilia de Paulo, fazendo a “fração do pão”.

Quando há crente a vir pressionar católicos para dizer que as comunidades têm de se reunir no sábado, porque está na lei de Moisés, se vê claramente que os primeiros cristãos celebravam o dia do Senhor no Domingo, dia da ressurreição de Jesus. Se vê claramente que não podemos ler o Antigo Testamento de maneira fundamentalista, que temos de ler tudo à luz do Novo Testamento, à luz da prática da Igreja Primitiva, à luz da tradição da Igreja, dos Concílios

Quando há católicos que perdem o sentido da importância para as comunidades se encontrarem cada semana, no domingo, para celebrar, é bom se deixar questionar: como fico firme ou volto nesta prática essencial da primeira comunidade que consiste em participar da missa, da celebração, CADA DOMINGO, dia do Senhor?

Viver a missão

Em Mileto, Paulo, acompanhado por várias pessoas, reúne os responsáveis da comunidade de Éfeso e das comunidades vizinhas. Podemos dizer que ele reúne o Conselho Pastoral Paroquial. Ai, ele faz a releitura do trabalho dele num momento onde ele pensa que não voltará e que vai morrer mártir em breve. Ele exprime o que foi a preocupação dele durante todo o tempo que passou no meio deles e dá as suas recomendações.

Neste trecho, temos palavras fortes que sonho poder dizer de verdade quando sairei de Dores para outra missão, que sonho para cada ministro da Palavra, qualquer outra pessoa que tem cargo nas nossas comunidades, qualquer dirigente de Círculo Bíblico, qualquer pai ou mãe de família, professor, político, em fim, qualquer um de vocês, poder dizer de verdade no fim da sua vida:

19Servi ao Senhor com toda humildade, com lágrimas e no meio das provações que sofri… 20Nunca deixei de anunciar aquilo que pudesse ser de proveito para vocês, nem de anunciar publicamente e também de casa em casa. 21Com insistência, convidei judeus e gregos a se arrependerem diante de Deus e a acreditarem em Jesus Nosso Senhor”.

Se percebe esta importância de ser missionário, não só atrás do ambão, mas passando “de casa em casa”, sem nunca cair no proselitismo, na pressão que desrespeita o outro. É um incentivo para os nossos Círculos Bíblicos se tornarem sempre mais missionários.

Se deixar conduzir pelo Espírito Santo sem ter medo da cruz

Paulo percebe toda a sua vida como conduzida pelo Espírito Santo, porque ele passa tempo em rezar, em meditar a palavra, em viver a missão. É o que tentamos viver mais juntos: nos deixar conduzir pelo Espírito Santo, para isso, meditar a palavra, viver a missão.

22E agora, prisioneiro do Espírito, vou para Jerusalém, sem saber o que aí me acontecerá. 23Só sei que, de cidade em cidade, o Espírito Santo me adverte, dizendo que me aguardam cadeias e tribulações”.

A partir da experiência de ser perseguido em cada cidade, Paulo já percebe como vai morrer. Hoje, também, temos de enfrentar perseguições, mesmo que sejam menos visíveis: o relativismo, o consumismo, as confusões trazidas por esta multiplicação de movimentos religiosos, as nossas próprias fraquezas… Ele tem uma visão clara da missão dele, de nós: anunciar o Evangelho.

24Mas de modo nenhum considero minha vida preciosa para mim mesmo, contanto que eu leve a bom termo a minha carreira e o serviço que recebi do Senhor Jesus, ou seja, testemunhar o Evangelho da graça de Deus… 25pregando o Reino. 26Portanto, hoje dou testemunho diante de vocês: se alguém de vocês se perder, eu não sou responsável, 27pois não deixei de lhes anunciar todo o projeto de Deus sobre vocês.

Ficar firme na palavra de Deus e na fé da Igreja

E Paulo chama os responsáveis pelas Igrejas de Éfeso e dos arredores a ficarem firmes, a cultivarem a fé deles, a cuidarem da vida deles segundo o Evangelho, para poderem ajudar os outros:

28Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho, pois o Espírito Santo os constituiu como guardiães, para apascentarem a Igreja de Deus, que ele adquiriu para si com o sangue do seu próprio Filho”.

E ele alerta, porque, já no seu tempo, havia pessoas a querer fazer divisões. Ele fala de “lobos”. Não podemos reduzir a “lobos” os que vêm pressionar as pessoas para elas saírem da única Igreja que Jesus fundou. São nossos irmãos, são pessoas de convicção, mesmo que não concordemos com as convicções deles. São membros das nossas famílias, são amigos para nós, e gostaríamos que os pastores de Dores tivessem mais preocupação com relações de fraternidade de Igreja à Igreja. Infelizmente, quando convidamos mesmo que seja só para almoçar juntos ou participar juntos de uma coisa que podemos fazer juntos (Campanha da Fraternidade sobre a Segurança Pública, Reflexão no momento das eleições), nem recebemos resposta. Mas não desesperamos, um dia, vamos chegar à melhores relações. Mas, quando leio esses versículos, como não ouvir em relação com a situação hoje:

29Eu sei: depois da minha partida, aparecerão lobos vorazes no meio de vocês, e não terão pena do rebanho. E do meio de vocês mesmos surgirão alguns falando coisas pervertidas, para arrastar os discípulos atrás deles.”

Aqui, temos mais uma passagem da Escritura que alerta contra as divisões, contra a tentação de fundar várias Igrejas.

31Portanto, fiquem vigiando e se lembrem de que durante três anos, dia e noite, não parei de admoestar com lágrimas a cada um de vocês. 32Agora pois, eu os entrego ao Senhor e à palavra de sua graça, que tem o poder de edificar e de dar a vocês a herança entre todos os santificados”.

É o que tento viver no meio de vocês. É o que cada um de vocês está chamado a viver em relação às pessoas que encontramos na nossa família, no lugar onde vivemos, trabalhamos.

Atos 21 e 22 “Estou pronto para morrer pelo nome de Jesus…” (At 21,13)

Setembro: Mês da Palavra e Festa da padroeira Nossa Senhora das Dores

O mês de setembro é um tempo forte para a nossa paróquia, com a celebração da festa da padroeira Nossa Senhora das Dores, assim como a celebração do “Mês da Palavra”.

Convido de maneira mais forte este ano para que o máximo de vocês se tornem presentes no dia da festa. Não será nada proclamar os “Atos dos Apóstolos de Dores do Rio Preto” e oferecê-los ao nosso Bispo diocesano Dom Célio.

Também, na missa da festa, terei uma notícia importante a dar a vocês, para nós darmos juntos mais um passo para viver os Atos dos Apóstolos em Dores. Preciso da presença de todos vocês neste dia.

“Buscai Cristo na palavra e ide anunciá-lo”

A diocese de Cachoeiro de Itapemirim escolheu como prioridade “a centralidade da Palavra com os seus desdobramentos na missão e na caridade”, depois do Sínodo em Roma que nos chamou a “tomar e comer a Palavra”. Em Dores, fizemos da leitura dos Atos dos Apóstolos nas comunidades e dos Círculos Bíblicos, a nossa prioridade.

Na leitura dos Atos dos Apóstolos, vimos o quanto os primeiros cristãos estavam preocupados em anunciar a palavra no meio das perseguições, deixando-se conduzir pelo Espírito Santo recebido na oração com a Virgem Maria, que ficou firme ao pé da cruz de Jesus.

Pois, seguindo Maria que guardava tudo no seu coração e cantava as maravilhas de Deus na sua humildade, decidimos escrever os “Atos dos Apóstolos de Dores”, fazendo memória de tudo o que o Espírito Santo está fazendo nos nossos Círculos Bíblicos.

Com Maria, “buscar Cristo na Palavra e ir anunciá-lo”, é o que queremos viver e celebrar nesta festa da padroeira Nossa Senhora das Dores.

“Eu estou pronto para morrer pelo nome de Jesus…” (At 21,13)

Entramos na festa tendo no coração os capítulos 21 e 22 dos Atos dos Apóstolos que meditamos de comunidade em comunidade no mês de agosto. Se Maria foi a primeira a não abandonar Cristo por causa das dores, ficando firme ao pé da cruz, se vê Paulo decidido a ir até Jerusalém apesar das alertas que recebe de cidade em cidade para ele não ir:

“Isto é o que diz o Espírito Santo: o homem a quem pertence este cinto será amarrado deste modo pelos judeus em Jerusalém e será entregue nas mãos dos pagãos”. Quando ouvimos isso, nós e os irmãos da cidade, insistimos que Paulo não subisse a Jerusalém. Mas Paulo respondeu: “O que estão fazendo vocês, chorando e afligindo o meu coração? Eu estou pronto, não somente para ser preso, mas até para morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus”. Não conseguimos convencê-lo. Então desistimos dizendo: “Seja feita a vontade do Senhor” (21,11-14).

Vê-se também, que a Igreja já existia e se reunia em muitas cidades e podemos pensar em todos os nossos Círculos Bíblicos que são também “Igrejas” em todas as nossas ruas, os nossos lugares.

Celebrando a festa da padroeira, a festa de Nossa Senhora das Dores, vale a pena cada um de nós perguntar se está pronto a sofrer por Cristo, dar de si mesmo, para anunciar o Evangelho em Dores, agir em favor da justiça, partilhar também os seus recursos financeiros no dízimo.

Proclamar os “Atos dos Apóstolos de Dores do Rio Preto”

Nos Atos que lemos, se vê Paulo que conta o que Deus fez aos pagãos através do seu serviço (At 21,19-20). Mais uma vez, se vê a importância para os primeiros cristãos de “contar o que o Senhor fez no meio e por meio deles” (At 19-20). É o que vamos viver com força nesta novena, nesta festa, proclamando os “Atos dos Apóstolos de Dores do Rio Preto”.

Recolhendo esses “Atos dos Apóstolos” de comunidade em comunidade, o C.P.P. quis ajudar vocês a perceber a presença viva de Jesus no meio de nós ainda hoje, e, também, a importância fundamental dos Círculos Bíblicos para o Evangelho ser anunciado, para todos nós nos tornarmos verdadeiros discípulos e missionários de Cristo.

No C.P.P. de agosto, trabalhamos a partir destes Atos dos Apóstolos para deixar o Espírito Santo continuar nos indicando o caminho, discernindo onde ele está nos chamando para nos tornarmos sempre mais discípulos e missionários. Já sabíamos o quanto eram importantes os Círculos Bíblicos, mas percebemos com mais força ainda. Temos ainda Círculos Bíblicos para “multiplicar”, visitas a fazer, pessoas a convidar. Hoje, o C.P.P. lhes dirige uma carta que vocês acharão a seguir.

“Vai ser testemunha de todas as coisas que viu e ouviu, diante de todos os homens”

Ameaçado de morte pelos seus ex colegas judeus, Paulo não faz teoria, não se apoia sobre raciocínios quaisquer: ele conta o seu encontro pessoal com Cristo. Ele conta o encontro na estrada de Damasco, e, depois, no templo. Nunca acabaremos de meditar este diálogo extraordinário, nos identificando a Saulo (Paulo):

–     “Saulo, Saulo, por que você me persegue?” (22,7)

–     “Quem és tu, Senhor?” (22,8)

–     “Eu sou Jesus o Nazareu a quem você está perseguindo!” (22,8)

–     “Senhor, o que devo fazer?” (22,10)

–     “Levanta-te, vá para Damasco. Aí, vão explicar tudo o que Deus quer que você faça”. (22,10)

“Como não podia enxergar por causa do brilho daquela luz, cheguei a Damasco guiado pela mão dos meus companheiros” (22,11).

E Paulo conta o encontro com Ananias, com a Igreja na pessoa de Ananias:

–     “Saulo, meu irmão, recupere a vista! (…) O Deus de nossos antepassados o destinou a conhecer a sua vontade, a ver o Justo e a ouvir a sua própria voz. Porque você vai ser a sua testemunha de todas as coisas que viu e ouviu, diante de todos os homens. Agora, não perca tempo: levanta-te, receba o batismo e lave os seus pecados, invocando o nome dele” (22,14-15).

Depois, Paulo evoca este encontro com Cristo no Templo:

–     “Depressa, saia logo de Jerusalém, porque não aceitarão o testemunho que você dá a meu respeito (…). Vá! É para longe, é para os pagãos que eu vou enviar você” (22,18.21).

Entrando no “Mês da Palavra” que será seguido pelo “Mês da Missão”, vivendo a novena e a festa da padroeira, é este encontro forte com a Pessoa de Cristo que queremos viver cada um pessoalmente e todos juntos.

Com Maria, digamos juntos: “Tudo se faça segundo a tua Palavra”! Com os cristãos da Cesaréia, digamos juntos: “Seja feita a vontade do Senhor!” Com Paulo, digamos: “Estou pronto a testemunhar pelo nome de Jesus!” Deixemos Jesus nos repetir sem cessar: “Vá! É para longe, é para os pagãos (os que ainda não conhecem Cristo) que eu vou enviar você!”

Padre Bruno Cadart

Anexo: O Padre Antônio Chevrier e o Prado

O caminho feito na paróquia Nossa Senhora das Dores chegando à redação desses “Atos dos Apóstolos de Dores do Rio Preto” se inspira largamente da espiritualidade do Padre Antônio Chevrier fundador do Prado.

Padre Antônio Chevrier vivia em Lyon no século XIX, no momento onde surgiu a grande miséria dos operários em relação à Revolução Industrial.

Na noite de Natal de 1856, tendo no coração a miséria tão humana quanto espiritual dos operários da sua paróquia dos subúrbios pobres de Lyon, França, meditando diante do presépio da sua Igreja, o Padre Chevrier faz uma experiência espiritual que vai orientar toda a sua vida:

“Foi em Santo André que o Prado nasceu. Foi meditando na noite de Natal sobre a pobreza de Nosso Senhor e o seu abaixamento entre os homens que resolvi deixar tudo e viver o mais pobremente possível”.

“Foi o mistério da Encarnação que me converteu”. “Foi esse mistério que me levou a pedir a Deus a pobreza e a humildade e que fez com que deixasse o ministério[27] para praticar a santa pobreza de Nosso Senhor”. “Minha vida, dali em diante, foi decidida”.

“Eu me dizia: o Filho de Deus desceu à terra para salvar os homens e converter os pecadores. E, no entanto, que vemos? Quantos pecadores há no mundo! Os homens continuam a condenar-se. Então, eu me decidi a seguir mais de perto a nosso Senhor Jesus Cristo para tornar-me mais capaz de trabalhar eficazmente pela salvação das almas e o meu desejo é que vocês também sigam a Jesus mais de perto”[28].

Em 10 de dezembro de 1860, o Padre Chevrier toma posse do “Prado”, um grande salão de dança, mal afamado, que alugou e depois, estimulado pelo seu bispo, comprou para aí desenvolver a sua obra. Ajudado por alguns rapazes e algumas moças que ele chama “irmãos” e “irmãs”, toma consigo, durante seis meses crianças originários do proletariado, a fim de tentar fazer “deles homens e cristãos”.

Rapidamente, vai sentir a necessidade de formar padres no meio dos pobres e chamando-os a passar horas no Evangelho para “conhecer, amar, seguir Jesus Cristo” e dar a possibilidade aos mais pobres de encontrar Jesus e se descobrirem amados por ele.

Ele, mesmo, passa horas a fazer “estudo do Evangelho”, contemplar Jesus no Evangelho, para ver como se tornar um “Verdadeiro Discípulo” de Jesus Cristo, título do livro que escreveu para os seus seminaristas.

“Ao ver agir Jesus, vemos as próprias ações do Pai, pois que o Filho não faz nada de si mesmo, é o próprio Pai que faz as suas obras”. “Que bela harmonia! Que acordo entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo em Jesus Cristo!” “Portanto, que temos nós de fazer? Senão estudar Nosso Senhor Jesus Cristo, escutar a sua palavra, examinar as suas ações, a fim de nos conformar com ele e nos encher do Espírito Santo.”

“Temos aí uma regra segura e certa para nos encher do Espírito Santo e agir e pensar segundo ele”. “O Evangelho contém as palavras e as ações de Jesus Cristo. O Espírito de Deus difundiu-se em toda a sua vida, em todas as suas ações. As suas palavras, as suas ações são como outras tantas lições que o Espírito Santo nos dá desde o presépio até ao calvário. Cada palavra de Jesus Cristo, cada exemplo é como um raio de luz que vem do céu para nos iluminar e nos comunicar a vida” [29].

Sentiu a necessidade de se ligar a colegas para seguir Jesus Cristo mais de perto para os homens, em particular os mais pobres e os mais afastados da fé, poderem conhecer Jesus. Escrevendo a um colega, esperando poder viver o ministério com o apoio dele, ele escreve:

“O assunto das minhas reflexões contínuas é este: Sacerdos alter Christus. Devemos reproduzir em toda a nossa vida a de Jesus Cristo, nosso Modelo, ser pobre como Ele no Presépio, ser crucificado como Ele na cruz para a salvação dos pecadores e ser consumido como Ele no Sacramento da Eucaristia; o padre é como Jesus Cristo um homem despojado, um homem crucificado, um homem consumido, mas para ser consumido pelos fiéis, é preciso ser um bom pão bem cozido pela morte a si mesmo, bem cozido na pobreza, no sofrimento e na morte como o Salvador nosso modelo, e então tudo em nós servirá de alimento aos fiéis, as nossas palavras, os nossos exemplos e nós nos consumiremos como uma mãe se consome para alimentar os seus pequenos filhos”[30].

Hoje, o Prado é uma família que existe no mundo inteiro (mais de 50 países) com padres diocesanos comprometidos na Associação dos Padres do Prado, religiosas, leigos e leigas consagrados, diáconos, leigos.

Os padres do Prado são padres diocesanos: são membros de uma diocese e o primeiro responsável deles é o bispo diocesano.

Entrando no Prado, nos comprometemos a nos reunir regularmente em equipe, a nos provocar a passar horas no Evangelho, a ajudar as pessoas às quais somos enviados a encontrar Jesus no Evangelho. Somos enviados a todos pelo nosso bispo, mas pedimos se for possível, a ir para os mais pobres, os mais distantes da Igreja, e nos ajudamos a viver os conselhos evangélicos (pobreza, obediência e castidade) numa vida simples e mais próxima possível das pessoas para não nos tornarmos obstáculos ao anúncio do Evangelho.

No Brasil, no ano de 2009, são uns 15 padres diocesanos brasileiros comprometidos no Prado de maneira definitiva e uns 20 que fizeram o Primeiro Compromisso. Umas dez equipes repartidas no Brasil reúnem padres na “Primeira Formação”, tempo de formação e discernimento para entrar na Associação dos Padres do Prado, e são ainda muitos outros que participam dos encontros do Prado sem ter feito compromisso.

Oração do Padre Chevrier: Ó Verbo! Ó Cristo!

Ó Verbo! Ó Cristo!

Como és belo!

Como és grande!

Quem poderá te conhecer?

Quem poderá te compreender?

Faze, ó Cristo,

Que eu te conheça e te ame!

Porque és a luz,

Deixa vir sobre mim um pequeno raio

Desta luz divina,

A fim de que eu possa ver-te e compreender-te.

Dá-me uma grande fé em ti,

A fim de que todas as tuas palavra

Sejam para mim igualmente luzes que me iluminem

E me façam ir para junto de ti e seguir-te

Por todos os caminhos da justiça e da verdade.

Ó Cristo! Ó Verbo!

Tu és o meu Senhor e o meu único Mestre.

Fala, eu quero te escutar

E pôr em prática a tua palavra

Porque sei que ela vem do Céu.

Quero escutá-la, meditá-la, pô-la em prática,

Porque, na tua palavra,

Está a vida, a alegria, a paz e a felicidade.

Fala, Senhor,

Tu és o meu Senhor e meu Mestre,

Só a ti quero escutar.[31]

Contatos: Coordenador dos padres do Prado no Brasil:

Padre Olímpio Andrade Sobrinho

Seminário Maior São João Maria Vianney

Rua Osdack de Lima Rodrigues, 14, Alto Lage,

29151-020 Cariacica-ES

oasobrinho@yahoo.com.br

(27) 3326-1273

(28) 8113-3197

www.pradodobrasil.com.br

[1]      Dores do Rio Preto é um município de 6 800 habitantes, ao pé do Pico da Bandeira (2886 m) na divisa com os estados do Espírito Santo ao qual pertencemos, Minas Gerais e Rio de Janeiro. É uma das paróquias mais pobres da diocese de Cachoeiro de Itapemirim. Sem viver na miséria, muitas pessoas vivem com recursos muito limitados, muitas não têm leitura. Para dar um exemplo, não há médico nenhum que mora na paróquia.

[2]      Documento de Aparecida n°31

[3]      Documento de Aparecida n° 12, 14, 28, 29.

[4]      Pe. Bruno Cadart é vigário administrador da paróquia Nossa Senhora das Dores. Padre diocesano da diocese de Créteil, nos subúrbios de Paris, ele é membro da Associação dos Padres do Prado. Ele formou em medicina enquanto fez o seminário de filosofia e fez mestrado de teologia em Lyon. Publicou a sua tese de medicina “En fin de vie” que lhe valeu o “Prêmio nacional de Geriatria” e seu mestrado de teologia “Réflexions sur mourir dans la dignité” nas edições Centurion (Paris, 1988) e Ressources (Montréal 2002). Foi vigário 9 anos nas paróquias pobres da sua diocese (1990-1999) onde vivem pessoas vindas de mais de 50 nações diferentes e foi eleito Assistente dos padres do Prado na França (1999-2005). Ele chegou nas paróquias de Guaçui e Dores do Rio Preto no 1° de novembro de 2005. Veio no Brasil para duas missões: primeiro, dar apoio à Associação dos Padres do Prado no Brasil, dando formações, participando de trabalho de edição dos livros do Padre Antônio Chevrier, fundador do Prado; segundo, participar da missão em Guaçui e em Dores, na diocese de Cachoeiro de Itapemirim (ES).

[5]      O “Refletindo” é a cartilha da diocese que faz proposta a todos os Círculos Bíblicos da diocese para os seus encontros.

[6]      Expressão do Padre Chevrier que designa o fato de passar horas meditando o Evangelho, notando as nossas descobertas, rezando, olhando quem é Jesus, o que ele faz para conhecê-lo, amá-lo, segui-lo

[7]      Cidade de 90 000 hab. nos subúrbios pobres de Paris onde iniciei o ministério (12km a este de Paris)

[8]      Segue em anexo o texto de orientação que deixei às equipes.

[9]      Cardeal Daneels, intervenção feita na segunda-feira 13 de outubro de 2008.

[10]    Irmã Sacramentina de Bergama que partilha comigo o cargo pastoral

[11]    Carta 23 para Camille Rambaud em relação à “Obra da Comunhão”

[12]    Livro do Padre Chevrier “O Verdadeiro Discípulo” p. 450.

[13]    Quantos católicos nunca leram um Evangelho, um livro bíblico a seguir!

[14]    At 4, 13

[15]    Escritos Espirituais do Padre Chevrier p. 37

[16]    Em várias comunidades rurais, o dízimo foi multiplicado por 2, 3, e mesmo 4 num ano de maneira estável. Na paróquia, cresceu de 80 % em 3 anos.

[17]    Ver testemunho anexado e que foi publicado na « Caminhada Paroquial », jornal da paróquia de Dores do Rio Preto.

[18]    Um grupo meditou os capítulos 6 e 7 juntos

[19]    Tinha questionado sobre compras de votos e estava muito atacado neste momento.

[20]    Coordenador e ministro da Palavra que se salvou do álcool graça à fundação da Pastoral da Sobriedade na paróquia.

[21]    Palavra que Marta dirija a Maria para ela sair da casa e vir ao encontro de Jesus, no momento da morte de Lázaro em João 11,28

[22]    Atos dos Apóstolos 4,13

[23]    Mateus 8,27

[24]    Jo 11

[25]    Nestes grupos, se partilhava cada mês palavras de vida sobre 2 capítulos. Daí a importância da preparação antes. Outro elemento: provocar as pessoas a preparar na casa era ajudar as pessoas a estruturar uma vida de oração pessoal a partir do Evangelho.

[26]    Neste editorial, comecei comentando o capítulo 2 para as pessoas que iniciaram neste ano.

[27]    Antônio Chevrier não “deixou o ministério”, mas ele foi viver no meio dos pobres e se dedicando totalmente a eles.

[28]    Yves Musset, Escritos Espirituais do Padre Chevrier.

[29]    Antônio Chevrier, “O Verdadeiro Discípulo”, Editor Vozes, p. 225-226.

[30]    Carta ao Padre Gourdon n° 56, 1866, in Cartas do Padre Chevrier, Editor Vozes.

[31]    Verdadeiro Discípulo p. 108.

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